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5.1 Animais

Foram realizados 53 monitoramentos durante o exercício de Três Tambores, dos quais 20 foram selecionados por completarem o percurso sem penalidades e apresentarem aproveitamento integral dos parâmetros propostos.

5.2 Exames físico e laboratoriais

Todos os animais foram considerados clinicamente sadios ao exame físico (Tabela 2) em repouso, anterior ao exercício, juntamente com os valores dos hemogramas (Tabela 3), para os quais utilizou-se valores de referência de Jain (1993), Meyer e Harvey (2004) e Thomassian (2005). Os parâmetros do exame físico foram comparados ao padrão de normalidade para a espécie equina segundo Feitosa (2014).

TABELA 2 – Exame físico ao repouso, anterior ao exercício, dos 20 equinos avaliados no experimento. Valores de média, mediana, desvio padrão, erro padrão da média, valores mínimo e máximo da frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), temperatura retal (TR) e tempo de perfusão capilar (TPC).

Parâmetro Unidade Referência N Média Mediana DP EPM Mín Máx FC bpm 28 – 40 20 37,65 36,0 5,8 1,30 32,0 54,0 FR mpm 8 – 16 20 12,45 12,0 4,9 1,09 6,0 24,0 TR °C 37,5 – 38,5 20 37,23 37,2 0,4 0,09 36,5 38,2 TPC s 1 – 2 20 1,95 2,0 0,2 0,05 1,0 2,0 N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EPM: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

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TABELA 3 – Hemograma dos 20 equinos avaliados no experimento, realizados como parte dos exames complementares para constatação de higidez, ao repouso (M0), anterior ao exercício. Valores de média, mediana, desvio padrão, erro padrão da média, valores mínimo e máximo.

Parâmetro Unidade Referência N Média Mediana DP EPM Mín Máx HT % 32,0 – 52,0 20 39,4 38,3 6,1 1,4 32 51,1 HG g/dL 11,0 – 19,0 20 14,1 13,5 2,0 0,5 11,3 18,2 HE x106/µL 6,8 – 12,9 20 8,2 8,0 1,2 0,3 6,8 10,7 HCM pg 12,3 – 19,7 20 17,1 17,1 1,4 0,3 13,7 19,4 VCM fL 37,0 – 58,5 20 47,9 47,5 4,0 0,9 41,5 54,2 CHCM g/dL 31,0 – 37,0 20 36,0 34,4 3,7 0,8 32,2 42,0 PPT g/dL 6,0 – 8,5 20 7,1 7,3 0,7 0,2 5,8 8,0 Plaquetas x109/L 100 – 350 20 308 205 238 53 101 990 Leucócitos x103/ µL 5,2 – 13,9 20 8,9 8,6 1,7 3,7 5,8 12,7 Bastonetes % 0 – 2,0 20 0,7 0,0 0,9 0,2 0,0 2,0 Segmentados % 22,0 – 72,0 20 50,9 51,5 12,9 2,9 28,0 68,0 Eosinófilos % 0 – 10,0 20 3,4 3,0 2,6 0,6 0,0 9,0 Linfócitos Típicos % 17,0 – 68,0 20 42,6 42,0 14,3 3,2 20,0 65,0 Monócitos % 0 – 7,0 20 2,9 2,5 1,9 0,4 1,0 8,0 Basófilos % 0 – 4,0 20 0,4 0,0 0,7 0,2 0,0 3,0 HT: Hematócrito. HG: Hemoglobina. HE: Hemácia. HCM: Hemoglobina Corpuscular Média. VCM: Volume Corpuscular Médio. CHCM: Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média. PPT: Proteína Plasmática Total. BN: Bastonetes. S: Segmentados.E: Eosinófilo. LT: Linfócitos Totais. M: Monócitos. BF: Basófilos. N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EPM: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

5.3 Dados Climáticos

Os dados climáticos dos dias de monitoramento estão expostos na Tabela 4.

