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5. 1. Florística

Verificou-se a partir das visitas realizadas e georeferenciamento da área experimental, áreas mais estreitas e outras mais largas, sendo estas últimas mais concentradas na região central do manguezal estudado. A borda, franja ou margem do manguezal se comporta de forma linear, contínua, sem grandes alterações, de aproximadamente 600m de comprimento. Já a borda do interior possui fortes alterações quanto a sua linearidade, considerada uma borda sinuosa.

Nas unidades amostrais foram encontradas apenas as espécies Laguncularia racemosa (L). Gaertn. f. (95,78%) e Rhizophora mangle L. (4,22%), mostrando que o

trecho de manguezal da margem direita do rio Cotinguiba, sub-bacia hidrográfica do rio Sergipe (Figura 9) está predominantemente povoado por indivíduos da Laguncularia racemosa em sua borda e faixa interna, ocorrendo alguns indivíduos de Rhizophora mangle no interior do manguezal. Já na área de estudo, foram encontradas e identificadas

outras duas espécies típicas de mangue (Tabela 1). Próximo às duas primeiras parcelas dos transectos um e seis (T1 e T6), foram encontrados dois indivíduos da espécie Avicennia

schaueriana e no apicum foram identificados vários indivíduos da espécie Conocarpus erectus (Figura 10).

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Figura 9. Área de Manguezal situada na margem direita do rio Cotinguiba, Floresta Nacional do Ibura, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Tabela 1. Lista de espécies de mangue encontradas em área de Manguezal, na Floresta nacional do Ibura, situada no rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Nome Cientifíco Nome Popular Família Botânica Ocorrência

Rhizophora mangle L. Mangue vermelho Rhizophoraceae Parcela amostral Laguncularia racemosa (L). Gaertn. f. Mangue branco Combretaceae Parcela amostral Avicennia schaueriana Stapf & Lechm

Conocarpus erectus L. Mangue preto Mangue-de-botão Acantaceae Combretaceae Área de estudo Área de estudo

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Figura 10. Material botânico de espécies arbóreas encontradas em área de Manguezal, na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A: Folhas de Rhizophora mangle, B: Folhas

e frutos de Laguncularia racemosa, C: Folhas de Avicennia schaueriana, D:

Folhase frutos de Conocarpus erectus.

Apesar das parcelas não caírem na região do apicum (área que está mais presente na região central da borda interior de todo trecho estudado), foi possível verificar vários indivíduos das espécies Conocarpus erectus e Laguncularia racemosa e outras espécies

vegetais características deste ambiente, como as bromélias, aroeira (Schinus terebinthinfolius Raddi.), algumas Ciperaceae e Poaceae (Figura11).

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Figura 11. Espécies vegetais encontradas no apicum em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A: Conocarpus erectus; B: Laguncularia racemosa;

C: Banco de plântulas de L. racemosa; D: Poaceae; E: Bromélias; F: Aroeira

(Schinus terebinthifolius).

5.2. Fitossociologia

Foram amostrados 237 indivíduos vivos, pertencentes a duas espécies típicas de mangue: Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. e Rhizophora mangle L. A área basal total

encontrada foi de 14,38m²/ha, sendo 13,92m²/ha para L. racemosa e 0,46m²/ha

correspondente à Rhizophora mangle.

A espécie L. racemosa apresentou dominância para todos os parâmetros avaliados

quando comparados a R. mangle (Tabela 2), apresentando índice de valor de importância

(IVI) correspondente a 273,82 enquanto esta última apresentou IVI igual a 26,18 (Figura 12), estando presente em apenas 3 parcelas enquanto Laguncularia racemosa esteve

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Tabela 2. Parâmetro fitossociológicos das espécies de mangue encontradas em área de Manguezal, na Floresta nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Figura 12. Índice de valor de importância para as espécies Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle na Floresta Nacional do Ibura, rio

Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Espécie AB DA DR FA FR DoA DoR IVI IVC

L. racemosa 13,92m²/ha 1746,15 95,78 100,00 81,25 13,93 96,79 273,82 192,57 R. mangle 0,46m²/ha 76,92 4,22 23,08 18,75 0,46 3,21 26,18 7,43

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Em estudo realizado por Schaffer-Novelli & Santos (1989), com uma amostragem de dez bosques da bacia do rio Sergipe, constatou-se a presença apenas de R. mangle e L. racemosa em todos eles. Segundo as autoras, grande parte desta vegetação encontrava-se

degradada em virtude da ação antrópica (aterro, corte, construção de viveiros e ocupação das áreas para urbanização).

