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3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.3 Análise Econométrica

3.3.2 Resultados

O modelo econométrico tem por objetivo identificar a existência de relação entre as variáveis relacionadas. Assim, o modelo proposto busca mensurar como o gasto público legislativo aumenta ou diminui em consequência da variação do número de vereadores, da população, da densidade demográfica, do grau de urbanização, da renda municipal, da receita municipal e das transferências governamentais recebidas pelo município.

Assim, na equação do modelo ora proposto, a variável dependente é o gasto total com a função legislativa e as variáveis independentes são: quantidade de vereadores, população, densidade demográfica, urbanização, renda municipal, receita pública municipal e as transferências governamentais recebidas pelo município.

Desta maneira, o modelo apresentado propõe o cálculo dos coeficientes angulares de cada uma das variáveis, uma vez que eles demonstram a elasticidade do gasto legislativo em relação às variáveis explicativas, ou seja, o quanto as variáveis independentes explicam o gasto legislativo.

Os resultados das regressões para o Estado e também para os grupos de municípios indicam que a população, o grau de urbanização, a receita municipal e as transferências governamentais não aparecem como fatores determinantes do gasto legislativo, uma vez que estas variáveis não se mostraram significativas ao nível de 5%.

Rodou-se primeiro a regressão para o Estado de São Paulo com seus 645 municípios e as variáveis explicativas mais significativas foram utilizadas para as outras dez regressões referentes aos grupos de municípios, com o propósito de se averiguar as similaridades e assimetrias entre os municípios paulistas.

Portanto, após a retirada das variáveis que não mostraram significância, os modelos passaram a conter somente as seguintes variáveis explicativas: vereador, densidade demográfica e renda municipal. Exceção feita ao modelo do Cluster oito, que permaneceu apenas com duas variáveis: densidade demográfica e renda (em função da presença de multicolinearidade).

Desta maneira, apresentamos no Quadro 3.1, os resultados das regressões das equações para todos os municípios do Estado de São Paulo e também para cada um dos dez grupos de municípios gerados pela análise de cluster. Os coeficientes das regressões estão padronizados, sendo que os coeficientes não padronizados das regressões encontram-se no Apêndice B deste trabalho.

Quadro 3.1 Resultados das regressões

Clusters Equações

Estado de São Paulo

(Equação 1) LnLeg (9,5)* (21,6)* (3,93)* (sp) = alfa (não estimado) + 0,22 LnVer + 0,65 LnRenda + 0,11 LnDens n = 645 R2 ajust.= 0,84 F = 1001*

Cluster 1 Alta urbanização e baixa renda (Equação 2)

LnLeg (cluster 1) = alfa (não estimado) + 0,13 LnVer + 0,62 LnRenda + 0,18 LnDens

(2,34)* (10,2)* (2,96)* n = 201 R2 ajust.= 0,73 F = 163*

Cluster 2 Alta urbanização e média alta renda (Equação 3)

LnLeg (cluster 2) = alfa (não estimado) - 0,06 LnVer + 0,99 LnRenda + 0,04 LnDens

(-0,59) (7,59)* (0,50) n = 27 R2 ajust.= 0,93 F = 112,3* Cluster 3 Alta urbanização e média renda (Equação 4)

LnLeg (cluster 3) = alfa (não estimado) + 0,21 LnVer + 0,66 LnRenda + 0,08 LnDens

(2,28)* (6,58)* (0,96) n = 79 R2 ajust.= 0,77 F = 73,8*

Cluster 4 Média alta urb. e baixa renda (Equação 5)

LnLeg (cluster 4) = alfa (não estimado) + 0,02 LnVer + 0,83 LnRenda – 0,08 LnDens

(0,33) (12,85)* (-1,3) n = 151 R2 ajust.= 0,62 F = 75*

Cluster 5 Média alta urb. e média alta renda (Equação 6)

LnLeg (cluster 5) = alfa (não estimado) + 0,24 LnVer + 0,80 LnRenda - 0,04 LnDens

(1,94) (4,81)* (-0,24) n = 20 R2 ajust.= 0,85 F = 37,5* Cluster 6 Média urbanização e média renda (Equação 7)

LnLeg (cluster 6) = alfa (não estimado) + 0,56 LnVer + 0,47 LnRenda - 0,26 LnDens

(1,37) (1,45) (-0,75) n = 14 R2 ajust.= 0,50 F = 5* Cluster 7 Alta urbanização e altíssima renda (Equação 8)

