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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificadas quatro espécies de Entomobryoidea no material proveniente do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, todas novas para a ciência: Trogolaphysa

sp. nov., Entomobrya sp. nov., Salina sp. nov. e Seira sp. nov. A seguir são apresentadas

as descrições dessas espécies, juntamente com as diagnoses de seus respectivos gêneros e notas taxonômicas.

Família Paronellidae Börner, 1906 sensu Zhang et al. 2019

Subfamília Paronellinae Börner, 1906 sensu Soto-Adames et al. 2008 Trogolaphysa Mills, 1938

Diagnose do gênero: Pigmentação variando entre escura à completamente desprovidos

de pigmentos (geralmente cavernícolas). Escamas presentes, ciliadas, cobrindo pelo menos Ant. I-II, cabeça dorsal e ventral, tronco dorsal e face ventral da fúrcula; pernas sem escamas. Quetotaxia dorsal reduzida no Th. II, Th. III e Abd. I, quetotaxia completa ou quase completa nos outros segmentos; macroquetotaxia dorsal pouco desenvolvida. Ant. IV simples ou anelada, nunca subdividida. 8 + 8 a 0 + 0 olhos. Cerda labial L2 normal, nunca reduzida. Th. II - Abd. V dorsalmente com fórmula de ms e sens: 10/10100 e 11/011+3, respectivamente. Abd. IV com 3 + 3 tricobótrias. Manúbrio sem espinhos evidentes, mas com ou sem cerdas espiniformes ciliadas finas. Dens com uma ou duas fileiras de espinhos; mucro curto, quadrado ou retangular, com 3-5 dentes (Soto-Adames & Taylor 2013, Soto-Adames 2015, Bellini & Cipola 2017).

Espécie-tipo: Trogolaphysa maya Mills, 1938

Trogolaphysa sp. nov.

Material tipo: Holótipo fêmea em lâmina, Brasil, Estado do Mato Grosso, município de Chapada dos Guimarães, Parque Nacional Chapada dos Guimarães (15° 19’ 59” S, 55° 52’ 1” W), bioma Cerrado, 05–06 de dezembro de 2012 por M. A. Carvalho e K. Vecchi. 9 parátipos em lâminas, sendo 4 machos e 5 fêmeas, mesmos dados do holótipo. Material tipo depositado na CC/UFRN.

Descrição. Média do comprimento total (cabeça + tronco) 1,71 mm, holótipo com 1,68

mm. Habitus típico do gênero (fig. 14). Corpo amarelado, com pigmento azul escuro cobrindo as antenas (Ant. I–IV), olhos e região distal do Abd. VI, tíbias cobertas por pigmento azul claro. Escamas cobrindo a cabeça ventral e dorsal, tronco dorsal, face lateral e ventral do manúbrio e dentes. Antenas, pernas e colóforo sem escamas.

Figura 14. Trogolaphysa sp. nov. habitus do espécime fixado em etanol, vista lateral.

Cabeça (fig. 15): Antenas menores que o comprimento do corpo; relação entre os

antenômeros do holótipo como: I: II: III: IV = 1: 2: 2,2: 3,1. Ant. IV sem bulbo apical e com dois tipos de cerdas: sensilas lisas e cerdas ciliadas (fig. 15A); Ant. IV anelada e não segmentada, órgão sensorial subapical raso (fig. 15A). Órgão sensorial da Ant. III com 2 bastões sensoriais, 3 sensilas-guarda circundantes (1 delas como uma pequena sensila pontiaguda), e mais 6 sensilas circundantes (fig. 15B). Ápice da Ant. II ventral com 2 sensilas curtas, espaçadas entre si,1 sensila curta e grossa, com 12 sensilas longas circundantes (fig. 15C). Labro com um par de espinhos labrais anteriores, sem papilas labrais bem definidas (fig. 15D). Cerdas pré-labrais ciliadas (4) (fig. 15E). Fórmula da quetotaxia labral: 4 (a1–2),5 (m0–2), 5 (p0–2), todas lisas, p0–2 mais longas que as demais (fig. 15E). Palpo maxilar com as cerdas basal e distal subiguais, a basal fracamente ciliada; placa sublobal com 2 apêndices subiguais em comprimento, todos lisos (fig. 15F). Fórmula das papilas do palpo labial e suas respectivas cerdas-guarda: H(2), A(0), B(5),

C(0), D(4), E(4) + l.p.; processo lateral em forma de dedo, passando da base da papila

(Fig. 15G). Palpo labial com 5 cerdas proximais lisas. Campos labiais basomediano e basolateral com a seguinte fórmula de cerdas: M1–-2rEL1-2/a1-5, cerda r reduzida, M1–

-2, E, L1–2 ciliadas e subiguais, a1– 5 lisas (fig. 15H). Quetotaxia ventral pós-labial com

interoculares. Quetotaxia dorsal com 14 mac antenais (An), 3 anteriores (A0, A2–3), 2 medio-ocelares (M2 e M4), 2 suturais (S3 e S5), 1 pós-occipital anterior (Pa5) e 1 pós- occipital medial (Pm3) (fig. 15I). Distribuição de mic e mes detalhada na fig. 15I.