TABELA 4 – Dados ambientais obtidos nos dias de monitoramento dos 20 equinos avaliados no experimento. Valores da média, mediana, desvio padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Parâmetro Unidades Média Mediana DP EPM Min Max

Temperatura ambiente °C 26,2 27,6 3,8 0,8 21,0 31,5

Velocidade Vento km/h 1,0 1,6 1,0 0,2 0,0 2,4

Pressão Atmosférica mmHg 721,0 721,2 7,2 1,6 711,1 730,3

Umidade relativa do ar % 83,9 83,8 2,4 0,5 79,4 87,9

Altitude M 434,4 428,0 91,6 20,5 328,0 603,0

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5.4 Exercício e Parâmetros

Com relação ao tempo (Tabela 5 e Figura 17) e à distância percorrida (Tabela 6 e Figura 17) por segmento do percurso, não houve diferença estatística significativa entre os contornos dos tambores. Houve diferença entre os tempos (M1<M3<M5=M7) e entre as distâncias (M1<M3<M5<M7) das retas.

A velocidade média calculada (Tabela 7 e Figura 17) apresentou diferença estatística significativa entre os momentos (M7>M1>M3=M5>M6=M4>M2).

TABELA 5 – Tempo (s) dos 20 conjuntos (cavalo/cavaleiro) avaliados no experimento, por momento do percurso do exercício de Três Tambores. Valores de média, mediana, desvio padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Momento N Média Mediana DP EPM Mín Máx M1 20 2,397A 2,366 0,213 0,048 1,923 2,968 M2 20 1,926B 2,002 0,402 0,090 1,261 2,629 M3 20 3,102C 3,067 0,172 0,038 2,818 3,402 M4 20 1,639B 1,589 0,206 0,046 1,416 2,203 M5 20 4,019D 3,941 0,301 0,067 3,635 4,746 M6 20 1,484B 1,482 0,220 0,049 1,149 1,857 M7 20 4,478D 4,439 0,184 0,041 4,148 4,933 N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EPM: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

M1 (reta 1): linha de largada à entrada do 1° tambor. M2 (tambor 1) contorno do 1° tambor. M3 (reta 2): saída do 1° tambor à entrada do 2° tambor. M4 (tambor 2): contorno do 2° tambor. M5 (reta 3): saída do 2º tambor à entrada do 3º tambor. M6 (tambor 3): contorno do 3° tambor. M7 (reta final): saída do 3° tambor à linha de largada/chegada.

Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo modelo de medidas repetidas e ajustadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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TABELA 6 – Distância percorrida (m) dos 20 conjuntos (cavalo/cavaleiro) avaliados no experimento, por momento do percurso do exercício de Três Tambores. Valores de média, mediana, desvio padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Momento N Média Mediana DP EPM Mín Máx M1 20 21,59A 21,35 1,53 0,34 19,50 24,00 M2 20 8,05B 7,70 1,55 0,35 5,60 12,00 M3 20 24,40C 24,15 1,04 0,23 22,70 26,10 M4 20 8,26B 8,15 0,99 0,22 6,80 11,30 M5 20 30,89D 30,50 1,04 0,23 29,30 32,90 M6 20 7,95B 8,10 0,72 0,16 6,50 9,00 M7 20 42,84E 42,70 1,33 0,30 40,50 45,30 N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EPM: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

M1 (reta 1): linha de largada à entrada do 1° tambor. M2 (tambor 1) contorno do 1° tambor. M3 (reta 2): saída do 1° tambor à entrada do 2° tambor. M4 (tambor 2): contorno do 2° tambor. M5 (reta 3): saída do 2º tambor à entrada do 3º tambor. M6 (tambor 3): contorno do 3° tambor. M7 (reta final): saída do 3° tambor à linha de largada/chegada. Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo modelo de medidas repetidas e ajustadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

TABELA 7 – Velocidade média calculada (m/s), dos 20 conjuntos (cavalo/cavaleiro) avaliados no experimento, por momento do percurso do exercício de Três Tambores. Valores de média, mediana, desvio padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Momento N Média Mediana DP EPM Mín Máx

M1 20 9,0A 9,3 0,7 0,2 7,9 10,2 M2 20 4,2B 4,3 0,6 0,1 3,3 5,1 M3 20 7,9C 7,8 0,7 0,1 6,8 9,0 M4 20 5,1D 5,0 0,6 0,1 4,2 6,5 M5 20 7,7C 7,9 0,5 0,1 6,3 8,3 M6 20 5,4D 5,6 0,8 0,2 3,7 6,8 M7 20 9,6E 9,6 0,4 0,1 8,4 10,2

