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Neste capítulo são apresentados os resultados e as análises construídas em relação aos indicadores da atuação de psicólogos escolares nos Institutos Federais. Inicialmente, são descritas as informações referentes à distribuição da força de trabalho desses profissionais no cenário nacional dos IFET’s, articulando-as com os marcos da expansão dessas instituições, com os conteúdos presentes em documentos legais que referendam a descrição do cargo e com as prerrogativas institucionais que constituem os setores em que atuam a referida categoria.

Posteriormente, são realizadas as análises referentes ao perfil sociodemográfico, à trajetória formativa e profissional e aos relatos de ações práticas dos participantes em seus contextos de trabalho. Com base na psicologia histórico-cultural e nas produções teóricas da psicologia escolar, essas discussões fundamentaram a construção dos indicadores da atuação de psicólogos escolares na educação superior e, mais especificamente, da proposição de diretrizes para a atuação desses profissionais na educação superior.

Caracterização do Perfil e da Atuação de Psicólogos Escolares nos Institutos Federais

Na primeira etapa da pesquisa, o mapeamento institucional permitiu, inicialmente, identificar o cenário nacional da atuação dos psicólogos escolares nos IFET’s. Em levantamento realizado pela pesquisadora junto aos sites institucionais de cada Instituto e ao Portal da Transparência do Poder Executivo Federal, conduzido entre os meses de março e abril de 2016, foram identificados 453 psicólogos escolares compondo o quadro de servidores técnicos- administrativos em educação dos Institutos Federais em todas as regiões do país. Com essa informação, pode-se evidenciar a inserção desses profissionais em cada estado e região e, ainda, o percentual relativo ao total de psicólogos escolares nesses espaços educativos no país. A Tabela 8 apresenta a distribuição desses profissionais nos IFET’s no país.

Tabela 8

Quantidade de Psicólogos Escolares nos Institutos Federais do país

Psicólogos Escolares dos Institutos Federais

Região/Estados N = 453 % = 100 Norte 50 11,04 Acre 6 1,32 Amapá 3 0,66 Amazonas 16 3,53 Pará 9 1,99

Rondônia 7 1,55 Roraima 3 0,66 Tocantins 6 1,32 Nordeste 171 37,75 Alagoas 13 2,87 Bahia 30 6,62 Ceará 26 5,74 Maranhão 23 5,08 Paraíba 11 2,43 Pernambuco 22 4,86 Piauí 15 3,31

Rio Grande do Norte 20 4,42

Sergipe 11 2,43

Centro-Oeste 43 9,49

Distrito Federal 9 1,99

Goiás 22 4,86

Mato Grosso 9 1,99

Mato Grosso do Sul 3 0,66

Sudeste 104 22,96 Espírito Santo 22 4,86 Minas Gerais 29 6,40 Rio de Janeiro 20 4,42 São Paulo 33 7,28 Sul 85 18,76 Paraná 14 3,09

Rio Grande do Sul 36 7,95

Santa Catarina 35 7,73

Nota. A porcentagem se refere ao total de psicólogos escolares nos IFET’s do país.

De acordo com as informações da Tabela 8, pode-se identificar que o maior quantitativo de psicólogos escolares está concentrado na região nordeste (37,75%), sendo a região em que mais concentraram as políticas de expansão desse ensino, em decorrência do cenário de vulnerabilidade. Ainda nessa região, o estado da Bahia (6,62%) é o que possui maior expressividade desses profissionais em atuação nos Institutos Federais. Na sequência da descrição dos dados apresentados, observou-se que a região centro-oeste (9,49%) é a que assinala a menor inserção de psicólogos escolares em Institutos Federais, na qual a atuação desses profissionais predomina no estado de Goiás (4,86%).

Ainda com os dados informados na Tabela 8, verifica-se uma variação na presença de psicólogos escolares entre os estados de uma mesma zona territorial. Na região norte, essa presença está em maior representatividade no Amazonas (3,53%) e em menor no Amapá (0,66%) e Roraima (0,66%). A região nordeste tem, além do estado da Bahia (6,62%), o segundo maior número desses profissionais lotados no Ceará (5,74%) e em menor escala em Sergipe (2,43%).

