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Inicialmente, foi avaliada a normalidade dos dados, os quais se não apresentaram anormalidade, bem como não foram encontrados outliers e missing. Os dados descritivos da amostra são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Comparação entre sexo e dados descritivos Dados Descritivos Homens Mulheres Idade 16,97 ± 1,54 16,75 ± 1,76 Tempo de Prática 2,81 ± 0,38 2,91 ± 0,28 Treino por semana 2,70 ± 1,35 2,50 ± 1,12 Intensidade 2,2 ± 2,20 1,96 ± 0,56

Os resultados a seguir serão apresentados conforme os objetivos específicos, para que ao final possa responder o objetivo geral deste estudo. Assim, o primeiro objetivo especifico foi avaliar a preferência de atividade de lazer de jovens atletas. Os resultados demonstraram que o hábito Lúdico obteve a maior freqüência (54,5%), seguido dos hábitos Hedonistas (39,3%) e o Instrutivo com 5,4%. Estes resultados podem ser explicados, já que por se tratar de atletas, os hábitos lúdicos tem relação direta com a atividade física e os jogos. Deste modo indivíduos que praticam um esporte regularmente, tende realizar outras práticas esportivas em seus momentos de lazer, levando o lazer como uma prática lúdica (QUEIROZ, SOUZA, 2009; SILVA, 2011).

Percebe no que diz respeito aos hábitos hedonistas estes foram os mais citados, o corroborando os estudos de Melo (2008); de acordo com a autora a personalidade de atletas tem uma relação mais a características hedonistas. O baixo percentual inferido aos hábitos instrutivos é possível que esteja relacionado, segundo Zenha, Resende e

Gomes (2009) à falta de tempo, de motivação e de organização do tempo. É possível que , estes fatores levem a criação do estereótipo de que todo atleta ou profissional de Educação Física lêem pouco e se não se envolvem com estudos, sendo estigmatizados como “desinteressados” (BEILOCK, MCCONNELL, 2004; BONATO, SARRIERA, WAGNER, 2006; PEREIRA, MAIA, SAMPAIO, MELO (no prelo)).

Tal reflexão pode ser entendida segundo Formiga e Dias (2008), os hábitos Hedonistas e Lúdicos não se mostraram consistente frente à variável de rendimento escolar, mas hábitos de lazer Instrutivos são capazes de contribuir para a formação escolar e cultural dos jovens, assim como, na prevenção do fator de proteção a conduta de risco.

Assim, o pouco interesse pela leitura segundo Formiga, Ayroza e Dias (2005), poderia tornar os jovens capazes de escolhas de lazer diferenciadas e exclusivas, sendo que, o baixo interesse pela leitura se contraponha ao prazer dos hábitos hedonistas. Por fim, afirma-se que os hábitos hedonistas têm a preferência dos jovens, em parte, devido ao seu caráter prazeroso (BONATO, SARRIERA, WAGNER 2006; MATTHEWS, 2006).

Silva (2011) avaliando o rendimento escolar de praticantes e não praticante de atividades físicas observou que aqueles que praticavam atividade física tiveram um melhor rendimento escolar do que os nãos praticantes. Porém cabe ressaltar que praticantes de atividade física são diferentes de atletas, já que estes últimos devem se dedicar mais tempo e esforço para que se consiga destacar nas competições. Iwantschuk e Navarro (2011) avaliaram as mesmas variáveis e não encontram influência significativa da atividade física em relação ao desempenho escolar.

Atendendo ao segundo objetivos, relacionado à diferença na escolha de atividades de lazer entre o sexo. A tabela a seguir apresenta os resultados encontrados.

Tabela 2. ANOVA Two-way para comparação entre sexo e hábitos de lazer Hábitos Homens (55) Mulheres (58) p

Hedonista 2,53 ± 0,64 2,69 ± 0,70 0,21

Instrutivo 1,85 ± 0,81 2,55 ± 0,90 0,001* * diferenças significativas

Foram encontradas diferenças significativas entre homens e mulheres nos hábitos de lazer lúdico (p=0,001) onde os homens atletas apresentaram maiores escores do que mulheres atletas, bem como nos hábitos instrutivos (p=0,001) onde mulheres apresentaram maiores escores do que os homens. Não foram encontradas diferenças significativas para os valores dos hábitos hedonistas, porém observa-se que estes hábitos apresentam valores alto quanto relacionados aos outros dois hábitos de lazer.

Os dados encontrados não se apoiam ao estudo de Sales-Nobre et. al. (2009) que registraram que adolescentes homens preferem hábitos hedonistas. No presente estudo este resultado caracteriza-se pela amostra ser composta por atletas, já que atletas possuem característica de personalidade mais hedonista (OGLETREE, DRAKE, 2007; QUEIROZ, SOUZA, 2009; SILVA, 2011).

