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FLORÍSTICA, FITOSSOCIOLOGIA E BANCO DE PLÂNTULAS EM ÁREA DE MANGUEZAL, NA FLORESTA NACIONAL DO IBURA, NOSSA SENHORA DO SOCORRO - SE

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FRANCINEIDE BEZERRA GONÇALVES

FLORÍSTICA, FITOSSOCIOLOGIA E BANCO DE PLÂNTULAS

EM ÁREA DE MANGUEZAL, NA FLORESTA NACIONAL DO

IBURA, NOSSA SENHORA DO SOCORRO - SE

SÃO CRISTÓVÃO - SE

ABRIL - 2009

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FRANCINEIDE BEZERRA GONÇALVES

FLORÍSTICA, FITOSSOCIOLOGIA E BANCO DE PLÂNTULAS EM ÁREA DE MANGUEZAL, NA FLORESTA NACIONAL DO IBURA, NOSSA SENHORA DO

SOCORRO - SE

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Florestal.

SÃO CRISTÓVÃO - SE ABRIL - 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS - DCF

FLORÍSTICA, FITOSSOCIOLOGIA E BANCO DE PLÂNTULAS EM ÁREA DE MANGUEZAL, NA FLORESTA NACIONAL DO IBURA, NOSSA SENHORA DO

SOCORRO - SE

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira Florestal.

APROVADA: de de 2009.

ORIENTADA: Francineide Bezerra Gonçalves

__________________________________ Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira

(Orientador)

________________________________ ________________________________ Profª. Drª. Anabel Aparecida de Mello Profª. Drª. Ana Paula do Nascimento Prata (Co-orientadora) (Convidada)

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela presença, força espiritual, oportunidades e proteção.

Aos meus pais pela confiança e apoio.

Aos meus irmãos e outros familiares.

Aos meus amigos: Priscylla, Júlio, Danilla, Lucas, Mércia, Taciana, Natalie, Mara, Paula, Daniela, Diogo, Ednei e Everaldo (Obrigada pela amizade, atenção, companheirismo, paciência, compreensão e por todos os momentos inesquecíveis).

Ao Grupo Restauração pela oportunidade de trabalho, conhecimentos, coletivismo e amizade: Thadeu Ismerim, Paula Luiza, Elísio Marinho, Bruno Lima, Alexsandro e Higor (Velha Guarda), e aos também amigos Iuri, Andreza, Itamara, Crislaine, Gallo, Jean e Thiago Frederico.

Aos que de certa forma contribuíram para a realização deste trabalho ou que participaram da minha vida acadêmica: Jow, Abdul, Breno, Joel, Leilane, Emilene, Tio Vasco, Tias (Joelina e Vaninha), Manu, Simony, Sheila, Débora, Denise, Tiaguinho, Igor Pinheiro, Luisa, Prof. Sandro e toda turma de 2004 pelos bons momentos.

A equipe POWER: Taciana, Mara, Ednei, Elísio e Jow (Muito Obrigada!!).

Ao CNPq, PIBIC, UFS, COPES – por proporcionar o desenvolvimento das atividades e pela Bolsa de Iniciação Científica.

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À Floresta Nacional do Ibura, por meio do seu gestor, o Biólogo Paulo Reys Bastos.

Ao Professor Dr. Genésio Tâmara Ribeiro pelas musicas, atenção e ensinamentos.

À Professora Drª Laura Jane Gomes pelas “broncas construtivas”, conselhos e ensinamentos.

À Professora Drª Glaucia Barreto Gonçalves pela atenção, amizade e paciência.

À Professora Drª Anabel Aparecida de Mello pelos materiais adquiridos, atenção e conselhos.

À Professora Drª Ana Paula do Nascimento Prata pela atenção e contribuição em forma de sugestões, visando à melhoria deste trabalho.

Ao Professor e Orientador Dr. Robério A. Ferreira, pela oportunidade de trabalho (em especial Manguezal), pela paciência, atenção, ensinamentos e seu profissionalismo (Muito Obrigada!).

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vi CONTEÚDO

Pág.

LISTA DE TABELAS... vii

LISTA DE FIGURAS ... viii

RESUMO... xi

1. INTRODUÇÃO... 1

2. OBJETIVOS... 4

3. REVISÃO DE LITERATURA... 5

4. MATERIAL E MÉTODOS... 10

4.1. Caracterização da área de estudo... 10

4.2. Georeferenciamento da área experimental... 11

4.3. Método de Amostragem para análise da vegetação... 12

4.4. Levantamento da estrutura horizontal e vertical da comunidade arbórea.. 13

4.5. Parâmetros Fitossociológicos ... 14

4.5.1. Estrutura Horizontal... 15

4.5.2. Estrutura Vertical... 17

4.6. Levantamento Florístico... 18

4.6.1. Identificação das espécies... 18

4.7. Caracterização do banco de plântulas... 20

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 23 5.1. Florística ... 23 5.2. Fitossociologia... 26 5.3. Banco de Plântulas... 34 6. CONCLUSÕES... 41 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 43

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LISTA DE TABELAS

Pág. Tabela 1. Lista de espécies de mangue encontradas em área de Manguezal, na

Floresta nacional do Ibura, situada no rio Cotinguiba município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 24 Tabela 2. Parâmetro fitossociológicos das espécies de mangue encontradas em

área de Manguezal, na Floresta nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 27 Tabela 3. Densidade de plântulas encontradas nos transectos localizados em área

de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 35 Tabela 4. Abundância de plântulas e árvores encontradas nos transectos do

Manguezal da Flona do Ibura, rio Cotinguiba, Nossa Senhora do socorro-SE... 35 Tabela 5. Altura média (cm) de plântulas em área de Manguezal na Floresta

Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 39 Tabela 6. Diâmetro médio (cm) de plântulas em área de Manguezal na Floresta

Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 40

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LISTA DE FIGURAS

Pág.

Figura 1. Área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, situado no rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. (Fonte: programa GPS Track Maker)... 11 Figura 2. Imagem de satélite da área experimental delimitada em área de

Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. (Fonte: GOOGLE EARTH, 2008)... 12

Figura 3. Área experimental do trecho de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, onde foram estabelecidos seis transectos perpendiculares à margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 13

Figura 4. A: Medição da circunferência à altura do peito utilizando-se fita métrica. B: Fixação de plaqueta de alumínio numerada em cada indivíduo, em área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 14

Figura 5. Registro de material botânico em área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE, para reconhecimento e identificação. A: Laguncularia racemosa, B: Rhizophora mangle, C: Avicennia schaueriana, D: Conocarpus erectus... 19 Figura 6. Coleta de material botânico e confecção de exsicatas para posterior

deposição no herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE). A: L. racemosa B: R. mangle C: A. schaueriana, D: C. erectus... 20 Figura 7. Medição de altura das plântulas com régua graduada, em área de

Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE, A-B: Interior do bosque; C-D: Coroa; E-F: Apicum... 21

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Figura 8. Medição do diâmetro à altura do solo (DAS) com paquímetro, em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A-B: Interior do bosque; C: Coroa; D: Apicum... 22

Figura 9. Área de Manguezal situada na margem direita do rio Cotinguiba, Floresta Nacional do Ibura, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 24 Figura 10. Material botânico de espécies arbóreas encontradas, em área de

Manguezal, na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A: Folhas de Rhizophora mangle, B: Folhas e frutos de Laguncularia racemosa, C: Folhas de Avicennia schaueriana, D: Folhas e frutos de Conocarpus erectus... 25 Figura 11. Espécies vegetais encontradas no apicum em área de Manguezal na

Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A: Conocarpus erectus; B: Laguncularia racemosa;C: Banco de plântulas de L. racemosa; D: Poaceae; E: Bromélias; F: Aroeira (Schinus terebinthifolius)...

