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Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ Departamento de Estudos Agrários – DEAg

Curso de Medicina Veterinária

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Vitória Folgiarini Moraes

Ijuí, RS 2020

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2 Vitória Folgiarini Moraes

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirurgia de Equinos apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária.

Orientador: Professor Doutor Gustavo Toscan

Ijuí, RS 2020

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3 Vitória Folgiarini Moraes

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirurgia de Equinos apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária.

Aprovado em 09 de dezembro de 2020:

_______________________________________________ Gustavo Toscan, Dr. (UNIJUÍ)

(Orientador)

_______________________________________________ Denize da Rosa Fraga, Dr. (UNIJUÍ)

(Banca)

Ijuí, RS 2020

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4 DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família Folgiarini que sempre me apoiou e se dedicou ao meu sonho como se fosse deles, e principalmente dedico esse trabalho a três pessoas

essenciais na minha trajetória: minha avó Annelina, meu avô Lauro e em especial minha mãe, Rita, que lutou mais do que ninguém para que eu alcançasse o título de

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5 AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos os professores que fizeram parte da minha trajetória, me incentivando e passando seus conhecimentos que foram de suma importância. Agradecer principalmente a professora Roberta Pereira que foi quem me cativou e motivou minha ida ao mundo dos equinos, e com muito sucesso fez com que eu chegasse até aqui totalmente apaixonada pela medicina equina!

Ao Hospital Veterinário Eqüivet que me recebeu de braços abertos nessa fase final da minha graduação, em especial ao médico veterinário Paulo Leiria que abriu meus olhos para novos mundos e a médica veterinária Bruna Fernandes que me deu um dos maiores exemplos de como ser uma excelente profissional!

Ao meu pai que por mais que não aceite sempre minhas escolhas eu sei o quanto me ama e quer meu bem. Aos meus amigos, principalmente a Julia Wendt e Natália Bresolin, que estiveram sempre ao meu lado, me apoiando, me defendendo, me fazendo rir até nos piores momentos e torcendo por mim!

Ao meu orientador Gustavo Toscan que me acolheu maravilhosamente bem e fez meu passar pelo estágio final mais tranquilo e correto, sempre me tranquilizando, aconselhando, até mesmo nos finais de semana quando eu não parava de incomodar. O senhor foi essencial para o nascimento deste trabalho e um exemplo de profissional para mim!

A minha família Folgiarini, os meus “gringos”, cujo me apoiam em qualquer situação, concordando ou não, me amam incondicionalmente e fazem eu me sentir a pessoa mais especial do mundo mesmo quando o mundo está desabando em minha cabeça, não seria absolutamente nada sem vocês! Agradeço aos meus avós que infelizmente já faleceram, mas sempre estiveram comigo e nos deixaram essa família linda que temos tanto orgulho, eu amo vocês!

Por último e a mais importante: agradeço a minha mãe! Que abdicou de inúmeras coisas para me dar sempre o melhor e não deixar faltar nada, nunca soltou minha mão, me apoia em absolutamente tudo, nunca me deixou desistir e se hoje eu estou onde estou, concluindo uma das etapas mais especiais da minha vida, é por causa dela! Eu te amo incondicionalmente, esse diploma é nosso!

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6 RESUMO

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Clínica Médica e Cirúrgia de Equinos

Departamento de Estudos Agrários

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGIA DE

EQUINOS

AUTOR: Vitória Folgiarini Moraes ORIENTADOR: Prof. Dr. Gustavo Toscan

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Clínica Médica e Cirurgia de Equinos no Hospital Veterinário Eqüivet, localizado na cidade de Indaiatuba no estado de São Paulo, Brasil, do período de 03 de agosto de 2020 a 27 de agosto de 2020, totalizando 150 horas, sob supervisão da Médica Veterinária Maria Augusta Berlingieri e orientação do Professor Dr. Gustavo Toscan. A realização do estágio proporcionou o acompanhamento da rotina hospitalar de equinos, vivenciando atendimentos clínicos, cirurgias, diagnósticos por imagem e anestesiologia equina, também foi prestado auxílio nos procedimentos ambulatoriais e na internação. Neste trabalho serão apresentados as atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária em forma de tabelas e relatos de casos clínicos acompanhados neste período, sendo o primeiro: Fratura Basilar de Osso Sesamóide Proximal em uma Égua, e o segundo: Compactação da Base do Ceco em uma Égua.

Palavras-chaves: Fratura basilar, Osso Sesamóide Proximal, Artroscopia, Abdômen Agudo, Compactação, Base, Ceco, Cólica.

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7 ABSTRACT

Report of Supervised Curricular Intership at Clinic and Sugery Equine Department of Agrarian Studies

Northwestern Regional University of the State of Rio Grande do Sul

REPORT OF SUPERVISED CURRICULAR INTERNSHIP IN VETERINARY MEDICINE – MEDICAL CLINIC AND EQUINE SURGERY

AUTHOR: Vitória Folgiarini Moraes ADVISER: Teach. Dr. Gustavo Toscan

The Supervised Curricular Internship in Veterinary Medicine was carried out in the area of Clinical Medicine and Equine Surgery at the Hospital Veterinário Eqüivet, located in the city of Indaiatuba in the state of São Paulo, Brazil, from the period from August 3, 2020 to August 27, 2020 , totaling 150 hours, under the supervised by Dr. Veterinary Doctor Maria Augusta Berlingieri and guidance of teacher Dr. Gustavo Toscan. The performance of the internship provided monitoring of the equine hospital routine, experiencing clinical care, surgeries, imaging diagnoses and equine anesthesiology, assistance was also provided in ambulatory procedures and in hospitalization. In this work, the activities developed during the Supervised Curricular Internship in Veterinary Medicine and the report of clinical cases will be presented, the first being: Basilar Fracture of Proximal Sesamoid Bone in Mare, and the second: Compaction of the Base of Ceco in Mare.

Keywords: Fracture, Proximal Sesamoid Bone, Arthroscopy, Acute Abdomen, Compaction, Base, Cecum, Colic.

