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Neste item foram apresentados os resultados com relação aos dois objetivos específicos deste estudo.

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5.1- Percepção dos impactos causados pela terceirização nas condições de trabalho dos trabalhadores terceirizados

Os indicadores utilizados para a percepção dos impactos da terceirização no trabalho dos trabalhadores terceirizados do setor de limpeza da UFV, foram: Saúde do Trabalhador; Pressão Temporal; Carga de Trabalho e Qualidade do Trabalho.

Saúde do Trabalhador

A seguir, a Tabela 1 mostra a percepção do trabalhador acerca da sua saúde.

Tabela 1: Percepção do trabalhador acerca da sua saúde Condição de Saúde

Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) Péssima Ruim Regular Boa Ótima Abstenções 0 0 24 48 16 1 0% 0% 27% 54% 18% 1% Problemas de Saúde

Não apresento nenhum problema Apresento algum problema

Abstenções 55 32 2 62% 36% 2%

Problemas de Saúde depois que começou a trabalhar como terceirizado

Sim Não Abstenções 25 6 1 78,1% 18,8% 3,1% Fonte: Dados da pesquisa do autor Carvalho (2019).

Os resultados apresentados na Tabela 1 mostram que 54% dos entrevistados apresentam uma condição de saúde boa e 18% regular, totalizando 72% dos casos. No que quis respeito a problemas de saúde, 62% dos entrevistados, relataram não apresentar nenhum problema de saúde.

Dos 36% dos casos de relato de problemas de saúde, que correspondem a 36 trabalhadores, 18,8% responderam que estes não têm relação com o trabalho atuam que desempenham, enquanto 78,1% relataram que adoeceram após terem ingressado no trabalho atual. Em relação às doenças que apareceram depois que começaram a trabalhar como terceirizados, dos 25 trabalhadores que adoeceram 12 disserem que apresentam dores nas costas, três deles dores no corpo, hipertensão e estresse, dois com problemas com o joelho e tendinite.

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Esses resultados estão de acordo com os resultados de Mandarini (2016), o qual discorre que os estudos relacionados à saúde do trabalhador terceirizado, dentre as doenças físicas, as que os trabalhadores mais se sentem incomodados são dores nas costas. Mas o que se destacou em termos de reclamações foram os adoecimentos psíquicos, sendo o estresse a principal deles. Destaca-se que este tipo de adoecimento em longo prazo pode ocasionar a incapacidade para trabalhar. O estresse é uma doença crônica que desgasta o organismo diminuindo a capacidade de trabalho. Os fatores que mais influenciam o estresse é a pressão sofrida de seus encarregados, rotatividade, preconceito, salários ruins, instabilidade, flexibilização dos direitos que gera insegurança, dentre outros (MANDARINI, 2016).

O estresse pode levar a doenças, pois toda vez que o processo estressor é intenso e/ou continuo, é considerado uma agressão ao organismo. Há um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, que associado aos maus hábitos alimentares, futuramente, esse indivíduo sofrerá com a hipertensão (LIMA e NETO, 2010).

Os 25 trabalhadores que adoeceram depois que começaram no trabalho atual é um número relativamente alto, pois nenhum funcionário deveria apresentar adoecimento devido a seu trabalho. De acordo com Brotto e Dalbello-Araujo (2012), a taxa de adoecimentos decorrido do trabalho tem aumento bastante. Esse índice de adoecimento deveria ser nulo, pois trabalhar não deveria ser algo que traga sofrimento e dor para as pessoas, mas sim realizações, sucesso e felicidades.

 Pressão Temporal e Carga de trabalho

Na Tabela 2 foi utilizada uma escala de Likert enumerada de 0 a 10, o qual irá tentar medir a percepção do trabalhador a respeito da pressão temporal para a realização do trabalho. Goulart (2012) discorre que a escala varia de 0 que tende a nunca, a 10 que tende a sempre. A seguir será apresentada a Tabela 2 onde foi utilizado para a sua construção, frequência absoluta (F) e frequência relativa (%) dos itens.

