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4.1 DESCRIÇÃO DOS DADOS

Foram utilizados dados trimestrais relativos a informações de instituições financeiras atuantes no Brasil e indicadores macroeconômicos, compreendendo o período do primeiro trimestre de 2000 ao segundo trimestre de 2008, totalizando 34 trimestres.

Os dados foram organizados em painel balanceado e contemplou os 71 bancos, listados na Tabela 1, que atuaram no mercado financeiro brasileiro em todo o período compreendido entre 2000 e 2008, ou seja, que possuem informações completas para o período estudado.

A amostra utilizada contemplou, com base em junho de 2008, as instituições que detinham aproximadamente 85,19% do total de ativos aplicados no Sistema Financeiro Nacional.

Tabela 1 – Relação de Bancos

Fonte: elaborado pelo autor.

ABC-BRASIL BONSUCESSO LA REPUBLICA

ABN AMRO BRADESCO LUSO BRASILEIRO

ALFA BRASCAN MATONE

BANCAP BRB MERCANTIL DO BRASIL

BANCNACION BVA MODAL

BANCOOB CEDULA NOSSA CAIXA

BANESE CEF UBS PACTUAL

BANESTES CITIBANK PINE

BANPARA CREDIBEL PROSPER

BANRISUL CRUZEIRO DO SUL RABOBANK

BANSICREDI DAYCOVAL RENNER

BARCLAYS DBB BM RIBEIRAO PRETO

BASA DEUTSCHE RURAL

BANCO DO BRASIL FIBRA SAFRA

BBM FICSA SANTANDER

BCO JOHN DEERE GE CAPITAL SCHAHIN

BCOMURUGUAI GERDAU SOCIETE GENERALE

BEPI GUANABARA SOFISA

BESC HSBC SS (PANAMERICANO)

BGN INDUSTRIAL DO BRASIL TRIANGULO

BIC ING UNIBANCO

BMG INTERCAP VOTORANTIM

BNB ITAU VR

Os dados utilizados foram obtidos em sítios eletrônicos de instituições públicas e privadas: Banco Central do Brasil (BACEN6); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE7); Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuro (BM&FBovespa8) e RiskBank Sistema de Classificação de Risco Bancário9.

Cabe ressaltar, ainda, que as informações das instituições financeiras, obtidas no sítio do BACEN, e tratadas neste trabalho, em conformidade com a literatura, para obter as medidas necessárias para o estudo, provem de obrigações acessórias periódicas dos bancos com aquele órgão regulador, o que assegura confiabilidade às séries.

Na seqüência serão apresentadas, nas Tabelas 2 e 3, as estatísticas descritivas relativas as séries quantitativas e qualificativas, respectivamente, bem como as descrições dessas variáveis, a começar por aquelas utilizadas como variáveis de resposta nos modelos propostos.

Tabela 2 – Estatísticas Descritivas para as Séries Quantitativas

Fonte: elaborado pelo autor a partir das saídas do aplicativo STATA 10.

6 www.bcb.gov.br, acessos em: 17.05.2009 em relação aos dados de informações financeiras que permitiram o cálculo e ou a

obtenção das séries ROE, ROA, RCC, RT, prs, prt, ctl, atc, pma, pcld, txcr, ctxp, dsa, tsa, ihh; 10.06.2009 em relação à série

sel e 10.12.2009 em relação à série comp.

7 www.ibge.gov.br, acesso em 13.12.2009 em relação à série inf e em 17.12.2009 em relação à série prod. 8 www.bovespa.com.br, acesso em 11.06.2009 em relação à série ab.

9 www.riskbank.com.br, acesso em 13.06.2009 em relação à série fa.