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8 LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atividades gerais acompanhadas e/ou realizadas durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020 ...13 Tabela 2 - Atividades ambulatoriais acompanhadas e/ou realizadas durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020 ...13 Tabela 3 - Exames complementares acompanhados e/ou encaminhados durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020 ...14 Tabela 4 - Diagnósticos dos diferentes sistemas, estabelecidos durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020 ...14 Tabela 5 - Encaminhamentos cirúrgicos acompanhados durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020 ...15

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9 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ECSMV Estágio Curricular em Medicina Veterinária DP Dorso-palmar

LM Látero-medial

LMF Látero-medial flexionada LMO Látero-medial oblíqua MLO Medial-lateral oblíqua MO Medial oblíqua

LO Lateral oblíqua

DAD Doença Articular Degenerativa LSD Ligamento Suspensor do Boleto OSP Ossos Sesamóides Proximais PSC Puro Sangue de Corrida MAE Membro Anterior Esquerdo IV Intravenosa

VO Via Oral

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10 SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...11

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...13

3. RELATO DE CASO 1 ...16

3.1 FRATURA BASILAR DE OSSO SESAMÓIDE PROXIMAL EM UMA ÉGUA - RELATO DE CASO ...16

3.1.1 Introdução ...16 3.1.2 Metodologia ...18 3.1.3 Resultados e Discussão ...21 3.1.4 Conclusão ...23 3.1.5 Referências bibliográficas ...24 4. RELATO DE CASO 2 ...27

4.1 COMPACTAÇÃO DA BASE DO CECO EM UMA ÉGUA – RELATO DE CASO ...27 4.1.1 Introdução ...27 4.1.2 Metodologia ...28 4.1.3 Resultados e Discussão ...32 4.1.4 Conclusão ...34 4.1.5 Referências bibliográficas ...34 5. CONCLUSÃO ...37 6. ANEXOS ...38

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11 1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária (ECSMV) foi realizado no Hospital Veterinário Eqüivet no período de 03 de agosto de 2020 à 27 de agosto de 2020, tendo carga horária de 150 horas e sob supervisão interna da Médica Veterinária Maria Augusta Berlingieri e orientado pelo Professor Doutor Gustavo Toscan.

Localizado na cidade de Indaiatuba no estado de São Paulo, o Hospital Veterinário Eqüivet é referência na área hospitalar equina, oferecendo serviços de clínica médica, cirurgias, diagnóstico por imagem e anestesiologia equina, 24 horas por dia, em atendimentos a campo e na sede do hospital. Fundado em 2013, possui em seu corpo clínico: 5 médicos veterinários sendo um cirurgião, uma anestesista e três residentes.

A escolha por realizá-lo neste local deu-se pela estrutura completa que o mesmo possui, sendo referência na região na área de clínica médica e cirúrgica equina e também o interesse por desbravar novos horizontes e conhecer novas maneiras de trabalho e outras realidades além da vivida no estado do Rio Grande do Sul.

A Eqüivet possui uma área de desembarque, recepção para os clientes, sala de espera, dois blocos cirúrgicos, sendo um composto por cinco salas subjacentes: lavatório, sala de materiais, sala de indução, sala de recuperação e a sala cirúrgica. Este bloco é destinado as cirurgias grandes e dependentes de anestesia geral. O segundo bloco cirúrgico é destinado a procedimentos mais simples em estação. Possui também um laboratório terceirizado, em anexo ao hospital, que também funciona 24 horas.

Na parte posterior da estrutura havia dois alojamentos (para estagiários e residentes), uma farmácia e a área de internação que contém 15 cocheiras, sendo duas com piso de borracha que são utilizadas para animais no pós-operatório, com diarreia, lacerações ou até mesmo eutanásias. A Eqüivet possui também seis piquetes para os animais internados.

Com objetivo de proporcionar pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo de toda a graduação, o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária (ECSMV) teve importância significativa encerrando um grande ciclo de forma teórico-prática onde se vivenciou situações reais da profissão, ensinando também a trabalhar em equipe e ter raciocínio critico perante decisões que futuramente serão de minha responsabilidade.

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12 O ECSMV teve carga horária de 150 horas e foi realizado no período de 03 de agosto de 2020 à 27 de agosto de 2020 sob supervisão interna da Médica Veterinária Maria Augusta Berlingieri e orientado pelo Professor Doutor Gustavo Toscan. É importante ressaltar que a escolha por realizá-lo neste local deu-se pela estrutura completa que o mesmo possui, sendo referência na região na área de clínica médica e cirúrgica equina e também o interesse por desbravar novos horizontes e conhecer novas maneiras de trabalho e outras realidades além da vivida no estado do Rio Grande do Sul.

As atividades realizadas foram exames clínicos e auxílio dos residentes na administração dos medicamentos em pacientes internados e realização de fluidoterapia, quando necessário. Já no setor ambulatorial foram realizados procedimentos para os atendimentos, como por exemplo acesso venoso, abdominocentese e contenção dos animais.

Na preparação do paciente para a indução anestésica, as tarefas foram a realização de tricotomia, escovação do paciente e limpeza dos cascos e boca. Dentro do bloco cirúrgico a sepsia, proteção dos cascos, preparação da mesa cirúrgica e auxílio na preparação do cirurgião e auxiliar. Ao final do procedimento o animal era levado para a sala de recuperação e a limpeza do bloco e dos materiais era realizada pelos estagiários e residentes.

Neste trabalho serão apresentadas as atividades desenvolvidas e acompanhadas durante o estágio e dois relatos de caso, sendo o primeiro Fratura basilar do osso sesamóide proximal em uma égua e o segundo Compactação da base do ceco em uma égua.

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13 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas durante o ECSMV serão apresentadas resumidamente na tabela 1, e detalhadamente nas tabelas 2, 3, 4 e 5.

Tabela 1 - Atividades gerais acompanhadas e/ou realizadas durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020. Atividade Nº de atividades % Atividades ambulatoriais 539 54,5 Exames complementares 442 44,7 Procedimentos cirúrgicos 8 0,8 Total 989 100

Tabela 2 - Atividades ambulatoriais acompanhadas e/ou realizadas durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020.

Atividade Nº de atividades %

Administração de medicamentos 117 21,7

Coleta de sangue para hematócrito 102 18,9

Coleta de sangue para exames laboratoriais 72 13,3

Colocação de bandagem 40 7,4

Coleta de sangue para exames de mormo e AIE* 36 6,7

Atendimentos externos 33 6,1

Sondagem nasogástrica 32 5,9

Tricotomia 22 4,1

Acesso venoso 17 3,1

Retirada de acesso venoso 14 2,6

Palpação retal 14 2,6

Coleta de líquido peritoneal 9 1,7

Diálise 8 1,5

Aspiração de pneumotórax 8 1,5

Ozônioterapia 5 0,9

Eutanásias 4 0,7

Infiltrações articulares com Ácido Hialurônico 3 0,6

Remoção de pontos 2 0,4

Coleta de líquor para pesquisa de MEP** 1 0,2

Total 539 100

*Anemia Infecciosa Equina

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14 Tabela 3 - Exames complementares acompanhados e/ou encaminhados durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020.

Exame Nº de exames %

Pressão arterial não invasiva 145 32,8

Hematócrito 102 23,1

Exames de mormo e AIE* 60 13,6

Ultrassonografia de membros 16 3,6 Ultrassonografia abdominal 15 3,4 Glicemia 14 3,2 Radiografia de membros 14 3,2 Hemograma 12 2,7 Bioquímico 12 2,7 Lactato venoso 12 2,7 Lactato peritoneal 12 2,7

Análise de líquido peritoneal 9 2,0

Esfregaço sanguíneo para pesquisa de Babesia caballi e Theileria equi

7 1,6

Gasometria 4 0,9

Endoscopia 2 0,4

Radiografia torácica 2 0,4

Urinálise 1 0,2

Exame para pesquisa de MEP** 1 0,2

Colonoscopia 1 0,2

Laparoscopia 1 0,2

Total 442 100

*Anemia Infecciosa Equina

** Mieloencefalite Equina por Protozoário

Tabela 4 - Diagnósticos dos diferentes sistemas, estabelecidos durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020.

