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COMPACTAÇÃO DA BASE DO CECO EM UMA ÉGUA - RELATO DE CASO

3.2.3 Resultados e Discussão

realizada administrando via IV 60 ml/kg/hora, intercalando a administração entre ringer lactato, solução fisiológica e glicose.

Seis horas após a cirurgia a água foi liberada ao paciente, sendo a comida liberada após 10 horas na quantidade de 300g de feno úmido a cada duas horas. Ao quarto dia pós cirurgia o animal começou a defecar e apresentar motilidade normalizada do cólon maior e menor, e uma descarga cecal incompleta a cada 3 minutos. Também ao quarto dia a compressa de proteção foi retirada, visto que os pontos de pele apenas no oitavo dia. O animal teve alta no 17º dia após a internação.

O prognóstico para este caso é considerado favorável e após 90 dias o animal já poderá retornar a suas atividades de monta visto ao longo de 6 meses precisará de acompanhamento veterinário pois pode desenvolver hérnias incisionais.

3.2.3 Resultados e Discussão

O ceco é o órgão do segmento intestinal equino que faz a fermentação do alimento, realizando as transformações necessárias para o aproveitamento biológico das fibras, sendo que a contração da musculatura do ceco resulta na mistura da ingesta com os microrganismos celulolíticos (CÂMARA et al., 2008). As principais afecções que acometem este órgão são timpanismos, compactações, intussuscepção, acidose, torção e rupturas (MAIR et al., 2002).

De acordo com Plummer (2009) as compactações cecais representam 5% de todas as compactações do intestino grosso (e 40 a 55% de todas as doenças cecais) e são divididas em duas síndromes distintas, sendo a primeira resultante do acúmulo excessivo de ingesta seca, e a segunda que normalmente se desenvolve após procedimentos cirúrgicos não relacionados ao trato gastrointestinal que resultam em dor pós-operatória, sendo o caso relatado do paciente de origem primária. Mair et al. (2002) ressalta que não há predileção na raça ou até mesmo no sexo, porém que há acometimento desta enfermidade em maior número em equinos acima dos 15 anos de idade, sem etiologia identificada.

Mair et al. (2002), cita que a patogênese da compactação cecal é multifatorial e que causas especificas são desconhecidas, porém podem ter correlação com ingestão pobre de volumoso, problemas na dentição, diminuição na ingestão de água, infestação por parasitas e administração de drogas anti-inflamatórios não esteroidais, não tendo o caso relatado correlação com nenhuma possível causa destas.

33 Blikslager (2005) cita que os sinais clínicos da compactação cecal podem ser variáveis, entre eles: desconforto abdominal leve a moderado (com resposta analgésica eficiente, podendo ser mascarado), leve elevação da frequência cardíaca (40 a 50 bpm), os animais observam o flanco, podem deitar com maior frequência, discreto apetite, redução da motilidade gastrointestinal e fezes semi formadas. O paciente deste caso apresentou todos estes sinais clínicos descritos pelo autor, exceto deitar.

Ferreira et al. (2008) também cita que pacientes acometidos por compactações geralmente apresentam sinais vitais relativamente normais, incluindo exames complementares como o hematócrito e a proteína plasmática total, que podem estar levemente aumentadas se a compactação envolver o intestino delgado ou se a compactação estiver presente por um período superior a 24 horas.

Como diagnóstico definitivo das compactações cecais, Auer (2012) fala que a palpação retal seria a melhor escolha pois o segmento compactado pode ser facialmente palpado, porém os outros métodos de diagnósticos não devem ser descartados e são de enorme importância visto que o diagnóstico rápido e preciso são fundamentais para um prognóstico favorável. Apesar da palpação retal se destacar nestes casos, não foi possível diagnosticar, pois a compactação foi na base do ceco, diferente da maioria dos casos segundo Plummer (2009), que ocorrem no ápice ou corpo do ceco.

A primeira conduta foi a realização do tratamento clínico que consistiu na restrição alimentar, controle da dor, hiper-hidratação para melhorar a função cardiovascular e aumentar a quantidade de líquido no lúmen intestinal, fazendo com que a massa compacta amoleça e hidrate. Bermejo et al. (2008) diz que a maioria das compactações respondem bem ao tratamento clínico, porém Mair et al. (2002) fala que quando este tratamento tem insucesso a intervenção é cirúrgica para prevenir ruptura cecal, representando de 40 a 57% dos casos que necessitam intervenção cirúrgica.

Quanto as intervenções cirúrgicas possíveis nestes casos, Mair et al. (2002) destaca três opções sendo a tiflotomia, by-pass completo ou by-pass incompleto, sendo a escolha dependente da aparência do ceco na hora do procedimento, o tipo da compactação cecal e a possível razão para o desenvolvimento dessa patologia. No caso mencionado a tiflectomia foi possível e como técnica de escolha, não precisando de manobras como o by-pass, pelo ceco estar viável e também ao rápido encaminhamento à cirurgia.

34 O prognóstico segundo Laranjeira et al. (2008) é reservado devido a etiologia desconhecida da doença e o risco acentuado de perfuração espontânea em casos tratados clinicamente, sendo que neste caso em especial pela intervenção cirúrgica rápida e pós-operatório com evolução positiva o prognóstico foi favorável, podendo em 60 dias o animal retornar as suas atividades.

3.2.4 Conclusão

As cólicas por compactação cecal demandam muita atenção, pois possuem evolução silenciosa e rápida progressão para ruptura aguda do órgão, tendo ressaltado através deste relato a importância do diagnóstico rápido e terapêutica adequada para melhora do prognóstico.

Ao invés de insistir na terapia clínica correndo maiores riscos de ruptura cecal ou inviabilização do tecido epitelial fazendo com que houvesse necessidade de uma intervenção cirúrgica mais invasiva como o by-pass, a escolha pela intervenção cirúrgica, feita corretamente, no momento adequado permitiu a resolução satisfatória do caso. 3.2.5 Referências Bibliográficas

AUER, J. A. et al. Equine Sugery. 4. ed. St Louis: Elsevier, 2012

BERMEJO, Vanessa Justiniano; ZEFFERINO, Cláudia Garcia; JUNIOR; José Maria Fernandes; SILVÉRIO, Marianne Rodrigues; PRADO, Fabrício Rasi de Almeida. Abdômen Agudo Eqüino (Síndrome Cólica). Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Garça, ano VI, n. 10, jan. 2008.

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REED, Stephen M.; BAYLY, Warwick M. Medicina Interna Equina. Ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2000.

37 5. CONCLUSÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária oferece a vivência de situações reais da profissão dando a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos que foram adquiridos de forma teórico-prática ao longo da graduação assim como conhecer novas maneiras de trabalho e situações reais, desenvolvendo o senso crítico e trabalho em equipe.

A Eqüivet é um hospital veterinário de renome na região, tendo profissionais qualificados e experientes em seu corpo clínico que foram de extrema importância no meu crescimento profissional e pessoal, permitindo a minha vivência completa na rotina hospitalar equina e mostrando-me que a medicina veterinária demanda profissionais de qualidade e ética, estando em constante crescimento.

38 6. ANEXOS

ANEXO A – IMAGEM RADIOGRÁFICA DO MEMBRO ANTERIOR

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