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Tabela 2: Percepção do trabalhador a respeito da pressão temporal para a realização do trabalho Atualmente

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 *

F % F % F % F % F % F % F % F % F % F % F % F %

No final da jornada, o meu trabalho está concluído

1 1,1 0 0 1 1,1 0 0 1 1,1 3 3,4 0 0 2 2,2 8 9 15 16,9 57 64 1 1,1

Tenho tempo

suficiente para fazer tudo o que preciso

3 3,4 0 0 3 3,4 5 5,6 1 1,1 10 11,2 1 1,1 11 12,4 16 18 5 5,6 33 37 1 1,1 Ao longo da semana, acumulam-se tarefas pendentes 34 38,2 5 5,6 4 4,5 2 2,2 1 1,1 11 12,4 7 7,9 3 3,4 9 10,1 6 6,7 6 6,7 1 1,1 Levo tarefas do

trabalho para casa

75 84,3% 9 10,1 2 2,2 0 0 0 0 1 1,1 0 0 1 1,1 1 1,1 0 0 0 0 0 0

Em finais de semana e feriados, termino o trabalho

59 63,3 3 3,4 2 2,2 2 2,2 0 0 3 3,4 0 0 2 2,2 2 2,2 3 3,4 13 14 0 0

Fonte: Dados da pesquisa do autor Carvalho (2019). *Abstenções

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Os resultados apresentados na Tabela 2 mostram que, em relação ao trabalho estar concluído no final da jornada, 2,2% das pessoas apresentaram tendência de quase nunca a nunca, 92,1% tendendo de quase sempre a sempre, 3,4% neutros e 1,1% abstiveram-se. No que diz respeito ao tempo suficiente para fazer tudo o que precisa, 13,5% apresentaram tendência de quase nunca a nunca, 74,1% tendendo de quase sempre a sempre, 11,2% neutros e 1,1 não responderam. Em relação a acumular tarefas pendentes ao longo da semana, 51,6% dos entrevistados tendem de quase nunca a nunca, 34,8% tendendo de quase sempre a sempre, 12,4% neutros e 1,1% abstiveram-se. No que diz respeito a levar tarefas do trabalho para casa, 96,6% tendem de quase nunca a nunca, 2,2% tendendo de quase sempre a sempre e 1,1% neutros. No que se refere a terminar o trabalho nos finais de semana, 71,1% tendem de quase nunca a nunca, 21,8% tendendo de quase sempre a sempre e 3,4% neutros.

Destaca-se nestes resultados que este tipo de trabalho é considerado “operatório” até mesmo para o trabalhador, que não considera as preocupações com as atividades ou as consequências negativas do desenvolvimento das atividades no trabalho, dentro do âmbito de coisas relativas ao seu trabalho que “leva para casa”. Estudos como, por exemplo, de Mendes (2008) e Campos et al. (2015) mostram que a pressão temporal que acontece quando há muitas atividades a serem realizadas pelos trabalhadores terceirizados em pouco tempo de serviço, é frequente na terceirização. Muitas delas, às vezes, ocupando o horário de descanso. Realizam o trabalho sob pressão dos encarregados, são cobrados, a todo tempo, a cumprir metas, essas são adaptações feitas para acelerar o ritmo produtivo e muitas vezes acarreta o adoecimento do trabalhador, como poderá ser constatado nos dados relativos ao adoecimento posteriormente.

A seguir é mostrada uma nova tabela para medir a percepção dos trabalhadores em relação ao tempo para a realização de suas atividades. Na Tabela 3 foi utilizada uma escala de Likert, enumerada de 1 a 7, onde de um a três significa que apresenta tendência a faltar tempo para terminar as atividades; quatro nem falta tempo e nem sobra tempo e cinco a sete tendência a sobrar tempo. Para a construção da Tabela 3, foram utilizadas a frequência absoluta (F) e frequência relativa (%) dos itens.

