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5. RESULTADOS

Para a apresentação da Avaliação da Qualidade do Sistema de Informação sobre Mortalidade por Causas Externas no município de Fortaleza-Ceará, período 2010, apresentam-se os Resultados em cinco sub-tópicos.

Seguindo critérios metodológicos, foram excluídos ao todo 130 óbitos (67 óbitos classificados a parte do Capítulo XX da CID-10 somados aos 63 subnotificados), sendo estudados e analisados ao fim na pesquisa de tese 2109 óbitos por violência de residentes em Fortaleza no ano de 2010.

5.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE PREENCHIMENTO E OCORRÊNCIA DE RASURAS NOS CAMPOS DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO & DESCRITIVA.

Analisar-se-ão as variáveis de acordo com a divisão do instrumento em nove sub- tópicos, respeitando a classificação das 62 variáveis que o compõem.

5.1.1. I – Cartório:

Nesta seção, há 21 variáveis não havendo preenchimento de nenhuma destas, devido o preenchimento no cartório ocorrer seguido do preenchimento das demais seções pelo profissional médico.

5.1.2. II – Identificação:

Tabela 08- Completitude dos óbitos por causas externas segundo Identificação. Fortaleza, 2010. Variável N (%) Ausência de preenchimento N (%) Rasuras N (%) Tipo de óbito Fetal Não fetal 14 (0,69) 2.008 (99,31) 87 (4,13) 10 (0,49) Data do óbito - 15 (0,71) 2 (0,10) RG - 2109 (100) - Sexo Masculino Feminino Ignorado 1.818 (87,28) 262 (12,58) 3 (0,14) 26 (1,23) 13 (0,63) Raça-cor Parda Branca Preta Amarela Indígena 1.026 (78,98) 202 (15,55) 57 (4,39) 13 (1) 1 (0,08) 810 (38,41) 5 (0,38) Estado civil Solteiro Casado Viúvo Separado Ignorado União consensual 1.601 (77,01) 380 (18,28) 50 (2,41) 45 (2,16) 2 (0,10) 1 (0,05) 30 (1,42) 12 (0,58) Escolaridade 4-7 anos 1-3 anos 8-11 anos 12 ou mais Ignorado Nenhuma 521 (37,40) 268 (19,24) 230 (16,51) 154 (11,06) 149 (10,70) 71 (5,10) 714 (33,89) 4 (0,29)

Observa-se na Tabela 08, a distribuição das variáveis quanto ao descritivo de suas categorias na amostra, a proporção de incompletude (ausência de preenchimento e presença da escolha do item “ignorado”) e presença de rasuras. As

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variáveis Raça-cor e Escolaridade demonstraram os maiores percentuais de ausência de preenchimento (38,41 e 33,89%, respectivamente, completitude baixa), e, ainda, a Escolaridade demonstra o maior percentual de “ignorado” como resposta (10,70%).

Tabela 09- Completitude dos óbitos por causas externas segundo variáveis nominais de Identificação e Data. Fortaleza, 2010.

Variável Ausência de preenchimento N (%) Rasuras N (%) Naturalidade 19 (0,9) 4 (0,19) Nome do falecido - 18 (0,85) Nome do pai 241 (11,43) 31 (1,66) Nome da mãe 8 (0,38) 24 (1,14) Data de nascimento 9 (0,43) 11 (0,52) Ocupação 201 (9,53) 10 (0,52)

A Tabela 09 mostra a completitude das variáveis textuais da Identificação. Obteve-se como maior ausência de preenchimento o Nome do pai (11,43%) e também o maior percentual de rasuras (1,66%).

Somam-se às variáveis dessa seção, as variáveis intituladas Código de

ocupação e Idade. O Código de ocupação apresentou 100% de ausência de

preenchimento em todos os registros do estudo.

A variável Idade apresentou média de 32,94 anos (erro padrão de 0,52; IC 95% entre 31,93 - 33,94). Quanto à completitude da variável Idade, tem-se o percentual de ausência de preenchimento representando 46,06% (equivalente a 969 registros, indicando completitude baixa).

