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Equação 6 Modelo estimado IA

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo, evidenciam-se os resultados e análises associadas, visando atender os objetivos do estudo e esclarecer o problema exposto.

4.1 CORRELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS ECONÔMICO-FINANCEIRAS E SOCIOAMBIENTAIS

Para que se pudesse determinar, dentre os diversos indicadores de caráter econômico-financeiro, os que passariam a fazer parte das variáveis explicativas do modelo de regressão, determinou-se a correlação, através da Correlação de Pearson. O objetivo principal foi o de investigar a existência de correlação forte entre as variáveis explicativas e de correlações fortes existentes entre as variáveis explicativas e as dependentes de estudo. Considerando as variáveis de mesma natureza, como é o caso do ROE e ROA que denotam retorno sobre investimentos, ambas trabalham lucro líquido no seu cálculo, e o caso das variáveis LS, LG e LC, que consideram componentes do ativo circulante, a partir da análise de Correlação foram selecionadas, as que apresentaram correlação mais forte com o ISI, ISE e IA para fazer parte do modelo de regressão, visto serem essas variáveis de estudo.

A importância da realização desse procedimento reside na obediência do pr ssup st s r r ss qu t r “ us u t r ”, u v qu st ulticolinearidade resulta em equações com pouca capacidade preditiva, e coeficientes de regressão frequentemente muito sensíveis aos dados da amostra coletada (MONTGOMERY; PECK; VINING, 2012). Nesse sentido, Hair Jr. et al. (2009) explicam que a condição ideal de pesquisa é que as variáveis independentes sejam fortemente correlacionadas com a variável dependente e pouco correlacionadas entre si.

A Tabela 1 demonstra a matriz de correlações existentes entre as variáveis que fazem parte deste estudo.

Tabela 1 - Matriz de correlação de Pearson

ISE ISI IA ROE ROA EBITDA TAM LL RL EG LG LC LS QF

ISE 1,000 0,179 0,457 -0,405 -0,410 0,407 0,515 0,101 0,744 -0,036 0,321 0,091 0,101 0,502 ISI 0,179 1,000 0,647 -0,366 -0,354 0,362 0,474 0,251 0,440 -0,021 -0,012 0,120 0,178 0,095 IA 0,457 0,647 1,000 -0,432 -0,368 0,761 0,830 0,357 0,777 -0,100 -0,202 0,005 0,074 0,054 ROE -0,405 -0,366 -0,432 1,000 0,895 -0,149 -0,447 0,328 -0,408 0,056 0,198 0,093 0,077 -0,093 ROA -0,410 -0,354 -0,368 0,895 1,000 -0,042 -0,321 0,450 -0,338 -0,282 0,299 0,247 0,287 0,006 EBITDA 0,407** 0,362** 0,761*** -0,149 -0,042 1,000 0,921 0,647 0,849 -0,358 -0,282 -0,038 0,016 0,359 TAM 0,515 0,474 0,830 -0,447 -0,321 0,921 1,000 0,523 0,914 -0,333 -0,319 -0,142 -0,055 0,328 LL 0,101 0,251 0,357 0,328 0,450 0,647 0,523 1,000 0,445 -0,405 -0,064 -0,080 0,065 0,194 RL 0,744 0,440 0,777 -0,408 -0,338 0,849 0,914 0,445 1,000 -0,182 -0,063 0,004 0,064 0,504 EG -0,036 -0,021 -0,100 0,056 -0,282 -0,358 -0,333 -0,405 -0,182 1,000 -0,201 -0,288 -0,336 -0,428 LG 0,321** -0,012 -0,202 0,198 0,299 -0,282 -0,319 -0,064 -0,063 -0,201 1,000 0,662 0,652 0,409 LC 0,091 0,120* 0,005 0,093 0,247 -0,038 -0,142 -0,080 0,004 -0,288 0,662 1,000 0,924 0,396 LS 0,101 0,178* 0,074 0,077 0,287 0,016 -0,055 0,065 0,064 -0,336 0,652 0,924 1,000 0,297 QF 0,502 0,095 0,054 -0,093 0,006 0,359 0,328 0,194 0,504 -0,428 0,409 0,396 0,297 1,000 Fonte: Autoras.

