• Nenhum resultado encontrado

7 CAPÍTULO 2

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

das diferenças entre as médias foi realizada através do programa Graphpad prisma 5.0. Foi utilizado um índice de significância estatística de 0,05 (p<0,05).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Sêmen in natura

A fração espermática do sêmen fresco dos 36 ejaculados analisados no experimento apresentou aspecto normal, coloração branco leitoso, volume médio de 249,4 ml e concentração média de 340,4 x 106 espermatozóides/ml. Tais características estão dentro da normalidade para a espécie suína (Corrêa et al.,2001). O sêmen fresco apresentou uma motilidade média de 90% ± 6,3 e vigor de 4,0 ± 0,6, com 10% de alterações totais.

3.2. Sêmen pós diluição

Uma tendência decrescente natural de vigor e motilidade foi observada em todos os tratamentos. Essa redução pode ser explicada em decorrência do crescimento bacteriano no meio diluente do sêmen (Zagorski et al., 1972 In: Toniolli et al., 2001). Os tratamentos T2, T3 e T4 foram os que melhor mantiveram o vigor espermático no D0 (2,4 ± 0,8; 2,5 ± 1,1 e 2,8 ± 0,9, respectivamente), não apresentando diferença significativa entre si. Nos demais dias não foi observado diferença significativa (p>0,05) entre todos os tratamentos analisados (Tabela 1).

Tabela 1: Vigor espermático do sêmen suíno após diluição em ACP-103® adicionado de diferentes concentrações de gema de ovo e conservado a 17 °C durante cinco dias.

Tratamentos Dias de conservação

D0 D1 D2 D3 D4 0% 0,9 ± 0,5a 0,4 ± 0,6a 0,0 0,0 0,0 1% 1,7 ± 0,8b 0,8 ± 0,8a 0,0 0,0 0,0 3% 2,4 ± 0,8c 1,0 ± 1,0a 0,1 ± 0,2a 0,0 0,0 5% 2,5 ± 1,1c 0,9 ± 1,0a 0,1 ± 0,5a 0,0 0,0 7% 2,8 ± 0,9c 1,1 ± 1,1a 0,1 ± 0,3a 0,0 0,0

a, b, c, letras diferentes na mesma coluna diferenças significativas (p<0,05)

Semelhante resultado ocorreu para a característica de porcentagem de células móveis. Os diluentes com concentrações de 3, 5 e 7% de gema de ovo se mostraram mais eficientes na manutenção da motilidade espermática do que os demais tratamentos, obtendo respectivamente 77% ± 15, 74% ± 23 e 81% ± 16 de células móveis no D0. No D1 os tratamentos T2, T3, T4 e T5 não apresentaram diferença significativa, mas foram superiores a T1. Nos demais dias de análise não foi observada diferença estatística entre os tratamentos (Tabela 2).

Os padrões aceitos para utilização de sêmen para a inseminação artificial após conservação determinam que ele apresente motilidade maior do que 60% (Bortolozzo et

al.,, 2005). Essas características foram observadas em todos os tratamentos no D0, com

exceção do tratamento 1 (sem ação da gema de ovo), o que demonstra a ação favorável da gema de ovo na manutenção da viabilidade espermática e a sua eficiência como componentes de diluentes. Informações sobre taxas de leitegada não foram analisadas neste estudo, mas são de fundamental importância para atestar a eficiência de diluentes acrescidos de gema de ovo para a conservação do sêmen suíno.

39 Tabela 2: Porcentagem de espermatozóides móveis do sêmen suíno após diluição em ACP-103® adicionado de diferentes concentrações de gema de ovo e conservado a 17 °C durante cinco dias.

Tratamentos Dias de conservação

D0 D1 D2 D3 D4 0% 36 ± 22a 13 ± 18a 1 ± 5,1a 0,0 0,0 1% 63 ± 27b 31 ± 30b 2 ± 7,3a 0,0 0,0 3% 77 ± 15b,c 31 ± 29b 2 ± 5,7a 0,0 0,0 5% 74 ± 23b,c 27 ± 32b 3 ± 13,0a 0,0 0,0 7% 81 ± 16c 28 ± 33b 2 ± 9,0a 0,0 0,0

a, b, c, letras diferentes na mesma coluna diferenças significativas (p<0,05)

Uma provável resposta à brusca redução das características de vigor e motilidade espermática é a presença de contaminação visualizada a partir de D1. Essa contaminação muito provavelmente ocorreu em virtude da presença da gema de ovo, já que ela foi visualizada em todos os tratamentos, com exceção do controle. Corrêa et al (2001) explicam que infecções bacterianas podem afetar a qualidade do sêmen ao produzir compostos espermicidas. Além disso, a presença de concentrações elevadas de bactérias no sêmen pode colocar em risco de contaminação as fêmeas inseminadas (Toniolli et al., 2001).

