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06. CONTRIBUIÇÃO TEÓRICO/METODOLÓGICA DO SISTEMA DE INDICADORES

6.3 Aplicação do sistema na Bacia Hidrográfica do Rio do Cobre

6.3.2 Resultados Alcançados

Optou-se por analisar e visualizar os resultados obtidos por meio das cinco dimensões da sustentabilidade. As interpretações foram feitas levando em consideração o conjunto, mas como o sistema é uma matriz aberta, é possível a avaliação de cada indicador de forma isolada.

Para cada dimensão será apresentado um mapa temático e um quadro no qual:

 os indicadores estão relacionados com a dimensão e as respectivas funções; e classificados em básicos ou específicos33, qualitativos ou quantitativos;

 são apresentados os resultados do cálculo do indicador e a respectiva fonte/ano do dado;

 cada indicador é descrito segundo os parâmetros de análise utilizado para a interpretação;

 consta a informação se o indicador está (ou não) georreferenciado, bem como detalhes dos arquivos que compõe o mapeamento com o SIG.

a) Dimensão Ecológica (Quadro 14 e Figura 12).

A análise dos resultados, a partir dos parâmetros definidos, permite inferir que o rio, de uma maneira geral, ainda está apto e/ou cumprindo as funções da dimensão ecológica. Nenhum resultado foi completamente negativo, merecendo atenção, entretanto, o percentual de quase 50% de área sem vegetação ciliar (concentrada nas bordas da bacia-Figura 13) e as amostras com valores de oxigênio dissolvido em desconformidade com os padrões de qualidade. No SIG cada ponto de coleta de amostra de água possui os dados de oxigênio dissolvido, pH e coliformes termotolerantes o que permite se necessário, uma análise mais apurada do local onde se obteve as piores amostras.

Este resultado está diretamente relacionado com o fato de que a bacia consegue assegurar alguns níveis de qualidade por possuir áreas institucionais de preservação (a exemplo dos parques e da APA).

b) Dimensão Meio Físico (Quadro 15 e Figura 13).

Nesta, os resultados são mais preocupantes. Vários indicadores inferem que o rio, não está, de uma maneira geral, apto e/ou cumprindo as funções da dimensão do meio físico.

Isso pode ser observado nos totais elevados de áreas impermeabilizadas concentradas nas bordas da bacia ilustrando a pressão da ocupação na área; na quantidade de pontos potenciais a erosão/deslizamentos (principalmente na foz da bacia) e alagamentos, ambos muito próximos de áreas com ocupação de assentamentos informais; e por último, no baixo percentual de nascentes preservadas o que reflete sobremaneira na preservação dos mananciais hídricos. As nascentes ainda conservadas se localizam na área da Represa do Cobre o que corrobora com a hipótese de que estas áreas institucionais ajudam na preservação do bem hídrico.

c) Dimensão Demográfica (Quadro 16 e Figura 14).

A análise desta dimensão ficou prejudicada em função dos poucos indicadores operacionais. Entretanto, os resultados permitem inferir que o rio, de uma maneira geral, não está apto e/ou cumprindo as funções da dimensão demográfica. Esta conclusão está diretamente relacionada com os valores insuficientes obtidos nos resultados dos indicadores sobre saneamento ambiental e tecnologias sustentáveis.

As informações sobre coleta de lixo e esgotamento foram obtidas a partir dos setores censitários do Censo Demográfico do IBGE. No SIG, é possível uma análise mais apurada se cada setor for analisado de per si.

Salienta-se ainda, o fato de que as fontes de água existentes e em uso se encontram em bairros populosos e áreas ocupadas desordenadamente. Este fato carece de gestão específica para que não ocorram eventos de degradação nesses mananciais.

d) Dimensão Técnica (Quadro 17 e Figura 14).

A análise dos resultados permite concluir que o rio não está cumprindo as funções da dimensão técnica. Pois, a grande maioria dos indicadores aponta a inexistência de ações, do âmbito técnico-científicas, diretamente relacionadas com a gestão da área.

Constata-se, a partir dos indicadores analisados, que não existem ações de gestão para a sustentabilidade na área em análise. O único ponto de monitorização constante é de responsabilidade da EMBASA, o que reafirma a importância de se manter este manancial ativo para o abastecimento de regiões próximas.

e) Dimensão Político-Institucional (Quadro 17 e Figura 14).

Da mesma forma que na dimensão anterior, verifica-se que as funções político- institucionais também não estão sendo cumpridas.

f) Dimensão Sócio-cultural (Quadro 18 e Figura 15).

Nesta dimensão percebe-se novamente que o uso de tecnologias limpas não vem sendo estimulado na área. Os resultados sugerem também, que a Bacia do Rio do Cobre possui como funções a tradição cultural, apelo turístico e religioso, mas apesar desses motivos, que deveriam assegurar a sua preservação, a mesma convive com situações de degradação, como pode ser observada por meio da constatação de ocorrência de lixo, materiais flutuantes e ausência de projetos de educação ambiental.

Assim, pode-se inferir que o rio, de uma maneira geral, não está apto e/ou em condições de cumprir as funções desta dimensão. Isto pode ser observado a partir da Figura 15 que ilustra claramente que o Parque São Bartolomeu é o local de uso turístico e religioso, mas é ao mesmo tempo, e contraditoriamente, o local (próximo à foz) onde ocorrem as principais situações de degradação ambiental (ocupação informal, lixo, materiais flutuantes, etc).

Essa situação carece de um processo de revitalização, entretanto, como observado nas dimensões anteriores ainda não há ações propositivas nesta direção.

As informações sobre o abastecimento de água foram obtidas a partir dos setores censitários do Censo Demográfico do IBGE. No SIG, é possível uma análise mais apurada se cada setor for analisado de per si.

Figura 15 – Resultado da dimensão sócio-cultural.

g) Dimensão Econômica (Quadro 19 e Figura 16).

Os resultados obtidos também sugerem que o rio não está apto e/ou cumprindo as funções da dimensão econômica. Apesar da bacia do Rio do Cobre possuir potencialidades, como apelo turístico e recreativo, ele não possui (e nem parece ser estimulado) condições de infra-estrutura para essas formas de uso que poderiam, inclusive, gerar oportunidades de trabalho e renda.

Este fato corrobora com a perspectiva epistemológica deste trabalho. Pois se considera que tal situação decorre da completa desvalorização dos rios superficiais urbanos, inclusive pelo estado generalizado de degradação, fazendo com que o próprio capital não se interesse ou utilize esse bem de outras maneiras que não seja para o abastecimento.

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