5.1.3. III – Residência:

Tabela 10- Completitude dos óbitos por causas externas segundo Residência. Fortaleza, 2010. Variável Valores únicos Ausência de preenchimento N (%) Rasuras N (%) Logradouro 1662 9 (0,43) 23 (1,10) Número 1096 126 (5,97) 8 (0,40) Complemento 119 1957 (92,84) 2 (1,32) CEP - 2096 (99,57) - Bairro 317 64 (3,03) 14 (0,68) Município de residência 1 - -

A Tabela 10 mostra a completitude das variáveis textuais da Residência. Obteve-se como maior ausência de preenchimento o CEP (99,57%, completitude baixa).

5.1.4. IV – Ocorrência:

Tabela 11- Completitude dos óbitos por causas externas segundo Ocorrência. Fortaleza, 2010.

Variável N (%) Ausência de preenchimento N (%) Rasuras N (%) Local de Ocorrência Via Pública Hospital Domicílio Outros Ignorado 535 (45,38) 456 (38,68) 142 (12,04) 43 (3,60) 3 (0,25) 930 (44,09) -

A Tabela 11 mostra a completitude das variáveis textuais do Local de

Ocorrência. Observa-se nessa seção uma importante lacuna no preenchimento dos

dados, totalizando 930 ausências de preenchimento, representando 44,09% do total das DO estudadas, indicando, para variável de extrema importância na codificação final da causa básica, completitude baixa.

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Tabela 12- Completitude dos óbitos por causas externas segundo variáveis nominais de Ocorrência. Fortaleza, 2010. Variável Ausência de preenchimento N (%) Rasuras N (%) Estabelecimento 1345 (63,80) 9 (1,18) Endereço 803 (38,07) 12 (0,92) Número 1616 (76,62) 2 (0,41) Complemento - - CEP 2105 (99,86) - Bairro 710 (33,67) 9 (0,64) Município de ocorrência 69 (3,27) 3 (0,15) UF 68 (3,22) 1 (0,05)

Na avaliação da completitude da Tabela 12, tem-se que, para o grupo das variáveis de texto relacionadas às especificações da Ocorrência do óbito, existe uma importante proporção de ausência de preenchimento para as variáveis: CEP,

número e estabelecimento (99,86; 76,62 e 63,80%, respectivamente).

Nesta seção, todas as variáveis são consideradas na avaliação da qualidade como de completitude baixa, exceto Município de ocorrência e UF.

5.1.5. V – Fetal ou menor de 1 ano:

Houve sete óbitos em menores de um (1) ano. Este dado foi captado mediante o preenchimento da idade do falecido em meses, dias e minutos. Nesta seção, há 11 variáveis. Em nenhum registro houve preenchimento das variáveis da seção.

5.1.6. VI – Condições e causas do óbito: 5.1.6.1. Exclusivo para óbitos mulheres.

Do total de 262 registros do sexo feminino, apresentaram-se as seguintes respostas para as duas variáveis da seção “Exclusivo para óbitos em mulheres”:

Morte durante gravidez, parto, aborto: percentual de ausência de preenchimento

representando 78,62% (206 registros); ocorrência de rasuras em um registro, representando 1,79%. Para avaliar a incompletude, do total que foi preenchido,

30,36% foi marcado o item “ignorado”. Para a variável Morte durante puerpério, aponta-se, para avaliação da qualidade, o percentual de ausência de preenchimento representando 81,67% (214 registros, representando completitude baixa) e ausência de rasuras. Dos preenchidos, 47,92% foi marcado o item “ignorado”.

Observa-se que, na presença de uma especificação de condicionamento no preenchimento (no caso: ser do sexo feminino), a completitude apresenta importante fragilidade. O total de registros do sexo feminino representa na amostra apenas 12,58%. A ausência de identificação desta condição e do preenchimento da subseção “Exclusivo para as mulheres” aponta para uma ausência de sensibilização quanto à importância no preenchimento dos itens acima descritos. Estudos que avaliam as condições de óbitos violentos com abordagens para as situações circunscritas à gravidez, parto, abortamento e puerpério estariam imensamente debilitados quanto à análise no caso de utilização da captação destes dados secundários.