Na região centro-oeste, o estado de Goiás, representado pelo IF Goiás e IFGoiano, destaca-se como o que dispõe do maior número de psicólogos escolares nos Institutos Federais (22) e, por outro lado, o Mato Grosso do Sul é o que tem o menor quantitativo desses profissionais em exercício, menos de 1% em relação ao total nacional. Na região sul, a partir da junção das unidades acadêmicas dos Institutos Federais dos Estados, o Rio Grande do Sul comparece como o Estado com o maior número de psicólogos escolares (7,95%). Em menor expressividade numérica desses profissionais nessa região têm-se o Paraná (3,09%). Na região Sudeste, em São Paulo registra-se a maior distribuição de psicólogos escolares em seus Institutos (7,28%). Na sequência, a partir da reunião de suas unidades acadêmicas, o Estado de Minas Gerais resulta na segunda maior quantidade desses profissionais em exercício nos Institutos Federais (6,40%).

Vale ressaltar que para melhor analisar as informações obtidas por meio desse levantamento seria necessário também identificar o ano de criação das antigas Escolas Técnicas e Centros Federais nesses Estados e monitorar o dimensionamento da força de trabalho ao longo dos anos de mudança no contexto da educação profissional e tecnológica. Ainda que nesse estudo não se tenha priorizado análises para caracterizar atuação dos psicólogos escolares em nível nacional, pode-se depreender que o movimento de interiorização da formação dos psicólogos no Brasil (Macedo, Dimenstein & Carvalho, 2015) pode ter contribuído para a inserção desses psicólogos em diferentes regiões do país que, em seus municípios, dispõem da estrutura dos Institutos Federais. Associado a esse argumento, entende-se que a política de expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica no país também contribuiu de forma importante para a ampliação das oportunidades para essa categoria. Atribui- se à criação e à interiorização dos Institutos Federais uma ampliação dos interesses institucionais pela qualidade da preparação educacional que repercutiu em uma maior inserção da Psicologia Escolar para apoiar os processos de formação de estudantes nesses espaços educativos.

Esse cenário nacional contraria o estudo de Borges-Andrade, Bastos, Andery, Guzzo e Trindade (2015), que apontou que a psicologia perdeu espaço na área de educação ao longo dos anos, evidenciando-se a consolidada inserção dos psicólogos escolares em espaços que materializaram as mudanças na política do ensino profissionalizante. Nos Institutos Federais, as oportunidades para atuação desses profissionais têm-se ampliado gradativamente. Em

observância aos princípios e finalidades institucionais nesses espaços educativos, acredita-se que esses profissionais estão em potenciais contextos para planejar intervenções em favor da promoção do desenvolvimento e da aprendizagem dos atores educativos.

A partir do mapeamento institucional acerca da atuação dos psicólogos escolares no IFET’s, também se tornou relevante caracterizar os setores nos quais estão lotados os psicólogos escolares no cenário nacional. Nos Institutos Federais, a existência de inúmeros departamentos institucionais e de diferentes modalidades de ensino revela uma robusta estrutura organizacional capaz de receber as mais diversas contribuições da psicologia escolar.

Em uma das etapas do mapeamento institucional, mais especificamente a de consultas aos sites institucionais, foram identificadas duas grandes áreas para o exercício profissional do psicólogo escolar: (a) apoio acadêmico e (b) assistência estudantil. A depender das realidades dos campi dos Institutos Federais, esses eixos de trabalho podem estar funcionando em setores com diferentes nomenclaturas, tais como: Coordenações de Apoio ao Estudante, Coordenações de Assuntos Estudantis, Coordenação Sociopedagógica, Coordenação Pedagógica, Núcleo Pedagógico, Assistência Estudantil e Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Especiais (Feitosa & Marinho-Araujo, 2016a).

Para além das funções técnicas, destacam-se também as oportunidades institucionais que esses profissionais possuem quando exercem funções de coordenadores de departamentos vinculados às políticas de pesquisa e de gestão do ensino. Nesses casos específicos, o psicólogo escolar responsabiliza-se pela discussão ampla dos processos administrativos e pela otimização dos resultados referentes aos eventos científicos, à participação dos Institutos Federais em diferentes espaços de produção e divulgação do conhecimento e, ainda, à operacionalização das políticas educativas estabelecidas em cada ano letivo ou acordo institucional (Feitosa & Marinho-Araujo, 2016a).

De acordo com as análises das informações disponibilizadas nos sites institucionais dos IFET’s, nos departamentos vinculados ao apoio acadêmico, a atuação do psicólogo escolar está voltada para o acompanhamento dos estudantes e dos docentes frente às questões acadêmicas. A intervenção desse profissional é pautada por ações de apoio à trajetória formativa dos discentes. Essas práticas são desenvolvidas por meio da oferta de espaços para a escuta psicológica, orientação profissional, acolhimento de novos alunos na instituição, condução de palestras e conferências envolvendo as temáticas acerca do desenvolvimento humano e das expectativas profissionais.