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Figura 12. Índice de valor de importância para as espécies L. racemosa e R. mangle na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE,... 27 Figura 13. Distribuição em classe diamétrica (cm) dos indivíduos de L.

racemosa e R. mangle, na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 29 Figura 14. Distribuição em classes diamétricas (cm) para indivíduos de L.

racemosa e R. mangle respectivamente, na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa senhora do Socorro-SE.... 30 Figura 15. Distribuição dos indivíduos por classe de altura (m), L. racemosa e

R. mangle na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 31 Figura 16. Despejo de resíduo industrial (fabrica têxtil) na borda do Manguezal

na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 32

Figura 17. Corte e retirada de madeira para diferentes fins em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 33

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Figura 18. Coleta de animais em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 34 Figura 19. Banco de Plântulas de Laguncularia racemosa nos meses de Maio e

Junho de 2008 em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE... 36

Figura 20. Coroa localizada em frente à área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A: Coroa em frente à borda do manguezal; B: Parcela instalada na Coroa; C: propágulos maduros e emitindo radícula no substrato da coroa; D: Banco de plântulas situado na Coroa... 37 Figura 21. Plântulas de L. racemosa localizadas no apicum em área de

Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A-B: Partículas de sal no substrato; C-D: Partículas de sal nas folhas de L. racemosa; E: Indivíduos de L. racemosa mortos em área de apicum... 38

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xi RESUMO

Os Manguezais são ecossistemas costeiros de grande importância ecológica e social, abrigando comunidades vegetais específicas e uma grande diversidade faunística, as quais encontram no manguezal condições para seu desenvolvimento, alimentação, reprodução e proteção. Os manguezais protegem áreas continentais de processos erosivos, atuam na retenção de poluentes e na sedimentação de partículas finas, além de reguladores indispensáveis da qualidade da água. Sua importância social está na alta capacidade de produção pesqueira, servindo de alimentação e forma de exploração econômica para as populações ribeirinhas. Em virtude da grande exploração dos recursos disponíveis por estes ecossistemas, estudos de caracterização e estrutura da vegetação remanescente são importantes em projetos de manejo e/ou recuperação. Este trabalho foi realizado com o objetivo de conhecer a composição florística e a estrutura fitossociológica de um trecho do Manguezal da Floresta Nacional do Ibura (FLONAI), situado na margem direita do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE, assim como verificar a composição do banco de plântulas ali existente. Para isso, foram estabelecidos seis transectos, onde foram demarcadas 13 parcelas de 10x10m (100m2), nas quais foram mensurados todos os indivíduos com circunferência à altura do peito (CAP) ≥ 15cm e altura superior a 1m. Os parâmetros estimados foram: densidade absoluta e relativa, freqüência absoluta e relativa, dominância absoluta e relativa e o índice de valor de importância. As análises dos dados foram realizadas por meio do software Mata Nativa 2. Para o banco de plântulas avaliou-se a altura das mesmas, com régua graduada, e o diâmetro à altura do solo (DAS), com paquímetro (0,05mm). Foram amostrados 237 indivíduos, pertencentes a duas espécies típicas de mangue: Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. (com 95,78% dos indivíduos) e Rhizophora mangle L. (4,22%). A área basal total

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encontrada foi de 14,38m²/ha, sendo 13,92m²/ha para L. racemosa e 0,46m²/ha correspondente a R. mangle. L. racemosa destacou-se pela sua dominância e freqüência, estando presente em todas as parcelas amostrais, enquanto R. mangle apareceu em apenas três parcelas. Em se tratando de dominância relativa, os valores foram 81,25% e 18,75%, para L. Racemosa e R. mangle, respectivamente. A classe diamétrica dominante para as duas espécies foi entre 5 e 10cm, com 157 indivíduos. Verificou-se, também, a dominância de indivíduos (167) na classe de altura de 5,29 a 9,35m. Apesar de não se verificar a presença desses indivíduos nas parcelas amostradas, pôde-se constatar a presença de dois indivíduos de Avicennia schaueriana no bosque e a presença de indivíduos de Conocarpus erectus no apicum. O banco de plântulas deste trecho de Manguezal é composto por três espécies típicas de mangue: Laguncularia racemosa, Rhizophora mangle e Avicennia schaueriana, porém, este banco encontra-se predominantemente povoado por indivíduos de Rhizophora mangle.

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1. INTRODUÇÃO

Os manguezais são ecossistemas que se desenvolvem ao longo das regiões costeiras marinhas tropicais e subtropicais, sob influência das marés, protegendo as costas das fortes ondas com ressacas pronunciadas e expostas a ventos fortes e constantes (NASCIMENTO, 2008).

Schaeffer-Novelli (1995) considera os manguezais como ecossistemas costeiros, de transição entre os ambientes terrestres e marinhos, ocorrentes nas regiões tropicais e subtropicais, sujeitos ao regime de marés. Este ecossistema é constituído de espécies lenhosas típicas (angiospermas), além de micro e macroalgas (criptógamas), adaptadas à flutuação de salinidade e caracterizadas por colonizarem sedimentos predominantemente lodosos com baixos teores de oxigênio. Além disso, os manguezais apresentam condições propícias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, sendo considerados importantes transformadores de nutrientes em matéria orgânica e geradores de bens e serviços.

São ecossistemas altamente produtivos, uma vez que contribuem de forma significativa para a manutenção da fertilidade dos ambientes costeiros adjacentes, em função do grande aporte de matéria orgânica, exportação dessa matéria orgânica para as águas, transformação da massa vegetal em partículas de detrito e utilização desta, como alimento por um grande grupo de organismos consumidores (SESSEGOLO, 1997).

Este ecossistema, além de grande importância ecológica, possui também importância sócio-econômica pelo benefício direto e indireto da produtividade pesqueira, para as populações ribeirinhas que dele dependem, ou seja, também atua como fonte de alimento e de outros produtos para as comunidades tradicionais destas áreas, assim como

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atua na função de retenção de sedimentos trazidos pelas águas das chuvas e rios, minimizando o assoreamento dos canais de navegação (FRUEHAUF, 2005).

Os fenômenos naturais e, principalmente as atividades humanas, podem causar mudanças nas propriedades físicas e químicas do meio ambiente. Algumas das ações antrópicas como o desmatamento para a construção imobiliária, extração vegetal, aqüicultura (criação de peixes, camarões e ostras), a poluição de origem industrial (processamento, transporte e descarga de materiais tóxicos), a poluição portuária, hospitalar e doméstica, instalação de rodovias, ferrovias, vazamentos de produtos tóxicos, são as atividades que mais afetam os manguezais. Os fenômenos naturais atuam como tensores agudos afetando os manguezais temporariamente, já os eventos de origem antrópica, atuam como tensores crônicos, ou seja, suas ações e seus impactos atuam por longos prazos, podendo provocar a morte do ecossistema (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).

Segundo Nascimento (2008), quaisquer alterações como aterro, barragens e dragagens, que atuem nos padrões hidrodinâmicos tanto à montante dos manguezais, nos rios, meandros e gamboas que transpassam estes ambientes como na baía à jusante destes ecossistemas, podem provocar desequilíbrios. A retirada das árvores do manguezal, por exemplo, é bastante prejudicial ao ecossistema, já que as folhas sustentam uma cadeia detrítica que é base da extraordinária produtividade do manguezal. Além disso, a exposição do solo aos raios solares e ao vento, propicia seu ressecamento e, muitas vezes, facilita a invasão de espécies indesejáveis em termos de produtividade e proteção da fauna.