Variáveis Observações Média Desvio Padrão Mínimo Máximo

ROE - Rentabilidade sobre o Patrimônio 2414 0,0151 0,0407 -0,7162 0,3663 ROA - Rentabilidade sobre o Ativo 2414 0,0021 0,0074 -0,1217 0,0650 RCC - Rentabilidade da Carteira de Crédito 2414 0,0336 0,0326 -0,4002 0,4258 RT - Rentabilidade da Tesouraria 2414 0,0169 0,0169 -0,2180 0,5212

atc - total de ativos 2414 6,3983 0,9438 4,4292 8,6058

pma - participação no mercado em ativos 2414 0,0045 0,0112 0,0000 0,0692

pcld - qualidade da carteira de crédito 2414 0,0270 0,0316 0,0000 0,3622

txcr - relação entre aplic. em títulos X crédito 2414 0,4430 0,3704 0,0003 2,5507

ctxp - relação entre rec. terceiros X próprios 2414 1,3503 0,1152 0,4406 1,8858

dsat - relação despesas e o total de ativos 2414 0,0085 0,0076 0,0005 0,0892

tsa - relação tarifas e o total de ativos 2414 0,0019 0,0033 -0,0010 0,0467

inf - inflação medida pela variação do IPCA 2414 0,0074 0,0050 0,0004 0,0276

sel - juros (Selic meta) definida pelo COPOM 2414 0,0403 0,0081 0,0270 0,0602

prod - PIB real desazonalizado 2414 0,0040 0,0040 -0,0061 0,0121

comp - alíquota de compulsório s/ dep. à vista 2414 0,4617 0,0384 0,4500 0,6000

Tabela 3 – Estatísticas Descritivas para as Séries Qualitativas (Dummy)

Fonte: elaborado pelo autor.

ROE = rentabilidade sobre o patrimônio líquido. É o quociente entre o lucro líquido obtido

no trimestre e o patrimônio líquido apurado no mesmo período, após a dedução do respectivo resultado. O papel do índice, segundo Assaf Neto (2002), é fornecer o ganho percentual auferido pelos proprietários.

ROA = rentabilidade sobre o ativo total. É o quociente entre o lucro líquido obtido no

trimestre e o total de ativos observado no final do período. O papel do índice, segundo Assaf Neto (2002), é de revelar os resultados das oportunidades de negócios acionadas pelo banco.

ab1 fa2 prs3 prt4 ctl5 03/2000 23,94% 2 83,10% 52,11% 70,42% 06/2000 23,94% 1 83,10% 53,52% 70,42% 09/2000 23,94% 2 83,10% 53,52% 70,42% 12/2000 23,94% 3 83,10% 54,93% 70,42% 03/2001 23,94% 0 83,10% 54,93% 70,42% 06/2001 23,94% 0 83,10% 54,93% 70,42% 09/2001 23,94% 1 83,10% 54,93% 70,42% 12/2001 23,94% 2 83,10% 54,93% 70,42% 03/2002 23,94% 1 83,10% 54,93% 70,42% 06/2002 23,94% 0 83,10% 54,93% 70,42% 09/2002 23,94% 0 83,10% 54,93% 70,42% 12/2002 23,94% 1 83,10% 54,93% 70,42% 03/2003 23,94% 1 83,10% 54,93% 70,42% 06/2003 23,94% 2 83,10% 53,52% 70,42% 09/2003 23,94% 0 83,10% 53,52% 70,42% 12/2003 23,94% 4 83,10% 53,52% 70,42% 03/2004 23,94% 1 83,10% 53,52% 70,42% 06/2004 28,17% 1 83,10% 53,52% 70,42% 09/2004 28,17% 1 83,10% 53,52% 70,42% 12/2004 28,17% 2 83,10% 53,52% 70,42% 03/2005 28,17% 0 83,10% 53,52% 70,42% 06/2005 28,17% 2 83,10% 53,52% 70,42% 09/2005 28,17% 0 83,10% 53,52% 70,42% 12/2005 28,17% 1 83,10% 53,52% 70,42% 03/2006 28,17% 2 83,10% 54,93% 70,42% 06/2006 28,17% 2 83,10% 54,93% 70,42% 09/2006 28,17% 0 83,10% 54,93% 70,42% 12/2006 28,17% 0 83,10% 56,34% 70,42% 03/2007 29,58% 3 83,10% 63,38% 70,42% 06/2007 35,21% 0 83,10% 61,97% 70,42% 09/2007 39,44% 0 83,10% 61,97% 70,42% 12/2007 40,85% 1 83,10% 61,97% 70,42% 03/2008 40,85% 0 83,10% 61,97% 70,42% 06/2008 40,85% 0 83,10% 61,97% 70,42%