Para a análise de vitalidade o corante Azul de Bromofenol acabou por corar de forma diferenciada todas as células. Os espermatozóides vivos coraram em azul claro, já os que estavam mortos, permitiram a entrada do corante e se apresentavam com cor azul intenso, como mostrado na figura 3. Além disso, nos tratamentos que continham gema de ovo, a visualização era dificultada por esta acabar corando e formando grumos com os espermatozóides. Esta análise revelou não haver diferença estatística entre os tratamentos avaliados (tabela 3), mas como era esperado, foi observada uma queda da vitalidade com o decorrer dos dias, justamente em virtude do acúmulo de substâncias tóxicas ao espermatozóide. Segundo Fontenele et al. (2002) uma queda natural na porcentagem de células vivas é explicada por alterações de pH e osmolaridade do meio, já que com o decorrer do tempo, há o consumo do substrato energético e a produção de metabólitos.

Figura 1. Células espermáticas de suíno corados em Azul de Bromofenol, visualizados em microscópio óptico com aumento de 100x. (M = espermatozóide morto e V = espermatozóide vivo)

Foto por Ricardo Toniolli, 2007. V

M

40 Tabela 3. Análise da porcentagem de espermatozóides vivos (vitalidade) do sêmen suíno conservado a 17 °C no diluente ACP-103® adicionado de diferentes concentrações de gema de ovo.

Tratamentos Dias de Conservação

D0 D2 D4 0% 55 ± 36,7a 13 ± 14,5a 0,0 1% 39 ± 26,1a 17 ± 19,7a 0,0 3% 72 ± 18,7a 22 ± 18,2a 0,0 5% 70 ± 23,8a 28 ± 28,8a 0,0 7% 78 ± 21,7a 34,8 ± 32a 0,0

a, b, c, letras diferentes na mesma coluna diferenças significativas (p<0,05)

A análise de porcentagem de células normais não apresentou diferença significativa entre os tratamentos analisados (Tabela 4). Esses resultados demonstram que a gema de ovo não teve ação sobre a membrana da célula espermática do suíno. Fernádez-Santos et al., (2006) ao testarem as concentrações de 0,5 e 20% de gema de ovo na conservação dos espermatozóides provenientes do epidídimo de veados, observaram resultados semelhantes, não havendo diferença estatística entre as diferentes concentrações. Apesar da gema de ovo não interferir nos resultados de vitalidade e morfologia, sua análise é dificultada quanto maior for a sua concentração. Este dado também foi observado por Barbosa et al. (2007) ao comparar as concentrações de 5, 10 e 20% de gema de ovo adicionada ao diluente água de coco em pó (ACP–106) na criopreservação do sêmen canino.

Tabela 4. Análise de porcentagem de células morfologicamente normais do sêmen suíno conservado a 17 °C no diluente ACP-103® adicionado de diferentes concentrações de gema de ovo.

Tratamentos Dias de Conservação

D0 D2 D4 0% 58 ± 22,8a 48 ± 19,1a 48 ± 19,6a 1% 46 ± 24,8a 56 ± 23,3a 56 ± 21,7a 3% 49 ± 27,2a 57 ± 14,7a 57 ± 15,2a 5% 51 ± 23,8a 59 ± 22,2a 59 ± 23,9a 7% 53 ± 25,7a 62 ± 19,2a 62 ± 19,4a

a, b, c, letras diferentes na mesma coluna diferenças significativas (p<0,05)

Para as análises do teste hiposmótico, todos os tratamentos se mostraram eficientes em D0, já que foi obtido uma quantidade superior a 50% de células espermáticas com cauda enrolada. As avaliações de integridade de membrana não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos analisados (Tabela 5), mas foi observada uma queda dessa integridade com o decorrer dos dias.

Tabela 5. Análise de resistência osmótica do sêmen suíno conservado a 17 °C no diluente ACP-103® adicionado de diferentes concentrações de gema de ovo.

Tratamentos Dias de Conservação

D0 D2 D4 0% 53 ± 16,4a 39 ± 18,5a 25 ± 4,0a 1% 57 ± 14,8a 42 ± 17,2a 28 ± 3,2a 3% 57 ± 14,6a 38 ± 16,6a 32 ± 1,5a 5% 51 ± 13,3a 32 ± 14,4a 30 ± 3,1a 7% 54 ± 14,2a 33 ± 17,2a 34 ± 7,5a

41

4. CONCLUSÕES

Em conclusão, os resultados deste trabalho demonstraram que as concentrações de 3, 5 e 7% de gema de ovo adicionado ao diluente alternativo ACP-103® podem ser utilizadas como diluente eficiente para o sêmen suíno por manter a viabilidade espermática por até três horas após a diluição.

Documentos relacionados