Figura 15 - Trogolaphysa sp. nov., cabeça: (A) Ápice da Ant. IV (vista dorsal); (B) Órgão sensorial da Ant. III e cerdas circundantes (vista ventro-lateral); (C) Ápice da Ant. II (vista ventral); (D) Cerdas labrais e pré-labrais; (E) Palpo maxilar e placa sublobal; (F) Papila labial E e cerdas acessórias, incluindo processo lateral; (G) Quetotaxia ventral pós- labial e dos campos labiais basomediano e basolateral; (H) Quetotaxia dorsal da cabeça e olhos.

sens anterolateral (al), sem mac (fig. 16B). Abd. I com uma ms, sem mac (fig. 16C). Abd. II com 1 sens anterosubmedial (as), e duas mac (m3 e m5) (fig. 16D). Abd. III com 1 ms, 1 sens anterosubmedial (as) e 4 mac (m3, am6, pm6 e p6) (fig. 16E). Abd. IV com 1 sens posterior (ps), 1 anterosubmedial (as) e pelo menos mais 15 sensilas longas, fórmula das mac como 2 ‘A’ (A3, A5), 2 ‘B’ (B4–5), 1 ‘D’ (D3), 3 ‘E’ (E2–4), 2 ‘F’ (F2, F3) e 1 ‘Fe’ (Fe5), com 10 cerdas posteriores e 6 pseudoporos (Fig. 16F). Abd. V com 1 sens anterosubmedial (as) e 1 sens acessória acc.p5 e a acc.p4 não observadas mas possivelmente presentes; com 2 mac anteriores (a5–6), 3 mediais (m2–m3, m5, m5a–5e) e 5 posteriores (p1, p4–5, ap5-–p6e) (fig. 16G). Distribuição de mic e mes detalhada na fig. 16.

Figura 16 - Trogolaphysa sp. nov., quetotaxia dorsal do tronco: (A) Th. II; (B) Th. III; (C) Abd. I; (D) Abd. II; (E)

enfileiradas anteriores e 7 posteriores, subcoxa III com 2 pseudoporos, 10 cerdas anteriores e 8 cerdas enfileiradas (fig. 17A–C). Órgão metatrocanteral com aproximadamente 20 cerdas espiniformes lisas e de tamanhos variados (fig. 17D). Unguis com 4 dentes internos, um par na base, assimétrico, 1 dente mediano ímpar do mesmo tamanho e 1 dente distal ímpar diminuto; face externa com 3 dentes, 1 dente dorsal maior e 1 par de dentes basolaterais. Unguiculus acuminado, com a lamela externa fracamente serrilhada na região distal e as demais lamelas lisas. Tenent hair capitado e liso. Tibiotarso III com cerda distal interna lisa, próxima ao unguiculus (fig. 17E). Face anterior do colóforo com 15 cerdas ciliadas, com 2+2 mac distais e uma terceira cerda distal menor (fig. 17F); na aba lateral com cerca de 5 cerdas ciliadas e 6 lisas (fig. 17G); face posterior sem cerdas lisas e com aproximadamente 80 cerdas ciliadas. Manúbrio sem espinhos evidentes, placa manubrial com 5 cerdas ciliadas e 3 pseudoporos (fig. 17H), região ventral com 2+2 cerdas e 9+9 escamas apicais (fig. 17I). Dens dorsalmente com duas fileiras de espinhos, fileira interna com aproximadamente 34 e externa com 26–22 espinhos ciliados (fig. 17J) Mucro retangular com 4 dentes, 3 na fileira dorso-externa e 1 mediano interno (fig. 17J).

