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RESULTADOS E DISCUSSÃO: MISTURA DE β SITOSTEROL E ESTIGMASTEROL E DERIVADOS

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

O 2-morfolin-1-il acetato de estigmasterila (84) Figura 46 foi sintetizado por reação do bromoacetato de estigmasterila (81) com morfolina em acetonitrila (Esquema 06) A

N, todos evidenciando a formação do (84).

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO: MISTURA DE β SITOSTEROL E ESTIGMASTEROL E DERIVADOS

7.1 Mistura de β sitosterol e estigmasterol.

A mistura esteroidal de β-sitosterol (6) e estigmasterol (7) (Figura 73), um sólido branco, foi obtida comercialmente. A confirmação estrutural da mistura (6) e (7) e das misturas derivadas (89) à (96) foi realizada por meio das técnicas: espectroscopia na região do infravermelho e espectroscopia de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C.

Figura 73. Estrutura do (6) (C22-C23) e (7) (C22=C23) com as respectivas numerações convencionais59.

As moléculas (6) e (7) apresentam estruturas semelhantes, diferenciando-se apenas pela existência de uma ligação dupla entre C22 e C23 para (7). Trata-se de uma mistura cuja

proporção molar (6) / (7) é de 7:3 determinada pela relação entre as áreas de absorção (obtidas por integração) dos sinais de H22, H23 e H6 do espectro de espectro de RMN de 1H. O cálculo

da proporção será explicada a seguir.

7.1.1 Espectroscopia na região do infravermelho.

O espectro no IV da mistura de (6) e (7) (Figura 74) apresenta banda νO-H de álcool

em 3450 cm-1 decorrente de estiramento simétrico do grupo OH ligado a C3. O espectro

também mostra um grupo de sinais de νC-H em 2964 cm-1, 2933 cm-1 e 2866 cm-1 dos grupos

CH3, CH2 e CH. Há sinais de δC-H em 1465 cm-1 e 1382 cm-1. Verifica-se também um sinal

89

Figura 74. Espectro no infravermelho da mistura de (6) e (7) (KBr, cm-1).

7.1.2 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de 1H.

O espectro de RMN de 1H da mistura de (6) e (7) (Figura 75) mostra alguns sinais entre 0,70 e 2,30 ppm que descrevem a região de envelope. Fora da região do envelope em δ 3,52 ppm (m, 1H) encontra-se o sinal referente a H3 desprotegido, pois este átomo está ligado

a carbono carbinólico, ou seja, a densidade eletrônica em torno dele é menor comparado a átomo de hidrogênio de grupo metila de um hidrocarboneto simples. Observam-se dois duplos dupletos relativo ao (7) na mistura: um de H22 emδ 5,03 ppm (dd, Jtrans = 15,0 Hz; JH22-H20 =

8,5Hz, 1H) devido a acoplamento deste átomo com H20 e H23, e outro de H23 em δ 5,16 ppm

(dd, Jtrans= 15,0 Hz; JH23-H24= 8,5 Hz, 1H) devido a acoplamento deste átomo com H22 e H24.

Há também, um sinal em δ 5,35 ppm (m, 1H) de H6. Os átomos H22, H23 e H6 aparecem mais

desprotegidos, pois experimentam campo anisotrópico decorrente da ligação dupla.

Os três sinais diagnósticos relatados anteriormente foram usados para calcular a proporção de (6) e (7) na mistura. O sinal em δ 5,35 ppm (área = 1,79) refere-se ao átomo H6

que existe tanto em (6) (X) quanto em (7) (Y) e corresponde, portanto, à soma da quantidade de matéria dessas espécies. Ou seja, 1,79 = X+Y. Sabendo-se que a ligação dupla entre C22 e

C23 existe apenas no (7) pode-se determinar o valor de Y considerando-se a média aritmética

da área de cada um dos dois duplos dubletos: um de H22 (área = 0,37) δ 5,03 ppm (dd, Jtrans =

15,0 Hz; JH22-H20 = 8,5Hz, 1H) eoutrodeH23 (área = 0,49) δ 5,16 ppm (dd, Jtrans = 15,0 Hz;

JH23-H24 = 8,5 Hz, 1H), ou seja, Y = 0,43. Obtém-se então o valor de X = 1,36. Como 1,36 = X

e 0,43 = Y são, respectivamente, 70% de (6) e 30% de (7).

Os sinais na região entre δ 0,70-2,30 ppm (m) são decorrentes de átomos de hidrogênio de grupos CH3 ou CH2 ou CH que compõem ou estão ligados ao sistema de anéis

condensados e da cadeia lateral ligada ao C17 do (6) e (7), conferindo diferentes densidades

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

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eletrônicas em torno deles e, portanto, diferentes descolamentos químicos (δ). A quantidade relativamente grande de sinais no envelope ocorre por se tratar de uma mistura e porque muitos átomos de hidrogênio que compõe os grupos metílicos, metilênicos e metínicos das moléculas (6) e (7) são diastereotópicos. Uma análise mais detalhada dessa região no espectro permite verificar concordância dos sinais que aparecem dentro ou fora da região de envelope com dados da literatura59-60. Esses dados também auxiliam na atribuição dos sinais (Tabela

12).