Considerando-se o elevado grau de antropização das áreas de manguezais, várias discussões são realizadas em torno da problemática da degradação dos mesmos, mas existem poucas experiências relatadas no que diz respeito à recuperação e reflorestamento destes ambientes (HERBSTER NETO et al., 2007).

No Brasil, alguns projetos estão sendo executados com o objetivo de recuperar área de manguezal, dos quais destacam-se: o projeto “Remanguezar” em Vitória – ES, que visa o reflorestamento das áreas degradadas, com objetivo de devolver ao manguezal as condições mínimas necessárias para o estabelecimento do equilíbrio dinâmico (ROCHA et al., 2005), assim como o projeto “Remangue” em São Vicente – SP, e também em Ilha Comprida – SP, onde é desenvolvido um projeto de recuperação, sendo produzidas mudas em viveiro florestal para plantio no solo úmido do manguezal (CASTANHEIRA et al., 2005).

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Em diversos países, os manguezais vêm sendo destruídos Em taxas alarmantes, destacando-se como um dos ecossistemas costeiros mais ameaçados, estimando-se perdas anuais de 1.000.000ha em todo o planeta, apesar de sua clara importância para a produtividade pesqueira, tanto comercial como artesanal, e dos diversos dispositivos legais que lhe conferem a proteção integral (FONSECA, 2001).

Uma das primeiras preocupações em trabalhos de recuperação ou restauração de ambientes degradados é o conhecimento da vegetação local. Neste sentido, os trabalhos realizados quanto aos aspectos florísticos e fistossociológicos são imprescindíveis.

O levantamento florístico é um dos estudos iniciais para o conhecimento da flora de determinada área, que resulta na produção de uma lista de espécies ali instaladas, de grande importância à correta identificação taxonômica dos espécimes e a manutenção de exsicatas em herbário, que poderão contribuir para o estudo dos demais atributos da comunidade (MARTINS, 1990).

A fitossociologia é denominada como o estudo de métodos de reconhecimento e definição de comunidades vegetais, no que se refere à origem, estrutura, classificação e relações com o meio (FELFILI e REZENDE, 2003). Nos estudos fitossociológicos são utilizados métodos de análise de vegetação, para obtenção dos parâmetros fitossociológicos que fornecem dados importantes sobre a estrutura da vegetação (ANDRADE, 2004).

De acordo com Felfili e Rezende (2003), a estimativa de parâmetros fitossociológicos é realizada por meio da estrutura horizontal e/ou vertical da floresta. Para Martins (1989), a fitossociologia envolve o estudo das interrelações de espécies vegetais dentro da comunidade no espaço e no tempo, e refere-se ao estudo quantitativo da composição, estrutura, dinâmica, história, distribuição e relações ambientais da comunidade vegetal, sendo justamente esta idéia de quantificação que a distingue de um estudo florístico. Assim, os estudos fitossociológicos possibilitam avaliar a estrutura e a composição da vegetação, permitindo a derivação de informações e inferências relacionadas com a dinâmica ecológica da comunidade analisada (RODRIGUES et al., 1989).

Considerando-se os aspectos mencionados e o grau de antropização observado nas áreas de manguezais na cidade de Aracaju e no estado de Sergipe, tornam-se necessárias iniciativas para se conhecer os mecanismos naturais de regeneração em tais ambientes e possíveis estratégias para promover a sua recuperação, evitando o seu desaparecimento.

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2. OBJETIVOS

Considerando-se a importância da área de manguezal da Floresta Nacional do Ibura (FLONAI), no município de Nossa Senhora do Socorro-SE, este trabalho foi realizado com os objetivos de:

a) Conhecer a composição florística e a estrutura fitossociológica de um trecho do manguezal situado na margem direita do rio Cotinguiba, na FLONAI;

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3. REVISÃO DE LITERATURA

Os manguezais ocorrem em quase toda a extensão das regiões tropicais e subtropicais, tanto nas Américas, como na África, Ásia e Oceania. Desenvolvem-se em costas protegidas, banhadas pelas marés, às margens de rios ou de lagoas de água salobra e nos estuários. Dentre os principais fatores que favorecem o seu desenvolvimento, pode-se citar: temperatura média do mês mais frio superior a 20ºC, amplitude térmica anual inferior a 5ºC; substrato aluvial (lamoso); precipitação pluviométrica acima de 1500mm/ano, sem longos períodos de seca e grande amplitude de marés. Os manguezais são habitados por plantas lenhosas, halófitas facultativas, de porte arbóreo e arbustivo. Associadas a estes, encontram-se espécies herbáceas, epífitas, hemiparasitas e aquáticas típicas, altamente adaptadas a condições pedológicas especiais, tais como ação das marés e grande variação de salinidade (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).

No mundo, são conhecidas aproximadamente 56 espécies vegetais típicas de mangue, distribuídas em 13 famílias e 20 gêneros (PANNIER e PANNIER, 1977 apud SESSEGOLO 1997), sendo que o maior número de espécies concentra-se na região Indo-Pacífico, considerada por alguns pesquisadores como centro de origem, enquanto que no novo mundo este número é reduzido (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995). No novo mundo, as espécies que compõem o mangue estão distribuídas entre os gêneros: Rhizophora, Avicennia, Laguncularia, Conocarpus e Pellicera, sendo que este último não ocorre no Brasil (CINTRÓN e SCHAEFFER-NOVELLI, 1983).

No litoral do Brasil, os manguezais estendem-se desde o Oiapoque, no Amapá (4º30’ N), extremo setentrional, margeando estuários, lagunas e enseadas, até a cidade de Laguna (28º30’ S), em Santa Catarina (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).

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Diversos autores, dentre os quais, Saenger et al., (1983), realizaram estimativas sobre a extensão dos manguezais Brasileiros, sugerindo que a área ocupada é de aproximadamente 25.000km2. Para Schaeffer-Novelli (1995), dependendo da fonte consultada, o Brasil possui de 10.000 a 25.000km2 (2,5 milhões de hectares) de manguezais, enquanto que no mundo inteiro existem 162.000km2 (16,2 milhões de hectares). No entanto, segundo Bernini e Rezende (2004), a partir de estimativas mais recentes, o manguezal distribui-se ao longo dos 6.800km da linha costeira brasileira, com área de cobertura calculada em 1,38 milhões de hectares.

Em Sergipe, observa-se que ao longo dos 168km de costa, há 5 estuários, nos rios São Francisco, Japaratuba, Sergipe, Vaza-Barris e Piauí-Fundo-Real (LANDIM e GUIMARÃES, 2006). Segundo as autoras, nestas áreas de manguezais são encontradas cinco espécies arbóreas: mangue vermelho (Rhizophora mangle), mangue branco (Laguncularia racemosa), mangue preto (Avicennia germinans e Avicennia schaueriana) e o mangue-de-botão (Conocarpus erectus).

No estuário do rio Sergipe, a ocorrência de manguezais está associada a fatores como: presença da planície flúvio-marinha, de idade geológica relativamente recente (Holoceno); presença de rios tributários em seu curso inferior em terrenos ligeiramente acima do nível do mar; e ação das marés, que penetram nos seus tributários elevando o nível geral das águas e depositando grandes volumes de matéria orgânica e argilo-minerais (SOUZA, 1992).