Diagnóstico Nº de casos %

Dilatação gástrica 5 14,3

Diagnóstico de piroplasmose 4 11,4

Compactação de ceco 3 8,6

Desmite do ligamento suspensor do boleto 3 8,6

Laminite crônica 3 8,6

Hipertrofia muscular do íleo 2 5,7

Fratura da base do sesamóide proximal 2 5,7

Doença articular degenerativa 2 5,7

Flebite 2 5,7

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15 Laceração de reto 1 2,9 Abcesso apical 1 2,9 Pneumotórax 1 2,9 Enterocolite 1 2,9 Laceração de córnea 1 2,9

Fístula intramuscular no pescoço 1 2,9

Peritonite inflamatória 1 2,9

Laceração articular 1 2,9

Total 35 100

Tabela 5 - Encaminhamentos cirúrgicos acompanhados durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Veterinário EQÜIVET, no período de 03/08/2020 a 27/08/2020.

Encaminhamento cirúrgico Nº de casos %

Laparotomia exploratória 4 50

Retirada de abcesso caseoso muscular localizado no pescoço

1 12,5

Artroscopia 1 12,5

Correção de laceração de córnea 1 12,5

Extração odontológica 1 12,5

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16 3 RELATO DE CASO 1

3.1 FRATURA BASILAR DO OSSO SESAMÓIDE PROXIMAL EM UMA ÉGUA – RELATO DE CASO

Vitória Folgiarini Moraes, Gustavo Toscan

3.1.1 Introdução

A perda de performance é um grave problema em cavalos de competição e isto pode estar associado em decorrência de patologias dos sistemas cardiovasculares, nervosos ou endócrinos, respiratório, a uma termorregulação inadequada ou, ainda, devido a dor de origem musculoesquelética resultando, em claudicação (DIAS et al., 2008).

A claudicação é um indicador de distúrbio estrutural ou funcional de um ou mais membros locomotores, ou ainda, do dorso e evidente enquanto o equino está em estação ou em movimento (STASHAK, 2006). Esta manifestação, pode ser causada por traumas, anomalias congênitas ou adquiridas, infecção, distúrbios metabólicos, alterações circulatórias e nervosas e/ou qualquer combinação dessas (STASHAK, 2006).

Uma das causas mais comuns de claudicação em equinos são as fraturas, que se baseiam na perda da continuidade estrutural óssea e consequentemente, na sua função que é impedida em algum grau, dependendo do tipo de fratura e osso afetado (AUER et al., 2012). Algumas atividades específicas também interferem na ocorrência de fraturas em equinos, sendo as mais comuns a apartação do gado, corridas, provas de laço, de resistência, tambor, baliza e rédeas (BERTONE, 2014).

Entre as regiões mais comumente afetadas, temos a do boleto, que se baseia nas estruturas ao redor da articulação metacarpofalangiana (BERTONE, 2014). A sustentação do boleto e a estabilização durante a locomoção são feitas pelo seu aparelho suspensor que inclui o ligamento suspensor (músculo interósseo médio) e seus ramos extensores para o tendão extensor digital comum e os ligamentos sesamóides distais, que se estendem das bases dos ossos sesamóides proximais distais às falanges proximal e média (STASHAK, 2006).

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17 Fraturas dos Ossos Sesamóides Proximais (OSP) ocorrem com determinada frequência e a gravidade dependerá sempre da posição da fratura e o grau de acometimento dos tecidos moles adjacentes, sendo que em sua maioria estão associadas com fraturas do terceiro metacarpiano e falange proximal, não devendo ser negligenciadas (BUTLER et al., 2017). Essa patologia tem alta incidência em equinos submetidos ao estresse de modalidades esportivas em que se atingem altas velocidades, como ocorre em cavalos de corrida (PYLES et al., 2007).

Fraturas no OSP dividem-se em apical, medial, abaxial, transversa e basilar, tendo possibilidade de atingir a articulação metacarpofalangiana também (STASHAK, 2006). O acometimento da fratura na região apical é de maior ocorrência, principalmente em animais com dois a três anos de idade (NETO, 2019). Já as basilares são menos comuns, sendo mais vistas em equinos da raça Puro Sangue de Corrida podendo ainda ser articulares pequenas, transversas ou não articulares (NETO, 2019).

Os sinais clínicos se baseiam em efusão, aumento de temperatura e dor acentuada na região, fazendo com que o equino fique relutante em sustentar o peso no membro e não permitir que o boleto desça para uma posição normal durante essa sustentação (STASHAK, 2006). A desmite do ligamento suspensor e dos ligamentos distais podem ocorrer juntamente com os sesamóides fraturados (STASHAK, 2006).

O exame radiográfico é o principal e a mais importante forma de diagnóstico já que nos permite a visualização de todas as estruturas ósseas e suas atuais condições (O’BRIEN, 2007). A radiografia associada ao acompanhamento das alterações físicas, trará o tratamento adequado e o prognóstico mais verídico (O’BRIEN, 2007). As projeções de rotina para a avaliação do boleto são a dorso-palmar (DP), látero-medial (LM), látero-medial flexionada (LMF), medial oblíqua (MO) e lateral oblíqua (LO) (BUTLER et al., 2017).

Para o tratamento de lesões ósseas dos sesamóides proximais as opções variam de acordo com a característica da fratura e qual a utilização do animal fraturado, sendo elas: repouso em baia, aplicação de gesso, excisão cirúrgica, artroscopia, fixação com parafusos lag, amarração circunferencial e enxerto ósseo (STASHAK, 2002).

O prognóstico do animal dependerá da região fraturada, sendo que fraturas apicais tem prognóstico excelente e abaxiais favoráveis, entretanto, as fraturas basilares e do meio do corpo possuem prognóstico reservado, com 50% de chance ao retorno de suas

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18 atividades (STASHAK, 2006). Apesar disto, em todos os casos o prognóstico só poderá ser feito após avaliação radiográfica detalhada da articulação metacarpofalangiana em busca de doença articular degenerativa (DAD) e avaliação do ligamento suspensor devido à possível desmite, que são possíveis consequências deste tipo de fratura (STASHAK, 2006).

As desmites dos ramos lateral e/ou medial do Ligamento Suspensor do Boleto (LSB) em membros anteriores e posteriores são de ocorrência relativamente comum nos cavalos atletas, e quando ocorrem concomitantemente a fraturas dos OSP, são devido as forças internas como a hiperflexão da articulação metacarpo/metatarso-falangeana (BERLINGIERI, 2020).

A DAD se caracteriza pela deterioração progressiva da cartilagem articular acompanhada de alterações no osso e nos tecidos moles da articulação (STASHAK, 2006). Trauma decorrente de uso se tornou um dos principais conceitos etiológicos para a causa da DAD, o que justifica o seu aparecimento após a fratura dos OSP (STASHAK, 2006).

