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CAPÍTULO I : Biologia do ácaro predador Amblydromalus sp. (Phytoseiidae) alimentado com pólen de mamona

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Amblydromalus sp. apresentou todas as fases de desenvolvimento (ovo, larva,

protoninfa, deutoninfa e adulto) como ocorre com os demais ácaros da família Phytoseiidae (Moraes e McMurtry ,1981; Sabelis, 1985). As fêmeas que ovipositaram foram de 28% para o tratamento T. bastosi, 43% para o tratamento P. latus e 51% para pólen (Figura 1).

Figura 1. Porcentagem de fêmeas de Amblydromalus sp. que ovipositaram, tendo

como alimento T.bastosi, P. latus e pólen de mamona.

O período de incubação dos ovos não diferençiou-se entre os tratamentos (Tabela 1). Os ovos eclodiram em menos de 24 horas para todos os tratamentos. O período de incubação varia com a umidade do ar (McMurtry e Scriven 1965), temperatura (Moraes e McMurtry 1981) e a espécie de ácaro (Rasmy e El-Banhawy, 1975). Em trabalhos semelhantes a este estudo, com as mesmas condições de temperatura, diversos autores relatam que o período de incubação, é variável, o que provavelmente reforça que os resultados variam em função da espécie em estudo. Assim, para Phytoseiulus macropilis (Banks) o tempo de incubação foi de 43 h (Prasad, 1967), Phytoseiulus persimilis Athias-Henriot de 72 h (Laing, 1968),

Neoseiulus umbraticus (Chant) de 46 h (Knisley e Swift, 1971), Phytoseius finitimus

Ribaga de 60 h Banhawy, 1974), Euseius brazilli Banhawy) de 48 h (Banhawy, 1975), Phytoseius plumifer (Canestrini e Fanzago) de 43 h (Rasmy e El-Banhawy 1975), Phytoseiulus macropilis de 53 h (Shih et al. 1979), Euseius citrifolius

Denmark e Muma de 41 h (Moraes e McMurtry, 1981), Euseius concordis (Chant) de 48 h (Komatsu, 1988) e Iphiseiodes zuluagai Denmarke e Muma de 12 h (Reis et al.1997).

O período larval de Amblydromalus sp. não diferenciou estatísticamente entre os tratamentos referente à duração de cada estádio em dias. Estes resultados corroboram com aqueles obtidos por Reis et al. (1997) em que I. zuluagai alimentado com pólen de mamona na mesma temperatura 25 °C apresentou um período menor que 24 h na fase larval, e a duração dos estádios de protoninfa e deutoninfa entre 24 e 48 h. Em comparação a outros predadores alimentados com diferentes presas, esses valores foram próximos ao trabalho de Vasconcelos (2006), com temperatura de 25°C, ao passo que este autor constatou um tempo de desenvolvimento de 1,8 e 0,6 para ovos e larvas para Neoseiulus californicus (McGregor) (Acari: Phytoseiidae) quando alimentados com T. urticae Canlas et al. (2006) constataram 1,6 e 0,78 dias para ovos e larvas, alimentados com pólen de mamona.

Na fase de protoninfa houve diferença significativa entre os tratamentos, onde a dieta P. latus apresentou menor tempo em dias (0,80 dias) e maior tempo no tratamento pólen em torno de 1,66 dias. Na fase de deutoninfa houve diferença apenas na dieta de pólen que apresentou uma longevidade em relação às outras dietas em torno de 1,60 dias.

Os resultados foram maiores que os encontrados por Marafelli (2011) no estudo do ciclo biológico de N. californicus. O período de duração de larvas foi de 0,97 e 0,96 dias para protoninfa; 1,58 para deutoninfa e desenvolvimento de ovo a adulto foi de 5,61 dias, alimentado com pólen de mamona.

Esteves Filho et al.(2010) realizaram um estudo com o ácaro predador P.

macropilis alimentado com a presa T. urticae obtiveram resultados semelhantes ao

presente trabalho na fase de protoninfa 1,5 dias e na fase de deutoninfa uma média de 1,4 dias.

Para o período de ovo-adulto não houve diferença significativa, apesar de que alimentados com pólen houve maior tempo em torno de 4,86 dias; seguidos de T.

bastosi 4,73 dias. A dieta com P. latus a duração foi mais rápida cerca de 3,75 dias.