Considerando-se os gêneros encontrados no Brasil e as espécies de ocorrência em Sergipe, segue algumas das principais características de espécies de mangue.

Gênero Rhizophora:

A espécie Rhizophora mangle L. (mangue vermelho), da família Rhizophoraceae, é uma arvore da casca lisa e clara, que ao ser raspada mostra cor vermelha, apresentando raízes-escoras ou aéreas (rizófaros) que partem do tronco, e ramos laterais em direção ao solo, com a função de sustentação em solos poucos consolidados característicos de manguezais, além de facilitarem a respiração (troca gasosa), já que em sua superfície encontram-se numerosas lenticelas. Apresenta mecanismo de ultrafiltração em suas raízes, pois permitem a absorção de água enquanto exclui o sal. Seu sistema de reprodução é por viviparidade, ou seja, o embrião presente na semente germina enquanto o fruto ainda encontra-se preso à planta-mãe, dando origem a um propágulo em forma de lança

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(CINTRÓN e SCHAEFFER-NOVELLI, 1983; LANDIM e GUIMARÃES, 2006; OLMOS e SILVA, 2003).

Gênero Avicennia:

Avicennia schaueriana Stapf & Leechman e Avicennia germinans L. (mangue preto, siriba e siriúba).

Essas espécies da família Acantaceae apresentam casca lisa castanho-claro, que ao ser raspada mostra cor amarelada, e possuem raízes superficiais, ou seja, desenvolvem-se horizontalmente, a poucos centímetros abaixo da superfície do sedimento. Dessas raízes superficiais saem ramificações que crescem eretas (geotropismo negativo), expondo-se ao ar, denominados pneumatóforos. Estes apresentam consistência esponjosa e possuem também pequenas lenticelas, com função destacada no processo das trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente. O sistema de reprodução também é por viviparidade (CINTRÓN e SCHAEFFER-NOVELLI, 1983; SCHAEFFER-NOVELLI, 1995; OLMOS e SILVA, 2003).

Gênero Laguncularia:

Laguncularia racemosa Gaerth. (mangue branco e manso).

O mangue branco pertence à família Combretaceae e suas folhas apresentam pecíolo vermelho com duas glândulas em sua parte superior, junto à lâmina da folha. Seu sistema radicular é pouco profundo, semelhante ao mangue preto (Avicennia spp.), porém seus pneumatóforos são menores e em menor quantidade. Produz grande quantidade de propágulos (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995; OLMOS e SILVA, 2003).

Gênero Conocarpus:

Conocarpus erectus L. (mangue-de-botão).

O mangue-de-botão pertence à família Combretaceae é uma espécie característica de ambientes de transição entre o manguezal e a terra firme, sendo frequentemente encontrada nas áreas de apicum (LANDIM e GUIMARÃES, 2006). Suas folhas apresentam pecíolos ligeiramente alados, além das duas glândulas, semelhantes às da Laguncularia racemosa. A inflorescência têm forma arredondada, originando uma infrutescência (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).

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Nas faixas de transição entre o manguezal e o sistema de terra firme, nos manguezais alterados ou entre as árvores, podem ocorrer outras espécies vegetais, como o algodoeiro da praia do gênero Hybiscus, a samambaia do mangue ou avenca do gênero Acrostichum, gramínea do gênero Spartina, algumas Ciperáceas (dos gêneros Scirpus e Eleocharis), gravatás, filodendros, orquídeas, algas que ocorrem na parte inferior dos troncos e nas raízes do mangue, espécies de liquens, musgos, e erva-de-passarinho dos gêneros Struthanthus e Phoradendron, sobre troncos e ramos das árvores (OLMOS e SILVA, 2003).

A distribuição dessas espécies vegetais é determinada por fatores como salinidade, topografia, tipo de substrato, ação de ondas e as características de cada espécie (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995; VANNUCCI, 1999).

Segundo Snedaker (1982) apud Sessegolo (1997), a zonação é uma expressão da sucessão vegetal, uma resposta às mudanças geomorfológicas e fisiológicas aos gradientes das marés, além de uma conseqüência da dispersão preferencial de propágulos.

O manguezal, por apresentar alta salinidade da água e solo, níveis baixos de oxigênio no solo, ser freqüentemente inundado pela maré, etc., é considerado um ambiente que oferece condições hostis à maioria das plantas, sendo necessário que esses vegetais possuam adaptações especiais para sobreviver nestas áreas. As adaptações podem ser modificações morfológicas, anatômicas ou fisiológicas das espécies, em resposta a certas condições ambientais que se desenvolvem (NASCIMENTO, 2008).

Algumas espécies típicas de mangue apresentam adaptações nas raízes aéreas para as trocas gasosas. Tanto os rizóforos (raízes escoras) como os pneumatóforos (raízes respiratórias), possuem orifícios em suas superfícies (lenticelas), através das quais se processa o fluxo dos gases O2 e CO2 entre a planta e o meio ambiente

(SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).

As plantas halófitas se adaptam e conseguem um funcionamento metabólico normal, em ambientes como o manguezal, através da expulsão de íons. A estratégia da Rhizophora mangle é a existência de membranas permeáveis à água e sais essenciais para as árvores em seu sistema de raízes, enquanto não permite a entrada de sais.

Já as espécies de Avicennia permitem a entrada de sais, que saem através dos estômatos das folhas durante a transpiração, cristalizando-se na superfície foliar (SNEDAKER, 1978 apud NASCIMENTO, 2008). Assim como Avicennia spp.; L. racemosa possui glândulas excretoras (OLMOS e SILVA, 2003).

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9

A viviparidade representa uma estratégia adaptativa para aumentar a resistência das plântulas à salinidade e às marés, permitindo maior probabilidade de sobrevivência, quando se fixam no substrato dos manguezais (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).

Para Rabinowitz (1978), o tamanho e o peso dos propágulos explicam a zonação observada nos bosques de mangue. Os propágulos de Rhizophora mangle, por possuirem maior tanho e peso constituindo maior resitência, ocupariam a borda (zonas mais próximas no mar). Já os pequenos propágulos de Laguncularia racemosa e Avicennia spp., por serem mais leves, seriam levados pela maré facilmente para o interior do bosque , ou seja mais distante da borda. De acordo com Novelli e Lacerda (1994) apud Fruehauf (2005), os propágulos de R. mangle possuem viabilidade em torno de um ano, A. schaueriana três meses e L. racemosa apenas de um mês.

Devido à diversidade dos ambientes de manguezal, a zonação não é obrigatoriamente encontrada em todos os manguezais. A distribuição das espécies em um local pode ser totalmente diferente daquela encontrada, para as mesmas espécies, em uma região adjacente. Logo, a zonação das espécies típicas de mangue varia de um manguezal para o outro, em virtude das peculiaridades ambientais de cada local (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).

A variação da estrutura dos bosques de manguezal e a predominância de cada um em determinado ambiente está relacionada, em primeiro lugar, às características do substrato. A energia dos aportes fluviais e marinhos aliada às marés e aos processos de assoreamento e/ou erosão, agem em conjunto sobre uma região determinando as feições da paisagem (FRUEHAUF, 2005).

Os bosques de manguezal podem apresentar diferenças importantes em sua estrutura e funcionamento de acordo com a região, obedecendo a um grande número de fatores e processos ambientais (CUNHA-LIGNON, 2001).