Ainda no eixo do apoio acadêmico, o psicólogo escolar também promove atividades coletivas com a equipe multidisciplinar composta por técnicos-administrativos em educação, tais como pedagogos, assistentes sociais e outros técnicos. Com o trabalho em equipe, por meio da participação em discussões envolvendo as demandas curriculares e a elaboração do projeto político pedagógico, esse profissional tem construído intervenções direcionadas para os

estudantes, pais/responsáveis do discente no cotidiano dos Institutos Federais e auxiliado os docentes e coordenadores de curso nos processos de ensino e aprendizagem, a partir da especificidade do conhecimento psicológico. Além disso, tem-se o registro da intervenção psicológica na proposição de espaços democráticos de comunicação, construídos para promover debates acerca das rotinas escolares, das dificuldades acadêmicas e das expectativas da comunidade na formação entre as representações estudantis (representantes de turma ou grêmios estudantis), docentes ou coordenadores de curso.

Referente à área da assistência estudantil, os departamentos institucionais têm requerido a participação dos psicólogos escolares dos Institutos Federais nas ações de seleção, acompanhamento e concessão de benefícios aos estudantes, previstas pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil (MEC, 2010). Esses profissionais têm atuado conjuntamente com assistentes sociais (em alguns campi em parceria com nutricionistas, médicos e pedagogos) na condução de atividades de apoio aos estudantes em situações de vulnerabilidade socioeconômica. Além disso, encontraram-se registros de participação de psicólogos na construção de instrumentos para coleta de informações acerca dos aspectos psicossociais e pedagógicos dos estudantes, a fim de sugerir melhorias no desempenho escolar, garantir a permanência e aperfeiçoar a trajetória formativa do discente.

Como parte integrante da Assistência Estudantil, os Institutos Federais dispõem dos Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE). Nesses departamentos, os psicólogos escolares também participam do desenvolvimento de ações em favor da inclusão dos estudantes no contexto acadêmico. Com apoio da coordenação pedagógica e do registro acadêmico dos IFET’s, esses profissionais podem obter a matrícula dos alunos com necessidades específicas e identificar quais são os recursos necessários para apoiar os processos de aprendizagem desses estudantes. Dessa maneira, cabe ao psicólogo escolar auxiliar no processo das adaptações curriculares para cada necessidade específica, acompanhar os casos de superdotação, transtornos globais do desenvolvimento ou alguma outra necessidade educativa do estudante. Nesse sentido, torna-se possível alinhar as ofertas dos cursos com a cultura da educação inclusiva e para a diversidade, bem como promover ações de conscientização da educação para todos nesses espaços de formação.

Com as relevantes análises construídas por meio do mapeamento institucional, pode-se apresentar o panorama da atuação dos psicólogos escolares dos Institutos Federais, envolvendo a distribuição do quantitativo desses profissionais e os possíveis cenários institucionais para o desenvolvimento do seu trabalho na educação profissional e tecnológica. A partir desses dados, pode-se caracterizar o perfil sociodemográfico, a trajetória de formação e profissional e os setores de trabalho em que estão lotados os profissionais participantes dessa pesquisa.

Por meio da página eletrônica “psicologiaescolarnarede.com.br”, criada para a pesquisa, o registro efetuado pelos psicólogos escolares permitiu identificar as informações referentes ao

gênero, faixa etária, nível de formação, tempo de trabalho e departamentos de atuação desses participantes nos Institutos Federais. As análises dessas informações fundamentam-se na literatura da área acerca da formação dos psicólogos, psicologia escolar na educação profissional e das produções acadêmicas referentes aos Serviços de Psicologia nos Institutos Politécnicos em Portugal.

Em relação à distribuição dos sujeitos da pesquisa por gênero, a Tabela 9 sintetiza que, dos 93 psicólogos escolares cadastrados, há prevalência de participantes do sexo feminino (86%). Do sexo masculino, foram treze psicólogos escolares que aceitaram compor a amostra. Tabela 9

Quantidade de Psicólogos Escolares por Sexo

Psicólogos Escolares

n = 93

Sexo feminino 80 (86%)

Sexo masculino 13 (14%)

A informação quanto ao gênero extraída nesse estudo, ainda que seja acerca de uma especificidade da formação em psicologia, também encontra resultados semelhantes em pesquisas referentes ao perfil dessa profissão no Brasil. O estudo conduzido por Bastos e Gondim (2010) assinalou que, na primeira década dos anos 2000, mais de 80% dos profissionais da área eram do sexo feminino. Confirmando essa prevalência, o relatório solicitado pelo Conselho Federal de Psicologia sobre a inserção dos psicólogos no mercado de trabalho brasileiro evidenciou que as mulheres são a maioria entre os psicólogos, representando 90% (132.000) do total de psicólogos ocupados no país (DIEESE, 2016).