4 percentual de instituições organizadas em conglomerado

Variáveis Período

1 percentual de instituições com ações negociadas na BM&FBovespa

2 quantidade de instituições que realizaram fusões e ou aquisições

3 percentual de instituições com controle privado

RT = rentabilidade da tesouraria. Calculada através da divisão do resultado das aplicações em

títulos e valores mobiliários auferidas no trimestre, pela soma dos volumes aplicados em títulos, valores mobiliários e aplicações interfinanceiras de liquidez.

RCC = rentabilidade da carteira de crédito. É o total de receitas da intermediação financeira

com operações de crédito obtidas no período, deduzidas as despesas com provisões para perdas com inadimplência do trimestre, dividido pela carteira total de crédito e arrendamento mercantil.

ab = ações na BM&FBovespa. Variável dummy que indica 1 se o banco negociava ações na

BM&FBovespa no trimestre e 0 em caso negativo.

fa = fusões e ou aquisições no período. Variável dummy que indica 1 se o banco adquiriu

participação de outra instituição financeira no período e 0 caso não tenha adquirido.

prs = personalidade da instituição. Variável dummy que indica 1 em caso de banco privado ou

0 caso seja estatal.

prt = organização societária. Variável dummy que indica 1 para instituição organizada em

forma de conglomerado ou 0 quando instituição independente.

ctl = origem do controle. Variável dummy que diferencia as instituições em função da

nacionalidade do controle, sendo 1 quando o controle é nacional e 0 quando estrangeiro.

atc = total de ativos. Volume total de ativos no final de cada trimestre corrigido

monetariamente por índice de inflação (IPCA), no período base de junho de 2008.

pma = participação de mercado em volume de ativos em relação ao total aplicado no Sistema

Financeiro Nacional.

pcld = risco de crédito. Valor das provisões constituídas para créditos em liquidação

duvidosa, calculadas na forma da Resolução CMN 2.682, de 21.12.1999, (vide Anexo 1) dividido pelo saldo aplicado em operações de crédito e arrendamento mercantil.

txcr = participação das aplicações em títulos. É o resultado da divisão entre o saldo das

aplicações em títulos, valores mobiliários e aplicações interfinanceiras e as aplicações em operações de crédito e arrendamento mercantil, representa quanto de aplicações em títulos são efetuadas para cada unidade aplicada em crédito.

ctxp = participação dos capitais de terceiros. É o resultado da divisão entre o saldo das

exigibilidades e o patrimônio líquido, representa quanto de capital de terceiros são obtidos para cada unidade de capital próprio.

dsat = despesas administrativas em relação aos ativos. Volume total das despesas

administrativas, dentre elas as de pessoal e as tributárias, dividido pelo total de ativos.

tsa = tarifas em relação aos ativos. Volume das receitas com prestação de serviços, dividido

pelo total de ativos.

inf = taxa de inflação. Variação trimestral do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA

(série 1737 do IBGE) em relação ao trimestre imediatamente anterior.

sel = taxa de juros. Meta definida pelo Conselho de Política Monetária – COPOM para a taxa

Selic, tendo sido considerado para o cálculo as taxas de final de período capitalizadas trimestralmente.

prod = variação do Produto Interno Bruto (PIB). Variação trimestral do PIB real

desazonalizado (série 1621 do IBGE) em relação ao trimestre imediatamente anterior.

com = alíquota de requerimento compulsório de reservas sobre os depósitos à vista.

ihh = Índice de Herfindahl-Hirschman para concentração do mercado em ativos. O índice é

medido por meio da somatória das participações de mercado ao quadrado das empresas existentes, ou seja, ∑ 2, onde é a iésima instituição incluída no cálculo. Na série foi considerado o índice de todas as instituições constantes no Sistema Financeiro Nacional.