Figura 17 - Trogolaphysa sp. nov., apêndices do tronco: (A-C) Subcoxas I-III, respectivamente; (D) Órgão metatrocanteral; (E) Complexo empodial e tibiotarso distal III; (F) Face anterior do colóforo; (G) Flap lateral do colóforo (lado esquerdo); (H) Placa manubrial esquerda; (I) Ápice ventral do manúbrio; (J) Dens distal e mucro.

de uma área de transição entre a Caatinga e o Cerrado, e T. ernesti Cipola & Bellini, 2017, descrita de um enclave florestal na Caatinga do Ceará (Bellini & Cipola 2017, Nunes & Bellini 2018). As três espécies são similares por compartilharem: Ant. IV anelada, com órgão subapical raso em forma de pseudoporo; bastões sensoriais na Ant. III; labro com espinhos distais e cerdas labrais p0–2 mais longas, com cerdas pré-labrais multiciliadas; quetotaxia dorsal da cabeça com A0, A2-3, M2, S3, S5, Pa5 e Pm3 como mac; quetotaxia labial com M1–2, E, L1–2 multiciliadas e r reduzida; Th. II com seis mac no complexo

p3 e Th. III sem mac dorsais; Abd. II e III com 2 e 4 mac principais, respectivamente;

Abd. IV com 4 mac centrais; unguículus acuminado; e mucro com 4 dentes. Entretanto a nova espécie se diferencia das demais por apresentar: 14 mac antenais (16 em T. ernesti e 18 em T. piracurucaensis), M4 como mac (mic em T. piracurucaensis, mes em T.

ernesti), cerdas labiais M1 e M2 subiguais em comprimento (desiguais nas outras duas

espécies); 3+3 cerdas pós-labiais anteriores margeando a fenda cefálica (2+2 em T.

ernesti); cerda p7 no Abd. III como mic (mac em T. ernesti); cerda Fe2 com mes no Abd.

IV (mac em T. ernesti e T. piracurucaensis); 9 cerdas posteriores no Abd. IV (10 nas outras duas espécies); órgão metatrocanteral com aproximadamente 20 espinhos (35-40 em T. piracurucaensis, 49 em T. ernesti); colóforo anterior com 2+2 mac distais (3+3 em

T. piracurucaensis, 4+4 em T. ernesti); unguículus com uma lamela posterior serrilhada

(todas lisas em T. piracurucaensis); e placa manubrial com 3 pseudoporos e 5 cerdas (2 pseudoporos e 6 cerdas em T. ernesti).

Tabela 4. Comparação dos principais caracteres diagnósticos de Trogolaphysa sp. nov., Trogolaphysa piracurucaensis e Trogolaphysa ernesti.

Caracteres/Espécies Trogolaphysa sp. nov. T. piracurucaensis¹ T. ernesti²

Cerdas antenais 14 18 16

Cerda M4 Mac Mic Mes

Cerdas labiais M1 e M2 Subiguais Desiguais Desiguais

Cerdas anteriores pós labiais 3+3 3+3 2+2

Cerdas dorsais do Th. III – – –

Cerda p7 no Abd. III Mic Mic Mac

Cerdas posteriores e Mac

centrais no Abd. IV 9 e 4 10 e 4 10 e 4

Cerda Fe2 no Abd. IV Mes Mac Mac

Órgão metatrocanteral 20 35-40 49

Colóforo anterior 2+2 3+3 4+4

Lamela posterior do

unguículus SER Lisa Lisa

Pseudoporos e cerdas na placa

manubrial 3 e 5 3 e 5 2 e 6

Referências: ¹Nunes & Bellini (2018), ²Cipola & Bellini (2017) Símbolos: (+) presente; (-) ausente; Abreviações: (SER) serrilhada.

Entomobrya Rondani, 1861

Diagnose do gênero: Padrão de cor variável, de reduzido (espécimes amarelados) a

totalmente pigmentados; a maioria das espécies com listras longitudinais e/ou transversais claras ou com manchas de pigmento na cabeça e/ou tronco. Corpo e apêndices sem escamas, secundariamente cobertos por várias mesocerdas ciliadas com tamanho variável; quetotaxia dorsal principalmente formada por macrocerdas, com algumas espécies apresentando um número reduzido de macrocerdas secundárias ou mesmo primárias. Antenas sem subsegmentação, Ant. I geralmente mais curta do que o comprimento da cabeça, Ant. IV com bulbo apical. Olhos 8 + 8. Quetotaxia das sens do tronco principalmente como 22/122+3, do Th. II para Abd. V; Abd. IV com 2 + 2 tricobótrias. Abd. IV cerca de 2,5 vezes ou mais o comprimento de Abd. III na linha média. Orgão metatrocanteral bem desenvolvido, com várias cerdas lisas semelhantes a espinhos. Dens crenulado, sem espinhos. Mucro bidentado, às vezes com o dente apical reduzido; espinho mucronal presente e liso (Jordana 2012, Zhang & Deharveng 2015, Santos et al., 2020).