Tabela 13- Completitude dos óbitos por causas externas segundo Assistência Médica. Fortaleza, 2010. Variável N (%) Ausência preenchimento N (%) Rasuras N (%) Assistência médica Sim Não Ignorado Total: 2080 216 (29,23) 258 (34,91) 265 (35,86) 1.341 (64,47) 3 (0,41) Exame complementar Sim Não Ignorado Total: 2080 29 (8,24) 201 (57,1) 122 (34,66) 1.728 (83,08) - Cirurgia Sim Não Ignorado Total: 2080 44 (10,53) 303 (72,49) 71 (16,99) 1.668 (79,96) - Necropsia Sim Não Ignorado Total: 2109 1600 (98,70) 14 (0,86) 7 (0,43) 488 (23,14) 2 (0,12)

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Nota-se na Tabela 13, a importante incompletude dos campos ligados à Assistência médica, donde a ausência de preenchimento e a marcação do item “ignorado” apresentam percentuais acima de 50% e em torno de 30% respectivamente.

Apresentar-se-ão agora as descrições das Causas A, B, C e D, com os percentuais de preenchimento e as cinco primeiras causas descritas que mais se repetiram nos registros das 2109 DO.

 Causa A: 2109 registros (100% preenchimento): principais descritores: choque hipovolêmico: 116; indeterminada: 91; asfixia mecânica: 76; hemorragia: 45; ferida penetrante de tórax: 35.

 Causa B: 1156 registros (45,19% de ausência de preenchimento, completitude baixa): projétil único de arma de fogo: 108; instrumento contundente: 50; ação perfurocontundente: 44; politraumatismo: 22 e traumatismo crânioencefálico: 16.

 Causa C: 321 registros (84,78% de ausência de preenchimento, completitude baixa): projéteis de arma de fogo: 91; instrumento perfurocontundente: 37; ferida penetrante de tórax: 17; enforcamento: 13; acidente de trânsito: 11.  Causa D: 83 registros (96,11% de ausência de preenchimento, completitude

baixa): instrumento perfurocontundente: 27; projétil de arma de fogo: 17; acidente de trânsito: quatro.

Observa-se importante decréscimo de preenchimento dos itens da sequência Causas do óbito. Evidencia-se a sequência completa das “linhas a, b, c e d” apenas em 3,99% dos registros, indicando uma falha grave nas orientações de Classificação de causas com as sequências fisiopatológicas indicadas e dispostas na sequência das “linhas a, b, c e d”.

5.1.7. VII – Médico:

Na distribuição da variável Atendimento médico, tem-se que 98,44% apontou o IML; 1,3% não; 0,1% sim e 0,1% para o item outros. As demais variáveis desta seção estão apresentadas na Tabela 14.

Referente à completitude, observa-se: ausência de preenchimento representando 8,97% (189 registros, indicando completitude excelente) e ocorrência de rasuras em cinco registros, representando 0,26%.

Tabela 14- Completitude dos óbitos por causas externas segundo informações do Médico. Fortaleza, 2010. Variável Ausência de preenchimento N (%) Rasuras N (%) Nome do médico 9 (0,43) 6 (0,29) Meio de contato do médico 333 (15,79) 9 (0,51) Data do atestado 41 (1,94) 8 (0,39) Assinatura 10 (0,47) 3 (0,14)

Segundo visto na Tabela 14, foi classificada como completitude baixa apenas a variável Meio de Contato do Médico. Salienta-se que a maioria destes contatos era o número de telefone fixo da PEFOCE.

5.1.8. VIII – Causas externas:

Tabela 15- Completitude dos óbitos por causas externas segundo Tipo de Morte. Fortaleza, 2010. Variável N (%) Ausência de preenchimento N (%) Rasuras N (%) Tipo de Morte Homicídio Acidente Suicídio Ignorado Outros 410 (60,29) 181 (26,62) 39 (5,74) 43 (6,32) 07 (1,03) 1.429 (67,76) 2 (0,29)

Interessante observar que, nesta seção específica para óbitos por causas externas, o percentual de ausência de preenchimento mostra-se acima de 50% dos registros estudados. Ainda, observa-se a escolha do item “ignorado” para 6,32% dos dados (Tabela 15).