4.2 ANÁLISE DE ESTACIONARIDADE

A análise dos testes realizados com o IPS e LLC não foi conclusiva em uma avaliação conjunta, no entanto, considerando os testes realizados pelo IPS, que é menos restritivo conforme abordado na seção 3.4, todas as séries – ROE, ROA, RCC e RT – mostraram-se estacionárias nas duas formas funcionais adotadas: com constante e sem tendência e com constante e com tendência.

Nos testes realizados através do LLC, as séries consideradas estacionárias pelo IPS também foram indicadas como estacionárias quando considerada a forma funcional sem constante e sem tendência.

A escolha das defasagens utilizadas nos testes, conforme descrito na seção 3.4, se baseou em Ng e Perron (1995), fixando um limite superior de 6 defasagens que, após a estimação da equação (25) com avaliação ao nível de significância estatística de 10%, resultou naquelas descritas na Tabela 4, coluna “Defasagens”.

Tabela 4 – Testes de Raiz Unitária

Fonte: elaborado pelo autor a partir das saídas do aplicativo Stata 10.

Cabe ressaltar ainda, que, de acordo com Marques (2000), os testes IPS e LLC são recomendados para painéis de dimensão intermediária, dando preferência para o IPS quando a dimensão seccional predomina sobre a dimensão temporal, que é o que ocorre no presente estudo que envolve 71 dimensões seccionais contra 34 dimensões temporais.

Variáveis Com constante e sem tendência Com constante e com tendência Com constante e sem tendência Com constante e com tendência Sem constante e

sem tendência Defasagens ROE -2,231*** -2,734*** 3,229 7,109 -12,867*** 3 ROA -1,959*** -2,311*** 0,392 7,261 -14,563*** 5 RCC -1,733*** -2,135*** 8,491 18,197 -5,700*** 6

RT -2,205*** -2,350*** 12,004 24,340 -15,699*** 5

IPS LLC

Notas: *** A hipótese nula é rejeitada com 99% de confiança. ** A hipótese nula é rejeitada com 95% de confiança. * A hipótese nula é rejeitada com 90% de confiança.

4.3 RESULTADO DAS ESTIMAÇÕES

As estimações para os modelos descritos em 3.2 foram realizadas por meio do software STATA versão 10 e os resultados estão sintetizados na Tabela 5.

Diante da quantidade de equações geradas e de variáveis explicativas estudadas, inclusive em comum nos diferentes modelos, para interpretar os resultados obtidos de forma mais didática, promoveremos análises do impacto de cada variável explicativa nos modelos propostos e posteriormente, levando em conta as medidas ROE e ROA, um comparativo com outros países estudados em trabalhos precedentes.

Séries Dependentes Defasadas

As séries dependentes que foram defasadas e consideradas como variáveis explicativas foram positivas e estatisticamente significantes a 1%, confirmando a característica dinâmica dos modelos de rentabilidade estudados.

Os resultados obtidos indicam tendência de persistência dos ganhos das instituições, conforme hipótese de Berger, Bonime, Covitz e Hancock (2000), no entanto, as grandezas dos coeficientes, que representam efeitos de curto prazo das próprias variáveis dependentes, foram próximas de 0, ROE = 0,10, ROA = 0,15, RCC = 0,17 e RT = 0,01, sugerindo, segundo Athanasoglou, Brissimis e Delis (2008), que a rentabilidade dos bancos brasileiros persistem ao longo do tempo, mas com alta velocidade de ajustamento, caracterizando a existência de uma estrutura competitiva no mercado bancário brasileiro.

Ações na BM&FBovespa

Em março de 2000, das 71 instituições constantes na amostra estudada, 17 possuíam ações negociadas na BM&FBovespa. Esse número passou para 29, em junho de 2008, representando 41% da amostra, o que demonstra o crescente interesse das empresas do segmento em abrir o capital.

A série foi significante a 1% em todas as equações estimadas, apresentado coeficientes negativos que indicam que em geral as instituições com ações negociadas na BM&FBovespa apresentam, contrariando o esperado, menor rentabilidade, inclusive em operações de crédito e tesouraria.