Como todos os derivados da mistura (6) e (7) sintetizados neste trabalho preservam na estrutura o sistema de anéis condensados, a análise dos espectros de RMN de 1H para os derivados terá duas finalidadades: evidenciar a permanência do envelope de sinais relativo ao esqueleto esteroidal, e identificar o aparecimento de novos sinais e, portanto, corroborar a modificação estrutural efetuada.

7.1.3 Espectroscopia de Ressonância de Magnética Nuclear de 13C

O espectro de RMN de 13C (Figura 76) da mistura de (6) e (7) mostra linhas espectrais

cuja maior parte delas encontra-se entre δ 12,1 e 56,6 ppm e referem-se ao sistema de anéis condensados. Os diferentes deslocamentos são decorrentes das diferentes densidades eletrônicas em torno de átomos de carbono metílicos, metilênicos e metínicos que compõem ou estão ligados ao sistema de anéis de seis e de cinco membros condensados, ou constituindo a cadeia ramificada ligada ao C17.

Alguns sinais como o sinal em δ 71,6 ppm relativo ao C3 aparece mais desprotegido

por C3 estar ligado diretamente ao átomo de oxigênio. Outros sinais em δ 140,5 ppm de C5,

em δ 121,5 ppm, de C6, em δ 138,3 ppm, de C22 em δ 129,5 ppm e de C23 aparecem mais

desprotegidos. Os sinais de C22 e C23 citados referem-se ao (7) na mistura. Os dados estão

concordantes com dados já relatados na literatura59-60 para (6) e (7).

Mesmas considerações são válidas no que se refere a análise dos espectros de RMN de

13C para os derivados da mistura de (6) e (7). Ela terá como finalidade evidenciar a

permanência de sinais relativo ao esqueleto esteroidal e como prioridade, identificar o aparecimento de novos sinais e, portanto, corroborar a modificação estrutural efetuada.

___________ 60

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Tabela 12. Dados de RMN de 1H (500 MHz) e de 13C (125 MHz) da mistura de (6) e (7) [CDCl3, J (Hz), δ (ppm)]. C δCmistura de (6) e (7) (7:3) δH mistura de (6) e (7) (7:3) δC literatura 59-60 (6) δH literatura 59-60 (6) 1 37,1 - 37,2 - 2 31,8 - 31,9 - 3 71,6 3,52 (m, 1H) 71,7 3,47 (m, 1H) 4 42,2 - 42,3 - 5 140,5 - 140,8 - 6 121,5 5,35 (m, 1H, A = 1,79) 121,6 5,30 (m, 1H) 7 30,5 - 31,9 - 8 31,9 - 31,9 - 9 50,0 - 50,2 - 10 36,0 - 36,5 - 11 21,3 - 21,1 - 12 39,6 - 39,9 - 13 42,2 - 42,5 - 14 56,6 - 56,8 - 15 24,5 - 24,3 - 16 28,4 - 28,3 - 17 55,9 - 56,1 - 18 12,0 0,69 (d, 3H, J = 3 e 8 Hz) 11,9 0,65 (d, 3H, J = 3 e 8 Hz) 19 19,6 0,71 (s, 3H) 19,4 0,68 (s, 3H) 20 36,3 - 36,2 - 21 19,0 0,94 (s, 3H) 18,8 0,96 (s, 3H) 22 33,9 (138,5)* 5,03, (dd, Jtrans = 15,0 Hz; JH22-H20 = 8,5Hz, 1H, A = 0,37)* 33,9 - 23 26,3 (129,5)* 5,16 (dd, Jtrans= 15,0 Hz; JH23-H24= 8,5 Hz, 1H, A= 0,49)* 26,1 - 24 45,7 - 45,9 - 25 29,4 - 29,2 - 26 20,0 0,90 (d, 3H) 19,8 0,90 (d, 3H) 27 19,2 0,89 (s, 3H) 19,1 0,89 (s, 3H) 28 23,3 - 23,1 - 29 12,2 0,79 (d, J = 5 e 8 Hz, 3H) 12,3 0,79 (d, J = 5 e 8 Hz, 3H)

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Figura 75. Espectro de RMN de 1H da mistura de (6) e (7) [(500 MHz, CDCl

3, δ (ppm)].

Figura 76. Espectro de RMN de 13C da mistura de (6) e (7) [(125 MHz, CDCl

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7.2 Mistura de bromoacetato de β-sitosterila e bromoacetato de estigmasterila

A mistura de bromoacetato de estigmasterila (81) e bromoacetato de β-sitosterila (89)

Figura 77 mantém a proporção molar 7:3, respectivamente, já observada no reagente. Foi

obtido um sólido branco resultante da reação entre a mistura citada e brometo de bromoacetila, adicionados nessa ordem, em clorofórmio contendo carbonato de potássio57. A interação do íon carbonato com o centro de carga positiva do hidrogênio alcoólico do (81) e (89) tende a aumentar o caráter nucleofílico da hidroxila em C3 dessas moléculas,

favorecendo a interação delas com o centro de carga positiva do grupo carbonila do brometo de bromoacetila.

A utilização de clorofórmio (como solvente), brometo de bromoacetila frente à mistura de (81) e (89) fornece as condições adequadas para ocorrência de reação de esterificação, conforme Esquema 11. Embora a síntese dessa mistura seja inédita, já existem relatos sobre a síntese de (89).

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