Para a distribuição da amostra segundo Circunstâncias de morte não natural pela ocorrência de Acidente de Trabalho, tem-se que 71% indicaram não; 28%

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ignorado e apenas 1% sim. Na avaliação da qualidade, tem-se: ausência de preenchimento representando 70,26% (1481 registros) e 28% de informação “ignorada”; ocorrência de rasuras em seis registros, representando 0,96%.

Já para a distribuição da amostra segundo a classificação da seção de Circunstâncias de morte não natural pela Fonte da Informação, 90% apontaram para o Boletim de Ocorrência; 2% família; 7% outros e 1% ignorado. E, na avaliação da qualidade, mostrou ausência de preenchimento representando 69,61% (1468 registros); ocorrência de rasuras em quatro registros, representando 0,63%.

A Tabela 16 mostra a distribuição da variável Descrição do evento. Demonstra completitude baixa, donde 81,31% houve ausência de preenchimento.

Tabela 16- Completitude dos óbitos por causas externas segundo Descrição do evento. Fortaleza, 2010. Variável Ausência de preenchimento N (%) Rasuras N (%) Descrição do evento 1714 (81,31) 394 (18,69) Ocorrência via pública 2,044 (96,92) -

5.1.9. IX – Localidade sem médico:

1. Declarante: somente um registro válido “naturalidade da vítima Recife PE” 2. Testemunha: vazio.

5.2. ANÁLISE BIVARIADA.

Na análise bivariada para o conjunto das variáveis independentes do estudo, Tabela 17, observa-se na variável Faixa etária indivíduos incluídos na categoria

adolescente têm, com base na Razão de Chances, 23,82 vezes mais chance de

sofrerem homicídio em relação àqueles de outras categorias de faixa etária. A Razão de Prevalência aponta à categoria dos jovens uma probabilidade quase 20 vezes

maior de sofrerem homicídio. Para ambas as medidas obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (o intervalo não contém o valor 1). De forma análoga à categoria dos jovens, pela medida do RAP (Fração Etiológica), tem-se que 94,9% dos casos de homicídio tiveram como relação essa faixa etária. O valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o fenômeno estudado.

Para a variável Sexo, tem-se que indivíduos do sexo masculino têm, com base na Razão de Chances, 3,89 vezes mais chance de sofrerem homicídio em relação àqueles do sexo feminino. De forma análoga, a Razão de Prevalência aponta uma probabilidade 2,13 maior de sofrerem homicídio. Para ambas as medidas obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (o intervalo não contém o valor 1). Pela medida do RAP (Fração Etiológica), tem-se que 53,1% dos casos de homicídio tiveram como causa ser do sexo masculino. O valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o fenômeno estudado.

Na variável Raça, observa-se que indivíduos pardos têm, com base na Razão de Chances, 2,61 vezes mais chance de sofrerem homicídio em relação àqueles com vínculo. Para essa medida obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (sem incluir o valor 1). A Razão de Prevalência aponta uma probabilidade 1,68 maior da raça amarela sofrerem homicídio (I.C. 95% entre 1,05- 2,68). Pela medida do RAP (Fração Etiológica), tem-se que 40,5% dos casos de homicídio tiveram como causa a raça amarela, e 23,7% para raça parda. Para estas últimas medidas, o valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o fenômeno estudado.

Observando o comportamento da variável Estado Civil, pontua-se que indivíduos sem vínculo conjugal têm, com base na Razão de Chances, 2,85 vezes mais chance de sofrerem homicídio em relação àqueles com vínculo. De forma análoga, a Razão de Prevalência aponta uma probabilidade 70% maior de sofrerem homicídio. Para ambas as medidas obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (o intervalo não contém o valor 1). Pela medida do RAP (Fração Etiológica), tem-se que 41,5% dos casos de homicídio tiveram como causa a falta de vínculo conjugal. O valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o

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fenômeno estudado.

Para a variável Escolaridade, tem-se que indivíduos com escolaridade entre

4 a 7 anos têm, com base na Razão de Chances, 3,68 vezes mais chance de

sofrerem homicídio em relação àqueles das demais categorias de escolaridade. Na análise da Razão de Prevalência, tem-se a mais importante probabilidade para a categoria de escolaridade entre 1 e 3 anos. Para ambas as medidas obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (o intervalo não contém o valor 1). Pela medida do RAP (Fração Etiológica), tem-se que 89,3% dos casos de homicídio tiveram como causa a escolaridade compreendida entre 1 a 3 anos. O valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o fenômeno estudado.