Bellini (2008) observou que o ácaro predador Proprioseiopsis cannaensis (Muma) quando alimentado com Phyllocoptruta oleivora (Ashmead) desenvolveu-se apenas até a fase de deutoninfa. Já alimentado com Brevipalpus phoenicis (Geijskes) (Tenuipalpidae), T. urticae e pólen de Thypa angustifólia, P. cannaensis apresentou

todos os estádios de desenvolvimento (ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto). Segundo Azevedo (2014) o resultado foi semelhante com P. cannaensis, porém alimentado com T. bastosi, o predador não conseguiu atingir a fase adulta. Neste trabalho ao contrário dos que foram citados, independente do alimento

Amblydromalus sp. atinge a fase adulta em pouco dias.

A sobrevivência do predador nas fases de desenvolvimento larva, protoninfa, deutoninfa e adulto alimentoda com polén resultou em 93, 91, 90, 88% respectivamente. Quando alimentado com T. bastosi a sobrevivência foi 90, 76, 68, 56% respectivamente. E com P. latus 95, 91, 80, 76%. No estádio de protoninfa da dieta com T. bastosi apresentou sobrevivência de 76% em relação às dietas de pólen e P. latus que foram de 91%. Na fase de deutoninfa, a dieta de T. bastosi apresentou menor taxa (68%) em relação a pólen e a dieta P. latus que foram de 90 e 80% respectivamente. Na fase de ovo-adulto o tratamento T. bastosi apresentou baixa taxa de viabilidade 56%, seguidos de P. latus com 76%. Já o tratamento pólen apresentou maior viabilidade com 88%.

Essa menor taxa de sobrevivência do tratamento de T. bastosi, pode ser explicada pela falta de interesse do predador em relação à presa, pois ao longo da execução do experimento os ácaros não demostraram interesse pela presa.

Tabela 1. Duração média em dias dos estágios de desenvolvimento de Amblydromalus sp., a 25 ± 1°C e 70 ± 5% de UR com 12 horas de fótofase quando

alimentado com pólen de mamona, T. bastosi e P. latus.

Tratamentos

Fases de

desenvolvimento

Pólen de Ricinus communis T. bastosi

P. latus

*V n= 48 *V n= 34 *V n= 40 Ovo 93 0,84 ± 0,05a 90 0,97±0,078a 95 0,96±0,67a Larva 93 0,82±0,04a 90 0,96±0,67a 95 0,92±0,05a Protoninfa 91 1,66±0.07a 76 1,47±0,06b 91 0,80±0,03c Deutoninfa 90 1,60±0,08a 68 1,32±0,071b 80 1,34±0,07b Ovo-adulto 88 4,86±1,23a 56 4,73±1,22a 76 3,75±0,99a

*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey (P≤0,05).

*Viabilidade

O período de pré-oviposição, não houve diferença significativa entre os tratamentos, ao passo que quando Amblydromalus sp. foi alimentado com P. latus apresentou menor período de pré-oviposição (2,5 dias), e maior tempo para T. bastosi

cerca de 3,25 dias, seguido de pólen com 2,90 dias (Tabela 2). Vários autores ressaltam que ácaros predadores quando alimentados com pólen apresentam um período de pré-oviposição, variando entre 2,57 e 3,83 dias (Vasconcelos, 2006; Canlas et al. 2006; Marafelli, 2011; Pimentel, 2014).

Em se tratando do período de oviposição (Tabela 2), diferenças significativas foram constatadas apenas em relação a dieta com polén, a qual apresentou 35,87 dias de oviposição, ao passo que fêmeas alimentadas com P. latus ovipositaram 24,98 dias e a dieta com T. bastosi resultou em 23,98 dias de oviposição. Reis e Alves (1997) relataram valores bem menores de oviposição para Euseius alatus DeLeon (Acari: Phytoseiidae) alimentado com pólen de R. communis, em torno de 26,5 dias.

Alguns autores relatam que A. limonicus apesar de ser um ácaro de regiões temperadas, porém mesmo gênero do ácaro em estudo, apresentou alta taxa de oviposição quando alimentado com o ácaro do bronzeamento do tomate, Aculops

lycopersici (Massee) em discos de folhas de tomate. Assim, este predador não

conseguiu controlar a praga em plantas de tomateiro intactas, provavelmente porque a sua capacidade de movimento e procura foi negativamente afetada pelos tricomas glandulares nas folhas e caules das plantas (Park et al. 2010; Van Houten et al. 2010; Knapp, et al. 2013).