Tabela 5 – Resultados das Estimações

Fonte: elaborado pelo autor a partir das saídas do aplicativo Stata 10.

ROE - Rent. s/ Patrimônio ROA - Rent. s/ Ativo RCC - Rent. c/ Crédito RT - Rent. da Tesouraria

constante (coeficiente linear) -0,246 -0,034** -0,214*** 0,312***

(0,163) (0,015) (0,042) (0,062)

variável dependente em t-1 0,103*** 0,152*** 0,177*** 0,013***

(0,004) (0,004) (0,001) (0,001)

ab - ações na BMF&Bovespa (dummy) -0,042*** -0,004*** -0,015*** -0,003***

(0,005) (0,001) (0,001) (0,000)

fa - fusões e ou aquisições (dummy) -0,003** 0,000 -0,001* -0,004***

(0,001) (0,000) (0,001) (0,001)

prs - privado ou público (dummy) 0,073*** 0,015*** 0,050*** -0,068***

(0,016) (0,002) (0,008) (0,010)

prt - conglomerado ou independente (dummy) -0,011*** -0,007*** 0,001 0,012***

(0,002) (0,001) (0,001) (0,001)

ctl - nacional ou estrangeiro (dummy) 0,090*** 0,002*** 0,025*** -0,020***

(0,006) (0,001) (0,002) (0,002)

atc - total de ativos 0,120** 0,022*** 0,072*** -0,055***

(0,054) (0,005) (0,014) (0,019)

atc2 - total de ativos (quadrática) -0,004 -0,001*** -0,005*** 0,003**

(0,004) (0,000) (0,001) (0,001)

pma - participação no mercado em ativos -0,952 -0,006 1,395*** 0,371

(0,679) (0,157) (0,421) (0,397)

pcld - qualidade da carteira de crédito -0,236*** -0,081*** -0,307*** -0,060***

(0,014) (0,002) (0,005) (0,006)

txcr - relação entre aplic. em títulos X crédito 0,027*** 0,001*** 0,038*** -0,005***

(0,003) (0,000) (0,001) (0,001)

ctxp - relação entre rec. terceiros X próprios -0,324*** -0,032*** -0,058*** -0,005

(0,013) (0,002) (0,004) (0,004)

dsat - relação despesas e o total de ativos -2,876*** -0,297*** 0,800*** 0,314***

(0,220) (0,015) (0,116) (0,039)

tsa - relação tarifas e o total de ativos 4,375*** 0,495*** -1,272*** -0,222

(0,815) (0,024) (0,304) (0,210)

inf - inflação medida pela variação do IPCA 0,498*** 0,196*** 0,509*** 1,085***

(0,204) (0,010) (0,025) (0,042)

sel - juros (Selic meta) definida pelo COPOM 0,553*** 0,108*** 0,094*** 0,226***

(0,126) (0,009) (0,029) (0,024)

prod - PIB real desazonalizado 0,144*** 0,044*** 0,000 -0,009

(0,044) (0,005) (0,015) (0,009)

comp - alíquota de compulsório s/ dep. à vista -0,036*** -0,007*** 0,048*** -0,011***

(0,010) (0,001) (0,003) (0,002)

ihh - Concentração Ind. Herfindahl-Hirschman 0,222 -0,118*** -0,058*** -0,322***

(0,179) (0,013) (0,019) (0,021) Qt. Indivíduos 71 71 71 71 Qt. Períodos 33 33 33 33 Nr. Observações 2.343 2.343 2.343 2.343 Qt. Instrumentos 112 112 112 112 Wald-Test χ2(19)=32.548 χ2(19)=67.061 χ2(19)=99.071 χ2(19)=14.109

p-val =0,000 p-val =0,000 p-val =0,000 p-val =0,000

AR(1) -3,724 p-val =0,000 -3,273 p-val =0,001 -2,973 p-val =0,002 -2,082 p-val =0,037

AR(2) 0,401 p-val =0,687 0,090 p-val =0,927 -0,028 p-val =0,977 1,560 p-val =0,118

Sargan χ2(92)=54,024 χ2(92)=56,017 χ2(92)=59,782 χ2(92)=63,687

p-val =0,999 p-val =0,998 p-val =0,996 p-val =0,989

A fim de procurar encontrar outras evidências capazes de refinar o referido resultado, um exercício adicional foi promovido por meio da estimação com uma variável dummy de interação, pxa, envolvendo as variáveis ab (ações em bolsa) e prs (personalidade jurídica: pública ou privada).

