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RESSOCIALIZAR REEDUCAR: um caminho para a reconquista de direitos e oportunidades igualitárias no

Traça muitas vezes injustiças, contradizendo os princípios da dignidade humana.

3 O CAMPO DO CONHECIMENTO: DOS ESPAÇOS PRISIONAIS

3.2 RESSOCIALIZAR REEDUCAR: um caminho para a reconquista de direitos e oportunidades igualitárias no

contexto prisional

Os espaços prisionais são estabelecimentos instituídos legalmente para acolher cidadãos que cometem infrações / delitos.

Estes espaços-prisão que comumente vemos, ouvimos ou lemos informações, trazem configurações como sendo locais frios,

cinzentos e escuros; local coberto de crueldades, sangue e medo; local para atender infratores, uma forma singular de 'privação de liberdade'.

As prisões tomam formas e denominações, dependendo do conjunto das variáveis existentes.

Estas variáveis identificam-se como: a proporção do espaço físico; o grau de intensidade do delito; o número de detentos e outras, fazendo com que a terminologia seja diferenciada. Denomina-se por 'cadeia' ou ‘casa de detenção’ , lugar onde ficam detidos os réus que ainda não foram condenados, presos provisórios, aguardando julgamento. É um lugar temporário- prisão provisória (preso flagrado em delito aguardando julgamento); 'presídio', estabelecimento oficial destinado a receber os presos já julgados e condenados; 'penitenciária', estabelecimento também oficial, onde os presos cumprem penas, mas devem promover sua reabilitação através do trabalho, aprendizagem de uma profissão. A princípio, seria o local para onde deveriam ir os presos de melhor comportamento; casa do albergado, destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto e da pena de limitação de fim de semana; colônia agrícola, industrial ou similar, destina-se ao cumprimento de pena em regime semi-aberto.

Todos estes ambientes trazem embricados em seu contexto um 'jogo de isolamento', a retirada de indivíduos do convívio social como forma de reparação de danos para diminuir a marginalidade existente na sociedade.

Estes espaços cercados por paredões e grades, PRISÃO

Figura 47. Convergências

Figura 49. A revolta

trancados por correntes, cadeados e algemas, sob a mira de armas de fogo, são os locais que seres humanos passam horas, dias, meses e anos de suas vidas, para expiar (cumprimento de pena) infrações cometidas.

Estudos científicos realizados pelas ciências jurídicas e sociais, comprovam a impossibilidade de recuperação e neste aspecto Foucault (1998, p.221) afirma que: "as prisões não diminuem a taxa de criminalidade: pode-se aumentá-las, multiplicá- las ou transformá-las a quantidade de crimes e de criminosos permanece estável, ou, ainda pior, aumenta", "Enfim a prisão fabrica indiretamente delinqüentes"(p. 223).

Diante da extrema complexidade que se encontra o sistema penitenciário brasileiro apresentado pelas situações de rebeliões, fugas, atentados e

represálias é um imperativo que conota a amplitude da desigualdade social, a discriminação, a injustiça e o preconceito que contradizem os princípios da dignidade

humana, o respeito mútuo e a justiça social. Freire (1987, p.31) com propriedade afirma que: "A ‘ordem’ social injusta é a fonte geradora, permanente, desta "generosidade" que se nutre da morte, do desalento e da miséria".

A luta pelos direitos humanos configura-se numa trajetória inseparável na conquista da democracia. Uma democracia pautada na prática de políticas públicas e civis inerentes a todos os cidadãos, tanto na forma individual como na coletiva, que de acordo com o Programa Estadual de Direitos Humanos 1997 estabelece que:

[...] toda pessoa deve ter a sua dignidade respeitada e a sua integridade protegida [...], toda pessoa deve ter garantidos seus direitos civis (como direito à vida, segurança, justiça, liberdade e igualdade), políticos (como o direito à participação nas decisões políticas), econômicos (como direito ao trabalho), sociais ( como o direito à educação, saúde e bem estar), culturais (como o direito à participação na vida cultural) e ambientais (como o direito ao ambiente saudável).

Estas determinações surgiram em 1948 na Assembléia Geral das Organizações das Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, cumprindo-se afirmar que: os direitos contidos na Declaração Universal estabelecem obrigações jurídicas concretas aos Estados Nacionais. São normas jurídicas claras e precisas,

voltadas para a proteção e promoção dos interesses mais fundamentais da pessoa humana. São normas que obrigam os Estados Nacionais no plano interno e externo.

A Constituição Federal Brasileira de 1988, estabeleceu detalhadamente os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais para todo cidadão e ratificada pelo Ato do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso em 13 de maio de 1996 que declara oficialmente o Programa Nacional dos Direitos Humanos, comprometendo o Brasil com a "proteção e promoção dos Direitos Humanos de todas as pessoas que residem no, e transitam pelo, território brasileiro".

O Sétimo Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e do Tratamento dos Delinqüentes no ano de 1987, afirma os Princípios Básicos Relativos ao Tratamento de Reclusos, chama a atenção dos Estados membros para os onze princípios estabelecidos, dentre eles destacam-se:

1. Todos os reclusos devem ser tratados com o respeito devido à dignidade e ao valor inerentes ao ser humano.

2. Não haverá discriminações em razão de raça, sexo, cor, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou outra condição;

(...)

4. A responsabilidade das prisões pela guarda dos reclusos e pelas proteções da sociedade contra a criminalidade, deve ser cumprida em conformidade com os demais objetivos sociais do Estado e com sua responsabilidade fundamental de promoção do bem estar e de desenvolvimento de todos os membros da sociedade;

(...)

6. Todos os reclusos devem ter o direito de participar das atividades culturais e de beneficiar de uma educação visando pleno desenvolvimento da personalidade humana;

7. Devem empreender-se esforços tendentes à abolição ou restrição do regime de isolamento como média disciplinar ou de castigo;

8. Devem ser criadas condições que permitam aos reclusos ter um emprego útil e remunerado, o qual facilitará a sua integração no mercado de trabalho dos

países e lhes permitirá contribuir para sustentar as suas próprias necessidades financeiras e as das suas famílias;

9. Os reclusos devem ter acesso aos serviços de saúde existentes no país, sem discriminação nenhuma decorrente do seu estatuto jurídico;

(...)

11.Os princípios acima referenciados devem ser aplicados de forma imparcial.