A fisionomia da comunidade vegetal do manguezal reflete a densidade, o porte e a distribuição das árvores das diversas espécies que a compõe. Esse conjunto de características interdependentes determina a estrutura do bosque, que corresponde ao grau de desenvolvimento do ecossistema. A estrutura do bosque varia ao longo do tempodeterminando vários graus de maturidade. Os bosques jovens caracterizam-se por apresentar alta densidade de troncos de diâmetro reduzido, já os bosques maduros caracterizam-se por apresentar uma baixa densidade de troncos, porém de diâmetro elevado (CETESB, 1989 apud FRUEHAUF, 2005).

(22)

10

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Caracterização da área de estudo

A área de estudo localiza-se na Floresta Nacional do Ibura – FLONAI, no município de Nossa Senhora do Socorro, Sergipe. O Ibura está situado na sub-bacia hidrográfica do rio Cotinguiba, na BR 101, com área de 158ha, que compõe a bacia hidrográfica do rio Sergipe. A FLONAI teve sua criação fundamentada pela Lei 9.985 de 18 de Julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (MMA, 2004). De acordo com Silva et al. ( 2008), ela foi criada por decreto em 19 de setembro de 2005, com o objetivo de promover o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais, a manutenção de banco de germoplasma in situ de espécies florestais nativas, inclusive do bioma Mata Atlântica com formações de floresta estacional semidecidual nos estágios médio e avançado de regeneração, em associação com manguezal, a manutenção e a proteção dos recursos florestais e da biodiversidade, a recuperação de áreas degradadas e a pesquisa científica.

A topografia é de relevo suave ondulado, com elevações de altitudes relativas, de ordem de 22m, com declives suaves de 3 a 8% (SANTOS, 2001). O solo predominante é do tipo vertissolos, com ocorrência de podzólicos vermelho amarelo e rendizinas.

O clima da região é do tipo 3dTh - Mediterrâneo quente ou nordestino sub-seco, (classificação de Gaussen), com índice xerotérmico entre 0 e 40, apresentando de 1 a 3 meses secos e temperatura do mês mais frio superior a 15ºC (SANTOS, 2001).

No Ibura, há ocorrência de Mata Atlântica compreendendo formações de floresta estacional semidecídual, nos estádios avançado e médio de regeneração e do ecossistema Manguezal associado. Em estudos realizados por Santos (2001), sobre a cobertura vegetal do Ibura, observa-se que esta está representada por Mata Atlântica (81%), Manguezal

(23)

11

(6%), Bosques de Eucalipto (9%) e Pastagens (4%). O Manguezal está presente nas áreas que margeiam o rio Cotinguiba, onde há predominância da espécie Laguncularia racemosa (mangue branco).

4.2. Georeferenciamento da área experimental

Realizou-se visitas em torno do Manguezal do Ibura para reconhecimento e georeferenciamento da área, por meio de GPS-Garmin 12. Foram marcados trinta e sete pontos, distribuídos na borda e final do interior do manguezal, delimitando assim, a área a ser estudada, área esta que corresponde a 7,65 hectares. Os dados coletados foram processados no programa GPS Track Maker e geraram o mapa apresentado na Figura 1. Em seguida, os mesmos dados foram transferidos para o Google Earth, que disponibilizou a imagem de satélite da região, gerando a delimitação da área experimental (Figura 2).

Figura 1. Área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, situado no rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. (Fonte: programa GPS Track Maker).

(24)

12

Figura 2. Imagem de satélite com a delimitação da área experimental no Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. (Fonte: Google Earth, 2008).

4.3. Método de amostragem para análise da vegetação

Para realização da análise estrutural da vegetação, inicialmente traçou-se transectos perpendiculares à margem do rio, ao longo da borda. A área experimental possui cerca de 600m de borda, na qual seis os transectos foram estabelecidos distantes 80m entre si, sendo que cada um abrange a área desde a borda ate o final do bosque (Figura 3).

Em cada transecto foram demarcadas parcelas de 10x10m (100m2) distantes uma da outra 50m, segundo metodologia proposta por Schaeffer-Novelli e Santos (1989). O número de parcelas variou de acordo com a largura do bosque, tendo sido lançadas 1, 2 ou 4 parcelas por transecto, totalizando treze parcelas.

(25)

13

Figura 3. Área experimental do trecho de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, onde foram estabelecidos seis transectos perpendiculares à margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

4.4. Levantamento da estrutura horizontal e vertical da comunidade arbórea

Em cada parcela foram amostrados todos os indivíduos vivos com circunferência à altura do peito - CAP ≥ 15cm, medido a 1,30m do solo. Para as medições do CAP utilizou-se fita métrica e para altura utilizou-se o método da superposição de ângulos, no qual estimou-se a altura de cada indivíduo (Figura 4).

Todos os indivíduos mensurados foram identificados com uma plaqueta de alumínio numerada (fixada na árvore com prego) e anotados o seu nome regional, CAP (circunferência à altura do peito: 1,30m) e altura. Para o processamento dos dados, o CAP foi transformado em DAP (CAP/π). Essas avaliações ocorreram no período de Dezembro de 2008 a Junho de 2009.

Os dados foram processados e as análises realizadas por meio do Software Mata Nativa 2 (CIENTEC, 2005), licenciado para a Universidade Federal de Sergipe.

(26)

14

Figura 4. A: Medição da circunferência à altura do peito utilizando-se fita métrica. B: Fixação de plaqueta de alumínio numerada em cada indivíduo em área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, Nossa Senhora do Socorro-SE.

4.5. Parâmetros fitossociológicos

Na descrição da estrutura horizontal da área foram estimados os seguintes parâmetros fitossociológicos: densidade absoluta (DA), densidade relativa (DR), freqüência absoluta (FA), freqüência relativa (FR), dominância absoluta (DoA), dominância relativa (DoR), índice de valor de importância (IVI) e o índice de valor de cobertura (IVC) (MUELLER-DOMBOIS E ELLENBERG, 1974).

Na análise da estrutura vertical foi estimada a posição sociológica. Na posição sociológica foram determinados o valor fitossociológico (VF) e a posição sociológica absoluta (PSA).

Para a obtenção dos parâmetros citados acima, foram utilizadas as seguintes equações:

(27)

15 4.5.1. Estrutura Horizontal

a) Densidade (D)

È à medida que expressa o número de indivíduos, de uma dada espécie, por unidade de área, em geral em hectare (FELFILI e REZENDE, 2003).

b) Densidade Absoluta (DA)

A n DA= i c) Densidade Relativa (DRi) 100 x DT DA DR i i       = d) Densidade Total (DT) A N DT = e) Freqüência (F)

Avalia o número de parcelas em que determinada espécie ocorre, indicando assim a dispersão média de cada espécie e é expresso em percentagem. È dada pela probabilidade de se encontrar uma espécie numa unidade de amostragem e o seu valor estimado indica o numero de vezes que a espécie ocorre, num dado número de amostras (FELFILI e REZENDE, 2003).

f) Freqüência Absoluta (FA) 100 x u u FA t i       = g) Freqüência Relativa (FR) 100 1 x FA FA FR i i i             =

=

(28)

16 h) Dominância (D)

È a taxa de ocupação do ambiente pelos indivíduos de uma espécie. É também definida como a projeção da área basal á superfície do solo (FELFILI e REZENDE, 2003).

i) Dominância Absoluta (DoA)

A AB DoA= i

j) Dominância Relativa (DoR) 100 x DoT DoA DoR       =

k) Dominância Total (DoT)

A ABT DoT =

l) Área Basal Total (ABT)

= = 1 i ABi ABT

m) Índice de Valor de Cobertura (IVC)

É o soma da dominância relativa e densidade relativa, fornecendo informações a respeito da importância de cada espécie no local estudado (FELFILI e REZENDE, 2003).