A variável Ocupação aponta que indivíduos com ocupação estudante têm, com base na Razão de Chances, 15,44 vezes mais chance de sofrerem homicídio em relação àqueles com demais ocupações. A Razão de Prevalência mostra uma probabilidade 13,73 maior de sofrerem homicídio aqueles que não trabalham. Para ambas as medidas obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (o intervalo não contém o valor 1). Pela medida do RAP (Fração Etiológica), tem-se que 81,1% dos casos de homicídio tiveram como causa a ocupação estudante. O valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o fenômeno estudado.

Na análise da variável Assistência médica, indivíduos em via pública têm, com base na Razão de Chances, 2,27 vezes mais chance de sofrerem homicídio em relação àqueles noutros locais. De forma análoga, a Razão de Prevalência aponta uma probabilidade 1,47 maior de sofrerem homicídio. Para ambas as medidas obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (o intervalo não contém o valor 1). Pela medida do RAP (Fração Etiológica), tem-se que 32% dos casos de homicídio tiveram como causa a ocorrência em via pública. O valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o fenômeno estudado.

Na análise da variável Local de ocorrência, tem-se que indivíduos em via

pública têm, com base na Razão de Chances, 4,58 vezes mais chance de sofrerem

homicídio em relação àqueles noutros locais. De forma análoga, a Razão de Prevalência aponta uma probabilidade 4,42 maior de sofrerem homicídio. Para ambas as medidas obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (o

intervalo não contém o valor 1). Pela medida do RAP (Fração Etiológica), 77,4% dos casos de homicídio tiveram como causa a ocorrência em via pública. O valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o fenômeno estudado.

Referente ao Bairro de residência, observa-se que indivíduos no grupo de

bairros de renda menor têm, com base na Razão de Chances, 7,24 vezes mais

chance de sofrerem homicídio em relação àqueles de outros bairros. De forma análoga, a Razão de Prevalência aponta uma probabilidade 45,24 maior de sofrerem homicídio. Para ambas as medidas obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (o intervalo não contém o valor 1). Pela medida do RAP (Fração Etiológica), 97,8% dos casos de homicídio tiveram como causa ter residência em bairro de renda menor. O valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o fenômeno estudado.

Paralelamente, a variável Bairro de ocorrência, indivíduos no grupo de

bairros de renda menor têm, com base na Razão de Chances, 8,82 vezes mais

chance de sofrerem homicídio em relação àqueles de outros bairros. De forma análoga, a Razão de Prevalência aponta uma probabilidade 56,21 maior de sofrerem homicídio. Para ambas as medidas obteve-se um Intervalo de Confiança de 95% significativo (o intervalo não contém o valor 1). Pela medida do RAP (Fração Etiológica), tem-se que 98,2% dos casos de homicídio tiveram como causa ocorrência em bairro de renda menor. O valor de p calculado com base no teste de qui-quadrado teve valor infinitesimal confirmando a associação da variável em questão com o fenômeno estudado.

Mediante esta análise de associação preliminar, tem-se que o adolescente, do sexo masculino, sem vínculo conjugal, escolaridade entre 4 a 7 anos, ser estudante, não ter recebido assistência médica, estar em via pública e ter como bairros de ocorrência e residência bairros classificados como de renda menor, as medidas estudadas indicando importante associação nos cruzamentos bivariados, sem ajuste. Havendo, ainda, significância estatística (valor de p=0,000) para todas as relações.

