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4. RESULTADOS

4.2. Resultados da Validação Teórica do Instrumento de Necessidades de Treinamento –

Todos os participantes do grupo de foco contribuíram com a exposição da visão sobre suas áreas para o julgamento das competências apresentadas. Uma integração entre os servidores foi possível e, com aprovação da maioria, das 34 competências resultantes das análises documentais anteriormente realizadas, nove sofreram reajustes, cinco foram criadas e quatro foram excluídas da relação inicialmente proposta.

Vale lembrar que, como detalhado no capítulo da metodologia, decidiu-se, após o grupo de foco, não utilizar as competências relativas a leis e regulamentos e normas e procedimentos internos no instrumento de avaliação de necessidades. As competências em legislação foram excluídas por ter sua aplicação bastante distinta em cada unidade organizacional, e ainda, por já existir muitos treinamentos nessa área no FNDE. Já a decisão de não se trabalhar com a categoria de normas e procedimentos ocorreu devido à dificuldade de encontrar competências mais complexas nessa área, prejudicando, assim, a distribuição dos comportamentos conforme classificação taxonômica proposta por Bloom et al. (1972). Dessa maneira, as três categorias (visão sistêmica, normas e procedimentos internos e legislação) foram submetidas ao grupo de foco, mas apenas as competências relativas à visão sistêmica foram mantidas após os resultados terem sido analisados.

Das nove descrições, relativas às três categorias de competências, ajustadas durante o grupo focal, apenas uma era relativa à visão sistêmica; das cinco criadas, três se enquadravam nesta categoria; e das quatro competências excluídas, nenhuma era sobre visão sistêmica. A criação de descrições de competência durante o grupo focal se dava, primeiramente, com a sugestão, por parte de algum participante, de inclusão de mais alguma atividade que já era realizada ou que poderia ser realizada para facilitar o alcance de objetivos estratégicos. Esta sugestão era debatida e a maioria decidia se a competência deveria ser incluída ao não no instrumento. Assim, o grupo de foco foi finalizado com 15 descrições de competências validadas em visão sistêmica.

Estas descrições foram ajustadas e ampliadas para 18, considerando as informações colhidas nas análises documentais e no próprio grupo de foco. Tal ampliação se deu para que cada nível de complexidade da Taxonomia de Bloom et al. (1972) (conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação) contivesse três descrições de competência (Tabela 11). O motivo para esta divisão igualitária foi proporcionar aos respondentes a mesma oportunidade de selecionar cada nível de complexidade.

Tabela 11. Resultado do grupo de foco Categorias do domínio

cognitivo da Taxonomia

de Bloom et al. (1972) Competências em Visão Sistêmica

Avaliação

 Avaliar o ambiente interno (número de servidores, volume de trabalho, orçamento, etc.) e externo (cenários político, financeiro, ambiental, etc.) ao FNDE a fim de contribuir para a tomada de decisões.

 Avaliar a situação atual do FNDE levando em consideração experiências passadas.

 Julgar a relevância das informações do ambiente interno (número de servidores, volume de trabalho, orçamento, etc.) e externo (cenários político, financeiro, ambiental, etc.) para o bom desempenho do FNDE como um todo.

Síntese

 Propor soluções de trabalho que articulem tanto aspetos do ambiente externo quanto interno ao FNDE.

 Estabelecer ações que favoreçam a integração das atividades entre as unidades do FNDE.

 Projetar atividades de intercâmbio de experiências (benchmarking) com outras entidades.

Análise

 Distinguir a influência de aspectos do ambiente interno ao FNDE no cumprimento de suas atividades.

 Distinguir a influência de aspectos do ambiente externo no cumprimento de suas atividades.

 Ordenar, quanto à prioridade, as atividades de sua unidade em função das metas do FNDE.

Aplicação

 Realizar ações alinhadas aos objetivos estratégicos do FNDE.  Utilizar informações de outras áreas do FNDE em suas atividades.

 Empregar experiências bem-sucedidas de outras unidades ou entidades na execução de suas atividades.

Compreensão

 Explicar as contribuições de cada unidade administrativa para o alcance dos objetivos institucionais do FNDE.

 Descrever as relações de interdependência, ante os objetivos institucionais, entre as unidades administrativas do FNDE.

 Listar as principais instituições potencialmente capazes de influenciar o funcionamento do FNDE.

Conhecimento

 Identificar a relação de hierarquia entre as unidades do FNDE.  Explicar o fluxo de trabalho da unidade onde você trabalha.