No estudo fitossociológico realizado por Maia (1996), em bosque de mangue no rio Piauí, R. mangle possuiu maior freqüência e dominância, sendo encontrada na parte

mais frontal do mangue apresentando o maior valor de área basal 5,48m², enquanto L. racemosa e A. shaueriana estavam presentes apenas nas parcelas mais internas dos

bosques, com as áreas basais 1,03m² e 0,45m² respectivamente.

Já em estudo realizado por Rocha (2004), em áreas de manguezais na cidade de Aracaju, verificou-se a predominância de indivíduos da espécie L. racemosa. Porém, em

uma das quatro áreas estudadas, área considerada controle por possuir melhor estado de conservação, a taxa de ocupação do ambiente (dominância), foi maior para os indivíduos de R. mangle, que segundo o autor, apesar de estar em menor número, estes possuem um

sistema de raízes aéreas (rizóforos) que partem do tronco ramificando-se a alguns metros de distância dos mesmos, podendo assim ocupar uma extensão maior de terreno. Nas áreas em que os indivíduos de L. racemosa possuíram os maiores valores em relação à

densidade, freqüência e dominância, os indivíduos conseqüentemente, possuíram os maiores valores de IVI, porém na área controle houve um equilíbrio entre os IVIs das espécies L. racemosa e R. mangle.

Das cinco classes diamétricas que as espécies estudadas pertencem (C1: 5-10 cm;

C2: 10-15cm; C3: 15-20cm; C4: 20- 25cm; C5: 25-30cm), a dominante foi a de centro de

classe 7,5cm - C1 (Figura 13), ou seja, as espécies encontradas no manguezal do Ibura

estão predominantemente na faixa entre 5 a 10cm de diâmetro, com 157 indivíduos (67,09%).

Analisando-se por espécie, L. racemosa possui indivíduos em todas as cinco

classes, com maior número na primeira classe, seguido da segunda. Já R. mangle, esteve

presente apenas em duas das cinco classes, também com maior número de indivíduos na primeira (diâmetro médio 7,5cm - C1) e apenas um indivíduo na terceira classe (diâmetro

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Figura 13. Distribuição em classe diamétrica (cm) dos indivíduos de

Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle, na

Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

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Figura 14. Distribuição em classes diamétricas (cm) para indivíduos de Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle respectivamente, na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa

Senhora do Socorro-SE.

Segundo Schaffer-Novelli e Cintrón (1986), durante o seu desenvolvimento, os bosque de mangue passam por uma fase em que seu terreno está ocupado por uma grande densidade de indivíduos de diâmetros reduzido, e outra fase de amadurecimento, quando há um domínio de poucos indivíduos de grande porte.

Considerando-se que 67,09% dos indivíduos encontrados na área do Ibura, pertencem à primeira classe diamétrica (5 a 10cm - C1), pode-se inferir que o bosque

estudado possui uma alta densidade de indivíduos de DAP reduzido, indicando uma floresta relativamente jovem, em processo de desenvolvimento.Vale ressaltar que este desenvolvimento pode estar associado à dinâmica natural da vegetação (com a morte e/ou caída natural de árvores e conseqüentemente abertura de clareiras induzindo o desenvolvimento do sub-bosque) ou associado à ação antrópica.

Valores próximos a estes foram encontrados por Seixas et al. (2006), em bosques

de mangue no Furo Grande, Bragança no estado do Pará, onde mais de 50% dos indivíduos possuíam DAP considerado por eles bastante reduzido, pertencendo à primeira classe

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5,29 < = H < 9,35

Classes de Altura

H < 5,29

H > = 9,35

diamétrica, estabelecido entre (3 a 9,99cm), mostrando que os bosques possuíam uma alta densidade de indivíduos de diâmetro reduzido.