Espécie-tipo: Entomobrya muscorum (Nicolet, 1842) sensu Jordana, 2012

Entomobrya sp. nov.

Material tipo: Holótipo macho em lâmina, Brasil, Estado do Mato Grosso, município de

Chapada dos Guimarães, Parque Nacional Chapada dos Guimarães (15° 19’ 11” S, 55° 52’ 3” W), bioma Cerrado 05–06 de dezembro de 2012 por M. A. Carvalho e K. Vecchi. 9 parátipos em lâminas, 4 machos e 5 fêmeas, mesmos dados do holótipo. Material tipo depositado na CC/UFRN.

Descrição: Média do comprimento total (cabeça + tronco) 1,28, comprimento total do

holótipo 1,39 mm. Habitus típico do gênero (fig. 18). Corpo amarelado, com pigmento azul claro nas Ant. II-IV e azul escuro na região clipeal, no Abd. III (por inteiro), na região distal do Abd. IV e V, no fêmur III, e nas manchas oculares.

Figura 18. Entomobrya sp. nov. habitus do espécime fixo em etanol, vista lateral.

Cabeça (fig 19): Antenas menores que o comprimento do corpo, relação entre os

antenômeros do holótipo como I: II: III: IV: 1: 1,8: 1,4: 3,3. Ant. IV não anulada e não segmentada, com um bulbo apical com ápice arredondado, com três tipos de cerdas: sensilas lisas e cerdas ciliadas e com três sensilas diferenciadas (fig. 19A) Órgão sensorial da Ant. III com 2 bastões sensoriais, 3 sensilas-guarda circundantes, 3 pequenas mais abaixo (todas pequenas e pontiagudas) e 4 cerdas ciliadas (fig. 19B). Ápice da Ant. II ventral com 5 curtas sensilas apicais, 1 subapical e 6 de diferentes tamanhos mais proximais (quantidade de cerdas referente a área desenhada) (fig. 19C). Fórmula da quetotaxia labral: 4 (a1–2), 5 (m0–2), 5 (p0–2), todas lisas, p mais longas que as demais (fig. 19D). Papilas labrais bem desenvolvidas, com aproximadamente 5 projeções apicais cada. Cerdas pré-labrais ciliadas (4) (fig. 19F). Palpo maxilar com as cerdas basal e distal subiguais, ambas lisas; placa sublobal com 3 apêndices principais subiguais em comprimento, todos lisos, o basal um pouco mais curto que os demais (fig. 19E). Palpo labial com papilas H, A-E, com cerdas guarda seguindo a fórmula: H(2); A(0); B(5);

C(0); D(4); E(4) + lp, processo lateral não alcançando o ápice da papila (fig. 19F) Cinco

ciliadas de diferentes tamanhos, uma cerda postero-lateral muito alongada. (fig.19G). 8+8 olhos, lentes G–H menores, A–B maiores, com 3 cerdas interoculares (t, s e p). Quetotaxia dorsal com 4 mac antenais (An), 4 anteriores (A0, A2––3, A5), 3 médio- ocelares (M1–M3), 8 suturais (S0–-S5), 1 pós-sutural (Ps2), 4 pós-occipitais anteriores (Pa1–3, Pa5), 1 pós-occipital interna (Pi3), 2 pós-occipitais mediais (Pm1, Pm3) e 5 pós- occipitais posteriores (Pp1–5), Pe2 –3 e mais 1mac sem homologia clara (fig. 19H). Distribuição de mic detalhada na fig. 19H.

Figura 19 - Entomobrya sp. nov., cabeça: (A) Ápice da Ant. IV (vista dorsal); (B) Órgão sensorial da Ant. III e cerdas

circundantes (vista ventro-lateral); (C) Ápice da Ant. II (vista ventral); (D) Cerdas labrais e pré-labrais; (E) Palpo maxilar e placa sublobal; (F) Papila labial E e cerdas acessórias, incluindo processo lateral; (G) Quetotaxia ventral pós- labial e dos campos labiais basomediano e basolateral; (H) Quetotaxia dorsal da cabeça e olhos.