DoR DR

IVC= +

n) Índice de Valor de Importância (IVI)

È a soma dos parâmetros relativos (densidade, freqüência e dominância) caracterizando a importância ecológica de uma determinada espécie no local (FELFILI e REZENDE, 2003).

DoR FR

DR

(29)

17 Onde:

ni = número de indivíduos da i-ésima espécie;

N = número total de indivíduos amostrados; A = área total amostrada, em hectare;

ui = número de unidades amostrais em que i-ésima espécie ocorre;

ut = número total de unidades amostrais;

ABi = Área basal de indivíduos da i-ésima espécie

4.5.2. Estrutura Vertical a) Posição Sociológica ij j j i VF n VF = ; = 100 N N VFj j

= ⋅ = m i ij j i VF n PSA 1 ; 100 1 ⋅ =

= S i i i i PSA PSA PSR Onde:

VFij= valor fitossociológico da i-ésima espécie no j-ésimo estrato;

VFj = valor fitossociológico simplificado do j-ésimo estrato;

nij = número de indivíduos da i-ésima espécie no j-ésimo estrato;

Nj = número de indivíduos no j-ésimo estrato;

N = número total de indivíduos de todas as espécies em todos os estratos; PSAi= posição sociológica absoluta da i-ésima espécie;

PSRi = POS (%) = posição sociológica relativa (%) da i-ésima espécie;

S = número de espécies;

(30)

18 4.6. Levantamento Florístico

4.6.1. Identificação das espécies

Para a identificação dos indivíduos amostrados foram fotografados exemplares das espécies e o reconhecimento desses exemplares foi realizado por comparação em literaturas especializadas (Figura 5).

Próximo ao primeiro e sexto transecto, foram encontradas dois indivíduos do gênero Avicennia, os quais também foram fotografados e na região do apicum, foram feitos

registros fotográficos correspondente ao gênero Conocarpus.

Coletou-se material botânico de todas as espécies encontradas e foram feitas exsicatas (Figura 6), as quais foram depositadas no herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE). As espécies depositadas receberam os seguintes registros: Laguncularia racemosa - 13460; Rhizophora mangle - 13458; Avicennia schaueriana - 13459; e Conocarpus erectus - 13457.

(31)

19

Figura 5. Registro de material botânico em área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, para reconhecimento e identificação. A: Laguncularia racemosa, B: Rhizophora mangle, C: Avicennia schaueriana, D: Conocarpus erectus.

(32)

20

Figura 6. Coleta de material botânico e confecção de exsicatas para posterior deposição no herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE). A: L. racemosa B: R. mangle C: A. schaueriana, D: C. erectus.

4.7. Caracterização do banco de plântulas

Para caracterização do banco de plântulas foram medidos todos os indivíduos com altura de 0,30m até 1m, de todas as parcelas instaladas nos transectos da área amostral. Também foram medidas plântulas da região considerada Coroa (croa), localizada próxima ao meio do rio Continguida e do apicum, região considerada por alguns autores como de transição entre o manguezal e o ambiente terrestre (terra firme). Foram instaladas apenas uma parcela em cada uma dessas regiões

As avaliações de altura foram realizadas com régua graduada (Figura 7), e o diâmetro à altura do solo (DAS) com paquímetro (0,05mm) (Figura 8), no período de Outubro de 2008 a Fevereiro de 2009, correspondente à estação seca na região.

(33)

21

Figura 7. Medição de altura das plântulas com régua graduada, em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE, A-B: Interior do bosque; C-D: Coroa; E-F: Apicum.

(34)

22

Figura 8. Medição do diâmetro à altura do solo (DAS) com paquímetro, em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A-B: Interior do bosque; C: Coroa; D: Apicum.

(35)

23

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5. 1. Florística

Verificou-se a partir das visitas realizadas e georeferenciamento da área experimental, áreas mais estreitas e outras mais largas, sendo estas últimas mais concentradas na região central do manguezal estudado. A borda, franja ou margem do manguezal se comporta de forma linear, contínua, sem grandes alterações, de aproximadamente 600m de comprimento. Já a borda do interior possui fortes alterações quanto a sua linearidade, considerada uma borda sinuosa.

Nas unidades amostrais foram encontradas apenas as espécies Laguncularia racemosa (L). Gaertn. f. (95,78%) e Rhizophora mangle L. (4,22%), mostrando que o

trecho de manguezal da margem direita do rio Cotinguiba, sub-bacia hidrográfica do rio Sergipe (Figura 9) está predominantemente povoado por indivíduos da Laguncularia racemosa em sua borda e faixa interna, ocorrendo alguns indivíduos de Rhizophora mangle no interior do manguezal. Já na área de estudo, foram encontradas e identificadas

outras duas espécies típicas de mangue (Tabela 1). Próximo às duas primeiras parcelas dos transectos um e seis (T1 e T6), foram encontrados dois indivíduos da espécie Avicennia

schaueriana e no apicum foram identificados vários indivíduos da espécie Conocarpus erectus (Figura 10).

(36)

24

Figura 9. Área de Manguezal situada na margem direita do rio Cotinguiba, Floresta Nacional do Ibura, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Tabela 1. Lista de espécies de mangue encontradas em área de Manguezal, na Floresta nacional do Ibura, situada no rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Nome Cientifíco Nome Popular Família Botânica Ocorrência

Rhizophora mangle L. Mangue vermelho Rhizophoraceae Parcela amostral Laguncularia racemosa (L). Gaertn. f. Mangue branco Combretaceae Parcela amostral Avicennia schaueriana Stapf & Lechm

Conocarpus erectus L. Mangue preto Mangue-de-botão Acantaceae Combretaceae Área de estudo Área de estudo

(37)

25

Figura 10. Material botânico de espécies arbóreas encontradas em área de Manguezal, na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A: Folhas de Rhizophora mangle, B: Folhas

e frutos de Laguncularia racemosa, C: Folhas de Avicennia schaueriana, D:

Folhase frutos de Conocarpus erectus.

Apesar das parcelas não caírem na região do apicum (área que está mais presente na região central da borda interior de todo trecho estudado), foi possível verificar vários indivíduos das espécies Conocarpus erectus e Laguncularia racemosa e outras espécies

vegetais características deste ambiente, como as bromélias, aroeira (Schinus terebinthinfolius Raddi.), algumas Ciperaceae e Poaceae (Figura11).

(38)

26

Figura 11. Espécies vegetais encontradas no apicum em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A: Conocarpus erectus; B: Laguncularia racemosa;

C: Banco de plântulas de L. racemosa; D: Poaceae; E: Bromélias; F: Aroeira

(Schinus terebinthifolius).

5.2. Fitossociologia

Foram amostrados 237 indivíduos vivos, pertencentes a duas espécies típicas de mangue: Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. e Rhizophora mangle L. A área basal total

encontrada foi de 14,38m²/ha, sendo 13,92m²/ha para L. racemosa e 0,46m²/ha

correspondente à Rhizophora mangle.