Este trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico de uma égua da raça Puro Sangue de Corrida, atendida no hospital veterinário Eqüivet na cidade de Indaiatuba/SP durante o ECSMV, que foi diagnosticada com fratura basilar do sesamóide proximal e teve como consequência a desmite do ligamento suspensor e doença articular degenerativa.

3.1.2 Metodologia

Durante a realização do ECSMV, foi atendida no hospital veterinário Eqüivet uma égua da raça Puro Sangue de Corrida (PSC) com 9 anos de idade e pesando 480 kg. A paciente era utilizada para jogos de pólo e apresentava claudicação grau 4 (Na escala de 0 à 5 pela Associação Americana das Práticas Equinas) e efusão na região do boleto no membro anterior esquerdo (MAE), não sendo relatado pelo proprietário quando esta condição havia começado.

No exame clínico geral, o animal apresentou frequência cardíaca de 52 batimentos por minuto, frequência respiratória de 12 movimentos por minuto, temperatura retal de 37.5º e tempo de perfusão capilar de 2 segundos. Na palpação do MAE a égua apresentou dor, sendo que o membro estava com temperatura elevada à palpação, edemaciado e com aumento de volume do ligamento suspensório do boleto.

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19 O primeiro exame complementar a ser realizado foi a ultrassonografia dos dois membros anteriores, em especial o esquerdo, utilizando a frequência de 7,5MHz e o transdutor linear com espaçador de silicone. Pode se observar no MAE o espessamento de ambos os ramos, formato mais ovalado que o normal e alguns pontos hipoecóicos desde o terço distal do ligamento suspensor do boleto até a divisão dos ramos onde o ramo medial apresentou mais pontos hipoecóicos que o lateral.

Na radiografia foram realizadas várias projeções sendo que a primeira e foi a dorsopalmar (DP) que confirmou a desmite do terço distal do ligamento suspensor do boleto nos ramos medial e lateral e insinuou haver uma fratura no osso sesamóide proximal medial. Na projeção lateromedial oblíqua (LMO) e medial-lateral oblíqua (MLO) pôde ser identificada uma fratura basilar do sesamóide proximal medial, e também pôde-se observar degeneração palmar da cápsula articular metacarpofalangiana.

Havendo o diagnóstico de fratura basilar do OSP concomitante com a desmite do ligamento suspensor do boleto e sesamóide distal, ainda progredindo para a osteoartrite da articulação do boleto, foi necessário estabelecer um protocolo terapêutico, oferecendo o maior conforto ao animal e tentativa de resolução das três patologias diagnosticadas.

A primeira opção neste caso, foi corrigir a patologia que provavelmente deu origem as outras duas: a fratura basilar do osso sesamóide proximal no MAE. O tratamento de eleição para esta condição, foi a remoção do fragmento via artroscopia que foi realizado no dia seguinte ao diagnóstico.

Para a preparação da paciente para o procedimento foi realizada a colocação de cateter venoso número 16 na veia jugular direita, tricotomia da região do boleto do MAE, lavagem oral e dos cascos, sendo então encaminhada para a sala de indução anestésica. Como medicação pré-anestésica (MPA) foi utilizada cloridrato de xilazina na dose de 1,0 mg/kg (Equisedan®) na via intravenosa (IV), e após 10 minutos foi administrado em infusão IV rápida éter gliceril guaiacol na dose de 100 mg/kg (EGG PPU®) como indutor anestésico.

Com o animal em decúbito dorsal e já entubado, o mesmo foi posicionado na mesa cirúrgica com a ajuda de uma talha elétrica. Na sequência foi terminada a montagem da mesa cirúrgica, protegido os cascos e fixado o membro anterior esquerdo em posição flexionada. Foi realizada a antissepsia da região do boleto com clorexidina 2%

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20 degermante (Riohex 2%®) seguida da limpeza com álcool líquido 70º, repetindo o processo três vezes.

O paciente foi colocado na inalação de isoflurano a 1,55% CAM para manutenção da anestesia geral, infusão contínua de ringer lactato via IV aquecida a aproximadamente 30ºC e também de sulfato de gentamicina na dose de 2 mg/kg (Gentopen®) diluída em 1 litro de ringer lactato também aquecida a 30ºC.

O animal foi preparado para o procedimento, colocado os campos cirúrgicos sob o MAE e corpo do animal e realizada uma incisão de aproximadamente 1cm com uma lâmina de bisturi 11 na região proximal da porção palmar da articulação metacarpofalangiana. Com solução ringer lactato a 30ºC foi feita a distensão articular e introduzido o artroscópio (5,5 mm) nesta mesma incisão, onde acoplou-se o equipo com a mesma solução, para continuar a distensão articular com maior facilidade.

A incisão para os instrumentais foi feita na região abaixo da base do osso sesamóide proximal, sendo primeiramente inserido uma agulha 40x1,2 mm para identificação da fratura. Com um raspador curvado de 6 mm foi possível separar o fragmento ósseo que já continha bastante fibrina, tornando difícil sua retirada.

Posteriormente, com uma pinça de apreensão com cremalheira foi retirado o fragmento ósseo e o excesso de fibrina. Os locais das incisões foram suturadas com fio de poliglactina 910 na numeração 2.0 (Vicryl®) e uma bandagem de compressão com algodão e atadura elástica (Höppner®) foi realizada no membro.

O paciente foi desentubado e encaminhado para a sala de recuperação com a ajuda da talha elétrica, onde foi protegido com ligas o restante dos seus membros para evitar possíveis traumas ao se levantar. No pós-operatório foi administrado fenilbutazona (Fenilvet®) via IV na dose de 4,4 mg/kg diluído em 1 litro de ringer lactato 2 vezes ao dia por 4 dias, sendo que no 5º dia a dosagem foi diminuída para 2,2 mg/kg e administrado via oral (VO) (manipulado DrogaVet®) 2 vezes ao dia, por mais 5 dias.

Também foi administrado ceftiofur (Minoxel 8G®) na dose 1mg/kg diluído em 1 litro de ringer lactato via IV 1 vez ao dia por 3 dias, meloxicam VO (Meloxicam Equinos Gel®) na dose de 0,6 mg/kg 1 vez ao dia por 7 dias e omeprazol VO (manipulado DrogaVet®) 2 mg/kg 1 vez ao dia até o dia da sua alta.

A bandagem no MAE foi feita a cada dois dias e no décimo dia pós a cirurgia foi realizada a infiltração da articulação metacarpofalangiana com ácido hialurônico

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21 (CrystalVisc®) para tratamento da DAD. Foi recomendado também repouso por, no mínimo, 3 meses, tendo o animal permanecido internado por 18 dias. O prognóstico quanto ao retorno de suas atividades é desfavorável devido as sequelas causadas em sua articulação pela DAD, e recomendado a égua para a vida reprodutiva.

