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Primeiramente procedeu-se a análise do grau de instrução em cada um dos quartis. Conforme o gráfico 1 percebe-se que o grau de instrução no primeiro quartil, aquele em que a produtividade do trabalho é a maior,49% da população de 25 anos ou mais de idade não tem instrução alguma (analfabeta) ou sequer possui o fundamental completo, que corresponde à conclusão do nono ano. Observa-se que neste quartil, como era esperado, está o menor contingente da população com menor qualificação no Ceará. Constata-se também que neste primeiro quartil, onde se encontra os municípios de maior produtividade do trabalho, está também o maior percentual da população de 25 anos ou mais de idade que tem ao menos o nível médio completo, como era esperado.

Por outro lado, como era previsto, no último quartil, aquele que detém a menor produtividade do trabalho, está o maior percentual da população de 25 anos ou mais de idade que sequer completou o nível elementar (75%). Neste quarto quartil está o menor percentual da população maior de 25 anos que concluiu ao menos o segundo grau completo (3%).

Nos quartis intermediários (segundo e terceiro) observam-se comportamentos parecidos no que concerne às escolaridades observadas nas populações de 25 anos ou mais de idade. No segundo quartil constata-se ligeira vantagem, de um ponto de vista da qualificação da força de trabalho em relação ao terceiro.

Contudo, de um modo geral, o nível de qualificação da força de trabalho no Ceará é muito baixo. Observa-se que no estado 57% da população maior de 25 anos não concluiu o nível elementar. Apenas 7% concluíram ao menos o nível médio.

Gráfico 1: Percentual da população de25 anos ou mais de idade segundo o nível de instrução (Quartis e Ceará em 2010)

Fonte dos dados originais: Censo Demográfico de 2010. 49% 70% 73% 75% 57% 15% 11% 10% 10% 13% 27% 15% 13% 12% 22% 9% 4% 4% 3% 7% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

1º Quartil 2º Quartil 3º Quartil 4º Quartil Ceará

sem instrução ou fundamental incompleto Fundamental completo ou Médio incompleto Médio completo ou Superior incompleto Superior Completo

31 Em seguida procedeu-se a análise das produtividades do trabalho do ano de 2010 dos municípios cearenses, estabelecendo-se as comparações entre os quartis da maior, média do quartil e a menor.

Na tabela 1encontram-se os municípios possuidores da maior e da menor produtividade do trabalho conforme cada quartil, os demais municípios podem ser visualizados nos anexo.

Tabela 1: Identificação dos Municípios com maiores e menores produtividades do Trabalho segundo os Quartis e o Estado do Ceará em 2010

Maior Produtividade (R$/pessoa maior de 25 anos)

Menor Produtividade (R$/pessoa maior de 25 anos)

QUARTIS Município Valor

(R$)

Município Valor

(R$)

Primeiro Quixeré 7513,23 Amontada 999,02

Segundo Jaguaribara 998,65 Catunda 839,30

Terceiro Boa Viagem 834,36 Ibicuitinga 736,12

Quarto Miraíma 735,34 Catarina 552,92

Ceará Quixeré 7513,23 Catarina 552,92

Fonte dos Dados originais: Censo Demográfico do IBGE de 2010

A tabela 2 evidência as relações entre as produtividades do trabalho.Através das evidências mostradas na mesma fica demonstrado que a menor produtividade do trabalho observada para o primeiro quartil representa apenas 13 por cento da maior produtividade deste quartil. Neste quartil está a maior disparidade entre a maior e a menor produtividade do trabalho, já que Amontada que é o município com a menor produtividade do trabalho desse quartil representa apenas 13 por cento da produtividade de Quixeré que é o maior, porém nos demais as produtividades do trabalho ficaram em torno de suas médias, variando de 75 por cento a 88 por cento o valor do de menor produtividade do trabalho para o de maior produtividade do trabalho.

No Ceará observa-se que a menor produtividade do trabalho que está no município de Catarina, representa apenas sete por cento da maior produtividade do trabalho no estado. Observando-se a desigualdade dentro dos quartis, constata-se que a maior produtividade do último quartil (o de menor produtividade) representa apenas dez por cento da produtividade máxima do Ceará que está no primeiro quartil, evidenciando as disparidades existentes dentro do Estado.