 Descrever os direcionadores estratégicos do FNDE: missão, visão, objetivos etc.

Segundo Pasquali (1999), a análise semântica tem como principal objetivo aferir se os conteúdos de um instrumento de pesquisa são compreensíveis para os membros da população à qual ele se destina. Busca-se saber se itens, categorias e instruções são inteligíveis. A intenção é apresentar o instrumento a sujeitos de uma amostra, realizando uma aplicação piloto do questionário, mesmo que isso não implique em análises estatísticas dos dados.

Como já foi descrito anteriormente, este procedimento foi feito e algumas sugestões foram obtidas. Apenas dois servidores apresentaram nova redação para três itens, ao todo. As sugestões foram acatadas. Concluída a validação semântica, pôde-se iniciar a validação por juízes, que, também segundo Pasquali (1999), tem como objetivo aferir a representatividade e

confiabilidade dos comportamentos descritos em relação às categorias de complexidade, no caso desta pesquisa. O resultado da primeira rodada desta validação, exposto em detalhes no Apêndice 7, foi:

 13 descrições de competências validadas, conforme a pré-categorização, ou seja, obtiveram taxa de concordância inter-juízes de, pelo menos, 60%;

 Uma competência pré-categorizada como conhecimento foi categorizada na validação, com uma taxa de 80% de concordância, como pertencente ao nível de compreensão, e uma competência pré-categorizada no nível de compreensão foi categorizada também por 80% dos juízes como relacionada ao nível de conhecimento. Dessa forma, a categorização definitiva ficou conforme a opinião dos juízes, sem prejuízo para a divisão igualitária de descrições entre os níveis de complexidade;

 Três descrições de competências não atingiram a taxa mínima de concordância inter-juízes de acordo com a pré-categorização.

O resultado da segunda rodada desta validação, que solicitava aos cinco juízes que sugerissem alterações na redação das três descrições que não atingiram a taxa mínima de concordância, de tal forma que pudessem ser categorizadas no nível de complexidade no qual tinham sido pré-categorizadas, foi de 10 sugestões, cinco concordâncias com a sugestão de algum outro juiz e uma ausência de sugestão de nova redação (Apêndice 8). As sugestões dos juízes, para cada descrição de competência, foram analisadas e uma delas escolhida. A Tabela 12 evidencia todas as alterações resultantes da validação por juízes.

Tabela 12. Alterações resultantes da validação por juízes

Competência Alteração

Explicar o fluxo de trabalho da unidade onde você

trabalha. Passou do nível de conhecimento para compreensão Listar as principais instituições potencialmente

capazes de influenciar o funcionamento do FNDE. Passou do nível de compreensão para conhecimento

Propor atividades de intercâmbio de experiências (benchmarking) com outras instituições.

Nova redação para adequação à categoria de síntese: Elaborar proposta integrada de atividades de intercâmbio de experiências (benchmarking) com outras instituições.

Identificar a relação de hierarquia entre as unidades do FNDE.

Nova redação para adequação à categoria de conhecimento: Descrever a posição de cada unidade do FNDE na hierarquia no organograma da organização.

Ordenar, quanto à prioridade, as atividades de sua unidade em função das metas do FNDE.

Nova redação para adequação à categoria de análise: Avaliar a prioridade a ser estabelecida para as atividades de sua unidade, tomando as metas do FNDE como critério.

Com a validação teórica realizada, o instrumento de avaliação de necessidades de treinamento foi concluído com o objetivo de investigar a percepção do servidor do FNDE quanto à complexidade de suas necessidades de treinamento em visão sistêmica, conforme metodologia desenvolvida por Borges-Andrade e Lima (1983) e com base na taxonomia de Bloom et al. (1972). O questionário final, apresentado no Apêndice 9, ficou composto por 18 itens com duas escalas (do tipo Likert de cinco pontos) cada, uma de importância e outra de domínio, apresentados em ordem aleatoriamente estabelecida. A escala de importância variava entre o valor zero (sem importância para meu desempenho no trabalho) e quatro (muito importante para meu desempenho no trabalho). Já na escala de domínio, o valor zero correspondia a “não domino” e o quatro, a “domino completamente”. A orientação para preenchimento do instrumento era a seguinte: “Utilizando as duas escalas apresentadas a seguir, julgue as competências descritas quanto à importância para o desempenho de seu trabalho no FNDE e quanto ao domínio que você tem delas”.

4.3. Resultados das Validações Estatísticas dos Instrumentos e dos Testes de