Já no controle de P. latus, a sobrevivência das fases imaturas e oviposição A.

limonicus foram muito baixos (McMurtry et al. 1984). Ácaros predadores deste gênero

constituem predadores facultativos os quais se alimentam de pólen de várias espécies plantas e diversos ácaros fitófagos. Assim, o tipo de alimento, condições do ambiente e espécie do predador influencia na taxa de oviposição. (McMurtry e Scriven, 1965; Swirski e Dorzia, 1968).

O período de pós-oviposição (Tabela 2) foi maior no tratamento pólen (5,30 dias) seguido de T. bastosi (4,87 dias) e P. latus (4,84 dias). A longevidade do tratamento pólen diferiu dos demais tratamentos, apresentando maior duração (44,87 dias). Os tratamentos P. latus e T. bastosi não diferiram entre si, ao passo que obtiveram médias de 32,32 e 32,10 dias respectivamente. Segundo Oliveira et al. (2009) essa maior longevidade do tratamento pólen é devido ao fornecimento de energia e faz com que o predador sobreviva por um longo período, mas essa sobrevivência não corresponde à maior taxa reprodutiva, assim como foi observado no estudo.

Tabela 2. Duração média em dias dos períodos de pré-oviposição, oviposição e

pós-oviposição e longevidade de Amblydromalus sp. a 25 ± 1°C e 70 ± 5% de UR com 12 horas de fotófase quando alimentado com pólen de mamona, T. bastosi e P. latus.

Fases do ciclo de vida no período adulto

Dieta alimentar de Amblydromalus sp. Pólen de R. communis T. bastosi P. latus

Média±EP Média±EP Média±EP

Pré-oviposição 2,90± 0,14a 3,25±0,21a 2,50±0,22a

Oviposição 35,87±0,92a 23,98±0,64b 24,98±0,45b

Pós-oviposição 5,30±0,26a 4,87±0,30a 4,84±0,19a

Longevidade 44,87± 1,23a 32,10±1,22b 32,32±1,22b

*Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si (Tukey; P > 0,05).

Apesar do tratamento P. latus ter apresentado um menor tempo no período de oviposição das fêmeas a média de ovos foi de 1,22 ovos/fêmea/dia maior em relação ao de pólen que teve maior tempo de oviposição, porém sua média de ovos foi menor de 1,07 ovos/fêmea/dia. Para T. bastosi foi de 0,76 ovos/fêmea/dia, porém não houve diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 3).

Reis e Alves (1997) em estudo com o ácaro predador E. alatus nas mesmas condições obtiveram uma média de ovos 1,4 para as fêmeas de E. alatus alimentadas com pólen de mamona, resultado próximo ao presente trabalho.

Tabela 3. Média do número de ovos de Amblydromalus sp. quando alimentado com pólen

de mamona, T. bastosi e P. latus, a 25 ± 1°C e 70 ± 5% de UR com 12 horas de fotofase (n= 40)

Dieta alimentar Número de ovos/fêmea/dia

Pólen 1,07ª

T. bastosi 0,76ª

P. latus 1,22ª

*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si (Tukey; P > 0,05).

A partir da tabela de vida de fertilidade verificou-se que a estimativa da capacidade de crescimento da população do predador (rm) alimentado com pólen, T.

bastosi e P. latus para uma produção diária de cerca de 0,18; 0,20; 0,18

fêmea/fêmea/dia respectivamente (Tabela 4). A taxa intrínseca de crescimento (rm) é o parâmetro mais importante da tabela de vida, pois define a capacidade de aumento de uma população crescendo em boas condições.

Resultados semelhantes foram observados no trabalho de Bellini, (2008)

Proprioseiopsis cannaensis alimentado com T. urticae o valor de rm foi de 0,20

fêmea/fêmea/dia. Pimentel, (2014) encontrou 0,19 fêmea/fêmea/dia, porém na temperatura de 26°C. Fouly, (1997) encontrou valores bem superiores quando

Eutetranychus orientalis Klein (Tetranychidae) e T. urticae foram oferecidas como

alimento para Proprioseiopsis asetus (Chant), sendo rm de 0,28 e 0,24, respectivamente. O que sugere que P. asetus possa ser promissora no controle daquelas espécies de tetraniquíedos.

Preverieri et al, (2006) obteve um valor para taxa intrínseca de crescimento populacional de N. californicus alimentado com pólen de azinheira, Quercus ilex L. (Fagaceae) significativamente alto (rm = 0,28), sugerindo que o pólen daquela planta possa ser utilizado satisfatoriamente para N. californicus.