32 Tabela 2: Produtividade do trabalho da população de 25 anos ou mais de idade no Ceará dividido em Quartis e Ceará em 2010

Quartis/Ceará Maior Produtividade (R$ / Pessoa maior de 25 anos) Produtividade Média (R$ / Pessoa maior de 25 anos) Menor Produtividade (R$ / Pessoa maior de 25 anos) Relação entre a menor e a maior produtividade do trabalho Primeiro 7513,23 1735,35 999,02 0,13 Segundo 998,65 903,09 839,30 0,84 Terceiro 834,36 786,43 736,12 0,88 Quarto 735,34 690,85 552,92 0,75 Relação Entre o Quarto e o Primeiro Quartil 0,10 0,35 0,55 - Ceará 7513,23 1028,93 552,92 0,07

Fonte dos dados originais: Censo Demográfico de 2010.

A tabela 3 mostra-se os resultados encontrados na aferição da relação entra a produtividade do trabalho (PROD) e a variável explicativa ELEM que mede o percentual da população maior de 25 anos que não havia cursado em 2010 ao menos o nível elementar. Os resultados estão expostos nos quatro quartis hierarquizados em ordem decrescente de acordo com as respectivas produtividades do trabalho e para o estado do Ceará. Observa-se que em todos os quartis os sinais negativos associados aos respectivos coeficientes angulares foram encontrados. Portanto, verifica-se que em nos quartis assim como para o Ceará com exceção do terceiro quartil, o coeficiente de regressão angular foi significativamente diferente de zero. Os resultados mostrados sugerem que no primeiro quartil, uma variação de um por cento da população maior de 25 anos sem ter concluído o nível elementar de estudo, provoca variação em sentido contrário de R$362,00 na produtividade do trabalho.

Para o estado do Ceará, um por cento de queda na população maior de vinte cinco anos sem ter concluído ao menos o nível elementar provoca elevação da produtividade de R$473,00.

33 Tabela3: Resultados das Análises de Regressão para a PRODi, tendo como variável explicativa ELEM em 2010. Variável Dependente (PROD) R2 CoeficienteLinear Significância Estatística Variável Explicativa (ELEM) Coeficiente angular Significância Estatística Primeiro Quartil 0,037 40,281 0,006 -0,362 0,106 Segundo Quartil 0,065 10,908 0,000 -0,027 0,048 Terceiro Quartil -0,017 8,318 0,000 -0,006 0,633 Quarto Quartil 0,019 8,133 0,000 -0,016 0,179 Ceará 0,194 43,564 0,000 -0,473 0,000

Fontesdos dados Originais: IBGE, CensoDemográfico de 2010.

O Gráfico 2 relaciona a produtividade do trabalho com a variável explicada e a variável ELEM. Claramente, evidencia-seuma relação inversa entre estas duas variáveis.

Gráfico 2: Relação entre produtividade do trabalho e escolaridade, tendo como variável explicativa ELEM em 2010

Na Tabela 4 mostram-se os resultados encontrados nas análises de regressão que aferem nos quartis hierarquizados e para o estado do Ceará, de acordo com as respectivas produtividades do trabalho (PROD) e a população maior de 25 anos que tinha cursado o segundo grau completo, o nível superior incompleto e/ou o nível superior completo em 2010 (MEDSUP).

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Tabela4: Resultados das Análises de Regressão para a PRODi, tendo como variável explicativa MEDSUP em 2010.

Variável Dependente

(PROD)

R2 Coeficiente

Linear Significância Estatística

Variável Explicativa (MEDSUP) Coeficiente Angular Significância Estatística Primeiro Quartil 0,027 7,826 0,245 0,403 0,142 Segundo Quartil 0,089 8,310 0,000 0,041 0,025 Terceiro Quartil -0,022 7,896 0,000 -0,002 0,916 Quarto Quartil 0.009 6,641 0,000 0,017 0,179 Ceará 0,176 -0,469 0,792 0,583 0,000

Fontes dos dados Originais: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

Das evidências apresentadas na tabela 4 depreende-se que, com exceção do resultado encontrado para o terceiro quartil, todos os demais quartis apresentaram sinais positivos (de acordo com as expectativas) entre a produtividade do trabalho e a população que detinha ao menos o nível médio completo. Contudo, o coeficiente angular para o terceiro quadrante não foi estatisticamente significante. Portanto, assumiu-se que neste quadrante não há relação definida entre a população com melhor escolaridade e a Produtividade do trabalho.