3.1.3 Resultados e discussão

Segundo Stashak (2006), as fraturas dos ossos sesamóides proximais são comuns, principalmente nos cavalos de corrida Standarbread Americano, Puro Sangue de Corrida (PSC) e Quarto de Milha (QM), sendo que são mais comumente afetados os membros anteriores nas raças PSC e QM. No caso descrito o animal era da raça PSC.

Stashak (2006) descreve que estas fraturas ocorrem devido a fadiga dos músculos flexores digitais e do ligamento suspensor após a extrema extensão do boleto causada pela corrida, fazendo com que haja uma sobrecarga nos ossos sesamóides proximais. Este mesmo autor ressalta que fatores como condicionamento ruim, cuidados errôneos com o casco, colocação inadequada de ferraduras e má conformação podem contribuir para uma maior tensão e estresse a esses ossos.

Neste caso trata-se de uma fratura basilar articular do OSP medial e, de acordo com Auer (2012), as fraturas de OSP podem ser divididas de seis modos: apical, intermedia, basilar, abaxial, sagital e cominutiva (podendo também decorrer de fraturas por avulsão) articular ou não articular (TORRE E MOTTA, 1999). Hubert (2001) cita que fraturas basilares representariam apenas 6% das fraturas dos OSP, tendo origem pela pressão excessiva dos ligamentos suspensores e sesamoideos, sendo que grande maioria é articular e afeta o sesamóide medial.

Os sinais clínicos geralmente incluem diferentes graus de claudicações, dor a palpação, ausência de apoio na face palmar/plantar do membro para alívio da pressão, aumento de temperatura e efusão na articulação metacarpo/metatarsofalangiana. Stashak (2006) menciona que a desmite do ligamento suspensor e dos ligamentos sesamóides distais podem ocorrer concomitantemente com as fraturas, além disso, descreve o risco de desenvolvimento de doença articular degenerativa devido as injúrias sofridas pela fratura.

Para diagnosticar as fraturas de OSP é necessário a realização do exame clínico de forma minuciosa e se necessário executar bloqueios anestésicos, contudo só teremos o diagnóstico definitivo após efetuar a radiografia do membro afetado (BUTLER, 2017).

(22)

22 De acordo com O’Brien (2007) as projeções de rotina para a região do boleto são: dorso-palmar, látero-medial, látero-medial flexionada, oblíquas e dependendo da região fraturada, uma projeção “skyline”. No caso relatado, para confirmação das lesões ósseas, foram realizadas as projeções LM, Dorsoproximal30º - Palmarodistal oblíqua e DP.

O animal apresentou, além da fratura, duas outras patologias: a DAD e a desmite do ligamento suspensor do boleto e sesamóide distal no MAE. Por esta razão, Dyson (2007) diz que fraturas dos ossos sesamóides proximais devem ser analisadas com cautela, principalmente as fraturas articulares em decorrência do risco de doença articular degenerativa (DAD) e da desmite do ligamento suspensor do boleto, ligamento anular, ligamentos sesamóides distal e ligamento intersesamóide ser comum quando ocorre este tipo de patologia.

O ultrassom nestes casos é de extrema importância assim como o raio-x segundo Torre e Motta (1999), pois permite uma avaliação da silhueta óssea e principalmente dos ligamentos suspensórios e sesamoideos distais. Stashak (2006) relata que nos casos de desmite aguda é possível visualizar o aumento difuso do tamanho do ligamento, rompimento de fibras, líquido periligamentoso ao redor do ligamento, já nos casos crônicos é possível visualizar áreas hiperecóicas compatíveis com formação de tecido cicatricial, margens menos distintas e calcificação distrófica, como identificado no caso descrito.

Há inúmeras alternativas como tratamento para as fraturas de OSP, porém é necessário ressaltar que independentemente do método utilizado a cicatrização dos sesamóides ocorre lentamente devido a uma limitada cobertura periosteal e várias inserções ligamentosas que podem ocasionar deslocamento e movimentação (STASHAK, 2006). Essas alternativas são divididas em métodos conservativos e cirúrgicos. Como método conservativo, teríamos o repouso em cocheira e a colocação de gesso e talas para estabilização da articulação e do OSP (por 3 a 4 meses). Cirurgicamente as opções seriam a realização de excisão cirúrgica, artroscopia, fixação com parafusos lag, amarração circunferencial e enxerto ósseo (STASHAK, 2006).

Dentre as opções existentes, a artroscopia elegeu-se como a melhor escolha neste caso, pois o procedimento é menos invasivo, a recuperação é mais rápida, sem envolvimento dos ligamentos ao redor dos ossos sesamóides proximais (que já estariam comprometidos devido a desmite) e oferece maiores chances de retorno do animal a atividade atlética, com menor risco de doença articular degenerativa. McIlwraith (2015)

(23)

23 destaca que as fraturas passiveis de remoção por meio desta técnica são as que ocorrem nas margens apicais, abaxial e basal destes ossos, e ainda cita que fraturas basilares não articulares não necessitam de remoção cirúrgica.

Hubert (2001) descreve que o prognóstico para este tipo de fratura é reservado, sendo que 50% dos cavalos retornam as suas atividades. Fraturas de OSP como neste caso, é necessário observar a condição individual de cada lesão, pois frequentemente os animais desenvolvem DAD como consequência dessas fraturas.

MacIlwraith (2006) determina a DAD como uma causa de deterioração progressiva da cartilagem articular acompanhando alterações no osso e nos tecidos moles que circundam a articulação, em decorrência da alteração do líquido sinovial que é responsável pelo amortecimento da cartilagem articular durante a movimentação. Um dos componentes fundamentais tanto na cartilagem quando no líquido sinovial é o Ácido Hialurônico (AH), ou também conhecido como Hialuronato de Sódio.

A administração exógena via intra-articular de AH nos casos de DAD resulta na suplementação de ações de depleção ou despolimerização AH endógeno, ou ainda incluindo modulação do aumento de síntese desta substância endógena, segundo ainda o mesmo autor MacIlwraith (2006). O prognóstico nessas situações, ondem incluem a aplicação de AH, irá depender do grau de acometimento dos tecidos adjacentes a articulação.

De qualquer modo, no caso em questão, o prognóstico foi desfavorável pelas consequências e demora no atendimento inicial da fratura. É importante destacar o diagnóstico precoce nestes casos, evitando o agravamento e surgimento de novas patologias como a desmite e a DAD, que podem ser determinantes para encerramento precoce da atividade atlética nos animais acometidos, como ocorreu neste caso.

3.1.4 Conclusão

Através deste relato reforçou-se a importância da busca pelo diagnóstico precoce para determinar o melhor prognóstico para fraturas de OSP. Consequências como a DAD e a desmite podem determinar o prognóstico desfavorável e acarretar prejuízos não só aos animais, como prejuízos econômicos aos proprietários.

Exames complementares foram de suma importância para identificar as lesões e escolher a melhor conduta terapêutica para este caso. A artroscopia foi a melhor escolha

(24)

24 por ser minimamente invasiva, não causar mais danos aos ligamentos envolvidos e pela rápida recuperação quando associada ao repouso.