N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EPM: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo. M1 (reta 1): linha de largada à entrada do 1° tambor. M2 (tambor 1) contorno do 1° tambor. M3 (reta 2): saída do 1° tambor à entrada do 2° tambor. M4 (tambor 2): contorno do 2° tambor. M5 (reta 3): saída do 2º tambor à entrada do 3º tambor. M6 (tambor 3): contorno do 3° tambor. M7 (reta final): saída do 3° tambor à linha de largada/chegada.

Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo modelo de medidas repetidas e ajustadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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FIGURA 17 – Média ± EPM do tempo (s), distância (m) e velocidade média calculada (m/s) por momento do percurso do exercício de Três Tambores.

Em média, os animais percorreram 144,0 m em 19,045 s a uma velocidade de 7,6 m/s para completar o percurso (Tabela 8).

TABELA 8 – Tempo (s), distância (m) e velocidade calculada (m/s) dos 20 equinos avaliados no experimento, durante o percurso da modalidade de Três Tambores. Valores de média, mediana, desvio-padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Parâmetro Unidade N Média Mediana DP EPM mín máx

Tempo s 20 19,045 18,993 0,839 0,188 17,704 21,256

Distância m 20 144,0 143,5 4,8 1,1 136,5 152,3

VMC m/s 20 7,6 7,7 0,4 0,1 6,7 8,1

N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EP: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

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A velocidade obtida por GPS foi menor do que a calculada (Tabela 9 e Figura 18), a média da FCmédia (Tabela 9) no percurso foi de 195 bpm e a da FCmáx (Tabela 9) de 211 bpm. Os coeficientes de correlação de Pearson e Spearman para as variáveis VMGPS e VMC foram de 0,18 e 0,03, respectivamente, o que indica uma correlação fraca e não significativa, pois quanto maior a correlação, mais o valor do coeficiente se aproxima de 1,0 (correlação positiva) ou de -1,0 (correlação negativa).

TABELA 9 – Velocidade média obtida por GPS (VMGPS), frequência cardíaca média (FC) e pico (FCpico) dos 20 equinos avaliados no experimento, durante o percurso da

modalidade de Três Tambores. Valores de média, mediana, desvio-padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Parâmetro Unidade N média mediana DP EPM mín máx VGPS m/s 20 4,5 4,7 2,0 0,4 1,9 10,6

FC bpm 20 195 194 17,0 3,9 165 219

FCpico bpm 20 211 213 11,0 2,5 186 226 N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EP: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

FIGURA 18 – Média e desvio-padrão da velocidade média calculada (VMC) e da velocidade média obtida por GPS (VMGPS), dos 20 equinos avaliados no experimento, durante percurso de Três Tambores.

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O volume globular (Tabela 10 e Figura 19) diferiu estatisticamente entre todos os momentos, elevando-se após três minutos (M8) e diminuindo após 30 minutos (M11) do término do exercício, porém, ainda com diferença estatística do repouso (M0).

TABELA 10 – Volume globular (%) dos 20 equinos avaliados no experimento, nos momentos antes e após exercício de Três Tambores. Valores de média, mediana, desvio-padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Momento N Média Mediana DP EPM Mín Máx

M0 20 38A 37 3,43 0,77 35 47

M8 20 53B 53 4,46 1,00 47 64

M9 20 51C 50 4,24 0,95 44 59

M10 20 48D 47 4,21 0,94 42 56

M11 20 40E 40 3,58 0,80 34 46

N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EPM: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

M0: repouso. M8: três minutos após término do exercício. M9: cinco minutos após término do exercício. M10: 10 minutos após término do exercício. M11: 30 minutos após término do exercício

Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo modelo de medidas repetidas e ajustadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

FIGURA 19 – Média ± EPM do volume globular (%) nos momentos antes (M0 – repouso) e após o exercício (M8 – 3 min, M9 – 5 min, M10 – 10 min, M11 – 30 min) de Três Tambores dos 20 equinos avaliados no experimento.