e 1 sens acessória (acc.p6), com 5 mac anterior (a2–7), 2 mediais (m1 e m4) e 12 posteriores (p1–p4, p6–-6e) (fig. 20A). Th. III com 1 sens anterolateral (al) e 1 sens acessória (acc.p6), com 10 mac anteriores (a1–6), 3 mediais (m6–7e) e 12 posteriores (p1–6) (fig. 20B). Abd. I com 1 ms e 1 sens acessória (acc.p6), 4 mac anteriores (a1–-3,

a5) e 6 mediais (m2–6e) (fig. 20C). Abd. II com 1 sens anterosubmedial (as) e 1 sens

acessória (acc.p6), 1 mac anterior (a6), 5 mac mediais (m3–3e e m5), sem mac posteriores (fig. 20D). Abd. III com 1 ms, 1 sens anterosubmedial (as) e 1 sens acessória (acc.p6), 1 mac anterior (a1), 3 mediais (m3, am6 e pm6) e 1 posterior (p6) (fig. 20E). Abd. IV apresentando sensilas de diferentes tamanhos, fórmula das mac como 3 ‘A’ (A5,

A6), 1 ‘Ae’ (Ae7), 3 ‘B’ (B2, B4–5), 2 ‘C’ (C1–4), 1 ‘T’ (T7), 2 ‘D’ (D2 e D3), 4 ‘E’

(E2–E4), 4 ‘Ee’ (Ee3, Ee7, Ee10–11) e 7 ‘F’ (F1a–3p), com 8 cerdas posteriores (Fig. 20E). Abd. V com 1 sens anterosubmedial (as) e 1 sens acessória (acc.p5), acc.p4 não observada, 3 mac anteriores (a1, a3 e a6), 3 mediais (m2–3 e m5), 2 póstero-anteriores (p4–5a) e 5 posteriores (p1, p3–5) (fig. 20G). Distribuição de mic e mes detalhada na fig. 20.

Figura 20 - Entomobrya sp. nov., quetotaxia dorsal do tronco: (A) Th. II; (B) Th. III; (C) Abd. I; (D) Abd. II; (E) Abd. III; (F) Abd. IV; (G) Abd. V.

Órgão metatrocanteral com aproximadamente 25 cerdas espiniformes (fig. 21A). Unguis com 4 dentes internos, um par na base, 1 dente mediano ímpar e 1 dente distal ímpar diminuto; face externa com 3 dentes, 1 dente dorsal maior e 1 par de dentes basolaterais. Unguiculus acuminado, com a lamela externa fracamente serrilhada na região proximal, as demais lamelas lisas. Tenent hair capitado e aparentemente liso. Tibiotarso III com cerda distal interna lisa (fig. 21B). Face anterior do colóforo com 12 cerdas ciliadas, com 3+3 mac (fig. 21C); aba lateral com cerca de 5 cerdas ciliadas e 7 lisas (fig. 21D); face posterior não observada. Placa manubrial com 6-7 cerdas ciliadas e 3 pseudoporos (fig. 21E). Face ventral com 9+4 (do lado direito) e 5 (do lado esquerdo) cerdas apicais ciliadas (21F). Dens tipicamente crenulado. Mucro bidentado com dente apical menor que o basal, com espinho mucronal presente alcançando o ápice do dente basal (fig. 21G).

Figura 21 - Entomobrya sp. nov., apêndices do tronco: (A) Órgão metatrocanteral; (B) Complexo empodial e tibiotarso

distal III; (C) Face anterior do colóforo (D) Aba lateral do colóforo (lado esquerdo); (E) Dorso do manúbrio distal, com placas manubriais; (F) Face ventral do manúbrio, região distal; (G) Dens distal e mucro.

Santos-Costa & Bellini, 2020, descrita do Rio Grande do Norte em uma Área de Proteção da Mata Atlântica (Neotropical), Entomobrya nivalisLinnaeus, 1758, (sensu Katz et al., 2015) táxon amplamente distribuído nas regiões Neártica e Paleártica, mas originalmente descrita da Europa, e Entomobrya atrocincta Schӧtt, 1896 (sensu Ramel et al., 2008)descrita e registrada apenas na América do Norte (Santos et al. 2020, Katz et al., 2015 e Jordana 2012). Todas essas espécies compartilham uma quetotaxia dorsal da cabeça e do tronco similar de forma geral, com cabeça com 8 mac suturais, quetotaxia posterior bem desenvolvida e quetotaxia do Th. III e Abd. I bem desenvolvidas e Abd. II com 5 mac internas. Entretanto a nova espécie se distingue das demais por apresentar: cerdas pré-labrais multiciliadas (lisas em E. juneae), cerda r presente e lisa no triângulo labial (ausente em E. juneae), série An na cabeça com 4 mac (5 em E. nivalis e E.

atrocincta) e cerda M4 cefálica como mic (mac nas outras três espécies), cerda m2 do

Th. II como mic (mac em E. nivalis e E. atrocincta) e cerda m5 ausente (presente em E.

nivalis), Abd. II com cerda a2 como mes (a2 como mac nas três espécies), Abd. IV com

mac C1 (ausente em E. juneae e E. atrocincta), unguículus com lamela postero-externa serrilhada na região proximal (lisa nas outras espécies), colóforo com 3 mac distais (2 em

E. juneae) e com 7 cerdas lisas na aba lateral (6 em E. juneae), placa manubrial com 6-7

cerdas ciliadas (4-6 em E. juneae) e mucro com dente basal maior que o apical (subiguais em E. atrocincta e E. nivalis).