No tocante à pesquisa realizada junto aos Serviços de Psicologia dos Politécnicos, do total de 9 participantes, sete eram do sexo feminino. Esse dado, além de corroborar os resultados dessa pesquisa e das produções brasileiras, também encontra correspondência com o estudo acerca do perfil dos psicólogos escolares em Portugal (Mendes, Abreu-Lima & Almeida, 2015). De acordo com os autores, naquela investigação identificou-se que a maioria dos psicólogos escolares (88%) é do sexo feminino e atua no sistema público de ensino.

A média de idade dos participantes no estudo brasileiro foi de 34,4 anos, com o desvio- padrão de 7,8. Com base no desvio-padrão, compreende-se que há uma considerável variação na faixa etária. Esse dado sinaliza que há um número representativo de participantes com idade que distam da média. A Tabela 10 apresenta a distribuição por idade, média e desvio-padrão dos referidos profissionais.

Tabela 10

Faixa Etária, Idade Média e Desvio Padrão de Psicólogos Escolares

Psicólogos Escolares Idade Média Desvio Padrão

n = 93

34,4 anos

Até 30 anos 36 (38,7%)

Entre 31 e 40 anos 39 (42,0%) 7,8 anos

Acima de 40 anos 17 (18,3%)

Não declarou 1 (1,0%)

Os psicólogos escolares dos IFET’s estão com a média de idade semelhante à maioria dos psicólogos ocupados no Brasil. De acordo com o DIEESE (2016), 84,6% (124.114) desses profissionais possuem 30 anos ou mais. Com esse dado, depreende-se que a maioria dos participantes da pesquisa integra um corpo técnico de profissionais jovens (80,7%, considerando as faixas de até 30 anos e entre 30 e 40 anos). Acredita-se que as mudanças que alavancaram a expansão dos Institutos Federais também podem ter contribuído para o aumento das vagas para a contratação destes profissionais, associando-se com a condição de que é nesta faixa etária que muitos psicólogos estão recém ingressando no mercado de trabalho (DIEESE, 2016).

Em comparação com o estudo conduzido em Portugal, observou-se que a média de idade dos psicólogos escolares brasileiros é mais baixa. Em Portugal, os psicólogos dos Serviços de Psicologia dos Politécnicos que participaram da pesquisa têm um pouco mais de 40 anos. Essa distribuição etária também se aproxima do perfil profissional de psicólogos escolares portugueses (Mendes et al., 2015), com a variação de apenas dois anos para menos aos registros desses profissionais atuantes nos Institutos Federais e Institutos Politécnicos.

Em relação ao tempo de trabalho nos Institutos Federais, a Tabela 11 assinala os intervalos correspondentes ao tempo de atuação dos psicólogos escolares nesses espaços educativos. Pode-se identificar que o tempo médio de trabalho desses participantes é de 4,7 anos, variando entre 1 ano incompleto e um pouco mais de 9 anos no serviço.

Tabela 11

Tempo de Trabalho, Tempo Médio e Desvio Padrão de Psicólogos Escolares nos Institutos Federais

Psicólogos Escolares Tempo Médio Desvio Padrão

n = 93

4,7 anos

Menos de 1 ano 5 (5,4%)

Entre 1 e 5 anos 64 (68,8%) 4,7 anos

Entre 6 e 10 anos 16 (17,2%)

Mais de 10 anos 8 (8,6%)

Os primeiros registros da presença do psicólogo no quadro de técnicos das Escolas Técnicas e Centros Federais assinalam o final da década de 1980. Acredita-se que a reestruturação da carreira do “psicólogo-área” (MEC, 2005) e a expansão em larga escala dos Institutos Federais (entre 2008 a 2012) podem ter contribuído significativamente para o aumento do quantitativo de cargos, de concursos públicos e, por conseguinte, das nomeações de psicólogos escolares nesse contexto (Feitosa & Marinho-Araujo, 2016a).