*** Correlação forte; ** Correlação moderada; * Correlação fraca.

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Conforme se observa na Tabela 1, dentre os indicadores de rentabilidade, o EBITDA apresentou correlação mais forte com os ISE, ISI e IA, em valores absolutos estas associações importam em 0,407, 0,362 e 0,761, respectivamente, demonstrando que há correlação moderada com os ISE e ISI e forte com os IA. Os demais indicadores de rentabilidade demonstraram correlação negativa com as variáveis dependentes, o ROE correlacionou-se mais fortemente com os IA (-0,432 – correlação moderada) e o ROA com os ISE (-0,410 – correlação moderada).

Já em relação aos indicadores de liquidez, a LG apresentou correlação mais forte com o ISE (0,321 – correlação moderada); a LC se correlacionou mais fortemente com os ISI (0,121 – correlação fraca); a LS também demonstrou correlação mais forte com os ISI (0,178 – correlação fraca).

É importante ressaltar que além de considerar as variáveis que apresentaram correlação mais forte com os ISE, ISI e IA, dentre as representativas de rentabilidade e de liquidez, as demais variáveis também compuseram alguns modelos de análise de regressão, uma vez que se buscou encontrar o modelo de melhor qualidade e ajustamento para responder a questão-problema.

4.2 INFLUÊNCIA ENTRE O DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO E INVESTIMENTOS SOCIOAMBIENTAIS

Após definidas as variáveis explicativas para a composição de cada modelo, no software Eviews® foram realizadas as análises de regressão, pelo Método dos Mínimos Quadrados Ordinários, visando estudar as associações definidas como sendo do interesse deste estudo. Para tal, foi utilizado o procedimento de efeitos fixos para dados em painel, a fim de isolar o efeito do período dos anos sobre as variáveis de estudo e captar o efeito das empresas.

Inicialmente foi verificada a existência de influência entre o desempenho econômico-financeiro das empresas e os investimentos de caráter social interno, realizados por elas no período de 2013 a 2017.

4.2.1 Investimentos sociais internos e desempenho econômico-financeiro

Os investimentos sociais internos compreendem aqueles valores destinados ao público interno da organização (colaboradores) relativos a saúde, segurança, bem-estar, entre outros.

Importante evidenciar que os investimentos sociais internos, nesse estudo, estão sendo considerados como variável de estudo; com o intuito de verificar quais indicadores econômico-financeiros estão sendo levados em consideração pelas empresas para realizar investimentos em ações sociais internas.

As estimativas geradas e apresentadas na Tabela 2 mostram a relação entre os investimentos sociais internos (ISI) e a quantidade de funcionários (QF), o lucro líquido (LL), a variação da receita líquida considerando efeitos do ano anterior (RL/RL(-1)), o endividamento geral (EG), a liquidez geral (LG), o retorno sobre o ativo (ROA) e o EBITDA, no período de 2013 a 2017.

Tabela 2 – Influência - investimentos sociais internos e desempenho econômico-

________--.financeiro – n= 40.

Variáveis Coeficientes Desvio-Padrão Teste t P-valor C +183,8560ns 149,0079 1,233868 0,2272 QF +0,009639*** 0,002160 4,461716 0,0001 LL +0,036910** 0,016206 2.277639 0,0303 RL/RL(-1) -165,3884ns 124,4120 -1,329361 0,1941 EG -2,936195ns 17,55628 -0,167245 0,8683 LG +2,185339ns 28,72058 0,076090 0,9399 ROA -516,0761ns 434,8067 -1,186909 0,2449 EBITDA -0,021193ns 0,013014 -1,628509 0,1142 R² 0,466497 Média variável dependente 41,93461 R² Ajustado 0,282531 S.D. variável dependente 96,69031

S.E. da regressão 81,90014 Akaike 11,87729

SQR 194521,4 Schwarz 12,34174

Probabilidade -226,5459 Hannan-Quinn 12,04522

F 2,535772** Durbin-Watson 0,450107

P-valor F 0,02465

Fonte: Autoras.