Tabela 5. Comparação dos principais caracteres diagnósticos de Entomobrya sp. nov., Entomobrya juneae, Entomobrya nivalis e Entomobrya atrocincta.

Caracteres/Espécies Entomobrya sp. nov. E. juneae¹ E. nivalis² E. atrocincta³

Cerdas pré-labrais MC Lisas MC MC

Cerda r + – + +

Cerdas mac da série antenal 4 4 5 5

Cerda m4 cefálica Mic Mac Mac Mac

Cerda m2 do Th. II Mic Mic Mac Mac

Cerda m5 do Th. II – – + –

Cerda a2 do Abd. II Mes Mac Mac Mac

Cerda C1 do Abd. IV + – + –

Lamela postero-externa do

unguículus SER Lisa Lisa Lisa

Colóforo anterior 3+3 2+2 3+3 3+3

Cerdas lisas da aba lateral 7 6 ? ?

Cerdas da placa manubrial 6–7 4–6 ? ?

Dentes basal e apical do

mucro B >A B >A = =

Referências: ¹Santos, Santos-Costa & Bellini (2020), ²Katz et al., (2015), ³Jordana (2012). Símbolos: (+), presente; (-) ausente; (?) Informação ausente ou duvidosa; (>) Maior; (=) Subiguais. Abreviações: (MC) Multiciliadas; (SER) serrilhada; (A) Apical; (B) Basal.

Subfamília Salininae Absolon & Ksenemann, 1942 sensu Zhang et al. 2019 Salina MacGillivray, 1894

Diagnose: Pigmentação variável, desde fortemente pigmentados a praticamente

despigmentados, manchas oculares escuras. Escamas ausentes, cobertura secundária de mesocerdas abundantes. Antenas geralmente mais longas que o corpo, Ant I mais longa que a cabeça. Cabeça dorsal com 2+2 mac suturais centrais. Olhos 8+8. Mesonoto normal, não projetado. Th. II - Abd. V com fórmulas de ms e sens 10/10100 e 11/001–3, respectivamente. Fórmula das tricobótrias dos Abd. II a IV como 2/3/2; Abd. IV com cerda semelhante a tricobótrias adicionais, menores do que tricobotrias normais, presentes ou ausentes. Manúbrio e dens sem espinhos; dens com um apêndice subapical espatulado, similar a uma escama, próximo ao mucro; mucro curto, quadrado ou retangular, com 2 a 4 dentes (Mitra 1973; Yoshii 1981, 1983; Soto-Adames 2010; Bellini & Cipola 2017).

Espécie-tipo: Salina banksi MacGillivray, 1894

Salina sp. nov.

Material tipo: Holótipo fêmea em lâmina, Brasil, Estado do Mato Grosso, município de

Chapada dos Guimarães, Parque Nacional Chapada dos Guimarães (15° 18’ 7” S, 55° 53’ 18” W), bioma Cerrado 05–06 de dezembro de 2012 por M. A. Carvalho e K. Vecchi. 9 parátipos em lâminas, 6 machos, 1 fêmea e 2 juvenis, mesmos dados do holótipo. Material tipo depositado na CC/UFRN.

Descrição. Média do comprimento total (cabeça + tronco) 0,96 mm, holótipo com 1,87

mm. Habitus típico do gênero (fig. 22). Corpo amarelado, com pigmento azul escuro nas Ant. III-IV, ápice das Ant. I-II, região clipeal, manchas oculares e manchas laterais no tronco, e com pigmento azul claro nas pernas e Ant. I-II (exceto ápice).

Figura 22. Salina sp. nov. habitus do espécime fixo em etanol, vista lateral.