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Em relação à proteína plasmática total (Tabela 11 e Figura 20), houve diferença estatística entre os momentos, com elevação após três minutos (M8) que permaneceu elevada até cinco minutos após o término do exercício (M9) seguida de uma redução em M10 e retornando ao valor de repouso em M11.

TABELA 11 – Proteína plasmática total (mg/dL) dos 20 equinos avaliados no experimento, nos momentos antes e após o exercício de Três Tambores. Valores de média, mediana, desvio-padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Momento N Média Mediana DP EPM Mín Máx

M0 20 6,2A 6,2 0,36 0,08 5,8 6,9

M8 20 6,9B 6,9 0,38 0,08 6,0 7,6

M9 20 6,8B 6,8 0,35 0,08 6,2 7,6

M10 20 6,7C 6,8 0,37 0,08 6,0 7,3

M11 20 6,2A 6,2 0,36 0,08 5,8 7,0

N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EPM: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

M0: repouso. M8: três minutos após término do exercício. M9: cinco minutos após término do exercício. M10: 10 minutos após término do exercício. M11: 30 minutos após término do exercício

Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo modelo de medidas repetidas e ajustadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

FIGURA 20 – Média ± EPM da proteína plasmática total (mg/dl) nos momentos antes (M0 – repouso) e após o exercício (M8 – 3 min, M9 – 5 min, M10 – 10 min, M11 – 30 min) de Três Tambores dos 20 equinos avaliados no experimento.

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O lactato plasmático (Tabela 12 e Figura 21) teve diferença estatística significativa entre os momentos (M0<M8=M9=M10>M11) elevando-se e permanecendo elevado dos três aos 10 minutos do término do exercício. Houve uma redução significativa após 30 minutos do término do exercício (M11), porém, não retornando para os valores de repouso até este momento (M0<M11).

TABELA 12 - Lactato plasmático (mmol/L) dos 20 equinos avaliados no experimento, nos momentos antes e após o exercício de Três Tambores. Valores de média, mediana, desvio-padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Momento N Média Mediana DP EPM Mín Máx M0 20 0,82A 0,844 0,127 0,03 0,60 1,02

M8 20 10,12B 10,050 0,736 0,16 8,21 11,50

M9 20 10,07B 10,050 0,721 0,16 8,28 11,40

M10 20 9,86B 9,805 0,708 0,16 7,88 10,90

M11 20 6,48C 6,505 1,213 0,27 4,68 8,80 N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EPM: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

M0: repouso. M8: três minutos após término do exercício. M9: cinco minutos após término do exercício. M10: 10 minutos após término do exercício. M11: 30 minutos após término do exercício

Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo modelo de medidas repetidas e ajustadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

FIGURA 21 – Média ± EPM do lactato (mmol/L) nos momentos antes (M0 – repouso) e após o exercício (M8 – 3 min, M9 – 5 min, M10 – 10 min, M11 – 30 min) de Três Tambores dos 20 equinos avaliados no experimento.

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A glicose plasmática (Tabela 13 e Figura 22) apresentou diferença estatística significativa entre M0 (repouso) e os demais momentos, apresentando uma elevação após término do exercício, porém, nota-se que até M11 (30 minutos após exercício) mesmo que sem diferença estatística, seus valores ainda estavam se elevando.

TABELA 13 - Glicose plasmática (mmol/L) dos 20 equinos avaliados no experimento, nos momentos antes e após passagem nos Três Tambores. Valores de média, mediana, desvio-padrão, erro padrão da média, mínimo e máximo.

Momento N Média Mediana DP EPM Mín Máx M0 20 4,88A 4,83 0,34 0,08 4,11 5,50

M8 20 5,38B 5,37 0,72 0,16 4,26 6,72

M9 20 5,46B 5,32 0,73 0,16 4,33 6,65

M10 20 5,47B 5,33 0,72 0,16 4,39 6,53

M11 20 5,73B 5,71 0,68 0,15 4,47 6,60 N: Número de animais. DP: Desvio-padrão. EPM: Erro padrão da média. Mín: valor mínimo. Máx: valor máximo.