Verificou-se um maior número de indivíduos (167) na classe de altura de 5,29 a 9,35m, representando 70,46% do total (Figura 15). Peria et al. (1990) apud Oliveira

(2007), observaram que para bosques em recomposição, valores reduzidos de diâmetro e alturas médias são resultados de intervenções humanas recorrentes. Já Jimenez (1999) apud Oliveira (2007), relaciona o desenvolvimento estrutural reduzido, às alterações antrópicas, as quais não permitem que o Manguezal atinja sua maturidade estrutural.

Figura 15. Distribuição dos indivíduos por classe de altura (m),

Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle na Floresta

Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

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O manguezal da Flona do Ibura pode ser classificado fisiograficamente como ribeirinho, levando-se em consideração as características de classificação de Lugo & Snedaker (1974), onde as formações de mangue que margeiam rios e canais que são lavadas pela maré poderão ser consideradas ribeirinhas, apesar da baixa diversidade e a não predominância da R. mangle, que pode estar relacionado ao grau de perturbação da área.

Segundo Peria et al. (1990) apud Soares (1999), ambientes com dominância de L. racemosa, pode ser característico de um processo de sucessão e de recomposição. Smith III

(1992) apud Soares (1999), também relaciona que, em bosque de mangue sujeito à maior influência de distúrbios ocorre uma menor representatividade de espécies do gênero

Rhizophora, em relação a outros gêneros, como por exemplo, Laguncularia.

Vale ressaltar que o manguezal estudado encontra-se sob influência antrópica, principalmente nas áreas de menor extensão, da borda para o final do bosque. Em uma de suas extremidades ocorre diariamente despejo de resíduo industrial no rio advindo de uma fabrica têxtil (Figura 16).

Figura 16: Despejo de resíduo industrial (fabrica têxtil) na borda do Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

A B

D C

33 A

C

B

D Parte da vegetação desta mesma área foi suprimida para a duplicação da estrada pertencente à BR 101. Na região de transição entre este ecossistema e remanescentes de Mata Atlântica, há trilhas que possibilitam maior acessibilidade da população, seja para retirada de madeira (Figura 17) ou coleta de animais, esta última realizada com maior freqüência na região da borda (Figura 18).

Ao percorrer as trilhas, é possível encontrar armadilhas para coleta de animais e algumas redinhas e restos de materiais de pesca e bastante lixo como garrafas Pet, vidros, latas e bolsas plásticas. Medidas de recuperação devem ser implantadas na área de maior ação antrópica, levando-se em consideração as espécies encontradas.

Figura 17. Corte e retirada de madeira para diferentes fins em área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

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Figura 18. Coleta de animais em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

5. 3. Banco de Plântulas

Verificou-se a presença de noventa e seis plântulas na avaliação das parcelas situadas nos seis transectos, localizadas no bosque de mangue da Floresta Nacional do Ibura, pertencentes a três espécies típicas de mangue: Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa e Avicennia schaueriana (Tabela 3). Na coroa, localizada mais próxima ao meio

o curso do rio foram encontradas trinta e nove plântulas de Laguncularia racemosa e no

apicum setenta e quatro, totalizando duzentos e nove plântulas.

Nota-se uma maior densidade de plântulas de Rhizophora mangle nos transectos

um e seis (T1 e T6), seguido da Avicennia schaueriana e apenas um indivíduo de

Laguncularia racemosa. Nos transectos (T2 e T4), não foram encontradas plântulas, ou

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Tabela 3. Densidade de plântulas encontradas nos transectos localizados em área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Verifica-se que o banco de plântulas encontrado não corresponde à abundância encontrada para os indivíduos adultos no estudo fitossociológico como que pode ser verificado na tabela 4.

Tabela 4. Abundância de plântulas e árvores encontradas nos transectos do Manguezal da Flona do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro- SE.

Esta abundância de plântulas de R. mangle, contrariamente ao que foi encontrado

para os indivíduos adultos, pode estar relacionada com a capacidade dos indivíduos desta espécie em tolerar um maior período de sombreamento, ocasionado pelo dossel do bosque, o que não deve ocorrer com os indivíduos de L. racemosa.