Cabeça (fig. 23): Antenas maiores que o comprimento do corpo, relação entre os

antenômeros do holótipo como I: II: III: IV = 1: 1,7: 2: 2,2. Ant. IV com bulbo apical e com pelo menos três tipos de cerdas: sensilas em formato de cerdas, sensilas diferenciadas e cerdas ciliadas (fig. 23A); Ant. IV não anelada e não segmentada. Órgão sensorial da Ant. III com 3 bastões sensoriais discretos, 3 sensilas-guarda pontiagudas circundantes e mais 5 sensilas circundantes de diferentes tamanhos (fig. 23B). Ápice da Ant. II com 2 sensilas curtas apicais similares aos bastões sensoriais da Ant. III, 1 sensila pontiaguda apical e 1 sensila curta e dilatada subapical (fig. 23C). Labro sem papilas labrais bem formadas (fig. 23D). Cerdas pré-labrais ciliadas 4 (a1–2), 5 (m0–2), 5 (p0–2). Fórmula da quetotaxia labral: 4 (a1–2), 5 (m0–2), 5 (p0–2), cerdas da série a e p lisas e série m com cerdas ciliadas (fig. 23E). Palpo maxilar com as cerdas basal e distal subiguais, cerda distal lisa e basal fracamente ciliada; placa sublobal com 3 apêndices principais, todos lisos, o apêndice anterior mais curto que os demais, todos lisos (23F). Palpo labial com papilas H, A-E, com cerdas guarda seguindo a fórmula: H(2); A(0); B(5); C(0); D(4);

E(2) + lp (processo lateral) com ápice arredondado, superando o ápice da papila E (Fig.

Olhos 8+8, lentes G–H menores, com 3 cerdas interoculares (p, s e t). Quetotaxia dorsal com 4 mac antenais (An), sem cerdas médio-ocelares mac, 2 suturais (S2 e S3), 3 pós- occipitais anteriores (P5a, Pa5 e outra de homologia incerta), 2 pós-occipitais mediais (Pm1 e Pm3), e 1 pós-occippital posterior (Pp1) (fig. 23I). Distribuição de mic e mes detalhada na fig. 23I.

Figura 23 - Salina sp. nov., cabeça: (A) Ápice da Ant. IV (vista dorsal); (B) Órgão sensorial da Ant. III e cerdas

circundantes (vista ventro-lateral); (C) Ápice da Ant. II (vista ventral); (D) labro anterior; (E) Palpo maxilar e placa sublobal; (F) Papila labial E e cerdas acessórias, incluindo processo lateral; (G) Cerdas labrais e pré-labrais; (H) Quetotaxia ventral pós-labial da cabeça e dos campos labiais basomediano e basolateral; (I) Quetotaxia dorsal da cabeça e olhos.

Th. III com 1 sens anterolateral (al), 1 mac anterior (a7), 1 medial (m7) e 10 posteriores (p1i, p1i2, p1, p2, p2a, p3, p3p, p4?, p5? e p6) (fig. 24B). Abd. I com 1 ms, 3 mac anteriores (a1, a3 e a6?), 4 mediais (m3, m4, m4p e m6) e 2 posteriores (p6–6e), uma mac sem homologia clara (fig. 24C). Abd. II sens anterosubmedial (as) ausente, com 3 mac mediais (m3, m3e e m5) (fig. 24D). Abd. III com 1 ms, 1 sens anterosubmedial (as), com 1 mac anterior (a6), 2 mediais (am6 e pm6) e 2 posteriores (p6 e p7i) (fig. 24E). Abd. IV com 4 sensilas, fórmula das mac como 4 ‘A’ (A3–3p e A6–A5), 1 ‘Ae’ (Ae1), 2 ‘B’ (B3– 4), 1 ‘Be’ (Be1), 1 ‘C’ (C1), 3 ‘E’ (E1, E2 e E3), 4 ‘F’ (F1– 3p) e 3 ‘Fe’ (Fe1–

3), mais uma mac sem homologia clara perto de A5 (Fig. 24E). Abd. V com 1 sens

anterosubmedial (as) e 2 sens acessórias (acc.p4 e acc.p5), 3 mac anteriores (a3, a5– 6), 3 mediais mac (m2–3 e m5) e 5 posteriores (p1, p3– 5 e ap6) e uma mac com nomenclatura desconhecida (?) (fig. 24G). Distribuição de mic e mes detalhada na fig. 24.