*** significativo a 1%; ** significativo a 5%; * significativo a 10%; ns não significativo.

Observa-se na Tabela 2 que o coeficiente de determinação (R²) importou em 0,466497, demonstrando que, em média, 46,64% do comportamento médio ocorrido

na variável dependente investimento social interno é explicado pelas variáveis explicativas do modelo [QF, LL].

O teste F permite rejeitar a hipótese nula de que nenhum dos parâmetros das variáveis independentes explica as variações dos ISI, a um nível de significância de 5%, aceitando-se a hipótese alternativa de que ao menos um destes parâmetros pode explicar as variações dos ISI.

Ao se considerar o teste t, observa-se que as variáveis, Quantidade de Funcionários (QF) e Lucro Líquido (LL) demonstraram-se estatisticamente significativas a 1% e a 5%, respectivamente, ou seja, são variáveis consideradas pelas empresas da amostra para realizar investimentos sociais internos. Esta afirmação se justifica através da interpretação do P-valor descrito na Tabela 2, que indica com 99% de certeza que a variável QF, e com 97% de certeza que a variável LL, explicam a variação do comportamento médio dos ISI, respectivamente. Já as demais variáveis não demonstraram significância estatística nem a 10% de probabilidade, patamar máximo convencionado para testes de significância.

A Equação 4 demonstra o modelo estimado, com as estimativas de cada variável explicativa.

183,8560 0,009639 0,036910 - 165,3884 - ) -

2,936195 2,185339 516,076 0,021193

Com base na Equação 4, pode-se interpretar o impacto das variáveis independentes sobre os investimentos sociais internos. Considerando, que apenas a quantidade de colaboradores das empresas e o seu lucro líquido demonstraram-se importantes para determinar investimentos sociais internos, interpreta-se, para a QF, que a cada novo funcionário contratado os investimentos sociais internos são acrescidos de R$ 0,009639; quanto ao lucro líquido, um aumento em R$ 1,00 determina um acréscimo de R$ 0,036910 nos investimentos sociais internos. Os demais parâmetros das variáveis de caráter econômico-financeiro não foram analisados por não terem demonstrado significância estatística.

Ao analisar os resultados contidos na Tabela 2, observa-se que nas empresas em estudo, quanto maior é o número de funcionários, maiores são os investimentos em benefício aos mesmos, ou seja, nota-se uma evidência de práticas de responsabilidade corporativa na área social interna. E quanto maior o lucro (4)

líquido, maiores são os investimentos sociais internos, indicando que as empresas estão levando em consideração o resultado líquido do período para realizar investimentos em prol de seus empregados como forma de recompensar os seus colaboradores pela utilização destes recursos humanos, visto que uma organização não produz e não se desenvolve sem esta fonte de capital humano e intelectual.

Os resultados deste estudo não corroboram com resultados obtidos por Oro, Renner e Braun (2013), Brighenti, Souza e Hein (2014) e Pletsch, Silva e Hein (2015). O estudo de Oro, Renner e Braun (2013) verificou uma correlação entre RL e ISI esta demonstrou-se positiva e significativa para explicar o volume de investimentos na área socioambiental interna, já no presente estudo a influência entre a RL e os ISI não foi significativa. Nesse porém, testou-se além da RL, a influência da variação da receita líquida, bem como desta variação defasada sobre os investimentos sociais internos. As associações encontradas revelaram a não- significância desta variável.

O estudo de Brighenti, Souza e Hein (2014) realizou uma correlação canônica envolvendo o TAM e os ISI e, revelou uma relação diretamente proporcional e significativa, já entre EG e o ISI o estudo demonstrou serem inversamente proporcionais e significativos. Neste estudo, porém, evidencia-se que ambas as variáveis não foram significativas.