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Tabela 3: Percepção dos trabalhadores a respeito do tempo para a realização de suas atividades Para realizar todo meu trabalho com minha atual carga horária

Me falta tempo Me sobra tempo

1 2 3 4 5 6 7 *

F % F % F % F % F % F % F % F %

10 11,2 9 10,1 11 12,4 25 28,1 16 18 6 6,7 9 10,1 3 3,4

Fonte: Dados da pesquisa do autor Carvalho (2019). * Abstenções

Os resultados apresentados na Tabela 3 mostram que, em relação a realizar todo o trabalho com a atual carga horária, 33,7% apresentam tendência a faltar tempo, 34,8% tendem a sobrar tempo, 28,1% neutros e 3,4% abstiveram-se. Esses resultados divergem da Tabela 2, pois aqui eles entendem que o tempo para a realização das atividades é curto, mas aumentam a intensidade do trabalho para conseguirem realizar todas as atividades. Metade dos trabalhadores percebe como um tempo curto para o desempenho de suas atividades.

De acordo com Torres (2011), a maior parte dos trabalhadores terceirizados não tem tempo suficiente para realizarem todas as suas atividades, ocupando horários de descanso para terminar. São os que mais sofrem por pressão temporal, pois na maioria dos casos as empresas terceirizadas contratam poucos trabalhadores para realizarem muitas atividades, cobram ritmos mais acelerado, realizam o trabalho sobre pressão de seus supervisores. Para Ramazzini (1992) além da pressão temporal, tem também o movimento repetitivo durante as atividades, que tem como objetivo de acelerar o ritmo de trabalho, mas que impacta negativamente na saúde do trabalhador causando o aparecimento de doenças como LER – Lesões por Esforço Repetitivo e/ou DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.

No que diz respeito à percepção do trabalhador acerca do tempo para a realização das atividades no trabalho, de acordo com o estudo de Galvan (2015) todos os trabalhadores terceirizados possuem um elevado volume de atividades para realizarem ao longo do dia e muitas vezes não tem tempo suficiente para terminar tudo. Mas em algumas empresas o nível de tarefas para alguns é menor do que para outros. Um estudo realizado na UFRGS referente ao trabalho do trabalhador terceirizado mostrou que o volume de atividades a serem realizadas não é divido igualmente entre os trabalhadores. Alguns ficam sobrecarregados, tendo que trabalhar por muitas horas. Exige-se qualidade e desempenho no trabalho, não têm horário de descanso e realizam movimentos repetitivos. Esses fatores podem ocasionar o adoecimento

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dos trabalhadores, como doenças psicológicas e ocupacionais relacionadas à sobrecarga de trabalho.

Em termos da percepção sobre a qualidade das condições de trabalho oferecidas, os itens estão organizados na Tabela 4, sendo utilizada a escala tipo Likert, enumerada de 0 a 10, onde de zero a quatro a tendência é de péssimo a ruim, cinco é o ponto neutro, e de seis a dez tendendo de bom a ótimo. Para a construção da Tabela 5, foi considerada a frequência absoluta (F) e frequência relativa (%) dos itens.

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Tabela 4: Percepção dos trabalhadores acerca da qualidade do trabalho que realizam