3.1.5 Referências Bibliográficas

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(25)

25 McILWRAITH, C. Wayne. Doenças das articulações, tendões, ligamentos e estruturas relacionadas. In: STASHAK, T. S. Claudicação em Equinos segundo Adams. São Paulo: Roca, p.351-502, 1994.

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(26)

26 SCHAEDLER, D. G. Relatório de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária: Artroscopia para Remoção de Fratura na Borda Distal do Osso Rádio em um Equino da Raça Puro Sangue Inglês. Orientador: Felipe Libardoni. 2017. 45 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Medicina Veterinária) - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí/RS, 2017. Disponível em: https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/bitstream/handle/123456789/4582/Daniel %20Gustavo%20Schaedler.pdf?sequence=1. Acesso em: 9 set. 2020.

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(27)

27 3.2 RELATO DE CASO 2

COMPACTAÇÃO DA BASE DO CECO EM UMA ÉGUA - RELATO DE CASO

Vitória Folgiarini Moraes, Gustavo Toscan

3.2.1 Introdução

A síndrome cólica, ou abdômen agudo, é a principal afecção que afeta os equinos e consiste em um grupo de desordens manifestadas por sinais clínicos de dor adominal (FERREIRA, 2009). Esta enfermidade está relacionada as peculiaridades anatômicas no aparelho digestório dos equinos, que acabam predispondo a alterações morfológicos graves (GODOY & TEIXERA NETO, 2007).

Alguns fatores fisiológicos como a incapacidade de vomitar, mesentério muito desenvolvido, grande diâmetro do cólon maior e várias curvaturas são algumas causas que tornam os equinos favoráveis a compactações (BERMEJO et al., 2008). Mudanças alimentares, dietas ricas em concentrado, restrição na ingestão de água, controle parasitário deficiente e problemas relacionados ao manejo também podem determinar a síndrome cólica (SANTOS et al., 2017).

Os equinos acometidos apresentam sinais como: deitar e levantar, jogar-se ao chão, rolar, olhar constantemente para o flanco, escavar, dificuldade de locomoção, mordidas e coices no abdômen e sudorese (DIAS et al., 2013). Essas dores ainda podem ser graduadas em três graus: discreta, moderada ou intensa (MELO, 2007).

Para estabelecer o diagnóstico com maior precisão é necessário a realização de um exame clínico e físico detalhado, que irá determinar a gravidade da cólica e a necessidade de intervenção cirúrgica (MAIR et al., 2002). O exame clínico realizado em animais com abdômen agudo deve observar a frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), temperatura retal, avaliar a coloração das mucosas, tempo de preenchimento capilar (TPC), grau de desidratação, auscultação abdominal e torácica (FRANCELLINO et al., 2015).

Exames complementares como hemograma, hematócrito, bioquímica sérica, abdominocentese, palpação retal, ultrassonografia abdominal, gasometria, pressão arterial não invasiva, glicemia, lactato venoso e, principalmente a sondagem nasogástrica

(28)

28 (MAIR et al., 2002). A sondagem seguida da lavagem gástrica pode ser também adotada como um método terapêutico (MAIR et al., 2002).

As origens do abdômen agudo podem ser referentes ao timpanismo, inflamações, infartos não estrangulantes e as mais comuns: obstruções estrangulantes ou simples, essa geralmente causada por compactações (LARANJEIRA & ALMEIDA, 2008). O termo cólica por compactação é utilizado para descrever a obstrução luminal por massas desidratadas de ingesta que causam obstrução simples do lúmen intestinal e que, geralmente, não causam necrose ou isquemia (PLUMMER, 2009).

Os locais de predisposição desse tipo de obstrução são a flexura pélvica no cólon maior, ceco e cólon dorsal direito, porém pode ocorrer em locais onde existe transição de movimentos intestinais, esfíncteres entre diferentes segmentos do intestino ou em regiões de estreitamento intestinal (FERREIRA et al., 2008).

Este trabalho tem como objetivo relatar o caso clínico de uma égua da raça Mangalarga, atendida no hospital veterinário Eqüivet na cidade de Indaiatuba/SP durante o ECSMV, que foi diagnosticada com compactação da base do ceco, com tratamento clínico e posterior intervenção cirúrgica.

3.2.2 Metodologia

Durante a realização do ECSMV, foi atendida no hospital veterinário Eqüivet uma égua da raça Mangalarga com 6 anos de idade e pesando 460 kg. A paciente chegou com o histórico de dor abdominal leve, com apetite reduzido, utilizada para montaria, cavando constantemente e com a sondagem nasogástrica já realizada na propriedade sem retorno gástrico exacerbado. Inicialmente foi realizado o acesso venoso com cateter 14G na veia jugular direita para administração de fluidoterapia e medicações necessárias.

No exame clínico o animal apresentou-se alerta, com FC de 42 batimentos por minuto, FR de 16 movimentos por minuto, 37.4ºC de temperatura retal, perímetro abdominal de 182cm, TPC de 2 segundos e mucosas róseas. Foi coletado sangue para realização de exames, no qual apresentou hematócrito de 26%, proteína plasmática total de 7g/dl, glicemia de 92 mg/dl e lactato venoso de 1,4 mmol/dl. A sondagem nasogástrica foi realizada concomitantemente ao exame clínico, porém sem retorno de conteúdo gástrico, e posterior realização da lavagem gástrica com água corrente em velocidade média durante uma hora e meia. Pela sonda, foi administrado 40g de sulfato de magnésio.

(29)

29 Foi realizado a abdominocentese com um cateter 16G na linha alba no local mais baixo do abdômen, onde foi obtido o líquido peritoneal que estava com coloração e viscosidade normais ao exame visual, e na verificação do lactato peritoneal foi obtido o valor de 1,2 mmol/dl através do aparelho monitor Accutrend Plus Roche®. No ultrassom abdominal foi visualizado apenas algumas alças de intestino delgado mais dilatas e apresentando peristaltismo normal. Na palpação retal não foi possível observar nenhuma alteração do intestino grosso, levando a crer se tratar de uma compactação simples. O animal ficou em observação e foi administrado 4L de enema via retal com água a 36ºC a cada 2 horas.

Após 12 horas do atendimento, o animal manteve seus parâmetros normais e interesse pela comida, entretanto continuava com manifestações de dor como escavar na cocheira. A partir daí, foi administrado 20 ml via IV um composto de dipirona e hioscina (Buscofin composto®) na dose de 0,3 ml/kg para analgesia. O animal era avaliado com intervalos de 2 horas e mantinha seus parâmetros normais, porém o desconforto abdominal persistia quando não aplicado o analgésico Buscofin composto®, sendo que após 36 horas do primeiro atendimento o animal foi reavaliado e mantinha seu quando clínico estável, porém seu perímetro abdominal havia aumentado 8cm, ou seja, 190cm. A partir da evolução negativa ao tratamento clínico do animal, optou-se pela intervenção cirúrgica, encaminhando o animal para o procedimento. Após a lavagem oral e dos cascos, tricotomia do abdômen e nova sondagem nasogástrica para esvaziamento do estômago, a sonda foi fechada com um embolo de seringa e a paciente foi levada a sala de indução anestésica, na qual como MPA foi utilizada cloridrato de xilazina na dose de 1,0 mg/kg (Equisedan®) via IV e aguardado 10 minutos.