Pletsch, Silva e Hein (2015) evidenciaram uma relação diretamente proporcional e significativa ao ISI. Neste estudo, porém, as variáveis em questão não demonstraram-se importantes para explicar o comportamento dos ISI.

4.2.2 Investimentos sociais externos e desempenho econômico-financeiro

Os investimentos sociais externos compõem aqueles realizados por uma organização com a intenção de compensar a sociedade em geral por ter se apropriado de recursos comuns a todos, em decorrência do desenvolvimento de sua atividade econômica.

A variável de estudo investimentos sociais externos foi considerada com o propósito de verificar quais indicadores econômico-financeiros estão sendo levados em consideração pelas empresas ao investir na área social externa.

A Tabela 3 apresenta as estimativas geradas para a relação entre investimentos sociais externos (ISE) e desempenho econômico-financeiro.

Tabela 3 - Influência - investimentos sociais externos e desempenho econômico-

_________.financeiro – n=40.

Variáveis Coeficientes Desvio-Padrão Teste t P-valor C -36,40121* 19,81310 -1,837229 0,0772 EG +0,108251ns 2,331776 0,046424 0,9633 LG +1,162210ns 4,819588 0,241143 0,8113 QF -0,000637* 0,000325 -1,959969 0,0604 TAM +0,001388** 0,000677 2,048956 0,0503 ISE(-1) +0,871356*** 0,116557 7,475788 0,0000 RL/RL(-1) +36,44853** 16,53485 2,204347 0,0362 LL +0,00912*** 0,00257 3,550924 0,0014 EBITDA -0,012615* 0,006325 -1,994455 0,0563 ROA +0,884143ns 93,30029 0,009476 0,9925 R² 0,895724 Média variável dependente 18,51711 R² Ajustado 0,849380 S.D. variável dependente 27,65239

S.E. da regressão 10,73185 Akaike 7,841266

SQR 3109,658 Schwarz 8,390151

Probabilidade -143,8253 Hannan-Quinn 8,039725

F 19,32744*** Durbin-Watson 1,897255

P-valor F 0,000000

Fonte: Autoras.

*** significativo a 1%; ** significativo a 5%; * significativo a 10%; ns não significativo.

Nos resultados evidenciados na Tabela 3, o coeficiente de determinação (R²) resultou em 0,895724, demonstrando um modelo de bom ajuste, em que aproximadamente 89,57% das variações ocorridas na variável dependente, de investimento social externo, são explicadas pelas variáveis explicativas do modelo de regressão [QF, TAM, ISE(-1), RL/RL(-1), LL, EBITDA].

Quanto ao teste F, demonstrou ser significativo a 1%, o que permite rejeitar a hipótese nula de que nenhum dos parâmetros do modelo explica as variações do ISE, logo, aceita-se a hipótese alternativa de que pelo menos um destes parâmetros pode explicar suas variações.

Na análise dos valores resultantes do teste t, a variável de investimentos sociais externos em anos anteriores (ISE (-1)) é significativa a 1%, denotando que as empresas da amostra mantiveram continuidade nos investimentos em ações sociais externas, no período estudado e que o fato de terem investido em ações

sociais em anos anteriores está sendo considerado na decisão de se continuar investindo. Além disso, a variável LL também possui significância a 1%, sendo de aproximadamente 99% as chances desta variável influenciar o comportamento médio da variável dependente ISE, se constituindo em um fator importante na determinação dos investimentos sociais externos.

A variação da receita líquida defasada apresentou significância estatística a 5%. A importância desta variável para as empresas da amostra pode ser explicada pela sua essência, que indica a percepção de crescimento da organização. De acordo com o P-valor, há 96% de possibilidades da RL/RL(-1) explicar a variação do comportamento do ISE e com base nessa ideia, há evidências que os investidores canalizem maiores investimentos na área social externa.