No primeiro quadrante o coeficiente foi estatisticamente diferente de zero ao nível de 14,2 por cento de margem de erro. Neste caso, observa-se que uma elevação de um por cento na população com ao menos o nível superior completo provoca incremento de produtividade do trabalho, no quartil, de R$403,00 por pessoa.

Para o estado do Ceará como um todo se constata que o ajustamento estatístico foi bem melhor, tanto de um ponto de vista do coeficiente de determinação ajustado (R2) como em termos da significância estatística (zero por cento de erro). Assim sendo, os resultados sinalizam que para a variação de um por cento da população maior de 25 anos com ao menos o nível médio de escolaridade a variação na produtividade do trabalho se dará, na mesma direção, na magnitude de R$583,00 por pessoa.

No gráfico 3 confirma-se a relação existente entre produtividade do trabalho e escolaridade, possuindo variável explicativa a população de 25 anos ou mais de idade que concluiu o nível médio completo, superior incompleto ou superior completo, demonstrando que essa relação fica ascendente, ou seja uma maior escolaridade da população impacta positivamente a produtividade do trabalho.

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Gráfico 3: Relação entre produtividade do trabalho e escolaridade, tendo como variável explicativa MEDSUP em 2010.

Os resultados encontrados na pesquisa corroboram com as hipóteses feitas à priori, que ressaltam a importância da educação na formação da produtividade do trabalho dos municípios cearenses.

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6. CONCLUSÕES

Esta pesquisa procurou analisar os impactos da educação na produtividade do trabalho e no desenvolvimento econômico, avaliando por meio da educação sua importância para a formação do capital humano e como consequência para o desenvolvimento econômico do estado do Ceará. A educação é componente fundamental do capital humano e contribui direta e indiretamente na formação do crescimento e desenvolvimento econômico do Ceará.

Os resultados encontrados e demonstrados para os 184 municípios cearenses, que foram hierarquizados conforme as magnitudes desse valor, constatam que os municípios que apresentaram melhor produtividade do trabalho encontrados no primeiro quartil são os que apresentam menor percentual de pessoas de 25 anos ou mais sem instrução ou com nível fundamental incompleto; e maior percentual desse mesmo grupo com nível médio completo, superior incompleto ou superior completo. Comprovando-se por meio de análises estatísticas que maiores níveis de instrução contribuem para elevar a produtividade do trabalho da população de 25 anos ou mais que se encontra nos municípios do Ceará, sendo comprovado quando analisados quartil por quartil como para o estado do Ceará como um todo. Ao analisar-se o impacto da redução do percentual da população de 25 anos ou mais com escolaridade inferior ao nível elementar sobre a produtividade do trabalho do Ceará, observa- se que é positivo, conforme explica a teoria do capital humano.

O estudo ainda mostra que a população de 25 anos ou mais que detem o nível de escolaridade mais acurado no Ceara (ao menos o nível médio completo) tem a maior produtividade do trabalho e oferece uma resposta positiva para este indicador. Maior o percentual da população do município com escolaridade igual ou superior ao nível médio, maior será a produtividade do trabalho. Coeficiente de elasticidade positivo, como preceitua a Teoria do Capita Humano.

Os resultados encontrados na pesquisa acentuam a relevância da educação na evolução da produtividade do trabalho no Ceará. Assim, conclui-se que os objetivos da pesquisa foram encontrados e, mais ainda, os resultados sinalizam em que magnitude a redução da taxa da população com escolaridade inferior ao nível elementar completo impacta na produtividade do trabalho. Mostra ainda a magnitude em que uma elevação do percentual da população dotada ao menos do ensino médio impacta a produtividade média do trabalho nos municípios cearenses em 2010.

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