LnLeg (cluster 7) = alfa (não estimado) - 0,55 LnVer + 2,1LnRenda - 0,73 LnDens

(9,5) (21,6)* (3,93) n = 8 R2 ajust.= 0,89 F = 19,5*

Cluster 8 Média baixa urb. e baixa renda (Equação 9)

LnLeg (cluster 8) = alfa (não estimado) + 0,92 LnRenda - 0,10 LnDens

(5,9)* (0,52) n = 35 R2 ajust.= 0,69 F = 33,6*

Cluster 9 Média baixa urb. e baixíssima renda (Equação 10)

LnLeg (cluster 9) = alfa (não estimado) + 0,18 LnVer + 0,80 LnRenda - 0,26 LnDens

(1,1) (5,34) * (-1,6) n = 21 R2 ajust.= 0,61 F = 10,5* Cluster 10 Baixa urbanização e baixa renda (Equação 11)

LnLeg (cluster 10) = alfa (não estimado) - 0,03 LnVer + 0,40 LnRenda - 0,44 LnDens

(-0,09) (1,2) (-1,54) n = 15 R2 ajust.= 0,06 F = 1,3

Nota-se no Quadro 3.1 que apenas no cluster 10 a estatística F mostrou-se não significativa a 5%, indicando que os gastos legislativos desse grupo de municípios não são explicados pelas variáveis selecionadas.

Percebe-se também que os modelos para os grupos de municípios 6 e 10 destoam dos demais, pois apresentam baixa capacidade explicativa, mostrando que para esses municípios há outros condicionantes dos gastos públicos legislativos, uma clara indicação de assimetria regional.

Analisando-se os coeficientes padronizados apresentados no Quadro 3.1, os resultados obtidos pela equação (1) referente aos gastos legislativos dos municípios do Estado de São Paulo mostram que o nível de atividade econômica representada pela renda, exerce a maior influência sobre os gastos legislativos, embora o número de vereadores e a densidade demográfica também tenham se mostrado significativos. Contudo, se estas últimas variáveis fossem retiradas do modelo e se mantivesse apenas a renda, a capacidade explicativa do modelo ainda manteria um coeficiente de explicação próximo ao obtido (de 0,84).

Esses resultados sugerem que os gastos legislativos dos municípios do Estado de São Paulo guardam alguma relação, embora pequena, com o número de vereadores e de habitantes por quilômetro quadrado. É possível supor que o aumento da densidade demográfica estimule o crescimento de vereadores e os respectivos gastos públicos legislativos. Esse resultado mostra conformidade com a teoria econômica proposta por Wagner de que o desenvolvimento econômico e o adensamento urbano impulsionam a demanda por serviços públicos e provocam o aumento dos gastos públicos (REZENDE, 2001, p.21).

A equação (2), referente aos gastos legislativos dos 201 municípios do Grupo 1, municípios com alta urbanização e baixa renda, indicam que o nível de atividade econômica influenciou os gastos em uma proporção próxima a do Estado de São Paulo, com um coeficiente padronizado de 0,62. O número de vereadores e a densidade

demográfica tiveram o coeficiente padronizado de 0,13 e 0,18, respectivamente. O R2

ajustado foi de 0,73 e a estatística F ficou em 163, demonstrando, neste aspecto, um bom nível de segurança nos resultados (Quadro 3.1).

Os gastos legislativos dos 27 municípios do Cluster 2, municípios com alta urbanização e média alta renda, por meio da equação (3), indicam que o nível de atividade econômica influenciou os gastos em proporção superior a do Estado de São Paulo, com um coeficiente padronizado de 0,99, sendo que neste grupo os

vereadores influenciaram negativamente (-0,06) e a densidade demográfica apresentou um coeficiente pouco expressivo (0,04). O R2 ajustado foi de 0,93 e a estatística F ficou em 112,3, o que demonstra, neste aspecto, um bom nível de segurança nos resultados (Quadro 3.1).

O resultado, referente aos gastos legislativos dos 79 municípios do Cluster 3, municípios com alta urbanização e média alta renda, obtido através da equação (4), indica que o nível de atividade econômica influenciou os gastos deste grupo em uma proporção próxima ao do Estado de São Paulo, com um coeficiente padronizado de 0,66, sendo que neste grupo os vereadores influenciaram positivamente (0,21) e a densidade demográfica apresentou um coeficiente padronizado positivo de 0,08. O

R2 ajustado foi de 0,77 e a estatística F ficou em 73,8, indicando um bom nível de

segurança nos resultados, neste aspecto (Quadro 3.1).