Após efeito da sedação, foi iniciada a indução com infusão IV rápida de éter gliceril guaiacol na dose de 100 mg/kg (EGG PPU®). Com o animal em decúbito dorsal e já entubado, o mesmo foi posicionado na mesa cirúrgica com a ajuda de uma talha elétrica. Na sequência foi terminada a montagem da mesa cirúrgica, protegido os cascos e fixado os quatro membros na mesa e realizada a antissepsia de toda a região abdominal com clorexidina 2% degermante (Riohex 2%®) seguida da limpeza com álcool líquido 70º, repetindo o processo três vezes.

O paciente foi colocado na inalação de isoflurano a 1,55% CAM para manutenção da anestesia geral e na infusão contínua de ringer lactato IV aquecido a aproximadamente

(30)

30 30ºC e também de sulfato de gentamicina na dose de 2 mg/kg (Gentopen®) diluída em 1 litro de ringer lactato também aquecido a 30ºC.

Após a preparação do animal para o procedimento, foi colocado os campos cirúrgicos sobre o abdômen e iniciado o procedimento com a realização da celiotomia ventral mediana retro umbilical longitudinal de aproximadamente 20cm na linha alba para acesso do abdômen. Ao abrir a cavidade foi possível visualizar a grande dimensão da base do ceco, já estabelecendo um possível diagnóstico de compactação cecal.

Foi realizada a exposição do ceco e feita a aspiração, para que tivesse maior facilidade ao realizar a exploração abdominal, sendo que na sequência foi possível observar que o tamanho do órgão que se encontrava aumentado e cheio de conteúdo acumulado em sua base, constatando a compactação. Antes de proceder a tiflectomia do ceco para correção da compactação, foi realizada a inspeção abdominal de todos os órgãos da cavidade para descartar qualquer outra patologia que poderia estar acontecendo concomitantemente a compactação.

Ao final da inspeção, a calha de lavagem foi posicionada ao lado esquerdo do animal, protegida com campos cirúrgicos estéreis e expondo o ceco ao máximo sob a calha para afastá-lo da cavidade abdominal, assim diminuindo o risco de contaminação. No ápice do ceco foi realizada a incisão que teve aproximadamente 10 cm de comprimento. Acima do órgão foi posicionada uma mangueira com água corrente, e dentro dele foi colocada uma sonda para que a mangueira com água corrente que realizaria a lavagem interior do ceco não agredisse mais o epitélio intestinal. A lavagem para a descompactação durou aproximadamente 30 minutos.

Ao final deste processo foi realizada a ressecção do tecido sobressalente que ficou em contato com a água corrente e após realizada a a sutura com o fio absorvível poliglactina 910 na numeração 2.0 (Vicryl®) em dois padrões de sutura, sendo o primeiro continua simples e o segundo também contínuo, porém Cushing. Ao longo de toda a cirurgia a cavidade abdominal foi humedecida com ringer lactato a 30ºC e carboximetilcelulose. Ao final de cada abertura de órgão abdominal, este era irrigado com 40ml de gentamicina diluído em 1 litro de ringer lactato a 36ºC.

A celiotomia do cólon maior se deu após a descompactação do ceco, sendo realizada uma incisão de aproximadamente 12cm na flexura pélvica e posicionada uma mangueira com água corrente no local da incisão, uma sonda foi então colocada dentro

(31)

31 do órgão e com outra mangueira com água corrente foi infundido água para a lavagem intestinal, assim como realizado no procedimento anterior. Ao final, foi realizada a ressecção do tecido sobressalente da flexura pélvica que ficou em contato com a água e em seguida realizada a sutura que também se deu em dois padrões de sutura (Continua simples e Cushing) com o fio absorvível poliglactina 910 na numeração 2.0 (Vicryl®).

Realizada a descompactação e inspecionado a cavidade abdominal sem haver mais alterações, foi feita a infusão de ringer lactato a 36ºC com 40 ml de gentamicina na cavidade para diminuir o risco de contaminação. Feito isso, foi iniciada a abdominorrafia começando pela linha alba, onde foi utilizado o fio absorvível Ácido Poliglicólico na numeração 6 no padrão de sutura continua simples com 2 intervalos.

O subcutâneo foi suturado em 2 planos com padrão contínuo Cushing utilizando o fio absorvível poliglactina 910 na numeração 2.0 (Vicryl®) e na pele foi utilizado nylon 6-0 (Shalon®) no padrão de sutura simples. Ao término da síntese abdominal foi suturado uma compressa estéril no local da incisão, como forma de proteção e dreno, permanecendo por 3 dias. O animal desentubado e encaminhado com a ajuda da talha para a sala de recuperação anestésica. A sonda nasogástrica foi retirada apenas na cocheira.

No pós-operatório o paciente seguiu sendo monitorado a cada 2 horas, onde era aferido FC, FR, TPC, perímetro abdominal, motilidade intestinal, temperatura retal, atitude e presença de fezes. A cada 4 horas era realizada também a avaliação do hematócrito, proteína plasmática e pressão arterial média. Esta monitoração intensa durou 7 dias até a certeza o paciente estar toestabilizado.

Também no pós-operatório foi realizado a administração via oral de fenilbutazona (Manipulado DrogaVet®) como analgésico na dose de 2,2 mg/kg a cada 12 horas durante 5 dias, 100ml de dimetilsulfóxido (Dimesol®) diluído em 2 litros de ringer lactato a cada 12 horas por três dias como anti-inflamatório e carreador de fármacos, como anticoagulante foi administrado via subcutânea 5 ml de heparina (Hepamax-S®) a cada 24 horas.

Como protetor gástrico foi administrado via oral o omeprazol (Manipulado DrogaVet®) na dose de 4,4 mg/kg a cada 24 horas durante 15 dias (tempo em que o animal ficou internado). A fluidoterapia foi administrada dois dias após a cirurgia e foi

(32)

32 realizada administrando via IV 60 ml/kg/hora, intercalando a administração entre ringer lactato, solução fisiológica e glicose.

Seis horas após a cirurgia a água foi liberada ao paciente, sendo a comida liberada após 10 horas na quantidade de 300g de feno úmido a cada duas horas. Ao quarto dia pós cirurgia o animal começou a defecar e apresentar motilidade normalizada do cólon maior e menor, e uma descarga cecal incompleta a cada 3 minutos. Também ao quarto dia a compressa de proteção foi retirada, visto que os pontos de pele apenas no oitavo dia. O animal teve alta no 17º dia após a internação.