M0: repouso. M8: três minutos após término do exercício. M9: cinco minutos após término do exercício. M10: 10 minutos após término do exercício. M11: 30 minutos após término do exercício

Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo modelo de medidas repetidas e ajustadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

FIGURA 22 – Média ± EPM da glicose (mmol/L) nos momentos antes (M0 – repouso) e após o exercício (M8 – 3 min, M9 – 5 min, M10 – 10 min, M11 – 30 min) de Três Tambores dos 20 equinos avaliados no experimento.

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6. DISCUSSÃO

No presente estudo foram monitorados equinos da raça Quarto de Milha, devidamente registrados junto à ABQM, situação que possibilitou obter informações de equinos que pudessem representar a raça. Também, a pesquisa conduzida em condições de campo possibilitou avaliar o exercício de Três Tambores nos aspectos de velocidade e respostas fisiológicas, numa situação que certamente não poderia ser reproduzida em laboratório com a utilização das esteiras de alta velocidade.

Neste sentido, cabe considerar os prós e contras de se optar em conduzir um estudo a campo ou nos laboratórios. Segundo Oldruitenborgh-Oosterbaan e Clayton (1999) a escolha depende do objetivo do estudo, das variáveis que serão avaliadas, da raça, índole e utilização do cavalo, além da viabilidade da pesquisa e experiência dos pesquisadores. Os estudos realizados a campo necessitam de um período curto para adaptar o cavalo às condições do exercício, as quais são similares ou reais as das competições e possibilitam que o exercício seja conduzido pelo conjunto (cavalo e cavaleiro). Já os exercícios realizados em esteira possibilitam a padronização de vários aspectos e assim facilitam sua repetitividade, por exemplo, há menos influência das condições climáticas, pois o ambiente pode ser controlado e vários exames específicos são viabilizados devido à característica do cavalo permanecer relativamente “estático” em relação ao ambiente e aos examinadores, durante o exercício.

A velocidade média calculada do percurso realizado pelo conjunto (cavalo/ cavaleiro) no exercício de Três Tambores foi obtida por meio da relação entre: distância (obtida com trena de roda) e tempo (determinado por sistema de sensores de fotocélulas). Ressalta-se que não existem dados na literatura que utilizaram tal método para o cálculo da velocidade de exercício, sendo que os dois trabalhos em equinos com cálculo de velocidade foram os de Nielsen et al. (2006), que determinaram a velocidade de cavalos QM, PSI e Árabes e de Kingston et al. (2006), que monitoraram equinos PSI, ambos por meio de percursos com distância conhecidas e trajetória unidirecional na pista,

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uma vez que o ambiente foi a raia de corrida, e a determinação do tempo por meio de cronometragem manual.

Como o exercício de Três Tambores possibilita que o conjunto realize um trajeto “livre”, considerando obrigatório apenas os contornos nos três tambores em uma determinada sequência, a adoção de distâncias fixas para o percurso poderia interferir na determinação da velocidade. Também, diferentemente das raias de corrida descritas na literatura, as características de mudança de direção do conjunto durante o exercício de Três Tambores inviabilizariam a cronometragem manual de cada segmento comparativamente ao sistema de sensores de fotocélula.

O valor da velocidade média do percurso (7,6 ± 0,1 m/s) foi menor do que a velocidade média relatada por Peinen et al. (2013) em equinos PSI durante galope (14,0 ± 0,65 m/s) e por Nielsen et al. (2006) durante corrida de QM (19,6 ± 1,1 m/s), sendo que esta diferença foi determinada pelos percursos adotados, respectivamente, de 100 m em pista ovalada e de 366 e 402 m em linha reta, não havendo, em ambos, conversões com desaceleração e aceleração durante o percurso, como no presente estudo.

A variação da velocidade média por segmento (4,2 ± 0,1 m/s a 9,6 ± 0,1 m/s) deve-se à divisão do percurso dos Três Tambores em trechos de retas e de curvas com conversão (“giro no tambor”), com menores valores durante as curvas, devido à desaceleração. M6 (3° tambor) apresentou a maior velocidade (5,4 ± 0,2 m/s) entre as curvas, mesmo que sem diferença estatística com M4 (2° tambor), podendo ter relação com uma maior distância percorrida em seu trecho anterior (M5 = 30,89 ± 0,23 m) em relação aos trechos que precedem as outras curvas (M1= 21,59 ± 0,34 m e M3 = 24,40 ± 0,23 m).