Variáveis

Homicídio Razão

de Chances

IC 95% Prevalência Razão de IC 95% Etiológica Valor P Fração

Sim Não N % N % Faixa Etária Criança 10 27,0 27 73,0 2,26 0,98 - 5,19 1,86 0,99 - 3,51 46,2 0,000 Pré-adolescente 21 67,7 10 32,3 12,83 5,45 - 30,2 10,89 7,11 - 16,67 90,8 Adolescente 269 79,6 69 20,4 23,82 14,66 - 38,7 13,77 9,67 - 19,62 92,7 Jovem 302 72,4 115 27,6 16,05 10,13-25,43 19,61 13,75-27,96 94,9 Adulto 566 52,7 507 47,3 6,82 4,46 - 10,42 3,75 2,63 - 5,34 73,3 Idoso 27 14,1 165 85,9 1 - - - - Sexo Masculino 1108 60,9 710 39,1 3,89 2,93 - 5,17 2,13 1,75 - 2,59 53,1 0,000 Feminino 75 28,6 187 71,4 1 - - - - Raça Parda 618 60,2 409 39,8 2,61 1,91 - 3,57 1,31 1,09 - 1,58 23,7 0,000 Preta 33 57,9 24 42,1 2,38 1,31 - 4,33 1,06 0,8 - 1,41 5,7 Amarela 8 61,5 5 38,5 2,77 0,87 - 8,78 1,68 1,05 - 2,68 40,5 Branca 74 36,6 128 63,4 1 - - - - Estado Civil

Sem vinculo conjugal 1044 61,6 652 38,4 2,85 2,26 - 3,59 1,71 1,49 - 1,97 41,5 0,000

Com vinculo conjugal 137 36,0 244 64,0 1 - - - -

Escolaridade 1 a 3 anos 155 57,8 113 42,2 2,69 1,55 - 4,65 9,33 6,63 - 13,12 89,3 0,000 4 a 7 anos 340 65,3 181 34,7 3,68 2,18 - 6,21 4,65 3,34 - 6,48 78,5 8 a 11 anos 124 53,9 106 46,1 2,29 1,31 - 3,99 2,58 1,82 - 3,65 61,2 12 anos ou mais 68 44,2 86 55,8 1,55 0,86 - 2,78 1,31 0,9 - 1,9 23,7 Nenhuma 24 33,8 47 66,2 1 - - - -

93 Ocupação Possui trabalho 812 55,4 654 44,6 8,07 4,36 - 14,95 4,25 2,5 - 7,21 76,5 0,000 Não trabalha 14 53,8 12 46,2 7,58 2,84 - 20,23 13,73 7,27 - 25,93 92,7 Estudante 228 70,4 96 29,6 15,44 8,04 - 29,66 5,28 3,1 - 8,98 81,1 Aposentado(a) 12 13,3 78 86,7 1 - - - - Assistência Médica Não 162 62,8 96 37,2 2,27 1,57 - 3,28 1,47 1,23 - 1,76 32,0 0,000 Sim 92 42,6 124 57,4 1 - - - - Local de Ocorrência Via pública 360 67,3 175 32,7 4,58 3,07 - 6,83 4,42 3,43 - 5,69 77,4 0,000 Hospital 191 41,9 265 58,1 1,61 1,08 - 2,41 1,09 0,83 - 1,43 8,3 Outros 17 37,0 29 63,0 1,31 0,65 - 2,63 1,19 0,76 - 1,87 16,0 Domicílio 44 31,0 98 69,0 1 - - - - Bairro de Residência Renda Menor 229 70,2 97 29,8 7,24 3,86 - 13,58 45,24 28,99 - 70,6 97,8 0,000 Renda Média 920 55,5 738 44,5 3,82 2,12 - 6,9 2,26 1,45 - 3,51 55,8 Renda Maior 15 24,6 46 75,4 1 - - - - Bairro de Ocorrência Renda Menor 136 78,6 37 21,4 8,82 3,88 - 20,07 56,21 33,2 - 95,16 98,2 0,000 Renda Média 691 58,0 501 42,0 3,31 1,57 - 6,98 1,97 1,17 - 3,32 49,2 Renda Maior 10 29,4 24 70,6 1 - - - -

5.3. REGRESSÃO LOGÍSTICA

Coeficientes estimados da Regressão

Na tabela abaixo (Tabela 18) apresentam-se as estimativas dos parâmetros do nosso modelo de regressão logístico, em que β representa a estimativa do coeficiente de regressão para determinada categoria de uma variável. O erro padrão é uma medida de variabilidade em torno do coeficiente populacional (β). A estatística de Wald que tem por finalidade aferir o grau de significância de cada coeficiente da equação logística, verificando se cada parâmetro estimado é significativamente diferente de zero. O valor de p é a significância da estatística de Wald, que para valores abaixo de 5% rejeitamos a hipótese de que o valor do coeficiente seja igual a zero. O exponencial de (β) representa a chance de um dado evento ocorrer para uma categoria em relação à outra de referência que também pode ser denominada OR ajustada.

