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5. Resultados e discussão

5.1 Resultado das comparações por faixas populacionais

Para a primeira dimensão do estudo, foram realizados dois tipos de comparação. A primeira etapa, que considerou a faixa populacional dos municípios, gerou as informações a seguir.

A quantidade de CAPS existentes foi insuficiente para a análise de informações dos procedimentos nesta faixa populacional. Em todo o projeto de percursos formativos existiam apenas três municípios com população entre 10.001 e 20.000 habitantes e cada um destes possui apenas um CAPS.

Mesmo não sendo possível inferir qualquer fenômeno a partir destes dados, considerou-se importante mencionar uma pequena alteração dos registros do procedimento de matriciamento da atenção básica a partir do mês de setembro de 2015. Para este procedimento, a frequência é predominantemente zero, porém, no referido mês, passa a ser informado com média superior à nacional. Como esta pesquisa não trabalhou com dados posteriores a dezembro de 2015, não é possível informar se esse crescimento manteve-se estável nos meses posteriores.

5.1.2 De 20.001 a 50.000 habitantes.

Para essa faixa populacional, esta pesquisa não encontrou resultados significativos que possam ser atribuídos ao PPF, relativamente aos nove procedimentos que, aqui, propõe-se analisar.

Cabe, porém, salientar que os dados relativos ao procedimento de matriciamento da atenção básica são passíveis de análise posterior e com maior profundidade, que investigue a sua subnotificação, uma vez que os municípios dentro da faixa populacional analisada neste item são de pequeno porte, possuem em média apenas um CAPS, e contam, em sua maioria, com rede de saúde composta, em grande parte, por serviços da rede básica de saúde. Infere-se daí que os CAPS existentes e os serviços da rede básica municipal deveriam trabalhar em conjunto para a continuidade do cuidado dos usuários da rede de saúde, o que, em tese, seria refletido em frequência relativamente alta para o procedimento de matriciamento da atenção básica.

Não é possível afirmar aqui que essa estratégia de formação falhou ou foi completamente ineficaz para estes municípios, porém faz-se necessário investigar com maior profundidade tanto os dados individuais de cada serviço - já que aqui trabalhou-se com dados condensados - quanto a Rede de saúde existente e o funcionamento de cada ponto de atenção, bem como o fluxo estabelecido para o atendimento em saúde mental em cada localidade. Além disso, os

problemas de sub-registro já expostos podem intensificar uma possível incompletude dos registros em relação ao cotidiano nos serviços.

5.1.3 De 50.001 a 100.000 habitantes.

Os resultados mais significativos surgem partir desta faixa populacional. Há indícios quantitativos que sugerem fortemente o impacto positivo da estratégia PPF para as ações de atendimento domiciliar, fortalecimento do protagonismo e de redução de danos.

Quanto ao procedimento de atendimento domiciliar, partir de janeiro de 2015 os municípios integrantes da estratégia passam a registrar em média 3,41 atendimentos a mais do que a média nacional, como pode ser observado pelo Gráfico 1, quando há um afastamento entre as duas linhas de frequência.

Gráfico 1: Atendimento domiciliar, jan/2013 a dez/2015 – 50.001 a 100.000 habitantes Fonte: DATASUS

Para o procedimento de fortalecimento do protagonismo, já é possível observar sinais de aumento de registro no início da implementação do PPF. O período entre agosto de 2014 e outubro de 2015 foi o de aumento mais expressivo. Neste período os municípios participantes do projeto tiveram registro médio mensal de 13,54 ações relacionadas ao protagonismo de usuários. Para os dados nacionais, média mensal, no mesmo período, foi de 3,87, quase três

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Gráfico 2: Fortalecimento do protagonismo, jan/2013 a dez/2015 – 50.001 a 100.000 habitantes Fonte: DATASUS

Com relação ao procedimento de redução de danos, apesar de o registro dos municípios do projeto ultrapassar os registros nacionais antes do início do PPF, nota-se que, apesar da variação no registro, seu crescimento é mais expressivo após março de 2014, mês de iniciação do Projeto, e permanece mais estável entre fevereiro de outubro de 2015. A partir do início do PPF, os municípios do projeto passaram a informar em média quase 23 registros para ações de redução de danos por mês; 19 a mais do que a média nacional.

