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4 Metodologia e resultados

4.4 Resultados 2001 a 2010

O levantamento foi feito com um total de 87 romances (WEINHARDT. 2011) para os quais foram registrados ao todo 448 resultados, desses 78 classificados como crítica ou resenha. Dos 370 restantes pode-se observar um grande número de textos impressionistas publicados em páginas e sites pessoais, como blogs e afins.

Nesse tipo de texto foi observada uma marcante diferença daqueles encontrados na imprensa, que é a questão da temporalidade: enquanto os textos de blogs não estavam vinculados à época de lançamento do livro, sendo publicados até mesmo 10 anos depois, nos jornais isso não acontecia, sendo mais comum os textos aparecerem na época dos lançamentos dos livros, e comentados em períodos próximos, caso o livro tenha recebido um grande prêmio ou algo noticioso ocorrido com o autor, o que explicita desta forma como o caráter factual do texto muitas vezes é um fator determinante para que o mesmo receba espaço no jornal.

Apesar da distância temporal, os textos de blogs possuem em sua maioria o caráter de novidade, do leitor surpreso com o livro, não fazendo referência a outros textos previamente escritos sobre este, sejam esses críticos ou não, e também, na maioria das vezes não citam a data de lançamento ou não a referenciam enquanto tempo, por exemplo: “Há sete anos foi lançado...” apenas tratam do livro no presente, com características de diário no texto, ou seja, “Hoje terminei de ler o livro tal”, fazendo da resenha do livro uma experiência pessoal.

No levantamento, além dos textos encontrados com os termos de busca, foram salvos também, em documento de Word, os comentários desses textos (quando era possível sua cópia, pois alguns eram protegidos). A partir dos comentários pode-se observar tanto o perfil do próprio site ou blog, quanto de seu público leitor.

Os comentários foram divididos entre aqueles que são de cunho pessoal com o autor do site ou blog, elogiando o texto ou perguntando sobre algum evento da vida pessoal, casamento, festa, etc., enquanto a outra categoria se restringe à obra em si e ao texto, emitindo opinião própria sobre o que achou do livro ou texto, indicando outras obras do autor ou correlatas ao tema do livro. É claro, que em muitos casos esses dois tipos de comentários podem ocorrer em um mesmo site ou blog.

No levantamento foi observado que apenas nove livros não tiveram nenhum retorno, fosse de crítica, fosse de outros tipos de texto. Os livros que não figuraram na web durante a pesquisa foram:

Tabela 5: Livros sem retornos jornalísticos ou críticas na web

BRAFF, Menalton. Na teia do sol. São Paulo: Planeta, 2004

CAVALCANTI, Pihba. A cidadela inventada. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

CREMASCO, Marco Aurélio. Santo Reis da Luz Divina. Rio de Janeiro: Record, 2004.

SILVA, Carlos Nascimento. Vale do sol. Rio de Janeiro: Record, 2003.

SILVEIRA, Maria José. Eleanor Marx, filha de Karl. São Paulo: Francis, 2002.

SILVEIRA, Maria José. O fantasma de Buñuel. São Paulo: Francis, 2004.

SOUZA, Márcio. Desordem. Rio de Janeiro: Record, 2001 TAPIOCA, Ruy. O proscrito. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.

YAZBECK, Fuad. O segundo degredado. Rio de Janeiro: Record, 2008.

Fonte: a autora.

Neste ponto é interessante perceber a diferença entre impresso e on-line.

Enquanto no jornal impresso a tabela com os livros que não receberam nenhuma atenção da crítica é imensa, no on-line a cobertura é muito maior. É claro que isso se deve à própria natureza do meio e da metodologia de levantamento, ou seja, não se restringiu a busca a determinado jornal e por isso pode-se agregar um número muito grande de textos produzidos, típico da realidade da internet.

Também devemos fazer mais uma observação sobre esta tabela, apesar da cobertura ser muito maior não significa que a qualidade desta seja igualmente proporcional. Na verdade tivemos grande dificuldade em encontrar críticas boas o suficiente para figurarem nas análises, ou seja, muitas eram extremamente rasas, ou continham erros de informação sobre o livro ou autor, ou eram breves demais, etc, não servindo aos objetivos desta pesquisa.

Os livros que receberam retornos classificados enquanto crítica somam 37 livros, para os quais 78 resultados correspondem à crítica e resenha e que, por sua vez, possuem características próprias e diferenciam-se entre si muito mais do que os de blogs ou sites pessoais. Não se restringindo apenas a resenhas e críticas impressionistas, mas também abrangendo aquelas centradas na vida do autor e no tema da obra. Nesta última situação, ocorre, muitas vezes, de o tema sobrepor o livro, com textos que focam principalmente no personagem ou fato histórico, como a crítica de Wilson Martins para O Globo sobre Príncipe e Corsário de Maria Cristina

Cavalcante de Albuquerque, que apesar de muito interessante direciona sua análise mais para o personagem histórico do que para a ficcionalização deste. Os livros criticados são:

Tabela 6: Livros com crítica na web

ALBUQUERQUE, Maria Cristina Cavalcanti de. Príncipe e corsário. São Paulo: A Girafa, 2004.

