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RESPOSTAS DE VACAS LEITEIRAS A SUPLEMENTAÇÃO COM ENZIMAS EXÓGENAS NO LAbORATÓRIO DE PESQUISA EM

ENZIMAS EXÓGENAS NA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS

7. RESPOSTAS DE VACAS LEITEIRAS A SUPLEMENTAÇÃO COM ENZIMAS EXÓGENAS NO LAbORATÓRIO DE PESQUISA EM

bOVINOS DE LEITE

A maior parte das pesquisas na área de suplementação com enzimas exógenas para ruminantes tem focado em preparações de enzimas fibrolíticas, uma vez que a eficiência de conversão de forragens em leite e carne é limitada pela digestibilidade da parede celular das forragens. A parede celular nas forragens compreende de 40 a 70% da MS e mesmo em condições ideais de alimentação a digestibilidade total é frequentemente menor que 65% (Van Soest, 1994).

fibrolíticas, têm recebido pouca atenção pelos nutricionistas de ruminantes. Uma das hipóteses para esse fato é que a digestão de amido pelos ruminantes é relativamente alta (em alguns casos mais de 90%) e geralmente não limita a produção, o que ocorre quando a digestão da fibra é baixa ou lenta. No entanto, estudos demonstram que a eficiência de utilização do amido é maior quando o mesmo é fermentado extensivamente no rúmen, e diversos estudos encontraram aumento de desempenho dos animais quando foram fornecidas fontes de amido processado para aumentar a digestibilidade ruminal (Theurer et al., 1999).

o Laboratório de Pesquisa em Bovinos de Leite (universidade de São Paulo, Pirassununga, Brasil) nos últimos anos tem avaliado produtos comerciais com atividade enzimática na dieta de vacas leiteiras. Nesta sessão serão descritos os resultados dos últimos experimentos concluídos utilizando 1) enzimas fibrolíticas (Silva et al., 2016) e 2) enzimas amilolíticas (Takiya, 2016) na alimentação de vacas em lactação.

Tabela 3. Efeito de doses crescentes de enzima fibrolítica na alimentação de vacas leiteiras sobre a ingestão de digestibilidade de nutrientes, índice de seleção, comportamento ingestivo, produção e composição do leite (Adaptado de Silva et al., 2016).

1 0, 8, 16 e 24 g/vaca/dia de enzima fibrolítica na dieta.

2 Contrastes linear (L) ou quadrático (Q). 3Calculado de acordo com Silveira et al (2007): >1,0

= selecionou a favor, <1,0 = selecionou contra. 4Produção de leite corrigida para gordura: 3,5% PLCG = (0,432 + 0,165 × % de gordura no leite) × produção de leite (kg/d).

7.1. EXPERIMENTO 1

Silva et al. (2016) testaram a hipótese de que que a inclusão de enzima fibrolítica exógena às dietas, com predominante atividade xilanase, pode aumentar o consumo e o desempenho produtivo de vacas em lactação. Foram utilizadas 24 vacas multíparas da raça holandesa (176 ± 82,27 dias em lactação e produção de leite de 33,72 ± 7,63 kg/d, no início do estudo), em delineamento quadrado Latino 4x4. os animais foram distribuídos aleatoriamente para receberem quatro níveis de adição de enzima fibrolítica (Fibrozyme®, Alltech Inc., Nicholasville, KY): 0, 8, 16 e 24 g/d por vaca. O objetivo deste estudo foi de avaliar a inclusão de níveis crescentes de enzima fibrolítica sobre o consumo e digestibilidade aparente total da MS e da FDN, índice de seleção, comportamento ingestivo e produção e composição do leite dos animais. A adição de enzimas fibrolíticas a dieta aumentou o consumo de nutrientes, sem alterar a digestibilidade da MS e da FDN nos animais (Tabela 3). Além disso, as enzimas provocaram maior seleção para partículas de alimentos longas e consequentemente os animais passaram mais tempo ruminando e mastigando.

A suplementação com enzimas melhorou a relação acetato : propionato no rúmen (Tabela 4). No entanto, a produção e composição do leite não foram afetadas pela inclusão de enzimas fibrolíticas na dieta.

Tabela 4. Efeito de doses crescentes de enzima fibrolítica na alimentação de vacas leiteiras sobre a fermentação ruminal (Adaptado de Silva et al., 2016).