Ainda no estudo de Sales-Nobre et. al. (2009) as adolescentes mulheres apresentaram uma preferência por hábitos instrutivos o que corrobora nossos achados. Segundo Sarriera et. al. (2007) meninas dedicavam-se as atividades artísticas, culturais e atividades escolares enquanto os meninos preferem brincar e realizar atividades mais individualistas com assistir TV, jogar vídeo game.

Para Colley et. al.(1996) e Pfeifer, Martins e Santos (2010) mulheres adolescentes preferem atividades que envolvam socialização, como promover comemoração para amigos e/ou comunidade e conversar com amigos e/ou parentes e ajudar nas atividades de casa enquanto os homens são mais interessados em atividades de lazer que envolvam aventura, competição sendo estas mais agressivas.

Segundo Marcellino (2006) os motivos destes envolvimentos não são apenas biológicos, mas apresentam uma grande influencia da cultura e do meio social. Ainda sendo o autor algumas privações feitas pela família mostram limitações nas experiências das meninas relacionadas ao lazer. Santos (2010) afirma que experiências diferenciadas traçam hábitos e atitudes na construção da identidade sexual que marcam o lazer, uma vez que, padrões pré-estabelecidos pela sociedade fazem que a participação das meninas fique bem restrita, incentivando determinados estereótipos.

Para atender o terceiro objetivo do estudo, gerou-se uma ANOVA Two Way. Os resultados estão apresentados na tabela 3.

Tabela 3. Comparação entre perfil Psicológico de Gênero e hábitos de Lazer.

Perfil Psicológico Hábitos

Hedonista Lúdico H. Instrutivo

Het. Feminino 2,52 ± 0,74 1,69 ± 0,78 2,35 ± 1,02

Isoesquemático 2,63 ± 0,65 2,08 ± 0,83 2,19 ± 0,85

Het. Masculino 2,66 ± 0,65 2,00 ± 0,76 2,06 ± 0,97

p 0,40 0,05* 0,73

Observou-se que existe uma diferença significativa somente para os hábitos lúdicos (p=0,05) onde indivíduos heteroesquemáticos femininos apresentam valores mais baixos que os isoesquemáticos e heteroesquemáticos masculinos. Porém, cabe ressaltar que, com relação aos hábitos hedonistas a variação numérica vai do perfil masculino para o perfil feminino sendo este o menor valor. Já com relação aos hábitos instrutivos esta relação é inversa onde o perfil feminino apresenta maiores valores que o masculino, passando pelo perfil isoesquemático, o qual apresenta valores sempre medianos quando comparados aos perfis masculino e feminino.

Em geral, características tipicamente masculinas como autodisciplina, autoconfiança, objetividade, baixa tensão e menos nível de ansiedade revelam que os atletas apresentam traços da masculinidade em sua personalidade, ou mais especificamente, nos esquemas de gênero presentes no autoconceito. Estes traços de personalidade podem auxiliar na escolha de hábitos de Lazer (BEILOCK, MCCONNELL, 2004; CUSTÓDIO, 2007).

Portanto, para os Bonato, Sarriera e Wagner (2006) afirmam que os hábitos hedonistas possuem uma relação significativa com as dimensões do autoconceito aceitação sociais, competência esportiva, atrativo romântico, amizade intima, ou seja, com a masculinidade. A principal razão encontra-se, provavelmente, no grau elevado de

prazer individual e imediato que são traços característicos da masculinidade (GIAVONI, 2000; MATTHEWS, 2006; GIAVONI, TAMAYO, 2010).

Corroborando esta relação do hedonismo com a masculinidade, Melo (2008) frisa o termo Hedonismo, quando foca ao perfil dos sujeitos idiocêntricos, caracterizandos estes indivíduos como aqueles que buscam o prazer e gratificação sensual individual e desfrutar da vida. Para a autora os aspectos de estimulação e de autodeterminação, criatividade, exploração, independência, liberdade, curiosidade, auto- resposta e escolha das próprias metas são alguns exemplos de masculinidade.

Ainda de acordo com Bonato, Sarriera, Wagner (2006), os hábitos instrutivos caracterizaram-se um efeito positivo no autoconceito, sendo o contato com livros, revistas e jornais favorecem a competência academia, a visita a familiares proporciona contato social, percebendo-se hábeis para fazer amigos e são característicos da feminilidade, atestando assim, nossos resultados.

Para Melo (2008) e Harrison et. al. (2009) indivíduos com perfil psicológico mais feminino tendem a apresentar traços como sensibilidade, responsabilidade, organização e buscam metas mais coletivistas. Estes tendem a ter hábitos Instrutivos, uma vez que, estes hábitos são condizentes com sua personalidade.

Estas diferenças perceptivas podem ser respaldadas pelo fato de que os esquemas de gênero trabalham como filtros que influenciam na forma de pensar, sentir e agir dos indivíduos.

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