Diante dessa análise, observou-se que a maioria dos participantes que integraram essa pesquisa ingressou em um Instituto Federal em meados de 2010 (correspondente ao intervalo entre 1 e 5 anos de trabalho). Embora possa representar um período razoável de adaptação, considerando inclusive o percurso temporal do estágio probatório, o psicólogo escolar ainda pode ter se deparado com cenários de campi em implantação, de mudanças políticas institucionais e do fortalecimento da composição da força de trabalho em um Instituto Federal. Nesse sentido, considerou-se que boa parte desses profissionais, além de integrarem o perfil profissional jovem, também é recém-chegada no contexto da educação profissional e tecnológica.

Em situação diferente estão os psicólogos dos Politécnicos em Portugal. Os participantes da pesquisa apresentam um tempo médio de 11 anos de trabalho nos Serviços de Ação Social ou Gabinetes de Psicologia dessas instituições. O tempo maior de inserção desses profissionais no ensino politécnico pode estar relacionado à estrutura historicamente consolidada dos Politécnicos, em que se registrou a mudança institucional mais abrangente no ano de 1970 (Urbano, 2011). Nesse sentido, depreende-se que os espaços educativos já estavam melhores delineados para a contratação e sistematização do trabalho da psicologia.

No tocante ao nível de formação dos psicólogos escolares que compuseram a amostra da pesquisa, a Tabela 12 apresenta os dados obtidos em relação à escolaridade dos participantes. De acordo com esses dados, identificou-se que a maioria desses profissionais possui Especialização (32,3%) e em menor representatividade estão os que possuem o Doutorado (5,4%).

Tabela 12

Nível de Formação de Psicólogos Escolares dos Institutos Federais

Escolaridade Psicólogos Escolares

n = 93 Graduação 6 (6,5%) Especialização 30 (32,3%) Mestrado 24 (25,8%) Mestrado Incompleto 19 (20,4%) Doutorado 5 (5,4%) Doutorado Incompleto 8 (8,6%) Não declarado 1 (1,1%)

No plano de cargos e carreiras dos técnicos-administrativos em educação (MEC, 2005), no qual estão incluídos os psicólogos dos Institutos Federais, há uma política de incentivo à qualificação desses profissionais para os níveis de pós-graduação e formação continuada, justificando a maioria com estudos pós-graduados (63,5%). Acredita-se que essa política institucional efetivamente contribui para que esses profissionais busquem oportunidades de aperfeiçoamento enquanto estão em exercício nos Institutos Federais.

Os resultados quanto à formação de psicólogos escolares nos Institutos Federais também apontam correspondência com o estudo acerca do exercício do psicólogo na área da educação no Brasil. Borges-Andrade et al. (2015) evidenciaram que, ao contrário das áreas de clínica, organização e trabalho, a maioria dos profissionais que atuam na interface educacional já tem pós-graduação (especialização).

Por outro lado, Borges-Andrade et al. (2015) sinalizaram que menos de 10% dos profissionais consultados nesse estudo possuem mestrado ou doutorado. Esse dado, por sua vez, difere do que se identificou na realidade dos IFET’s. De acordo com a Tabela 10, há um número

expressivo de psicólogos escolares com título de Mestrado (24) ou em vias de conclusão desse curso (19).

De forma complementar aos resultados referentes à formação de psicólogos escolares nos Institutos Federais, o fórum da pesquisa intitulado “Sala da Convivência” também viabilizou espaços para que esses profissionais especificassem detalhes acerca de suas trajetórias acadêmicas e de formação continuada. Foram vinte postagens de psicólogos escolares das regiões do Estado de Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Amapá, Rio Grande do Sul, Goiás, Santa Catarina, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pará, Acre e Distrito Federal.

De acordo com os relatos desses psicólogos escolares, alguns revelaram que não tiveram acesso ou não optaram ao longo de sua graduação por uma formação em psicologia escolar. Para exemplificar esta análise, destaca-se a fala de P.3 quando diz “formei em 2008 pela IES X, fiz pós em Psicodrama e em Ciências da Religião e o mestrado em Ciências Sociais”. A experiência de P.5 apontou “meu contato com a Psicologia escolar se deu na minha graduação, através de grupos de estudos e de pesquisa, mas nunca me imaginei de fato como psicóloga escolar. Minha formação profissional caminhou dentro da saúde coletiva, com foco na saúde mental”. A formação de P.12 ocorreu “em 2010, pela Universidade Y. Desde a graduação