1 0, 8, 16 e 24 g/vaca/dia de enzima fibrolítica na dieta. 2 Contrastes linear (L) ou quadrático (Q). A probabilidade para ocorrência de interação

tratamento*tempo foi testada, porém não foi significativa (P ≥ 0,164) para todas as variáveis de fermentação ruminal.

7.2. EXPERIMENTO 2

Takiya (2016) testou a hipótese de que a inclusão de doses crescentes de enzima amilolítica exógena (AmaizeTM, Alltech Inc.) em dietas de vacas em lactação melhora o desempenho produtivo dos animais devido a um aumento da produção de propionato e de produção de proteína microbiana no rúmen. Foram utilizadas vinte e quatro vacas multíparas da raça holandesa (162,29 ±107,96 dias em lactação e 31,60±6,51 kg/d de produção de leite, no início do experimento), sendo que 8 delas possuíam cânulas ruminais, distribuídas em seis quadrados Latinos 4 × 4 contemporâneos e balanceados de acordo com a produção de leite, dias em lactação e o PV dos animais. Os períodos experimentais tiveram duração de 14 dias de adaptação aos tratamentos e 7 dias de amostragem. Os tratamentos foram: dieta basal sem adição de enzima amilolítica ou controle (CON), e dieta basal com adição de 150, 300 ou 450 FAU/kg de MS da dieta (A150, A300 ou A450, respectivamente). Uma FAU (unidade de amilase fúngica) é a quantidade de enzima capaz de dextrinizar amido solúvel na taxa de 1 g/h a 30ºC e ph de 4,8. A dieta basal era composta por 48% de silagem de milho, como única fonte de volumoso, e 29,2% de amido com base na MS total.

O autor não encontrou efeitos das doses crescentes de enzima amilolítica sobre a digestibilidade aparente total do amido, concentração molar de propionato ruminal, síntese de proteína microbiana e produção e composição de leite dos animais. Um resumo dos resultados encontra-se na Tabela 5 e Tabela 6.

Tabela 5. Efeito de doses crescentes de enzima amilolítica na alimentação de vacas leiteiras sobre a produção e composição do leite e síntese de proteína microbiana (Adaptado de Takiya, 2016).

1 0, 150, 300, 450 FAU/kg MS da dieta de enzima amilolítica. Médias foram ajustadas pelo

procedimento LSMEANS.

2 Contrastes linear (L) ou quadrático (Q).

3 Produção de leite corrigida para gordura: 3,5% PLCG = (0,432 + 0,165 × % de gordura no

4 Produção de leite corrigida para energia: PLCE = 0,327 × produção de leite (kg/d) + 12,86 ×

produção de gordura (kg/d) + 7,65 × produção de proteína (kg/d).

5 PL/IMS: produção de leite (kg/d) / ingestão de matéria seca (kg/d); e PLCE/IMS: produção de

leite corrigida para energia (kg/d) / ingestão de matéria seca (kg/d).

Tabela 6. Efeito de doses crescentes de enzima amilolítica na alimentação de vacas em lactação sobre a fermentação ruminal (Adaptado de Takiya, 2016).

1 0, 150, 300, 450 FAU/kg MS da dieta de enzima amilolítica. Médias foram ajustadas pelo

procedimento LSMEANS.

2 Contrastes linear (L) ou quadrático (Q). A probabilidade para ocorrência de interação

tratamento*tempo foi testada, porém não foi significativa (P ≥ 0,349) para todas as variáveis de fermentação ruminal. As variáveis não apresentaram efeito de tratamento (P ≥ 0,235).

3 AGCR: ácidos graxos de cadeia ramificada. 4 AGV: ácidos graxos voláteis.

Há uma série de explicações para a ausência de efeito da alfa-amilase sobre a digestibilidade aparente total do amido: 1) a digestibilidade de amido não foi alterada no rúmen (Tricarico et al., 2005), 2) a digestibilidade ruminal de amido aumentou (Klingerman et al., 2009), porém uma digestão compensatória ocorreu no trato digestório após o rúmen, resultando em uma digestibilidade aparente total semelhante, ou 3) a digestibilidade ruminal do amido aumentou, mas a fermentação no intestino grosso fez com que a digestibilidade aparente total fosse a mesma. No presente estudo, aparentemente a digestibilidade ruminal do amido não foi afetada, uma vez que não foram observadas diferenças no pH e nas concentrações molares de propionato ou de qualquer outro ácido graxo volátil.

8. SUPLEMENTAÇÃO DE ENZIMAS FIbROLÍTICAS EM VACAS