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Candidato Partido/Coligação Número de Votos %Votos Válidos

Elpidio Josué de Almeida PSD/PDC 8.142 55,77% Veneziano Vital do Rêgo UDN 6.456 44,23% Fonte: Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.

Segundo o memorialista Josué Sylvestre (1982, p.113-116), a eleição municipal de 1947, teria sido a primeira disputa eleitoral em Campina Grande com a realização frequente de passeatas, com jingle de campanha, ampla distribuição de panfletos e cartazes propagados em toda a cidade.

Em 1951, mais uma disputa local se configuraria, desta vez aparecem algumas novidades, em especial as ambições de recuperar o prestígio político em Campina por parte do líder Argemiro Figueiredo, político que já havia ocupado vários cargos expressivos23, porém este retorno a liderança da cena política campinense foi frustrada como assinala o resultado daquela disputa:

QUADRO Nº03

RESULTADO AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 1951

Candidato Partido/Coligação Número de Votos %Votos Válidos

Plínio Lemos PL-PSD 13.909 55,07 Agemiro de Figueiredo UDN 11.124 44,04 AntonioRodenbusch PR 225 0,89 Fonte: Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.

Nas eleições locais de 1955, ocasião em que merece destaque a ascensão dos setores conservadores campinenses, os quais através do “fenômeno eleitoral”, Severino Cabral (PSD), popularmente conhecido como “Pé de Chumbo” 24, tinha amplos recursos para Campanha25, ao possuir vários empreendimentos empresariais, a exemplo, comerciante (dono da revenda de veículos da marca estadunidense Chevrolet), banqueiro, industrial, e ainda, latifundiário, cuja força eleitoral já havia sido

22 Para conhecer parte da biografia deste personagem, que para muitos articulistas políticos, foi umas das

maiores lideranças da política campinense no período democrático (1945-64), ver: TEJO, 2001.

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Argemiro de Figueiredo até aquele momento já havia sido interventor, governador e deputado federal pelo Estado da Paraíba. In: SYLVETSRE, 1982, p. 269.

24 Sobre este codinome dirigido a Severino Cabral, a origem é atribuída a Raymundo Ásfora, aliado do

candidato, que teria sugerido o citado apelido num comício. In: VASCONCELOS, 1993,p.193.

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20 demonstrada através de métodos de obtenção de votos duvidosos, porém, com resultados esperados, como sua eleição para Assembleia Legislativa Estadual, quando obteve três mil novecentos e noventa e oito sufrágios (apenas em Campina Grande), sua candidatura para a chefia da edilidade campinense parecia ser “inevitável”.

Num outro front, emergiu o retorno de Elpídio de Almeida (PSP), candidato alçado pelos setores mais progressistas que vislumbraram na eleição do candidato do Partido Social Progressista, a única forma de evitar a eleição de “Seu Cabral”. Plano exitoso como demonstramos o quadro que segue:

QUADRO Nº04

RESULTADO AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 1955

Candidato Partido/Coligação Número de Votos %Votos Válidos

Elpídio Josué de Almeida PSP/UDN 13.481 53,91 Severino Bezerra Cabral PL 11.527 46,09 Fonte: Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.

As primeiras iniciativas de cunho desenvolvimentistas foram encaminhadas na gestão de Elpídio de Almeida, quando sua administração se empenhou em trazer para Campina Grande, energia elétrica remetida da CHESF, e mais, ao ter sancionado uma Lei Municipal, cujo objetivo era isentar de uma série de impostos locais as indústrias que viriam para a cidade, ou, que já estivessem instaladas no município sem similares há cinco anos26. O despertar industrializante campinense da segunda metade da década de 1950, ainda se engajou em iniciar o projeto da implantação de uma companhia telefônica local.

Na campanha municipal subsequente realizada em 1959, Severino Cabral conquista27 a PMCG, oportunidade do grupo pessedista enfrentar o crescente PTB campinense, agremiação política que efetivamente instaurou o discurso desenvolvimentista em Campina Grande, ao tomar por objetivo eleger o banqueiro Newton Rique, e sua audaciosa proposta de governo, a “Revolução da Prosperidade”, plataforma governamental capaz de propor um projeto de modernização (Ó, 2006) de vários setores socioeconômicos da Rainha da Borborema, e mais, ainda em 1959, os trabalhistas campinenses externavam a obsessão em atingir o crescimento via industrialização, como nos chama atenção Newton Rique quando afirma que,

26 Ver: ARAÚJO, 1985, p.144-145.

27 O candidato vitorioso naquele pleito chegou ao poder sob uma curiosa, contudo, “popular” plataforma

de campanha, embasada nas velhas práticas assistencialistas, que tinha um “sugestivo” slogan: “Dividir, Doar e Ajudar”. In: SOUZA, 1988, p.42.

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O processo de industrialização é ao meu ver, o próprio processo de civilização e progresso. Farei, portanto, girar em torno da criação de condições mais favoráveis à implantação de poderoso parque fabril em nossa cidade, o meu programa de administração. (...) Somente com a instalação de novas indústrias em Campina Grande, poder-se-á resolver o angustioso problema do desemprego, que é uma das notas mais alarmantes do nosso quadro social. (RIQUE apud SYLVESTRE, 1993, p. 248-249.)