Espécie T1 T2 T3 T4 T5 T6 Coroa Apicum Total por

espécie R R..mmaannggllee 2266 0 0 1313 0 0 1717 3434 0 0 0 0 9090 L L..rraacceemmoossaa 00 0 0 00 0 0 0 0 11 3939 7474 111144 A A.. sscchhaauueerriiaannaa 33 0 0 00 0 0 1 1 11 0 0 0 0 5 5 Total 2299 0 0 1133 0 0 1818 3636 3939 7474 202099

Espécie Indivíduos % Abundância R Rhhiizzoopphhoorraammaannggllee Plântulas Árvores 93,75 4,22 90 10 L Laagguunnccuullaarriiaarraacceemmoossaa Plântulas Árvores 1,04 95,78 1 227 A Avviicceennnniiaasscchhaauueerriiaannaa Plântulas Árvores 5,21 –– 05 ––

36

A

C

D

B

Segundo Silva et al. (2005) e Soares et al. (2006), é típico de L. racemosa a

elevada produção de propágulos e, conseqüentemente, elevada taxa de recrutamento e densidade de plântulas. Porém, este padrão está concentrado em um período do ano, seguido por uma alta taxa de mortalidade por esgotamento de reservas nutritivas e por competição com jovens e adultos, quando não há disponibilidade de espaço e luz. Isto foi observado no manguezal do Ibura durante o estudo fitossociológico, no qual o piso do sub- bosque possuía um grande número de plântulas principalmente durante os meses de Maio e Junho, formando um tapete verde como observado na figura 19.

A ocorrência de algumas plântulas do gênero Avicennia pode ser explicada pela

presença de dois indivíduos da espécie Avicennia schaueriana, próximo às primeiras

parcelas dos transectos um e seis. No indivíduo próximo ao T6, foi verificado sob ele banco

de plântulas.

Figura 19. Banco de Plântulas de Laguncularia racemosa nos meses de Maio e Junho de

2008 em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

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A abundância dos indivíduos de Laguncularia racenosa (39) em apenas uma

parcela localizada na coroa (Figura 20), pode ser explicado pela migração dos propágulos de dentro do bosque para esta área (já que a coroa fica a poucos metros da borda), considerando-se também a teoria do tamanho e peso do propágulo, que são carregados facilmente pelas marés. Observou-se também uma grande quantidade de propágulos maduros (principalmente nos meses de Março e Abril) e outros emitindo radícula. Um fator de grande importância para esta abundancia e desenvolvimento é a luminosidade que estas plântulas são expostas, já que são consideradas pouco tolerantes ao sombreamento.

A

C

B

D

C

Figura 20. Coroa localizada em frente à área de manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A: Coroa em frente à borda do Manguezal; B: Parcela instalada na Coroa; C: propágulos maduros e emitindo radícula no substrato da coroa; D: Banco de plântulas situado na coroa.

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A

B

E

C

D

No apicum, verificou-se um grande número de indivíduos (74) em uma mesma parcela. Este fato não é comum, pois este ambiente possui grande salinidade em virtude da menor influência de aporte de água e uma rápida evaporação quando esta área é banhada, podendo também ser explicado pela teoria do tamanho e peso dos propágulos. Apesar do alto número de plântulas encontradas, observou-se também a presença de várias plântulas mortas, com altura variando de 10 a 15cm (Figura 21). Outro fato bastante interessante foi a presença de grãos (partículas) de sal nas folhas de indivíduos vivos e mortos (em decomposição), assim como na base do caule (substrato). Este fato é considerado normal, pois uma das adaptações de algumas espécies típicas de mangue, no caso da Laguncularia racemosa, é a existencia de glândulas excretoras de sal.

Figura 21. Plântulas de Laguncularia racemosa localizadas no apicum em área de

Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A-B: Partículas de sal no substrato; C-D: Partículas de sal nas folhas de L. racemosa; E: Indivíduos de L. racemosa

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Para a altura das plântulas no bosque, o maior valor foi para uma única plântula de

Laguncularia racemosa (66,0cm), presente nos seis transectos analisados (Tabela 5). Na

parcela que esta plântula estava presente, verificou-se a existência de uma pequena clareira, o que pode ter causado sua permanência (desenvolvimento) neste local se deva a este fator (luminosidade), já que plântulas de Laguncularia racemosa possuem menor

tolerância a sombreamento, comparando-se com as outras espécies típicas de mangue. Possivelmente, esta afirmação pode ser considerada também para explicar o maior valor de diâmetro médio encontrado, como pode ser visto na tabela 6.