Figura 24 - Salina sp. nov., quetotaxia dorsal do tronco: (A) Th. II; (B) Th. III; (C) Abd. I; (D) Abd. II; (E) Abd. III; (F) Abd. IV; (G) Abd. V.

aproximadamente 21 cerdas espiniformes (fig. 25A). Unguis com 4 dentes internos, um par na base, 1 dente mediano ímpar e 1 dente distal ímpar diminuto; face externa com 3 dentes, 1 dente basal maior e 1 par de dentes basomedianos. Unguiculus clavado, com todas as lamelas lisas. Tenent hair capitado e ciliado. Tibiotarso III com cerda distal interna lisa, próxima ao unguiculus (fig. 25B). Face anterior do colóforo com 8 cerdas ciliadas, com 2+2 mac distais (fig. 25C); aba lateral com cerca de 12 cerdas lisas (fig. 25D); face posterior não observada. Placa manubrial com 2 cerdas ciliadas e 1+1 pseudoporos, região dorsal subapical com 5+5 cerdas ciliadas (fig. 25E). Face ventral sem cerdas subapicais.Dens liso com cerdas ciliadas de diferentes tamanhos, com projeção em forma de escama mais curta que o mucro. Mucro retangular com 4 dentes apicais (fig. 25F).

Figura 25 - Salina sp. nov., apêndices do tronco: (A) Órgão metatrocanteral; (B) Complexo empodial e tibiotarso distal III; (C) Face anterior do colóforo (D) Flap lateral do colóforo (lado esquerdo); (E) Dorso do manúbrio distal, com placas manubriais; (F) Dens distal e mucro.

da Caatinga e Salina bellinii Oliveira & Cipola 2018 descrita também de material brasileiro proveniente da Floresta Amazônica. As três espécies compartilham entre si um padrão de coloração similar, com manchas escuras nas laterais do tronco e no ápice das Ant. I-II, quetotaxia dorsal do tronco no geral bem desenvolvida, placa manubrial com 1 pseudoporo, 2+2 mac distais na região anterior do colóforo, aba flap apenas com cerdas lisas, unguículus escavado e mucro com 4 dentes. Entretanto, a nova espécie difere das demais por apresentar a cerda labial a5 não diferenciada de a1-4 (como um espinho ereto nas demais), Th. II com mac m5 (ausente nas outras duas espécies), Th. III com 9 mac centrais (5-8 em S. zhangi, 5-9 em S. bellinii), Abd. I com 6 mac centrais (até ms) (2-3 nas demais espécies), Abd. IV com 9 mac centrais (até a linha C) (8 em S. zhangi e em S.

bellinii), órgão metatrocanteral com 21 cerdas (17 em S. zhangi e 13 em S. bellinii), e aba

lateral do colóforo com 12 cerdas (14 em S. zhangi e 10 em S. bellinii).

Tabela 6. Comparação dos principais caracteres diagnósticos de Salina sp. nov., Salina zhangi e Salina bellinii.

Caracteres/Espécies Salina sp. nov. S. zhangi¹ S. bellinii²

Cerda labial a5 Não diferenciada Espinho Espinho

Cerda m5 do Th. II + – –

Cerdas mac centrais do Th. III 9 5 8

Cerdas mac centrais do Abd. I 6 2 3

Cerdas mac centrais do Abd. IV 9 8 8

Òrgão metatrocanteral 21 17 13

Aba lateral do colóforo 12 14 10

Referências: ¹ Bellini & Cipola (2017), ² Oliveira & Cipola (2018). Símbolos: (+) presente; (-) ausente.

Família Entomobryidae Schäffer, 1896

Subfamília Entomobryinae Schäffer, 1896 sensu Zhang & Deharveng, 2015 Gênero Seira Lubbock, 1870

Diagnose do gênero: Pigmentação variável, indo de espécimes totalmente amarelados

ou pálidos (exceto nas manchas oculares) a completamente pigmentados. Antenas mais curtas que o comprimento do corpo, Ant. I mais curta que o comprimento da cabeça. Escamas fortemente ciliadas, ovais ou alongadas e apicalmente arredondadas (raramente truncadas, pontiagudas ou irregulares); 8+8 olhos. Cerdas pré-labrais ciliadas ou lisas; Fórmula das cerdas labrais com 4 (a1–2), 5 (m0–2), 5 (p0–2) cerdas lisas. Papilas labrais presentes, mas às vezes discretas. Palpo labial com cinco papilas principais (A – E) mais uma papila hipostomal (H) com 0, 5, 0, 4, 4, 2 apêndices de guarda, respectivamente; lábio com cinco cerdas proximais lisas (p.c.). Campos labiais basolateral e basomediano com chaetae a1–5 liso. Th II – Abd V com fórmula ms e sens 1, 0 | 1, 0, 1, 0, 0 e 1, 1 | 0, 2, 2, +, 3, respectivamente; Fórmula das tricobótrias dos Abd II-IV 2 (a5, m2), 3 (a5, m2,

m5), 3 (T2, T4, D3); Tricobótrias com cerdas acessórias em forma de lança. Machos, às

vezes, com espinho robusto no fêmur e tibiotarso da perna I. Mucro falcado, sem espinho

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