Em meio às discussões disseminadas nas ruas, praças, e demais vias públicas campinenses, dois chavões populares surgiram no cenário da disputa eleitoral, de um lado o já mencionado “Pé de Chumbo”, cognome que deveria denotar a pretensa simpatia e humildade do candidato pessedista junto as massas, já o empresário Rique, também oriundo de uma das famílias mais abastadas da cidade, e conhecido pela estirpe intelectual, ganhou a alcunha de “punhos de renda”, epíteto a época, que provavelmente suscitava certa “arrogância” do candidato trabalhista próximo ao eleitorado mais humilde, pois

As passeatas de Cabral, com forte contingente de moradores dos bairros, costumavam levar como símbolo, panelas de barro. As passeatas de Newton Rique, de lenços amarelos, ala feminina, etc., era conhecida como “cintura fina”. Cabral consegue vencer principalmente pelo trabalho que vinha realizando nos bairros. Costumava anotar, em fichas, o nome do eleitor, a secção em que votava e o favor prestado, desta forma poderia calcular os votos que teria em casa secção. (ARAÚJO, 1985, p.147-148.)

No embate eleitoral de 1959, ainda merece destaque, a entrada efusiva do sistema radiofônico na campanha rumo a PMCG, quando as rádios para divulgarem os candidatos, só faziam o merchandising político mediante pagamento prévio, principalmente, pelo fato da legislação eleitoral do período ser extremamente leniente com as iniciativas empresariais nos meios de comunicação. A transmissão ao vivo de comícios e passeatas eram o carro-chefe, numa época em que não havia guia eleitoral gratuito, apenas era ouvido no rádio, quem pudesse comprar o horário, ou indicar um filiado de seu partido como jornalista de alguma emissora.

Ao passo que foi se percebendo os frutos do poder midiático das rádios, na época em pauta existiam em Campina Grande três emissoras de rádios, sendo estas, Cariri, Borborema e Caturité, além de uma difusora28, “A Voz de Campina”, a qual

28 Ainda havia as difusoras de bairro com um número menor de ouvintes, porém não menos importantes.

22 havia espalhado alto-falantes pelas principais ruas do Centro da cidade. Estas empresas de comunicação disputavam entre si de maneira ávida as verbas publicitárias destinadas a propaganda eleitoral pelos candidatos mais apatacados, como ainda não haviam pesquisas de intenção de voto no perfil que existe atualmente, as “coletas de dados” eram feitas ao vivo, onde o repórter com microfone na rua saía abordando os transeuntes, entretanto, estas “enquetes”, tinham seus resultados previamente determinados pelo contratante, quando era avisado ao comitê de determinado candidato as ruas que o repórter iria percorrer, logradouros estes que os cabos eleitorais deveriam se fazer presentes. 29

Terminada a eleição e contados os votos, o clientelismo do “Pé de Chumbo” venceu a peleja, vejamos o resultado:

QUADRO Nº05

RESULTADO AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 1959

Candidato Partido/Coligação Número de Votos %Votos Válidos

Severino Cabral PSD 16.483 52,75 Newton Rique PTB 14.767 47,25 Fonte: Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.

Passada esta breve explanação da trajetória eleitoral de Campina Grande, partiremos com a finalidade de buscar uma saída para compreender os objetivos levantados ao longo da pesquisa, chegamos ao PTB campinense, Partido este arrebatado pelas ideias desenvolvimentistas, e que já vinha desenvolvendo projetos durante a administração de Severino Cabral, costurou uma aliança com este prefeito, visando às eleições de 1963, aceitou para o cargo de vice-prefeito o genro de Seu Cabral, com pouca experiência na política, o jovem presidente da Câmara de Vereadores, Williams de Souza Arruda - PSB30.

A chegada ao executivo municipal do grupo desenvolvimentista se deu nas eleições de 1963, quando o candidato pelo PTB obteve vitória ao se vincular com setores conservadores da cidade, a propósito, o ex-prefeito Severino Cabral, e simultaneamente, construiu laços políticos com personagens desenvolvimentistas, como o aficionado pela industrialização, José Lopes de Andrade. A controversa aliança entre o que viria a representar “o novo” com o símbolo do “velho”, a aliança PTB/PSD se

29 Ver: OLIVEIRA, 2006, p. 73-121.

30 Logo após a sua indicação para compor a chapa com os trabalhistas, Williams Arruda, muda sua

23 mostrou imbatível naquele pleito, ao derrotar o candidato do Partido de Representação Popular (antigo Partido Integralista Brasileiro), Langstein Almeida.

Outro aspecto das eleições municipais de 1963 que merece menção, foi a cassação do registro de candidatura de José Pereira dos Santos, “o Peba” 31, e de seu vice, Manoel Monteiro, ambos naquele momento, recém-filiados ao Partido Socialista Brasileiro, porém, com “fama de comunistas”32. Abaixo segue quadro demonstrativo da performance do Partido Trabalhista Brasileiro nas eleições de 1963 em Campina Grande:

QUADRO Nº06

RESULTADO AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 1963