Tabela 5. Altura média (cm) de plântulas em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Considerando-se que no manguezal há um grande fluxo diário de água e matéria orgânica em virtude da dinâmica das marés, a luz (intensidade luminosa) torna-se o fator de maior importância para o estabelecimento de plântulas, principalmente para aquelas que estão abaixo do dossel no interior do bosque, comparando-se com as que habitam coroas e/ou apicuns.

A segunda espécie a possuir maior valor em altura foi a Rhizophora mangle, e os

menores valores foram para as plântulas de Avicennia schaueriana, no transecto seis (T6).

As plântulas da coroa apresentaram altura média igual a 45,68cm. Considerando- se a estrutura morfológica das espécies típicas de mangue, estas plântulas aparentemente apresentam-se mais jovens que as demais, porém no parâmetro altura, não há uma grande diferença entre elas. Possivelmente este resultado pode estar associado ao maior desenvolvimento em virtude da maior intensidade luminosa que estas são expostas.

Já para as plântulas do apicum observou-se o contrário, as mesmas possuem aspecto de mais velhas e menos desenvolvidas. Possivelmente este aspecto seja uma Espécie T1(cm) T2(cm) T3(cm) T4(cm) T5(cm) T6(cm) Croa(cm) Apicum

R R..mmaannggllee 4455,,8833 00 5522,,1199 00 5566,,5566 4499,,4422 00 00 L L..rraacceemmoossaa 00 00 00 00 00 6666,,00 4455,,6688 5511,,9944 A A..sscchhaauueerriiaannaa 4400,,1166 00 00 00 3377,,00 3311,,00 00 00

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resposta a maior salinidade e menor aporte de água nesta região, porém obtiveram os seguintes valores (51,94cm) e (12,16mm) para altura e diâmetro médio, respectivamente.

Certamente estas plântulas sejam mais velhas que aquelas encontradas na croa, pois algumas plântulas do apicum já possuíam flores.

O maior valor para diâmetro encontrado foi para a única plântula de Laguncularia racemosa (20,0mm). Em seguida vieram os da Rhizophora mangle as Laguncularia racemosa da coroa, com diâmetro médio de 8,16mm e, os menores valores foram das

plântulas de Avicennia schaueriana (Tabela 6).

Tabela 6. Diâmetro médio (cm) de plântulas em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Espécie T1(mm) T2(mm) T3(mm) T4(mm) T5(mm) T6(mm) Croa(mm) Apicum

R R..mmaannggllee 1144,,2266 00 1144,,0044 00 1155,,7744 1144,,2266 00 00 L L..rraacceemmoossaa 00 00 00 00 00 2200,,00 88,,1166 1122,,1166 A A..sscchhaauueerriiaannaa 55,,00 00 00 00 55,,00 55,,00 00 00

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6. CONCLUSÕES

a) No bosque do Manguezal da Floresta Nacional do Ibura foram encontradas apenas duas espécies típicas de mangue: Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle,

esta última em menor freqüência, densidade e abundância.

b) Verificou-se que 67,09% dos indivíduos deste manguezal encontram-se em uma classe diamétrica entre 5 a 10cm, e 70,46 % estão predominantemente na classe de altura entre 5,29 a 9,35 sendo que a área basal total encontrada foi de 14,38m²/ha.

c) A área de Manguezal analisada na Floresta Nacional do Ibura pode ser considerada jovem, em processo de desenvolvimento, que possivelmente, esteja relacionado ao grau de antropização.

d) Foram encontrados dois indivíduos de Avicennia schaueriana próximo a

duas unidades amostrais e na região do apicum foram encontrados vários indivíduos da espécie Conocarpus erectus.

e) Estudos devem ser realizados com as comunidades ribeirinhas que utilizam os recursos disponíveis por este manguezal, visando obter informações quanto à extração animal e vegetal, com o objetivo de orientá-los para uma correta utilização, evitando assim o esgotamento dos recursos disponíveis por este ecossistema de grande importância ecológica e social.

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f) O banco de plântulas do Manguezal da Floresta Nacionaldo Ibura é composto por três espécies típicas de mangue: Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa e Avicennia schaueriana, porém este banco encontra-se predominantemente povoado por

indivíduos de Rhizophora mangle, cuja predominância pode estar associada a maior

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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