ASSIS BRASIL, Luiz Antonio de. A margem imóvel do rio. Porto Alegre: L&PM, 2003.

ASSIS BRASIL, Luiz Antonio de. Música perdida. Porto Alegre: L&PM, 2006.

ÁVILA, Luís Felipe d’. Cosimo de Medici. Memórias de um líder renascentista. São Paulo: Ediouro, 2008.

BRACHER, Beatriz. Antonio. São Paulo: Editora 34, 2007.

BRACHER, Beatriz. Não falei. São Paulo: Editora 34, 2004.

BERNARDO, Gustavo. A filha do escritor. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

BUARQUE, Chico. Leite derramado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

CAMPANA, Fábio. O último dia de Cabeza de Vaca. Curitiba: Travessa dos Editores, 2005.

CARVALHO, Bernardo. O filho da mãe. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

CARVALHO, Bernardo. Mongólia. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

CARVALHO, Bernardo. O sol se põe em São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

CARVALHO, Murilo. O rastro do jaguar. São Paulo: Leya, 2009.

CASTRO, Ruy. Era no tempo do rei. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

CASTELLO, José. Fantasma. Rio de Janeiro: Record, 2001

CHAMIE, Mario. Pauliceia dilacerada: (monólogo póstumo dialogado de Mario de Andrade). Ribeirão Preto, SP: FUNPEC Editora, 2009.

DANTAS, Francisco. Sob o peso das sombras. São Paulo: Planeta do Brasil, 2004.

FERREIRA, Luzilá Ferreira. No tempo frágil das horas. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.

FERRONI, Marcelo. Método prático da guerrilha. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

FONSECA, Aleilton. Nhô Guimarães. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

FORTES, Leandro. Fragmentos da Grande Guerra. Rio de Janeiro: Record, 2004.

GLEISER, Marcelo. A harmonia do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

HATOUM, Milton. Cinzas do norte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

HATOUM, Milton. . Órfãos do Eldorado. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 LAGE, Cláudia. Mundos de Eufrásia. Rio de Janeiro: Record, 2009.

LEPECKI, Maria Filomena Bouissou. Cunhataí. São Paulo: Talento, 2003.

LUCCHESI, Marco. O dom do crime. Rio de Janeiro: Record, 2010 MEDINA, Sinval. O herdeiro das sombras. São Paulo: Mandarim, 2001.

MUSSA, Alberto. O enigma de Qaf. Rio de Janeiro: Record, 2004.

RODRIGUES, Sérgio. Elza, a garota. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

SANCHES NETO, Miguel. Um amor anarquista. Rio de Janeiro: Record, 2005.

SANTIAGO, Silviano. Heranças. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

SCHWARZ, Rodrigo. A ilha dos cães. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

SCLIAR, Moacyr. Os vendilhões do templo. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

SILVA, Carlos Nascimento. Desengano. Rio de Janeiro: Agir, 2006.

TORRES, Antônio. O nobre seqüestrador. Rio de Janeiro: Record, 2003.

Fonte: a autora.

Aqui percebemos novamente uma inversão em relação ao impresso, ou seja, há muito mais livros com crítica do que sem, porém também podemos notar que isso não representa a totalidade de romances listados, ou melhor, mesmo com a infinita possibilidade de textos da web e de pessoas dispostas a escreverem estes textos não foram todos os livros do período que receberam atenção. O que nos faz questionar o quanto realmente de informação está disponível na web e o quanto os meios tradicionais de divulgação e fomento de produtos culturais interfere até mesmo no meio de comunicação mais democrático dos últimos tempos.

Outra questão apontada pela pesquisa é a de que muitos textos não trazem o termo “romance histórico” ou “ficção histórica” para classificar o livro, preferem expressões como: “um romance com fundo histórico”; “romance biográfico” ou até mesmo “romance de imaginação”. Por parte dos ficcionistas a mesma situação se repete ao falarem de suas obras em entrevistas e declarações, não citando, na maioria das vezes, que o livro pode ser lido como uma ficção histórica, situação um pouco diferente da encontrada nas décadas anteriores, mas ainda assim similar.

Também foram classificados aqueles textos que correspondem a produções acadêmicas, somando ao todo 38 resultados, que contemplam tanto artigos acadêmicos, ensaios, teses, dissertações e monografias. Vale ressaltar que 22 resultados na pesquisa diziam respeito à publicação de trechos dos livros, alguns desses estavam relacionados a editoras e livrarias parceiras do jornal, como é o caso já mencionado da Publifolha.

Quanto às avaliações, as críticas foram separadas em “positiva” e “negativa”

e “neutra”, esta última quando o crítico faz um balanço entre elogios e apontamentos negativos da obra, não deixando claro seu juízo de valor. Nessa classificação a maioria das críticas, 71, foi avaliada como “positiva”, em contrapartida as “negativas”

somaram seis resultados, enquanto aquelas que apenas forneciam um balanço de pontos positivos e negativos totalizaram sete resultados.

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