Condições de Trabalho em seu centro

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 * F % F % F % F % F % F % F % F % F % F % F % F % Ambiente físico, instalações e equipamentos 0 0 0 0 0 0 2 2,2 7 7,9 14 15,7 1 1,1 6 6,7 17 19,1 13 14,6 28 31,6 1 1,1 Recursos materiais e técnicos 1 1,1 1 1,1 0 0 3 3,4 5 5,6 10 11,2 7 7,9 8 9 14 15,7 12 13,5 26 29,2 2 2,2 Prevenção de riscos no trabalho 9 10,1 1 1,1 0 0 5 5,6 2 2,2 4 4,5 4 4,5 4 4,5 8 9 10 11,2 35 39,3 7 7,9 Respeito no grupo de trabalho 0 0 0 0 1 1,1 3 3,4 3 3,4 6 6,7 4 4,5 7 7,9 10 11,2 8 9 44 49,4 3 3,4 Qualidade do contrato de trabalho 0 0 0 0 0 0 1 1,1 5 5,6 4 4,5 4 4,5 9 10,1 6 6,7 8 9 50 56,2 2 2,2

Fonte: Dados da pesquisa do autor Carvalho (2019). *Abstenções

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Os resultados apresentados na Tabela 4 mostram que, em relação ao ambiente físico, instalações e equipamentos, 10,1% dos participantes, apresentaram tendência a considerar ruim a péssimo, enquanto para 73,1% tendência de bom a ótimo. Para 15,7% nem bom nem ruim, e 1,1% abstiveram-se. No que diz respeito aos recursos materiais e técnicos, 11,2% dos entrevistados apresentaram tendência a ser de ruim a péssimo, 75,3% tendência de bom a ótimo, 11,2% neutros e 2,2% abstiveram-se. Em relação à prevenção de riscos no trabalho, 19% apresentaram tendência a ser de ruim a péssimo, 68,5% tendência de bom a ótimo, 4,5% neutros e 7,5% abstiveram-se. Destes, quatro relataram ainda que a empresa da qual fazem parte possuí a CIPA da qual são membros.

Em relação ao respeito no grupo de trabalho, 7,9% apresentaram tendência a ser de ruim a péssimo, 82% tendência de bom a ótimo, 6,7% neutros e 3,4% abstiveram-se. No que diz respeito à qualidade do contrato de trabalho, 6,7% apresentaram tendência a ser de ruim a péssimo, 86,5% tendência de bom a ótimo, 4,5% neutros e 2,2% abstiveram-se. Alguns terceirizados relataram que a empresa cumpre corretamente com o que está estabelecido no contrato de trabalho que assinaram. Estes relatos mostram que o trabalhador não conhece seu contrato de trabalho, visto que a empresa não cumpre com todas as exigências.

De acordo com Corcetti e Behr (2009) e Vasconcelos (2001), a qualidade do trabalho está relacionada às condições concedidas aos trabalhadores terceirizados, que na grande maioria é péssimo. Entretanto, como este trabalho é desenvolvido nas instalações da UFV, em seus prédios de departamentos, laboratórios e demais espaços físicos, a qualidade do ambiente é garantida pela instituição, o que funciona como um diferencial para estes trabalhadores. Nos outros sentidos, aqueles que levam em consideração as condições ofertadas pela própria empresa prestadora do serviço, se apresenta desfavorável como, por exemplo, oportunidades de crescimento na empresa e insumos de péssima qualidade. As empresas visam apenas o aumento o lucro e aumento da produtividade.

Um estudo sobre trabalhadores terceirizados mostrou que a condição de trabalho em que estes se encontram é precária. Não tendo recursos materiais suficientes para terminar o trabalho, quando têm é de péssima qualidade, não tem a CIPA na empresa, que é de obrigatoriedade e tem como objetivo averiguar e relatar as condições de risco no trabalho e demandar medidas para eliminar os riscos, não cumprem com o que está no contrato de trabalho, dentre outros fatores (DRUCK et al, 2018) .

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5.2-Percepção dos sujeitos acerca da satisfação e realização no trabalho

Os indicadores utilizados para a percepção dos trabalhadores acerca da satisfação e realização no trabalho no setor de limpeza predial na UFV foram: qualidade do serviço; constrangimentos emocionais; condições de trabalho em que estão submetidos; significado do trabalho e sentido do trabalho.