O tamanho da empresa também apresentou nível de significância estatística de 5%, ou seja, há cerca de 95% de possibilidades de explicar o comportamento médio do ISE. Quanto ao EBITDA demonstrou-se ser importante estatisticamente (significativo a 10%) para explicar a variação de comportamento médio do ISE. Outra variável importante foi a quantidade de funcionários, com nível de significância de 10%. Já, apesar de positivas, as demais variáveis não demonstraram significância estatística em relação a variável de estudo (ISE).

A Equação 5 demonstra o modelo com as estimativas dos parâmetros de cada variável explicativa do modelo.

-36,40121 0,108251 1,162210 - 0,000637 0,001388

0,871356 - ) 36,44853 - ) 0,00912 - 0,012615 (5)

0,884143 (8)

A interpretação dos parâmetros do modelo estimado demonstra o impacto que variáveis independentes exercem sobre os investimentos sociais externos. Considerando que a QF demonstrou-se significativa, considera-se que a cada novo funcionário contratado pelas empresas, há uma queda de R$ 0,000637 nos investimentos sociais externos, pode-se inferir que o crescimento no número de funcionários leva a uma redução nos investimentos voltados ao público externo à organização. Além disso, infere-se que devido ao acréscimo ocorrido nos investimentos sociais internos ao haver a contratação de funcionários, estes aumentos acarretam a redução no investimento no público externo. Já o tamanho da

empresa representado pelo ativo total apresentou influência positiva com os investimentos em ações sociais externas. Seu aumento em R$ 1,00 ocasiona o acréscimo de R$ 0,001388 nesse tipo de investimento. A variável ISE defasada indica que o impacto das empresas estarem investindo em anos anteriores em ações sociais é positivo e tem determinado um efeito marginal de R$ 0,8713 nos investimentos sociais externos.

A variação da receita líquida defasada também tem contribuído para determinar investimentos sociais externos, sendo que a cada R$ 1,00 de aumento nesta variação em anos anteriores, os ISE são alavancados em R$ 36,4485. Com respeito ao LL, a cada R$ 1,00 de acréscimo há um aumento de R$ 0,00912 nos valores destinados às ações sociais externas. No caso da variável EBITDA, que corresponde a geração potencial de caixa operacional, seu aumento em R$ 1,00 acarreta o decréscimo de R$ 0,012615 nos investimentos sociais externos, entretanto, por ter demonstrado correlação fraca e positiva (Tabela 1) e influência negativa com o ISE, foi considerada inconclusiva.

De modo geral, a influência entre desempenho econômico-financeiro e os investimentos sociais externos revelou que quanto maior é o tamanho da empresa (mensurado pelo ativo), o lucro líquido e variação da receita líquida defasada, maiores são os volumes investidos na área social externa. Além disso, a variável ISE(-1) indicou continuidade dos investimentos sociais externos ao longo dos períodos. Desse modo, um ponto a ser ressaltado é que a percepção de crescimento da organização indicada pelas variáveis, TAM, LL e variação da RL evidencia que os investidores canalizem maiores investimentos na área social externa.

Já os estudos de Brighenti, Souza e Hein (2014) e Pletsch, Silva e Hein (2015) analisaram a variável tamanho (TAM) representada pelo ativo total. Em ambos esta variável foi considerada inconclusiva. Desta forma estas pesquisas, não corroboram com o presente estudo, pois a variável TAM mostrou influência significativa os ISE.

Quanto as associações das variáveis ROA, EG e LG com os ISE, analisadas por este estudo, estas não demonstraram significância estatística, contrariando os achados de Brighenti, Souza e Hein (2014) e Pletsch, Silva e Hein (2015) que indicaram relação diretamente proporcional e significativa.

4.2.3 Investimentos ambientais e desempenho econômico-financeiro

Os investimentos ambientais compreendem valores que a empresa despende em proteção ambiental com vistas a utilizar os recursos naturais de maneira eficiente, trabalhar com tecnologias limpas para a consecução de suas atividades, assim como para destinar o tratamento dos resíduos de suas atividades.

