• Nenhum resultado encontrado

MAPA 2 Município de Aquiraz e as localidades Prainha e Iguape

4. SUBSÍDIOS PARA AVALIAÇÃO DO PROGRAMA

4.3. Resultados Alcançados

Os resultados da pesquisa podem ser apresentados com base na quantidade de dados e informações coletadas ao longo do projeto, através dos quadros analíticos abaixo expostos.

As entrevistas realizadas junto às presidentes das associações de Rendeiras da Prainha e do Centro de Rendeira Mirian Porto Mota foram compostas pelos seguintes questionamentos:

1. A Associação foi criada para atender a necessidade de organização do grupo de artesãos existente?

5. As ações desenvolvidas pela associação obtiveram apoio institucional no financiamento das mesmas?

6. Se sim, quais as principais instituições?

7. Houve crescimento do artesanato decorrente desse apoio?

9. Em sua opinião, os artesãos associados melhoraram suas condições de vida a partir da atividade artesanal?

11. Você acha que o Programa de Desenvolvimento do Artesanato atende as necessidades da produção e comercialização da renda de bilro dos associados?

73 Os resultados a essas questões foram compilados na tabela abaixo:

QUADRO 2 – RESULTADOS ENTREVISTAS PRESIDENTES

Item Perguntas 1 5 6 7 9 11 12

1 Mª Cleide Sim sim Sebrae/Ceart/ Pref. municipal

sim sim sim Sim

2 Wanderli Sim sim Sebrae/Ceart/ Pref. municipal

sim sim sim Sim

A partir dessas informações, pode-se concluir que ambas as entrevistadas possuem a mesma visão macro sobre os programas implementados. Reconhecem a atuação das instituições que desenvolvem os programas e projetos com as associações. Observa-se que a Prefeitura de Aquiraz não foi incluída nas respostas das presidentes.

As perguntas realizadas junto às artesãs associadas foram compostas da seguinte forma:

5. As ações desenvolvidas pela a associação trouxeram algum beneficio para sua atividade?

7. Você participou de projetos promovidos pelo Programa Estadual de Desenvolvimento do Artesanato?

9. A sua vida profissional mudou com a realização desses projetos?

11. Você acha que o Programa de Desenvolvimento do Artesanato atende as necessidades da produção e comercialização da renda de bilro?

12. Com a renda obtida através do artesanato, você melhorou as suas condições de vida?

13. Qual a sua renda atual?

14. Houve aquisição de algum bem comprado com dinheiro do artesanato?

Os resultados das perguntas fechadas aplicadas nas entrevistas com as artesãs associadas podem ser contemplados no quadro a seguir:

74

QUADRO 3 – RESULTADOS ENTREVISTAS ARTESÃS ASSOCIADAS

Ord Perguntas 5 7 9 11 12 13

R$

14

1 Gracila Tomé sim sim sim sim sim 1.500 Sim 2 Fª Olenir sim sim sim sim sim 1.000 Sim 3 Raimunda Vicente sim sim sim sim sim 550 Sim 4 Mª Cilene sim sim sim sim sim 1.000 Sim 5 Mª Ribeiro sim sim sim sim sim 2.000 Sim 6 Mª Enedite sim sim sim sim sim 600 Sim

Desse modo, podemos observar uma similaridade de percepção e entendimento entre as artesãs, mesmo estando em localidades diferentes. Ainda com as particularidades nas respostas, a realidade demonstrou as mesmas preocupações e aspirações.

Destaca-se ainda que a média salarial do grupo girou em torno de 1.108 reais, ainda abaixo do crescimento esperado pelos programas implantados. De acordo com as informações do cadastro de artesãos da CEART (quadro de informações das artesãs) demonstra uma média salarial de 666 reais. Portanto em termos de renda média houve um aumento. Mas as condições de vida, as dificuldades relatadas, os espaços de comercialização precários deixa transparecer que ainda falta muito para o programa atingir o objetivo de tornar os artesãos independentes em termos financeiros, de modo a permitir uma melhoria significativa na sua qualidade de vida.