Tabela 18 – Parâmetros estimados da Regressão. Fortaleza, 2010.

Variável N Β

Erro padrão (β)

Wald Valor p Exp.(β) IC Exp.(β) 95%

Faixa Etária Adolescente 223 2,91 0,33 75,81 0,00 18,44 9,57 - 35,54 Jovem 277 2,48 0,32 62,00 0,00 11,99 6,46 - 22,25 Pré-adolescente 20 2,18 0,57 14,61 0,00 8,85 2,89 - 27,09 Adulto 699 1,72 0,29 35,82 0,00 5,56 3,17 - 9,75 Criança 21 0,95 0,55 2,94 0,09 2,58 0,87 - 7,63 Idoso 115 1 - - - - - Sexo Masculino 1198 1,04 0,20 27,18 0,00 2,83 1,92 - 4,19 Feminino 157 1,00 - - - - -

95

Estado Civil

Sem vínculo conjugal 1109 0,46 0,16 7,76 0,01 1,58 1,14 - 2,18 Com vínculo conjugal 246 1 - - - - -

Bairro de Ocorrência

Renda Menor 169 1,63 0,45 13,26 0,00 5,13 2,13 - 12,36 Renda Média 1154 0,85 0,41 4,33 0,04 2,34 1,05 - 5,22

Renda Maior 32 1 - - - - -

De acordo com a Tabela 18, tem-se que quase todos os coeficientes são estatisticamente diferentes de zero. Apenas o estrato criança da variável faixa etária não foi significativo, mas, como a frequência desta categoria é pequena, possivelmente estaríamos cometendo o erro do tipo II, que é não rejeitar a hipótese de que o parâmetro é zero quando esta é falsa. Portanto, consideramos este parâmetro no modelo para estimação das probabilidades.

A Tabela 19 mostra todas as probabilidades de ocorrência de homicídio estimadas pelo modelo para todos os perfis de acordo com as variáveis selecionadas. Por exemplo, se o indivíduo veio a falecer com perfil conjunto sexo masculino, adolescente, sem vinculo conjugal, reside em um bairro cuja sua classificação de renda seja média, a probabilidade estimada de que causa da morte, dentre as causas externas, seja por homicídio é de 91,2%.

Mediante comparações dentre as categorias, foi observado que para um indivíduo adolescente, do sexo masculino, sem vínculo conjugal, ao variarmos o bairro entre renda alta e renda baixa, a probabilidade estimada de que a causa de morte, dentre as causas externas, seja por homicídio apresenta variabilidade que imputa probabilidade 36% maior do risco de morte por esta causa. E, dentre o indivíduo ser jovem, sexo masculino, sem vínculo conjugal, de renda baixa quando comparado ao jovem, sexo masculino, sem vínculo conjugal, de renda alta, a probabilidade apresenta probabilidade 91% maior de risco de morte, falecendo por causas externas, por homicídio.

Tabela 19 - Probabilidades previstas pelo modelo para cada perfil. Fortaleza, 2010.

Variáveis Criança

Pré-

adolescente Adolescente Jovem Adulto Idoso Estado Civil Bairro

ocorrência Sexo Probabilidade prevista pelo modelo

Sem vínculo conjugal

Renda Menor Masculino 0,592 0,833 0,912 0,871 0,758 0,360 Feminino 0,339 0,637 0,785 0,704 0,525 0,166 Renda Média Masculino 0,399 0,695 0,826 0,755 0,588 0,204 Feminino 0,190 0,445 0,626 0,521 0,335 0,083 Renda Maior Masculino 0,221 0,493 0,669 0,568 0,379 0,099 Feminino 0,091 0,255 0,417 0,317 0,177 0,037

Com vínculo conjugal

Renda Menor Masculino 0,479 0,759 0,868 0,810 0,665 0,263 Feminino 0,245 0,527 0,699 0,601 0,411 0,112 Renda Média Masculino 0,296 0,590 0,750 0,661 0,475 0,140

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