A variável de investimentos ambientais é utilizada no estudo com o intuito de averiguar se os indicadores econômico-financeiros do modelo são considerados pelas empresas da amostra ao investirem em ações ambientais. A Tabela 4 mostra a relação entre as variáveis selecionadas para o modelo.

Tabela 4 - Influência - investimentos ambientais e desempenho econômico-

_________---financeiro - n=40.

Variáveis Coeficientes Desvio-Padrão Teste t P-valor C -52.09762* 30.17885 -1.726296 0.0953 EG -0.600302ns 3.544421 -0.169365 0.8667 LG +3.194008ns 5.371006 0.594676 0.5568 QF -0.000262ns 0.000457 -0.573283 0.5710 TAM +0.000814* 0.000434 1.877247 0.0709 IA(-1) +0.824159*** 0.098609 8.357825 0.0000 RL/RL(-1) +48.55441* 25.78619 1.882962 0.0701 LL -0.009137** 0.003387 -2.697931 0.0117 ROA -13.43093ns 99.36858 -0.135163 0.8935 R² 0.962029 Média variável dependente 35.69762 R² Ajustado 0.947112 S.D. variável dependente 71.14953

S.E. da regressão 16.36247 Akaike 8.671183

SQR 7496.455 Schwarz 9.177847

Probabilidade -161.4237 Hannan-Quinn 8.854377

F 0.000000 Durbin-Watson 2.440831

P-valor F 64.49209***

Fonte: Autoras.

*** significativo a 1%; ** significativo a 5%; * significativo a 10%; ns não significativo.

Na Tabela 4 demonstra-se as estimativas geradas para a relação entre investimentos ambientais (IA) e o desempenho econômico-financeiro das empresas analisadas.

Os resultados da Tabela 4 revelam que o coeficiente de determinação (R²) alcançou 0,962029. Este coeficiente apresenta valor elevado apenas quando as variáveis explicativas inseridas no modelo de regressão são importantes para

explicar o comportamento da variável de estudo. O R² de 96,20% evidencia um modelo bem ajustado, pois quanto mais próximo o R² estiver de 1, melhor é a sua qualidade. Na análise em questão, 96,20% das variações ocorridas na variável dependente investimento ambiental são explicadas pelas variáveis explicativas do modelo [TAM, IA(-1), RL/RL(-1), LL].

O teste F, permitiu inferir que a hipótese nula foi rejeitada, a um nível de significância de 1%, logo a hipótese alternativa de que ao menos um dos parâmetros do modelo pode explicar as variações dos investimentos ambientais, foi aceita.

Com base nos valores referentes ao teste t, pode-se inferir que a variável de investimento em anos anteriores em ações ambientais (IA (-1)) é significativa a 1%, demonstrando que as organizações da amostra mantiveram continuidade nos investimentos em ações ambientais durante o período de estudo. O LL também foi significativo em 5% de probabilidade, porém em sentido contrário. Nesse porém, há que se considerar que os investimentos na área socioambiental diminuem o resultado do período, representado pelo lucro líquido e portanto, maiores investimentos ambientais estariam determinando uma redução no LL.

As variáveis tamanho da empresa e receita líquida defasada também explicam o comportamento médio do que as empresas investiram na área ambiental, visto que apresentam significância estatística a 10%, ou seja, há apenas 10% de chances de se rejeitar a hipótese nula e esta ser verdadeira. Isso evidencia que as organizações em estudo consideram estas variáveis para concentrar maiores investimentos na área ambiental. Conforme a interpretação do P-valor que consta na Tabela 4, em ambas variáveis existe quase 93% de probabilidade delas estarem sendo consideradas para a realização de investimentos na área ambiental das empresas deste estudo. As demais variáveis não foram significativas, portanto não exerceram efeito sobre a variável dependente, , demonstrando que as variáveis EG, LG, QF e ROA não estão sendo consideradas pelas empresas da amostra ao realizar ações em prol do meio ambiente.