Qualidade do serviço e constrangimentos emocionais

Na Tabela 5 é utilizada uma escala tipo Likert enumerada de 0 a 10 para avaliar a percepção dos trabalhadores acerca da qualidade do trabalho que executa, zero a quatro representa a tendência péssimo a ruim, cinco é o ponto neutro e de seis a dez de bom a ótimo. Para a construção da Tabela 6, foi considerada a frequência absoluta (F) e frequência relativa (%) dos itens.

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Tabela 5: Percepção dos trabalhadores acerca da qualidade do trabalho que executa

Condições de trabalho em seu centro

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 * F % F % F % F % F % F % F % F % F % F % F % F % Companheirismo 1 1,1 0 0 1 1,1 5 5,6 3 3,4 11 12,4 3 3,4 6 6,7 13 14,6 6 6,7 38 42,7 2 2,2 Respeito no grupo de trabalho 0 0 0 0 1 1,1 3 3,4 3 3,4 6 6,7 4 4,5 7 7,9 10 11,2 8 9 44 49,4 3 3,4 Reconhecimento do seu trabalho pelos colegas 2 2,2 1 1,1 1 1,1 1 1,1 3 3,4 9 10,1 5 5,6 7 7,9 15 16,9 9 10,1 34 38,2 2 2,2 Reconhecimento do seu trabalho pelos usuários 2 2,2 0 0 0 0 0 0 2 2,2 6 6,7 3 3,4 6 6,7 11 12,4 12 13,5 45 50,6 2 2,2 Tempo de trabalho (horário, ritmos, descanso, etc.) 0 0 2 2,2 2 2,2 3 3,4 0 0 7 7,9 5 5,6 10 11,2 12 13,5 16 18 31 34,8 1 1,1 Relação com a direção 5 5,6 0 0 0 0 1 1,1 5 5,6 8 9 3 3,4 9 10,1 9 10,1 11 12,4 35 39,3 3 3,4 Apoio da direção

Fonte: Dados da pesquisa do autor Carvalho (2019). *Abstenções

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Os resultados apresentados na Tabela 5 mostram que no que diz respeito ao companheirismo no trabalho, 11,2% terceirizados possui tendência péssimo a ruim, 74,1% com tendência de bom a ótimo , 12,4 neutros e 2,2% abstiveram-se. Em relação ao respeito no grupo de trabalho, 7,9% tendem péssimo a ruim, 82% com tendência de bom a ótimo, 6,7% neutros e 2,2% abstiveram-se.

No que diz respeito ao reconhecimento do seu trabalho pelos colegas, 8,9% entrevistados tendem péssimo a ruim, 78,7% com tendência de bom a ótimo, 10,1% são neutros e 2,2% abstiveram-se. No que diz respeito ao tempo de trabalho (horário, ritmos, descanso, etc), 7,8% tendem péssimo a ruim, 83,4% com tendência de bom a ótimo, 7,9% estão neutros e 1,1% abstiveram-se. Em consideração à relação com a direção, 12,3% tendem péssimo a ruim, 75,3% com tendência de bom a ótimo, 9% neutros e 3,4% abstiveram-se. Em relação ao apoio recebido da direção, 10% tendem péssimo a ruim, 81% com tendência de bom a ótimo, 7,9% neutros e 1,1% abstiveram-se.

Os trabalhadores terceirizados são invisíveis aos olhos da empresa e dos usuários, não têm o respeito dos mesmos, podendo passar por situações constrangedoras. O seu trabalho não é reconhecido, horários e ritmos de trabalhos são exaustivos e muitas vezes não possuem uma boa relação com a direção (GEMMA, 2017).

Um pressuposto que pode ajudar a explicar esta contradição seria o fato de estar trabalhando, visto que a empregabilidade na região da Zona Mata Mineira está muito baixa, se equiparando ao Vale do Jequitinhonha, a região mais pobre do estado. Outro aspecto é o que diz respeito ao status que a UFV exerce sobre as pessoas em toda a microrregião da viçosa, que contempla 19 municípios. Todos têm como sonho um dia trabalhar na UFV (ARAUJO e ANTIGO, 2016; IBGE, 2018).