A razão finita de aumento (λ) da população de Amblydromalus sp segundo os resultados foram de 1,20 para os tratamentos pólen e P. latus. Já para o tratamento T.

bastosi foi de 1,22. Desse modo, quanto maior for à razão finita de aumento, maior

será o crescimento diário da população. Entretanto, as condições de laboratório são consideradas ideais para a reprodução e desenvolvimento do predador. Em casa-de-vegetação e principalmente em campo, é de se esperar que o ácaro esteja sujeito a diversos fatores ecológicos que podem alterar sua capacidade reprodutiva e de desenvolvimento.

É importante salientar que a população de Amblydromalus sp. aumentaria cerca de 18,40; 19,17; e 15, 24 vezes quando alimentados com pólen, T. bastosi e P.

latus, respectivamente. Esses resultados representam o número médio de fêmeas

nascidas, ou seja, o número de vezes que a população aumenta a cada geração (taxa líquida de reprodução Ro). Neste contexto, Bosch et al. (1982) relatam que as taxas de natalidade e mortalidade de populações de insetos são determinadas por várias condições, como temperatura, quantidade e qualidade do alimento, umidade e fotoperíodo, haja vista que tais fatores governam as características biológicas de uma população sob condições controladas ou em níveis de campo.

A taxa de reprodução, sobrevivência e mortalidade estão dentro do potencial reprodutivo de uma espécie. Assim os valores obtidos de Ro podem determinar se uma população está crescendo, diminuindo ou permanecendo estável. Deste modo, valores de Ro menores que 1 indicam declínio populacional, porém, valores de Ro

maiores do que 1 e rm maiores do que zero indicam acréscimo populacional (Bellows et al.1992).

Segundo os dados dos três tratamentos, a população de Amblydromalus sp. demonstrou crescimento populacional, de modo que a duração média de uma geração (T) para todos os tratamentos foram 16,41 para pólen de R. communis, 14,74 para T. bastosi e 14,52 para P. latus. A população é estimada a dobrar (TD) a cada 3,85 dias para pólen de R. communis, 3,46 dias para T. bastosi e 3,70 dias para P.

latus. Esses parâmetros mostram que a população de Amblydromalus sp. aumentaria

com o tempo para todos os tratamentos.

Tabela 4. Parâmetros obtidos a partir das tabelas de vida de Amblydromalus sp

alimentado com pólen de R. communis, T. bastosi e P. latus.

Dieta Alimentar

Parâmetros populacionais de Amblydromalus sp Ro (fêmeas) T (dias) rm (fêmeas/fêmeas/dia) λ (fêmeas/dia) TD (dias) Pólen 18,40 16,41 0,18 1,20 3,85 T. bastosi 19,17 14,74 0,20 1,22 3,46 P. latus 15,24 14,52 0,18 1,20 3,70

No presente estudo foram observados a taxa de sobrevivência (lx) e fecundidade (mx) das fêmeas de Amblydromalus sp. em relação ao alimento oferecido. A taxa de sobrevivência para todos os tratamentos pólen, P. latus e T.

bastosi diminuiu com o aumento da idade das fêmeas representada nas figuras

(Figuras 2 e 3). O início da postura dos ovos aconteceu no segundo dia após o período de pré-oviposição, ao passo que o pico de oviposição das fêmeas ocorreu no décimo dia com total de 1,13 ovos por fêmea (Figura 2). No tratamento P. latus o período de pré-oviposição foi mais rápido, em torno de 2,5 dias, porém o pico foi de 9,5 dias de oviposição com cerca de 1,65 ovos/fêmea e oscilando conforme a idade das fêmeas. Já no tratamento T. bastosi, o número maior de ovos foi de 1,41 que ocorreu em 7,6 dias de oviposição (Figura 2). A sobrevivência durou em torno de um mês, para os tratamentos P. latus e T. bastosi para pólen foi maior em torno de 43 dias. Dessa forma contraditoriamente, maior taxa de oviposição diária e total foi obtida quando Amblydromalus sp. foi alimentado com P. latus. Como foi mencionado anteriormente essa duração da sobrevivência demonstra que a dieta somente à base

de pólen fornece energia o que confere maior período de vida, porém não garante maior taxa reprodutiva.

Figura 2. Fertilidade específica (mx) da fêmea de Amblydromalus sp. alimentado com pólen de mamona, P. latus e T. bastosi em relação a idade a 25 ± 1°C e 70 ± 5% de UR com 12 horas de fotofase

Figura 3. Sobrevivência (lx) da fêmea de Amblydromalus sp. alimentado pólen de mamona, P.

latus e T. bastosi em relação a idade a 25 ± 1°C e 70 ± 5% de UR com 12 horas de fotofase

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