Gráfico 3: Redução de danos, de jan/2013 a dez/2015 - 50.001 a 100.000 habitantes Fonte: DATASUS

Entende-se a partir dos dados quantitativos acima descritos que, para municípios com população entre 50.001 a 100.000 habitantes, há indícios favoráveis de impacto da estratégia nas três ações acima mencionadas. Para os demais procedimentos também analisados nesta pesquisa, encontrou-se pouca ou nenhuma evidência sobre a possível influência da estratégia. Para o procedimento de atendimento familiar, por exemplo, a frequência informada para os municípios do PPF foi, em determinados meses, maior do que a frequência nacional. Porém,

0 4 8 12 16 20 F re qu ên ci a Mês/Ano Início PPF Brasil PPF 0 10 20 30 40 50 F re qu ênci a Mês/Ano Início PPF Brasil PPF

não houve consistência ou estabilidade de crescimento, dificultando a análise e impossibilitando a relação destes resultados com qualquer suposição de efetividade da estratégia para o aumento das ações relacionadas a esse procedimento.

Para as ações de atenção à crise, ainda a título de exemplo, também não é possível fazer qualquer dedução visto que o crescimento na frequência deste procedimento inicia-se muito antes do começo do projeto, além não apresentar aumento significativo durante ou depois da sua execução.

5.1.4 De 100.001 a 500.000 habitantes.

Para esta faixa populacional os resultados mais significativos apresentam-se nas ações de fortalecimento do protagonismo e redução de danos. A partir do mês de abril de 2014, houve crescimento expressivo na quantidade informada para estes procedimentos nos municípios participantes do projeto.

Para as ações de fortalecimento do protagonismo, o crescimento inicia-se em maio de 2015, porém é mais expressivo e mais estável a partir de novembro de 2014. A média mensal de ações registradas foi de 56,84, mais do que o dobro da média para o País.

Gráfico 4: Fortalecimento do protagonismo, jan/2013 a dez/2015 – 100.001 a 500.000 habitantes Fonte: DATASUS

Para o procedimento de redução de danos, a diferença dos registros dos municípios que participaram do projeto em relação à média mensal dos registros informados pelo País, no

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Gráfico 5: Redução de danos, de jan/2013 a dez/2015 –100.001 a 500.000 habitantes Fonte: DATASUS

Para essa faixa populacional, da mesma forma que a anterior, não há evidências de influência da estratégia PPF para a alteração do comportamento dos outros sete procedimentos pesquisados.

Tal qual explicitado anteriormente, para algumas ações a frequência mensal informada pelos municípios do projeto foi maior do que a nacional em determinados meses, porém, sem consistência ou estabilidade, como é o caso dos procedimentos de atendimento domiciliar, atenção à crise, matriciamento dos serviços de urgência e emergência e reabilitação psicossocial. Para outras ações, a média mensal de registro já se apresentava maior do que a média nacional antes da implementação da estratégia e segue sem aumento significativo durante ou depois de sua execução, caso do procedimento de articulações intra e intersetoriais.

5.1.5 Acima de 500.000 habitantes.

Para este grupo de municípios não foi possível encontrar evidências capazes de indicar a influência da estratégia para o crescimento do registro de nenhuma das nove ações que aqui se propõe analisar.

Os municípios com mais de 500 mil habitantes são aqueles em que está concentrada a maior parte dos serviços de saúde mental do País. Esta observação procede também para o grupo de municípios do PPF. É necessário considerar que nesta faixa populacional concentra-se a ampla maioria dos dados de procedimentos coletados através do sistema de informação do

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MS, de maneira que o adensamento de informações tende a horizontalizar os dados e dificulta a identificação de tendências na evolução temporal dos registros.

Ao compararmos os dados mensais de todos os municípios do projeto com os dados de todo o território nacional (anexo 17), ficam evidenciados elementos relevantes descritos para as faixas populacionais de 50.001 a 100.000 habitantes e 100.001 a 500.000 habitantes, em que os procedimentos de fortalecimento do protagonismo de usuários e familiares e ações de redução de danos aparecem como os mais susceptíveis a respostas positivas como reação ao PPF.

Além disso, chama atenção uma pequena variação a partir de junho de 2015 referente às ações de matriciamento da atenção básica