A Equação 6 demonstra o modelo estimado.

-52,09762 - 0,600302 3,194008 - 0,000262 0,000814

A respeito dos parâmetros do modelo estimado, interpreta-se que a cada R$ 1,00 de acréscimo no ativo da empresa, representado pela variável TAM, há um incremento de R$ 0,000814 nos investimentos ambientais. Com relação aos investimentos ambientais defasados a cada novo período, há um aumento de R$ 0,824159 nos investimentos ambientais. Além disso, uma variação aumentativa de R$ 1,00 na variação da receita líquida, determina um acréscimo de R$ 48,55441 nos investimentos ambientais. No entanto, o LL comportou-se de maneira negativa, indicando que R$ 1,00 de acréscimo no lucro líquido, é capaz de diminuir em R$ 0,009137 os investimentos ambientais, fato este que pode ser considerado pelos investimentos ambientais ocasionarem redução no resultado líquido das empresas. Quanto às demais variáveis, não foram analisadas por se demonstrarem não significativas estatisticamente.

A influência positiva entre RL e IA evidenciada neste estudo corrobora com o resultado encontrado por Oro, Renner e Braun (2013) quando analisaram a relação entre a receita líquida e os indicadores socioambientais de empresas integrantes do ISE da B3 no período de 2007 a 2010.

Chiarello et al. (2014) verificaram que o desempenho econômico-financeiro impacta nos investimentos ambientais. Já Kaveski, Martins e Hein (2014) evidenciaram haver relação entre o aspecto econômico-financeiro e o socioambiental nas empresas analisadas e que empresas com melhor desempenho econômico-financeiro também possuem melhor desempenho socioambiental, por consequência, quanto maior o desempenho econômico-financeiro, maior será o investimento socioambiental. Em ambos estudos, os resultados foram obtidos através de uma análise de rankings, de forma que, as variáveis utilizadas não foram analisadas individualmente.

Em uma análise global, constatou-se que quanto maior é o tamanho da empresa, ou seja, o seu ativo, maiores são os investimentos na área ambiental nas empresas estudadas. Além disso, também verificou-se uma continuidade dos investimentos ambientais, demonstrando que as organizações da amostra mantiveram os investimentos em ações ambientais durante o período de estudo, e a variável receita líquida defasada, indicou também uma continuidade nos investimentos ambientais à medida que aumentava.

Após o tratamento dos dados das 10 empresas é possível constatar que os resultados contrariam, em parte, a hipótese defendida por este estudo, de que variáveis de desempenho econômico-financeiro (lucro líquido, receita líquida, retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio líquido, tamanho da empresa, geração de caixa do exercício, liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca) e indicadores não financeiros (quantidade de funcionários) influenciam positivamente as organizações a realizarem investimentos nas áreas social e ambiental, e que a variável representativa do endividamento geral influencie negativamente os investimentos socioambientais. O Quadro 5 demonstra as variáveis do estudo e sua significância e sinal obtido e esperado.

Quadro 5 – Significância e sinal das variáveis independentes

Variável dependente Variável independente Relação esperada Relação encontrada

ISI QF + + LL + + RL/RL(-1) + = EG - = LG + = ROA + = EBITDA + = ISE EG - = LG + = QF + - TAM + + ISE (-1) + + RL/RL (-1) + + LL + + EBITDA + - ROA + = IA EG - = LG + = QF + = TAM + + IA (-1) + + RL/RL(-1) + + LL + + ROA + = Fonte: Autoras.

+ positiva; - negativa; = não significativa.

Com base no Quadro 5 é possível observar que apenas as variáveis representativas do desempenho econômico-financeiro, consideradas tradicionais

(receita líquida, lucro líquido e tamanho) foram significativas, o que pode inferir que variáveis que denotam a possibilidade de crescimento são observadas pelos investidores ao decidir investir na área socioambiental.

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