Os resultados divergem do trabalho de Assumpção (2013), que afirma haver um elevado índice de constrangimentos sofridos pelos trabalhadores terceirizados em seu trabalho. Não há respeito no grupo de trabalho, alguns sofrem agressões físicas e verbais, há uma relação abusiva de chefes com os trabalhadores, eles não recebem apoio da direção e sempre há uma hierarquia a ser seguida. Nas IFES parece não ser esta a realidade.

 Percepção acerca do seu trabalho e das condições

A seguir é mostrado uma nova Tabela que foi utilizada a escala de Likert enumerada de 1 a 7. De um a quatro possuí tendência a faltar tempo para terminar as atividades; quatro

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neutro e cinco a sete tende a sobra tempo. Para a construção da Tabela 6, foi considerada a frequência relativa (F) e frequência absoluta (%) dos itens.

Tabela 6: Percepção dos trabalhadores acerca do seu trabalho Minha carreira profissional

Total desacordo Total acordo 1 2 3 4 5 6 7 * F % F % F % F % F % F % F % F % Me obriga a atuar com astúcia em minhas relações com

colegas e chefes 21 26,3 1 1,1 3 3,4 10 11,2 12 13,5 8 9 30 37,3 4 4,5 É positivo se me leva a um trabalho em que eu me sinta bem 19 21,3 5 5,6 7 7,9 9 10,1 10 11,2 9 10,1 26 29,2 4 4,5

Não justifica que suporte em silêncio

situações de mal-estar

21 23,6 3 3,4 5 5,6 15 16,9 7 7,9 10 11,2 24 27 4 4,5

Pode requerer que eu suporte condições

incomodas no meu trabalho

20 22,5 4 4,5 9 10,1 10 11,2 15 16,9 12 13,5 17 19,1 2 2,2

Fonte: Dados da pesquisa do autor Carvalho (2019). *Abstenções

Os resultados apresentados na Tabela 6 mostram que, no que diz respeito a atuar com astúcia em relação com colegas e chefes, 30,8% tendem a total desacordo, 59,8% a total acordo, 11,2% neutros e 4,5% abstiveram-se. Em relação a se é positivo um trabalho em que se sinta bem, 34,8% tendem a total desacordo, 50,5% tendem a total acordo, e 10,1% neutros e 4,5% abstiveram-se. A respeito do não suportar em silêncio situação de mal-estar, 32,6% tendem a total desacordo, 46,1% tendem a estar em total acordo, 16,9% neutros e 4,5% abstiveram-se. Em relação a suportar situações incomodas no trabalho, 37,1% tendem a total desacordo, 49,5% tendem a total acordo, 11,2% neutros e 2,2% abstiveram-se.

Destacamos que os resultados apresentados entram em desacordo, em partes, com o estudo de Reis (2014), o qual afirma que os trabalhadores terceirizados passam por situações desgastantes, incomodas e constrangedoras, tanto com pessoas de mesma hierarquia quanto de hierarquia superior. São obrigados a suportar essas situações em silêncio, não falar a ninguém e não se queixar, pois são ameaçados a todo o momento. Desse modo, são obrigadas a se

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relacionarem com desconfianças com colegas e superiores. Essas situações são sempre repetitivas, nunca acabam e na maioria das vezes tem um final infeliz.

Significado do trabalho

Na Tabela 7 é utilizada uma escala de Likert enumerada de 1 a 7 para medir tendências em relação à percepção do trabalhador acerca do significado do seu trabalho, sendo que de um a três tendem quase nunca a nunca, quatro é neutro e de cinco a sete tendem quase sempre a sempre . Para a construção da Tabela 7, foi considerada a frequência absoluta (F) e frequência relativa (%) dos itens.