A maior velocidade média (9,6 ± 0,1 m/s) foi na reta final (M7) por ser o segmento de maior distância (42,84 ± 0,30 m) e a segunda maior velocidade foi em M1 (da linha de largada até a entrada do 1° tambor), pois, apesar de ser a menor das retas (21,59 ± 0,34 m) os conjuntos não iniciaram o percurso do repouso, mas utilizaram o espaço da pista anterior à linha de largada, consequentemente o M1 iniciou-se com os cavalos já em galope.

A relação positiva entre a distância e a velocidade em cavalos QM foi referida por Nielsen et al (2006), em estudo comparativo da velocidade entre

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cavalos das raças QM, PSI e PSA, onde o percurso da corrida foi dividido em três segmentos (inicial, médio e final), sendo que os animais QM obtiveram maior velocidade quanto maior a distância percorrida (velocidade final (25,4 ± 0,5 m/s) > velocidade médio (22,6 ± 0,7 m/s) > velocidade inicial (10,6 ± 0,4 m/s).

A obtenção confiável de dados sobre as modalidades esportivas podem ajudar a melhor identificar os tipos de cargas de trabalho que predispõe a lesões. A determinação da velocidade de exercício, pode ser utilizada para avaliar os efeitos sobre a ocorrência de lesões, para detecção de sinais de fadiga, para avaliar os benefícios do treinamento de resistência ou o máximo desempenho, e parâmetros como determinação da energia cinética e trabalho mecânico (SPENCE et al., 2008). Portanto, o equipamento de GPS foi utilizado para determinar a velocidade de exercício em estudos conduzidos a campo e com cavalos atletas (KINGSTON et al., 2006). Porém, na presente pesquisa a velocidade média obtida por GPS (4,5 ± 0,4 m/s) foi menor em comparação à velocidade calculada (7,6 ± 0,1 m/s), podendo ter relação com as mudanças de direção e sentido realizadas rapidamente durante o percurso, visto que as informações são captadas a cada um segundo, possivelmente não foram transmitidos dados consistentes durante as curvas, pois elas foram realizadas em menos de dois segundos, ou seja, transmitindo apenas uma informação durante este trecho, com possível subestimação dos valores reais.

Witte e Wilson (2004) em estudo com atletas humanos, relataram tendência à subestimação de valores obtidos por GPS durante trajetos circulares e observaram que os valores de velocidade obtidos com GPS em trajetos circulares subestimaram os valores reais, apresentando um erro médio de -0,49 m/s no círculo com 30 m de diâmetro e -0,75 m/s no 16 m de diâmetro, indicando uma menor acurácia para os valores do círculo menor (16% das mensurações a 0,2 m/s e 28% a 0,4 m/s da velocidade real e 23% a 0,2 m/s e 41% a 0,4 m/s no círculo maior). Como o trajeto para contornar os tambores no percurso de nossa pesquisa foi menor que 16 m, provavelmente a acurácia tenha sido ainda menor, prejudicando os valores de velocidade média do percurso.

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No entanto, em estudos cuja velocidade foi obtida com o uso de GPS em trajetos com mudança de direção gradual, não foi relatado subestimação da velocidade real. Peinen et al. (2013) utilizaram GPS para monitorar a velocidade de equinos PSI em trajeto de 100 metros em pista ovalada e obtiveram uma média de velocidade ao cânter (7,7 ± 0,43 m/s) e ao galope (14,0 ± 0,65 m/s).

Kingston et al. (2006) compararam a velocidade obtida pelo GPS com a calculada, através de distância conhecida (raia circular de 2000 m de diâmetro), com o monitoramento de equinos da raça PSI e verificaram que a velocidade obtida pelo GPS foi similar à calculada. No entanto, deve-se considerar que o trajeto da raia de cavalos da raça PSI possui a característica de mudança de direção de maneira gradual, comparativamente ao trajeto da prova dos Três Tambores.