A espécie L. racemosa apresentou dominância para todos os parâmetros avaliados

quando comparados a R. mangle (Tabela 2), apresentando índice de valor de importância

(IVI) correspondente a 273,82 enquanto esta última apresentou IVI igual a 26,18 (Figura 12), estando presente em apenas 3 parcelas enquanto Laguncularia racemosa esteve

(39)

27

Tabela 2. Parâmetro fitossociológicos das espécies de mangue encontradas em área de Manguezal, na Floresta nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Figura 12. Índice de valor de importância para as espécies Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle na Floresta Nacional do Ibura, rio

Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Espécie AB DA DR FA FR DoA DoR IVI IVC

L. racemosa 13,92m²/ha 1746,15 95,78 100,00 81,25 13,93 96,79 273,82 192,57 R. mangle 0,46m²/ha 76,92 4,22 23,08 18,75 0,46 3,21 26,18 7,43

(40)

28

Em estudo realizado por Schaffer-Novelli & Santos (1989), com uma amostragem de dez bosques da bacia do rio Sergipe, constatou-se a presença apenas de R. mangle e L. racemosa em todos eles. Segundo as autoras, grande parte desta vegetação encontrava-se

degradada em virtude da ação antrópica (aterro, corte, construção de viveiros e ocupação das áreas para urbanização).

No estudo fitossociológico realizado por Maia (1996), em bosque de mangue no rio Piauí, R. mangle possuiu maior freqüência e dominância, sendo encontrada na parte

mais frontal do mangue apresentando o maior valor de área basal 5,48m², enquanto L. racemosa e A. shaueriana estavam presentes apenas nas parcelas mais internas dos

bosques, com as áreas basais 1,03m² e 0,45m² respectivamente.

Já em estudo realizado por Rocha (2004), em áreas de manguezais na cidade de Aracaju, verificou-se a predominância de indivíduos da espécie L. racemosa. Porém, em

uma das quatro áreas estudadas, área considerada controle por possuir melhor estado de conservação, a taxa de ocupação do ambiente (dominância), foi maior para os indivíduos de R. mangle, que segundo o autor, apesar de estar em menor número, estes possuem um

sistema de raízes aéreas (rizóforos) que partem do tronco ramificando-se a alguns metros de distância dos mesmos, podendo assim ocupar uma extensão maior de terreno. Nas áreas em que os indivíduos de L. racemosa possuíram os maiores valores em relação à

densidade, freqüência e dominância, os indivíduos conseqüentemente, possuíram os maiores valores de IVI, porém na área controle houve um equilíbrio entre os IVIs das espécies L. racemosa e R. mangle.

Das cinco classes diamétricas que as espécies estudadas pertencem (C1: 5-10 cm;

C2: 10-15cm; C3: 15-20cm; C4: 20- 25cm; C5: 25-30cm), a dominante foi a de centro de

classe 7,5cm - C1 (Figura 13), ou seja, as espécies encontradas no manguezal do Ibura

estão predominantemente na faixa entre 5 a 10cm de diâmetro, com 157 indivíduos (67,09%).

Analisando-se por espécie, L. racemosa possui indivíduos em todas as cinco

classes, com maior número na primeira classe, seguido da segunda. Já R. mangle, esteve

presente apenas em duas das cinco classes, também com maior número de indivíduos na primeira (diâmetro médio 7,5cm - C1) e apenas um indivíduo na terceira classe (diâmetro

(41)

29

Figura 13. Distribuição em classe diamétrica (cm) dos indivíduos de

Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle, na

Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

(42)

30

Figura 14. Distribuição em classes diamétricas (cm) para indivíduos de Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle respectivamente, na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa

Senhora do Socorro-SE.

Segundo Schaffer-Novelli e Cintrón (1986), durante o seu desenvolvimento, os bosque de mangue passam por uma fase em que seu terreno está ocupado por uma grande densidade de indivíduos de diâmetros reduzido, e outra fase de amadurecimento, quando há um domínio de poucos indivíduos de grande porte.

Considerando-se que 67,09% dos indivíduos encontrados na área do Ibura, pertencem à primeira classe diamétrica (5 a 10cm - C1), pode-se inferir que o bosque

estudado possui uma alta densidade de indivíduos de DAP reduzido, indicando uma floresta relativamente jovem, em processo de desenvolvimento.Vale ressaltar que este desenvolvimento pode estar associado à dinâmica natural da vegetação (com a morte e/ou caída natural de árvores e conseqüentemente abertura de clareiras induzindo o desenvolvimento do sub-bosque) ou associado à ação antrópica.

Valores próximos a estes foram encontrados por Seixas et al. (2006), em bosques

de mangue no Furo Grande, Bragança no estado do Pará, onde mais de 50% dos indivíduos possuíam DAP considerado por eles bastante reduzido, pertencendo à primeira classe

(43)

31

5,29 < = H < 9,35

Classes de Altura

H < 5,29

H > = 9,35

diamétrica, estabelecido entre (3 a 9,99cm), mostrando que os bosques possuíam uma alta densidade de indivíduos de diâmetro reduzido.

Verificou-se um maior número de indivíduos (167) na classe de altura de 5,29 a 9,35m, representando 70,46% do total (Figura 15). Peria et al. (1990) apud Oliveira

(2007), observaram que para bosques em recomposição, valores reduzidos de diâmetro e alturas médias são resultados de intervenções humanas recorrentes. Já Jimenez (1999) apud Oliveira (2007), relaciona o desenvolvimento estrutural reduzido, às alterações antrópicas, as quais não permitem que o Manguezal atinja sua maturidade estrutural.

Figura 15. Distribuição dos indivíduos por classe de altura (m),

Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle na Floresta

Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

(44)

32

O manguezal da Flona do Ibura pode ser classificado fisiograficamente como ribeirinho, levando-se em consideração as características de classificação de Lugo & Snedaker (1974), onde as formações de mangue que margeiam rios e canais que são lavadas pela maré poderão ser consideradas ribeirinhas, apesar da baixa diversidade e a não predominância da R. mangle, que pode estar relacionado ao grau de perturbação da área.

Segundo Peria et al. (1990) apud Soares (1999), ambientes com dominância de L. racemosa, pode ser característico de um processo de sucessão e de recomposição. Smith III

(1992) apud Soares (1999), também relaciona que, em bosque de mangue sujeito à maior influência de distúrbios ocorre uma menor representatividade de espécies do gênero

Rhizophora, em relação a outros gêneros, como por exemplo, Laguncularia.

Vale ressaltar que o manguezal estudado encontra-se sob influência antrópica, principalmente nas áreas de menor extensão, da borda para o final do bosque. Em uma de suas extremidades ocorre diariamente despejo de resíduo industrial no rio advindo de uma fabrica têxtil (Figura 16).

Figura 16: Despejo de resíduo industrial (fabrica têxtil) na borda do Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

A B

D C

(45)

33 A

C

B

D Parte da vegetação desta mesma área foi suprimida para a duplicação da estrada pertencente à BR 101. Na região de transição entre este ecossistema e remanescentes de Mata Atlântica, há trilhas que possibilitam maior acessibilidade da população, seja para retirada de madeira (Figura 17) ou coleta de animais, esta última realizada com maior freqüência na região da borda (Figura 18).

Ao percorrer as trilhas, é possível encontrar armadilhas para coleta de animais e algumas redinhas e restos de materiais de pesca e bastante lixo como garrafas Pet, vidros, latas e bolsas plásticas. Medidas de recuperação devem ser implantadas na área de maior ação antrópica, levando-se em consideração as espécies encontradas.

Figura 17. Corte e retirada de madeira para diferentes fins em área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

(46)

34

Figura 18. Coleta de animais em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

5. 3. Banco de Plântulas

Verificou-se a presença de noventa e seis plântulas na avaliação das parcelas situadas nos seis transectos, localizadas no bosque de mangue da Floresta Nacional do Ibura, pertencentes a três espécies típicas de mangue: Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa e Avicennia schaueriana (Tabela 3). Na coroa, localizada mais próxima ao meio

o curso do rio foram encontradas trinta e nove plântulas de Laguncularia racemosa e no

apicum setenta e quatro, totalizando duzentos e nove plântulas.