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Tabela 7: Percepção do trabalhador em relação ao significado do seu trabalho

Atualmente, em meu trabalho, sinto...

1 2 3 4 5 6 7 * F % F % F % F % F % F % F % F % Insatisfação 3 3,4 3 3,4 3 3,4 7 7,9 13 14,6 17 19,1 42 47,2 1 1,1 Satisfação Insegurança 11 12,2 10 11,2 8 9 15 16,9 8 9 8 9 28 31,5 1 1,1 Segurança Intranquilidade 7 7,9 12 13,5 5 5,6 11 12,4 13 14,6 11 12,4 27 30,3 3 3,4 Tranquilidade Mal-estar 5 5,5 2 2,2 4 4,5 9 10,1 9 10,1 16 18 43 48,3 1 1,1 Bem-estar Maldade 6 6,7 6 6,7 7 7,9 8 9 6 6,7 10 11,2 44 49,4 2 2,2 Bondade Fracasso 5 5,6 3 3,4 2 2,2 6 6,7 7 7,9 22 24,7 43 48,3 1 1,1 Êxito Pessimismo 7 7,9 2 2,2 3 3,4 9 8 6 6,7 17 19,1 45 50,6 1 1,1 Otimismo Ineficácia 4 4,5 5 5,6 1 1,1 4 4,5 10 11,2 14 15,7 50 56,2 1 1,1 Eficácia Inutilidade 4 4,5 2 2,2 1 1,1 4 4,5 6 6,7 14 15,7 57 64 1 1,1 Utilidade TOTAL 52 58,2 45 50,4 34 38,2 73 80 78 87,5 129 144,9 379 425,8 12 13,3

Fonte: Dados da pesquisa do autor Carvalho (2019). *Abstenções

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Os resultados apresentados na Tabela 7 mostram que há uma tendência na maior parte dos entrevistados em marcar a nota sete. Em relação à satisfação e insatisfação no trabalho, 80,9% tendem a sentir satisfação, 10,2% tem tendência à insatisfação, 7,9% estão neutros e 1,1% abstiveram-se. No que se refere à segurança e insegurança, 49,5% tendem a sentir segurança, 32,4% insegurança, 16,9% neutros e 1,1% abstiveram-se. No que concerne a respeito da tranquilidade e intranquilidade, 57,3% possuí tendência à tranquilidade, 27% tendem a intranquilidade, 12,4% estão neutros e 3,4% abstiveram-se. No que diz respeito ao mal-estar e bem-estar, 76,4% possuí tendência a bem-estar, 12,3% tendem ao mal-estar, 10,1% neutros e 1,1% abstiveram-se.

Em relação à maldade e bondade, 67,3% tendem a bondade, 21,3% tem tendência à maldade, 9% neutros e 2,2% abstiveram-se. No que diz respeito ao fracasso e êxito, 80,9% tendem ao êxito, 11,2 possuem tendência ao fracasso, 6,7% neutros e 1,1% abstiveram-se. No que se refere a otimismo e pessimismo, 76,4% tendem a otimismo, 13,5% tendem a péssimo, 9% neutros e 1,1% abstiveram-se. Quanto à ineficácia e eficácia, 83,1% tendem a eficácia, 11,2% tem tendência à ineficácia, 4,5% neutros e 1,1% abstiveram-se. Em relação à inutilidade e utilidade, 86,4% tendem a utilidade, 7,8% tem tendência à inutilidade, 4,5% neutros e 1,1% abstiveram-se.