As características do trajeto unidas à precisão do equipamento de GPS podem ter interferido nos resultados de velocidade inferiores aos calculados. Fonseca et al. (2010), Kingston et al. (2006) e Gramkow e Evans (2006) utilizaram modelos de GPS mais precisos e não relataram diferenças nos valores de velocidade, como ocorrido nesse estudo, onde a velocidade obtida por GPS foi 40,8% menor à velocidade calculada.

A média da frequência cardíaca durante o percurso (195 ± 3,9 bpm) foi maior que a relatada por Sloet et al. (2006), que estudaram cavalos da raça Sela Holandesa de Salto e obtiveram FCmédia de 184 ± 17 bpm e 156 ± 21 bpm em circuitos de 700 m com e sem obstáculos, respectivamente. Esta diferença pode ser explicada pela exigência física de cada modalidade, pois no exercício de Três Tambores o cavalo realiza o percurso em menor tempo possível, com desaceleração para contornar os tambores e aceleração para continuar após as curvas. Na modalidade de Salto, existe um tempo limite estabelecido para todos os conjuntos terminarem o trajeto, sendo que o conjunto precisa cometer o menor número de faltas e não ultrapassar o tempo proposto.

A média do pico da FC (211 ± 2,5 bpm) foi maior que o obtido por Brito et al. (2014), com animais QM durante exercício de Três Tambores que obtiveram valores de 206 ± 3,91 bpm para os de alto desempenho e 203 ± 5,77 bpm para os de baixo desempenho. Porém a diferença do pico da FC entre estes

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trabalhos foi menor que 4%, podendo ter relação com as respostas cardiocirculatórias individuais.

O valor do pico da FC foi menor que a FCmax relatada por Vincent et al. (2006) em estudo retrospectivo com 328 equinos, onde houve uma variação da FCmax entre 212 a 242 bpm, porém, para cavalos PSI, Trotador Americano (Standardbred) e cavalos de Pólo, porém deve-se considerar a diferença racial e de modalidade esportiva.

O valor do pico da FC pode ter sido influenciado pelo tempo do percurso de Três Tambores, pois de acordo com Hodgson et al. (2014), equinos PSI levaram, em média, 22 s para atingir a FCmax, considerando que a média de percurso do presente trabalho foi de 19 s, pode ser que os animais não tenham tido tempo suficiente para elevar a FC ao máximo, explicando nosso achado de pico de FC inferior às FCmax relatadas.

Segundo Fortier et al. (2014) as respostas cardiocirculatórias de cavalos de trote, aumentaram proporcionalmente ao aumento da velocidade, alcançando FC de 217 ± 5 bpm à velocidade de 10,6 ± 0,3 m/s, condizendo com os dados obtidos visto que a média do pico de FC (211 ± 2,5 bpm) estaria proporcional à VMmax (9,6 ± 1,0 m/s em M7) durante o percurso de Três Tambores.

A elevação da FC ocorre devido à resposta do sistema cardiovascular frente ao exercício, por aumento da atividade simpática e liberação de catecolaminas. Dessa forma, ocorre um aumento subsequente no volume sistólico e débito cardíaco, para satisfazer às demandas aumentadas de oxigênio por parte dos músculos em atividade. No equino, a musculatura em atividade recebe até 80% da distribuição do débito cardíaco, sendo que esse valor é de 15% em repouso (ERICKSON e POOLE, 2006).

As respostas frente ao exercício ocorrem rapidamente e concomitante à venoconstrição e vasodilatação arterial na musculatura em atividade. No cavalo, também ocorre a contração esplênica, que juntamente com a transferência de fluido intersticial para a circulação central, eleva a mesma em até 12 litros de sangue no início do exercício. Este volume de sangue adicional é rapidamente acomodado por meio da vasodilatação arterial na musculatura esquelética e na pele, que é mediada por vasodilatadores metabólicos locais,

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por influências neurais locais, e através de aumentos de peptídeo natriurético atrial (ANP). Ocorre, também, vasoconstrição na região esplênica e na musculatura inativa (HODGSON, 2014; EVANS, 2007; MCKEEVER E HINCLIFF, 1995).

O volume globular apresentou elevação de 39,5% (38 ± 0,77% para 53 ± 10%) aos 3 minutos após o término do exercício. Ferraz et al. (2010) e Zobba

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