Durante as entrevistas com as artesãs, pude perceber o orgulho e satisfação que elas possuem da profissão por meio das respostas as perguntas. Esse fato me remete à teoria da autora Amartya Sen, que apresenta uma preocupação com o desenvolvimento das capacidades individuais de cada cidadão e não somente com o crescimento da renda e da riqueza. Este enfoque torna oportuno o entendimento e a aproximação com as questões contidas no segmento do artesanato.

No conceito utilizado por Amartya Sen, a pobreza é vista como privação de capacidade básica ao invés do conceito de baixo nível de renda, que é o critério tradicional de identificação desse fenômeno. A perspectiva da pobreza como privação de capacidades não envolve nenhuma negação da idéia de que a renda baixa é uma das causas principais da pobreza. A falta de renda pode ser uma razão primordial da privação de capacidades de uma pessoa.

75 Outro aspecto identificado por ocasião das visitas as duas associações foi a falta de consonância entre os projetos implantados e a realidade vivenciada pela categoria. Esse elemento é evidenciado na teoria dos autores Marjukka Ala-Haja & Sigurdur Helgason (2000, p.11) que destacam que “gerenciar normalmente implica um ciclo de planejamento/preparação, dotação orçamentária, implementação e avaliação. (...) Uma política ou programa que tenham sido avaliados podem ser melhorados, expandidos ou substituídos”. O autor define que as avaliações de programa “constituem análises sistemáticas e de aspectos importantes de um programa e de seu valor, de modo a oferecer conclusões confiáveis e utilizáveis”. Esse aspecto é visível também na perspectiva técnica onde constatamos que na implementação das políticas públicas, o monitoramento e avaliação, somente são utilizadas quando há um financiador exigente.

A descontinuidade das ações podem ser claramente percebidas por ocasião das mudança de governo. Há exemplo disso o plano de governo do Lúcio Alcântara previu o programa de artesanato da seguinte forma:

Programa Artesanato e Produção Familiar – objetiva promover o desenvolvimento do artesanato cearense e a produção familiar, visando geração de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores. Com o intuito de fortalecer as diversas cadeias produtivas artesanais, promover a imagem dos produtos e dos produtores do artesanato cearense e divulgar a cultura do Estado surgiu o Projeto Sexta do Empreendedor, com a realização semanal de exposições e feiras artesanais;

Logo após a mudança de gestão no ano de 2007 esse projeto, assim como outros, foram substituídos ou simplesmente finalizados.

76

QUADRO 4 - RESPOSTAS DAS PRESIDENTES E ASSOCIADAS EM RELAÇÃO À QUESTÃO DA RENDA

Artesã entrevistada Associação Resposta/Declaração

Maria Cleide dos Santos

Associação das Rendeiras da Prainha (Presidente)

...a renda cada dia que passa vai se modificando, agente vai criando.

Gracila Tomé Cunha Associada O artesanato é uma coisa que...sai porque a rendeira ela também desenha, ela modifica o desenho, agente cria várias peças né, com vários modelos diferentes...eu acho uma coisa muito bonita que tá acabando né. Francisca Olenir da

Silva

Associada A renda é uma terapia, agente faz por prazer, por amor, eu adoro tudo que é de artesanato. Maria Cilene de Sousa

Miranda

Associada ..porque eu abandonei até meu estudo pra ser rendeira, eu decidir seguir porque minha mãe era...

Wanderli Firmino Costa

Centro de Rendeira Míriam Porto Mota- Iguape

Vice-Presidente)

...elas ajudam na família, ajudam seus maridos, e se desenvolvem

psicologicamente aqui também

Raimunda Vicente da Costa

Associada Pra mim é uma coisa ótima, não tem igual você aprender artesanato...porque depois nós passamos a fazer a renda...nós não éramos valorizados...

Maria Ribeiro da Silva Associada Acho muito importante, porque hoje em dia o artesanato é muito evoluído.

Maria Enidete Lopes

Gomes Associada O artesanato assim ele é muito importante na minha vida...

A autora Amarya Sen quando se refere ao enfoque na qualidade de vida e nas liberdades substantivas, e não apenas na renda e na riqueza, retrata um pouco da realidade das presidentes e artesãs entrevistadas. Nesse sentido está claro nas respostas que muitas vezes se distanciam da análise centralizada apenas na renda obtida com as vendas, conforme as declarações acima citadas.

77

Documentos relacionados