Os itens segurança e tranquilidade foram os menos pontuados em termos de tendências positivas. O fato de os contratos da empresa com a UFV serem anuais respeitando as diretrizes orçamentárias e as licitações, o risco do desemprego é corrente na vida destes trabalhadores, o que gera insegurança e intranquilidade. De acordo com Rebelo (2018), trabalhadores terceirizados vivem uma constate insegurança, podendo ser mandado embora a qualquer momento, estão insatisfeitos com o trabalho em que realizam, sentem a todo o momento mal-estar, intranquilidade, tristeza, fracasso e inutilidade. Tudo isso faz com que os trabalhadores terceirizados não tenham motivação para ir trabalhar, tornando seu ambiente de trabalho em algo doloroso.

Sentido do trabalho

Na Tabela 8 é utilizada uma escala de Likert enumerada de 1 a 7, para medir tendências a respeito da percepção do trabalhador do sentido do seu trabalho. Segundo Blanch (2010), o número um a três tende a diminuir; quatro neutro e cinco a sete tende a aumentar.

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Para a construção da Tabela 8, foi considerada a frequência absoluta (F) e frequência relativa (%) dos itens.

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Tabela 8: Percepção do sentido do trabalho para os trabalhadores terceirizados

Nos últimos anos

1 2 3 4 5 6 7 *

F % F % F % F % F % F % F % F %

Minha motivação no trabalho 2 2,2 2 2,2 5 5,6 13 14,6 17 19,1 17 19,1 33 37,1 0 0

Minha autoestima profissional

2 2,2 2 2,2 3 3,4 6 6,7 13 14,6 24 27 39 43,8 0 0

Minha qualidade de vida no trabalho

7 7,9 6 6,7 6 6,7 15 16,9 9 10,1 16 18 28 31,5 2 2,2

O sentido do meu trabalho 1 1,1 1 1,1 1 1,1 7 7,9 17 19,1 24 27 37 41,6 1 1,1

Meu estado de ânimo no trabalho

2 2,2 1 1,1 3 3,4 16 18 10 11,2 15 16,9 41 46,1 1 1,1

Minha satisfação com o trabalho

3 3,4 0 0 2 2,2 12 13,5 14 15,7 20 22,5 37 41,6 1 1,1

Minha realização profissional 7 7,9 3 3,4 7 7,9 15 16,9 11 12,4 20 22,5 24 27 2 2,2

TOTAL 24 26,9 15 16,7 27 30,3 84 94,5 91 102,2 136 153 239 268,7 7 7,7

Fonte: Dados da pesquisa do autor Carvalho (2019). *Abstenções

35

Os resultados apresentados na Tabela 8 mostram que em relação à motivação no trabalho, 10% tendem a diminuir, 75,3% com tendência a aumentar e 14,6% são nulos. No que diz respeito à autoestima profissional, 7,8% com tendência a diminuir, 85,4% tende a aumentar e 6,7 neutros. Em relação à qualidade de vida no trabalho, 21,3% com tendência a diminuir, 59,6% tendem a aumentar, 16,9% neutros e 1,1% abstiveram-se. No que se refere ao sentido do trabalho para os terceirizados, 3,3% estão propício a diminuir, 87,7% tendem a aumentar, 7,9% neutros e 1,1% abstiveram-se. Em relação ao estado de animo no trabalho, 6,7% tendem a diminuir, 74,2% tendem a aumentar, 18% neutros e 1,1% abstiveram-se. No que concerne à satisfação com o seu trabalho, 5,6% tendem a diminuir, 79,8% com tendência a diminuir, 13,5% nulos e 1,1% abstiveram-se. Em relação à realização profissional, 19,2% tendem a diminuir, 61,9% com tendência a aumentar, 16,9% neutros e 2,2% abstiveram-se.

Os resultados estão de acordo com o que Marqueze e Moreno (2005) afirmam. Eles descrevem que quando o trabalho tem um sentido para as pessoas, elas têm um sentimento de autorrealização e autodeterminação, que pode existir por vários motivos, dentre eles: motivação no trabalho, autoestima profissional, satisfação com o que realizam, realização profissional, dentre outros. Quando os trabalhadores estão felizes com as atividades que

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