Nota-se uma maior densidade de plântulas de Rhizophora mangle nos transectos

um e seis (T1 e T6), seguido da Avicennia schaueriana e apenas um indivíduo de

Laguncularia racemosa. Nos transectos (T2 e T4), não foram encontradas plântulas, ou

(47)

35

Tabela 3. Densidade de plântulas encontradas nos transectos localizados em área de Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Verifica-se que o banco de plântulas encontrado não corresponde à abundância encontrada para os indivíduos adultos no estudo fitossociológico como que pode ser verificado na tabela 4.

Tabela 4. Abundância de plântulas e árvores encontradas nos transectos do Manguezal da Flona do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro- SE.

Esta abundância de plântulas de R. mangle, contrariamente ao que foi encontrado

para os indivíduos adultos, pode estar relacionada com a capacidade dos indivíduos desta espécie em tolerar um maior período de sombreamento, ocasionado pelo dossel do bosque, o que não deve ocorrer com os indivíduos de L. racemosa.

Espécie T1 T2 T3 T4 T5 T6 Coroa Apicum Total por

espécie R R..mmaannggllee 2266 0 0 1313 0 0 1717 3434 0 0 0 0 9090 L L..rraacceemmoossaa 00 0 0 00 0 0 0 0 11 3939 7474 111144 A A.. sscchhaauueerriiaannaa 33 0 0 00 0 0 1 1 11 0 0 0 0 5 5 Total 2299 0 0 1133 0 0 1818 3636 3939 7474 202099

Espécie Indivíduos % Abundância R Rhhiizzoopphhoorraammaannggllee Plântulas Árvores 93,75 4,22 90 10 L Laagguunnccuullaarriiaarraacceemmoossaa Plântulas Árvores 1,04 95,78 1 227 A Avviicceennnniiaasscchhaauueerriiaannaa Plântulas Árvores 5,21 –– 05 ––

(48)

36

A

C

D

B

Segundo Silva et al. (2005) e Soares et al. (2006), é típico de L. racemosa a

elevada produção de propágulos e, conseqüentemente, elevada taxa de recrutamento e densidade de plântulas. Porém, este padrão está concentrado em um período do ano, seguido por uma alta taxa de mortalidade por esgotamento de reservas nutritivas e por competição com jovens e adultos, quando não há disponibilidade de espaço e luz. Isto foi observado no manguezal do Ibura durante o estudo fitossociológico, no qual o piso do sub-bosque possuía um grande número de plântulas principalmente durante os meses de Maio e Junho, formando um tapete verde como observado na figura 19.

A ocorrência de algumas plântulas do gênero Avicennia pode ser explicada pela

presença de dois indivíduos da espécie Avicennia schaueriana, próximo às primeiras

parcelas dos transectos um e seis. No indivíduo próximo ao T6, foi verificado sob ele banco

de plântulas.

Figura 19. Banco de Plântulas de Laguncularia racemosa nos meses de Maio e Junho de

2008 em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, situada na margem do rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

(49)

37

A abundância dos indivíduos de Laguncularia racenosa (39) em apenas uma

parcela localizada na coroa (Figura 20), pode ser explicado pela migração dos propágulos de dentro do bosque para esta área (já que a coroa fica a poucos metros da borda), considerando-se também a teoria do tamanho e peso do propágulo, que são carregados facilmente pelas marés. Observou-se também uma grande quantidade de propágulos maduros (principalmente nos meses de Março e Abril) e outros emitindo radícula. Um fator de grande importância para esta abundancia e desenvolvimento é a luminosidade que estas plântulas são expostas, já que são consideradas pouco tolerantes ao sombreamento.

A

C

B

D

C

Figura 20. Coroa localizada em frente à área de manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A: Coroa em frente à borda do Manguezal; B: Parcela instalada na Coroa; C: propágulos maduros e emitindo radícula no substrato da coroa; D: Banco de plântulas situado na coroa.

(50)

38

A

B

E

C

D

No apicum, verificou-se um grande número de indivíduos (74) em uma mesma parcela. Este fato não é comum, pois este ambiente possui grande salinidade em virtude da menor influência de aporte de água e uma rápida evaporação quando esta área é banhada, podendo também ser explicado pela teoria do tamanho e peso dos propágulos. Apesar do alto número de plântulas encontradas, observou-se também a presença de várias plântulas mortas, com altura variando de 10 a 15cm (Figura 21). Outro fato bastante interessante foi a presença de grãos (partículas) de sal nas folhas de indivíduos vivos e mortos (em decomposição), assim como na base do caule (substrato). Este fato é considerado normal, pois uma das adaptações de algumas espécies típicas de mangue, no caso da Laguncularia racemosa, é a existencia de glândulas excretoras de sal.

Figura 21. Plântulas de Laguncularia racemosa localizadas no apicum em área de

Manguezal da Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE. A-B: Partículas de sal no substrato; C-D: Partículas de sal nas folhas de L. racemosa; E: Indivíduos de L. racemosa

(51)

39

Para a altura das plântulas no bosque, o maior valor foi para uma única plântula de

Laguncularia racemosa (66,0cm), presente nos seis transectos analisados (Tabela 5). Na

parcela que esta plântula estava presente, verificou-se a existência de uma pequena clareira, o que pode ter causado sua permanência (desenvolvimento) neste local se deva a este fator (luminosidade), já que plântulas de Laguncularia racemosa possuem menor

tolerância a sombreamento, comparando-se com as outras espécies típicas de mangue. Possivelmente, esta afirmação pode ser considerada também para explicar o maior valor de diâmetro médio encontrado, como pode ser visto na tabela 6.

Tabela 5. Altura média (cm) de plântulas em área de Manguezal na Floresta Nacional do Ibura, rio Cotinguiba, município de Nossa Senhora do Socorro-SE.

Considerando-se que no manguezal há um grande fluxo diário de água e matéria orgânica em virtude da dinâmica das marés, a luz (intensidade luminosa) torna-se o fator de maior importância para o estabelecimento de plântulas, principalmente para aquelas que estão abaixo do dossel no interior do bosque, comparando-se com as que habitam coroas e/ou apicuns.

A segunda espécie a possuir maior valor em altura foi a Rhizophora mangle, e os

menores valores foram para as plântulas de Avicennia schaueriana, no transecto seis (T6).

As plântulas da coroa apresentaram altura média igual a 45,68cm. Considerando-se a estrutura morfológica das espécies típicas de mangue, estas plântulas aparentemente apresentam-se mais jovens que as demais, porém no parâmetro altura, não há uma grande diferença entre elas. Possivelmente este resultado pode estar associado ao maior desenvolvimento em virtude da maior intensidade luminosa que estas são expostas.

Já para as plântulas do apicum observou-se o contrário, as mesmas possuem aspecto de mais velhas e menos desenvolvidas. Possivelmente este aspecto seja uma Espécie T1(cm) T2(cm) T3(cm) T4(cm) T5(cm) T6(cm) Croa(cm) Apicum

R R..mmaannggllee 4455,,8833 00 5522,,1199 00 5566,,5566 4499,,4422 00 00 L L..rraacceemmoossaa 00 00 00 00 00 6666,,00 4455,,6688 5511,,9944 A A..sscchhaauueerriiaannaa 4400,,1166 00 00 00 3377,,00 3311,,00 00 00

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