Embora os resultados encontrados não foram estatisticamente significantes nos modelos de rentabilidade da carteira de crédito e rentabilidade da tesouraria, naqueles de rentabilidade ampla, ROE e ROA, a avaliação dos coeficientes de ab, prs e pxa indicaram que os bancos privados sem ações em bolsa são mais rentáveis do que aqueles privados com ações, que são mais rentáveis do que aqueles públicos com ações e que por fim são mais rentáveis do que aqueles públicos sem ações negociadas na BM&FBovespa (vide Tabelas A1, A2, A3 e A4, no Apêndice A).

Fusões e ou Aquisições

De acordo com Wood Jr, Vasconcelos e Caldas (2003), as razões mais freqüentes para justificar as ondas de fusões e aquisições realizadas no Brasil são a necessidade de crescimento das empresas, as mudanças econômicas e ou tecnológicas, a necessidade de recursos para a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos, além do corte de custos e economias de escala e de escopo. No setor bancário, segundo Faria, Paula e Marinho (2007), a desregulamentação dos serviços, a maior abertura à competição internacional, o desenvolvimento tecnológico e as mudanças na estratégia gerencial das instituições expressam a ênfase dos bancos no retorno aos acionistas, tudo contribuindo para um acelerado processo de consolidação.

Apesar da não significância estatística encontrada na estimação promovida para o

ROA, nos demais modelos estimados os resultados negativamente correlacionados indicaram

que as fusões e ou aquisições efetuadas no setor bancário brasileiro têm prejudicado, no trimestre da efetivação do negócio, a rentabilidade dos adquirentes, inclusive em termos de crédito e tesouraria.

Os resultados encontrados estão alinhados com aqueles obtidos por Araújo, Goldner, Faria e Brandão (2005), que em um estudo sobre o retorno das estratégias de fusões e aquisições bancárias no Brasil, concluíram que tais processos não estariam associados a aumentos de retornos e sugerem, ainda, que as instituições financeiras não necessariamente estariam aumentando seus retornos, mas sim diminuindo riscos de novos entrantes e dificultando o aumento da parcela de atuação dos atuais concorrentes.

Carvalho (2007) destaca também que os próprios mercados compartilham dessa avaliação, já que, repetidamente, o valor de mercado das ações das instituições compradoras tem caído após o anúncio de aquisições.

Complementarmente as quatro equações foram re-estimadas com a variável “fusões e ou aquisições”, fa, em até quatro defasagens, a fim de encontrar um período, no horizonte de um ano, em que as aquisições poderiam passar a provocar retornos positivos para as instituições adquirentes. Embora as novas equações estimadas tenham ficado prejudicadas em termos da quantidade de outras variáveis estatisticamente significantes, desaconselhando a nova modelagem, os resultados apontaram relações positivas e estatisticamente significantes na quarta defasagem dos modelos estimados para o ROE e RCC e terceira defasagem na equação para rentabilidade da tesouraria, sugerindo que esses seriam os períodos necessários para as fusões e ou aquisições passarem a influenciar positivamente a rentabilidade (vide Tabelas B1, B2, B3 e B4, no Apêndice B).

Personalidade Jurídica

Os resultados em termos de coeficientes positivos e estatisticamente significantes a 1% para a variável dummy prs mostram que as instituições privadas apresentam maiores níveis de rentabilidade sobre o patrimônio líquido, sobre o total de ativos e em relação à carteira de crédito.

No entanto, o coeficiente negativo e significante em 1% da série em relação à RT indica que as instituições públicas, 17% da amostra em junho de 2008, apresentam maiores níveis de rentabilidade na gestão da tesouraria.