O prognóstico para este caso é considerado favorável e após 90 dias o animal já poderá retornar a suas atividades de monta visto ao longo de 6 meses precisará de acompanhamento veterinário pois pode desenvolver hérnias incisionais.

3.2.3 Resultados e Discussão

O ceco é o órgão do segmento intestinal equino que faz a fermentação do alimento, realizando as transformações necessárias para o aproveitamento biológico das fibras, sendo que a contração da musculatura do ceco resulta na mistura da ingesta com os microrganismos celulolíticos (CÂMARA et al., 2008). As principais afecções que acometem este órgão são timpanismos, compactações, intussuscepção, acidose, torção e rupturas (MAIR et al., 2002).

De acordo com Plummer (2009) as compactações cecais representam 5% de todas as compactações do intestino grosso (e 40 a 55% de todas as doenças cecais) e são divididas em duas síndromes distintas, sendo a primeira resultante do acúmulo excessivo de ingesta seca, e a segunda que normalmente se desenvolve após procedimentos cirúrgicos não relacionados ao trato gastrointestinal que resultam em dor pós-operatória, sendo o caso relatado do paciente de origem primária. Mair et al. (2002) ressalta que não há predileção na raça ou até mesmo no sexo, porém que há acometimento desta enfermidade em maior número em equinos acima dos 15 anos de idade, sem etiologia identificada.

Mair et al. (2002), cita que a patogênese da compactação cecal é multifatorial e que causas especificas são desconhecidas, porém podem ter correlação com ingestão pobre de volumoso, problemas na dentição, diminuição na ingestão de água, infestação por parasitas e administração de drogas anti-inflamatórios não esteroidais, não tendo o caso relatado correlação com nenhuma possível causa destas.

(33)

33 Blikslager (2005) cita que os sinais clínicos da compactação cecal podem ser variáveis, entre eles: desconforto abdominal leve a moderado (com resposta analgésica eficiente, podendo ser mascarado), leve elevação da frequência cardíaca (40 a 50 bpm), os animais observam o flanco, podem deitar com maior frequência, discreto apetite, redução da motilidade gastrointestinal e fezes semi formadas. O paciente deste caso apresentou todos estes sinais clínicos descritos pelo autor, exceto deitar.

Ferreira et al. (2008) também cita que pacientes acometidos por compactações geralmente apresentam sinais vitais relativamente normais, incluindo exames complementares como o hematócrito e a proteína plasmática total, que podem estar levemente aumentadas se a compactação envolver o intestino delgado ou se a compactação estiver presente por um período superior a 24 horas.

Como diagnóstico definitivo das compactações cecais, Auer (2012) fala que a palpação retal seria a melhor escolha pois o segmento compactado pode ser facialmente palpado, porém os outros métodos de diagnósticos não devem ser descartados e são de enorme importância visto que o diagnóstico rápido e preciso são fundamentais para um prognóstico favorável. Apesar da palpação retal se destacar nestes casos, não foi possível diagnosticar, pois a compactação foi na base do ceco, diferente da maioria dos casos segundo Plummer (2009), que ocorrem no ápice ou corpo do ceco.

A primeira conduta foi a realização do tratamento clínico que consistiu na restrição alimentar, controle da dor, hiper-hidratação para melhorar a função cardiovascular e aumentar a quantidade de líquido no lúmen intestinal, fazendo com que a massa compacta amoleça e hidrate. Bermejo et al. (2008) diz que a maioria das compactações respondem bem ao tratamento clínico, porém Mair et al. (2002) fala que quando este tratamento tem insucesso a intervenção é cirúrgica para prevenir ruptura cecal, representando de 40 a 57% dos casos que necessitam intervenção cirúrgica.

Quanto as intervenções cirúrgicas possíveis nestes casos, Mair et al. (2002) destaca três opções sendo a tiflotomia, by-pass completo ou by-pass incompleto, sendo a escolha dependente da aparência do ceco na hora do procedimento, o tipo da compactação cecal e a possível razão para o desenvolvimento dessa patologia. No caso mencionado a tiflectomia foi possível e como técnica de escolha, não precisando de manobras como o by-pass, pelo ceco estar viável e também ao rápido encaminhamento à cirurgia.

(34)

34 O prognóstico segundo Laranjeira et al. (2008) é reservado devido a etiologia desconhecida da doença e o risco acentuado de perfuração espontânea em casos tratados clinicamente, sendo que neste caso em especial pela intervenção cirúrgica rápida e pós-operatório com evolução positiva o prognóstico foi favorável, podendo em 60 dias o animal retornar as suas atividades.

3.2.4 Conclusão

As cólicas por compactação cecal demandam muita atenção, pois possuem evolução silenciosa e rápida progressão para ruptura aguda do órgão, tendo ressaltado através deste relato a importância do diagnóstico rápido e terapêutica adequada para melhora do prognóstico.

Ao invés de insistir na terapia clínica correndo maiores riscos de ruptura cecal ou inviabilização do tecido epitelial fazendo com que houvesse necessidade de uma intervenção cirúrgica mais invasiva como o by-pass, a escolha pela intervenção cirúrgica, feita corretamente, no momento adequado permitiu a resolução satisfatória do caso. 3.2.5 Referências Bibliográficas

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35 CORRÊA R.R. et al. Estudo retrospectivo dos casos de enterolitíase e corpo estranho em intestino grosso de equinos, no período de janeiro de 1993 a janeiro de 2003. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. 2006.

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REED, Stephen M.; BAYLY, Warwick M. Medicina Interna Equina. Ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2000.

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37 5. CONCLUSÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária oferece a vivência de situações reais da profissão dando a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos que foram adquiridos de forma teórico-prática ao longo da graduação assim como conhecer novas maneiras de trabalho e situações reais, desenvolvendo o senso crítico e trabalho em equipe.

A Eqüivet é um hospital veterinário de renome na região, tendo profissionais qualificados e experientes em seu corpo clínico que foram de extrema importância no meu crescimento profissional e pessoal, permitindo a minha vivência completa na rotina hospitalar equina e mostrando-me que a medicina veterinária demanda profissionais de qualidade e ética, estando em constante crescimento.

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38 6. ANEXOS

ANEXO A – IMAGEM RADIOGRÁFICA DO MEMBRO ANTERIOR ESQUERDO, PROJEÇÃO DORSOPALMAR

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39 ANEXO B – IMAGEM RADIOGRÁFICA DO MEMBRO ANTERIOR ESQUERDO, PROJEÇÃO MEDIAL LATERAL OBLÍQUA

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40 ANEXO C – IMAGEM RADIOGRÁFICA DO MEMBRO ANTERIOR ESQUERDO, PROJEÇÃO MEDIAL LATERAL PROXIMAL OBLÍQUA

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41 ANEXO D – IMAGEM ULTRASSONOGRÁFICA DO MEMBRO ANTERIOR ESQUERDO

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42 ANEXO E – IMAGEM ULTRASSONOGRÁFICA DO MEMBRO ANTERIOR ESQUERDO

Referências

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