Resultado obtido pela equação (5), referente aos gastos legislativos dos 151 municípios do Cluster 4, municípios com média alta urbanização e baixa renda indica que o nível de atividade econômica influenciou os gastos em proporção superior a do Estado de São Paulo, com um coeficiente padronizado de 0,83, sendo que neste grupo os vereadores influenciaram positivamente (0,02)

e a densidade demográfica apresentou um coeficiente negativo de 0,08. O R2

ajustado foi de 0,62 e a estatística F ficou em 75, indicando, neste aspecto, um bom nível de segurança nos resultados (Quadro 3.1).

Referente aos gastos legislativos dos 20 municípios do Cluster 5, municípios com média alta urbanização e média alta renda, a equação (6) aponta que o nível de atividade econômica influenciou os gastos em superior proporção ao Estado de São Paulo, com um coeficiente padronizado de 0,80, sendo que neste grupo os vereadores influenciaram positivamente (0,24) e a densidade

demográfica apresentou um coeficiente negativo de 0,04. O R2 ajustado foi de

0,85 e a estatística F ficou em 37,5, demonstrando um bom nível de segurança nos resultados, neste aspecto (Quadro 3.1).

A equação (7), referente aos gastos legislativos dos 14 municípios do Cluster 6, municípios com média urbanização e média renda, apresenta o R2 ajustado de 0,50 e a estatística F igual a 5. Neste grupo, nenhuma variável foi significativa a 5% (Quadro 3.1).

O resultado apresentado pela equação (8), relativa ao Cluster 7, agrupando oito municípios com alta urbanização e altíssima renda, aponta que o nível de atividade

econômica foi muito relevante na influencia dos gastos, em proporção bem acima a do Estado de São Paulo, com um coeficiente padronizado de 2,1, sendo que neste grupo os vereadores influenciaram negativamente os gastos legislativos, com um coeficiente de -0,55 e também a densidade demográfica apresentou um coeficiente negativo de 0,73. O R2 ajustado foi de 0,89 e a estatística F ficou em 19,5, indicando, neste aspecto, um bom nível de segurança nos resultados (Quadro 3.1).

A equação (9), referente aos gastos legislativos dos 35 municípios do Cluster 8 - municípios com média baixa urbanização e baixa renda, apresentou resultados indicando que o nível de atividade econômica influenciou os gastos em proporção maior que o do Estado de São Paulo, com um coeficiente padronizado de 0,92, sendo que

neste grupo a densidade demográfica apresentou um coeficiente negativo de 0,10. O R2

ajustado foi de 0,69 e a estatística F ficou em 33,6, demonstrando, neste aspecto, um bom nível de segurança nos resultados (Quadro 3.1).

Referindo-se aos gastos legislativos dos 21 municípios do Cluster 9, municípios com média baixa urbanização e baixíssima renda, os resultados obtidos pela equação (10) indicam que o nível de atividade econômica influenciou os gastos em maior proporção que a do Estado de São Paulo, com um coeficiente padronizado de 0,80, sendo que neste grupo os vereadores influenciaram positivamente (0,18) e a densidade demográfica apresentou um

coeficiente negativo de 0,26. O R2 ajustado foi de 0,61 e a estatística F ficou em

10,5, demonstrando resultados relativamente menos expressivos quando comparados aos outros modelos já descritos (Quadro 3.1).

O resultado da equação (11) referente aos gastos legislativos dos 14 municípios do Cluster 10, municípios com baixa urbanização e baixa renda

apresentou o R2 ajustado de 0,06 e a estatística F de 1,3, demonstrando, portanto,

que nenhuma variável foi significativa a 5% (Quadro 3.1). Esses resultados indicam a limitada capacidade explicativa do modelo descrito na equação 11, sugerindo a existência de assimetrias regionais nos gatos públicos dos legislativos paulistas.

O teste exploratório com coeficientes não padronizados, apresentou menor capacidade explicativa, sendo que a diferença entre os betas não padronizados e os padronizados restringiu-se ao coeficiente dos vereadores (os resultados da regressão com coeficientes não padronizados estão apresentados no Apêndice B deste trabalho).

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