Organização Societária das Instituições

De acordo com Navarro e Procianoy (1997), até 1988 as atividades dos bancos eram exercidas obrigatoriamente de forma segmentada, por entidades distintas, que, dado o controle acionário comum, configuravam grandes conglomerados financeiros. A partir de então o Conselho Monetário Nacional autorizou a criação dos bancos múltiplos permitindo que as instituições financeiras passassem a se organizar em diversos segmentos do mercado financeiro sob a mesma razão social como banco múltiplo.

A variável dummy, prt, considerada no presente estudo diferenciou as instituições bancárias brasileiras em aquelas que não integram conglomerados (instituições

independentes), e aquelas organizadas em conglomerados financeiros, a fim de capturar efeitos das escolhas das organizações societárias sobre a rentabilidade dos bancos.

Os coeficiêntes, negativamente correlacionados com a rentabilidade sobre o ativo e com a rentabilidade sobre o patrimônio líquido, indicam que a maior quantidade de subsidiárias abertas dentro do mesmo grupo pode prejudicar a rentabilidade das instituições, caracterizando a existência de maiores custos de manutenção e podendo, até mesmo, conforme descrito por aqueles autores, serem de agency 10. A exceção foi encontrada em relação à rentabilidade da carteira de crédito, não estatisticamente significante, e a rentabilidade da tesouraria que apresentou resultado positivamente correlacionado com as instituições organizadas em conglomerados.

Os resultados obtidos para as equações do ROE e do ROA, mostraram-se em linha com aqueles obtidos por Navarro e Procianoy (1997) que em um estudo empírico envolvendo bancos brasileiros, encontraram resultados que sugerem que a redução do número de companhias dentro de um mesmo grupo econômico é fator gerador de valor para as empresas.

Origem do Controle

A queda de restrições legais impostas à entrada de instituições financeiras estrangeiras, aliada a estabilidade da inflação a partir do Plano Real e a globalização da economia, tudo a partir da década de 90, aumentaram significativamente a quantidade de instituições bancárias com controle estrangeiro no Brasil, representando, em junho de 2008, aproximadamente 30% da amostra contemplada no presente estudo.

Os coeficientes estimados para ROE, ROA e RCC, significantes a 1%, indicaram que no Brasil os bancos estrangeiros têm sido menos rentáveis do que os de capital nacional, embora a análise da equação para RT, na mesma significância estatística, mostrou que as instituições com controle externo têm sido mais rentáveis em relação à tesouraria.

Os resultados encontrados nos modelos de rentabilidade ampla, ROE e ROA, e da carteira de crédito RCC, em relação à variável explicativa ctl, origem do controle, bem como com a variável prs, personalidade jurídica, discutido anteriormente, foram alinhados com Guimarães (2002) que mostrou que os bancos privados nacionais no Brasil têm desempenho melhor que os bancos estrangeiros e que a entrada dos bancos estrangeiros foi acompanhada de um aumento na lucratividade dos bancos privados nacionais. Esse autor concluiu ainda que

10 Segundo Ross, Westernfield e Jaffe (1995), custos de agency decorrem de conflitos de interesses entre acionistas, credores

os bancos privados nacionais apresentam margens líquidas de juros e de lucros mais elevadas que os bancos estrangeiros e os bancos públicos apresentam margens de intermediação financeira e de lucros mais baixas e despesas administrativas mais altas do que os bancos estrangeiros.

Tamanho das Instituições

A série volume total de ativos, atc, foi incluída nos modelos de rentabilidade como variável explicativa, a fim de capturar principalmente evidências quanto a ganhos de eficiência provenientes de escala ou de escopo11 por parte das maiores instituições financeiras.

Os resultados mostraram uma relação positiva e estatisticamente significante entre o tamanho das instituições e as medidas de rentabilidade, ROE e ROA, bem como com a rentabilidade da carteira de crédito, porém negativa com os ganhos da tesouraria.

Dessa forma os resultados sugerem que enquanto os grandes bancos têm apresentado

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