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5.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA AMOSTRA

Durante a fase inicial da coleta de dados, 57 indivíduos com mucosite peri-implantar, dos 155 indivíduos previamente examinados, foram contatados. Destes, apenas 42 iniciaram, de fato, sua participação na pesquisa, pois 15 indivíduos tiveram que ser excluídos por diversas razões que variaram desde a utilização de antibióticos até a desistência de participação. Após o início da terapia da mucosite peri-implantar, durante o período de acompanhamento, 5 indivíduos foram excluídos, sendo 2 no grupo experimental (clorexidina 0,12%) e 3 no grupo controle (placebo), devido ao abandono do tratamento.

Um total de 37 indivíduos participou da pesquisa, sendo 22 no grupo teste e 15 no grupo controle. Desta forma, 119 implantes foram analisados, sendo 61 no grupo teste e 58 no grupo controle, como pode ser observado no fluxograma a seguir.

Figura 07 – Fluxograma da distribuição amostral. 155 Indivíduos 72 indivíduos com peri-implantite 83 indivíduos com mucosite peri-implantar 57 indivíduos foram contatados

15 indivíduos não preencheram os critérios de inclusão 42 indivíduos iniciaram o tratamento 37 indivíduos participaram do estudo 5 indivíduos excluídos 2 indivíduos no grupo experimental (CHX 0,12%) 3 indivíduos no grupo controle (placebo) 37 indivíduos participaram do estudo 37 indivíduos com 119 implantes

22 indivíduos com 61 implantes – Grupo experimental (CHX 0,12%)

15 indivíduos com 58 implantes – Grupo controle (placebo)

Com relação ao sexo, 15,1% dos implantes estavam inseridos em indivíduos do sexo masculino, enquanto que a maioria, 84,9%, em indivíduos do sexo feminino. A variável idade foi categorizada em três categorias e apresentou a distribuição de acordo com a Tabela 03, que mostra também a frequência e a porcentagem dos implantes em relação ao fumo e ao biótipo peri-implantar.

Para avaliar a melhoria dos parâmetros clínicos profundidade de sondagem e sangramento à sondagem de uma forma geral, entre o baseline e 6 meses, utilizou-se uma média aritmética das profundidades de sondagens de todos os implantes e uma média aritmética de todos os sítios que apresentaram sangramento à sondagem. Em seguida, foi calculada a diferença entre essas médias. Desta forma, pode-se considerar que houve uma diminuição dos parâmetros na maioria dos casos sendo 70,6% dos casos de profundidade de sondagem e 60,0% dos casos de sangramento à sondagem (tabela 03).

Tabela 03 - Descrição dos dados categóricos. Natal/RN. 2014.

n % Grupo de tratamento Clorexidina (experimental) 61 51,3 Placebo (controle) 58 48,7 Sexo Masculino 18 15,1 Feminino 101 84,9 Idade 33 a 51 anos 38 31,9 52 a 61 anos 39 32,8 62 a 75 anos 42 35,3 Fumante Sim 32 26,9 Não 87 73,1 Biótipo peri-implantar Fino 18 24,7 Espesso 55 75,3 Diferença da profundidade de sondagem entre t0 e t6 Aumento do parâmetro 35 29,4 Diminuição do parâmetro 84 70,6

Diferença do sangramento à sondagem entre t0 e t6

Aumento do parâmetro 48 40,0

Diminuição do parâmetro 72 60,0

A tabela 04 mostra a distribuição das variáveis quantitativas entre os grupos teste e controle. No intuito de mostrar a condição de higiene bucal da boca completa dos indivíduos participantes desta pesquisa, os dados relativos aos IPV e ISG gerais, nos diferentes tempos, tanto no grupo teste como no grupo controle, estão apresentados. De uma forma geral, percebe-se que houve uma redução do percentual de placa visível e da quantidade de sangramento no sulco gengival entre o baseline e os diferentes tempos de acompanhamento, em ambos os grupos.

Analisando a mediana desses parâmetros, uma vez que os dados não apresentaram distribuição normal, percebe-se que, assim com os IPV e ISG gerais reduziram desde o início do tratamento, o mesmo ocorreu com os dados relacionados ao IPV e ISG dos implantes isoladamente. Com relação à média do sangramento à sondagem houve redução entre o

baseline e os tempos de acompanhamento, nos diferentes grupos. Assim, pode-se afirmar que

houve redução da inflamação.

Tabela 04 - Descrição dos dados quantitativos dos grupos teste e controle. Natal/RN. 2014.

Mediana Min-Max Q25-Q75 Grupo Teste IPV geral (%) t0 38,88 12,77 - 100 34,51 - 52,43 ISG geral (%) t0 27,77 1,72 - 75 17,85 – 42,25 IPV geral (%) t1 8,99 0 – 49,55 5,37 – 29,07 ISG geral (%) t1 6,48 0 – 33,33 3,57 – 12,50 IPV geral (%) t3 17,69 0 – 64,18 1,98 – 22,12 ISG geral (%) t3 6,48 0 - 75 2,48 – 12,50 IPV geral (%) t6 15,62 0 – 37,50 6,5 – 22,22 ISG geral (%) t6 5,35 0 - 50 2,67 – 12,50 IPV implante (%) t0 25 0 - 100 0 – 75 ISG implante (%) t0 25 0 - 100 0 – 75

Mucosa ceratinizada implante (mm) t0 1 0 - 6 0 – 2,5

IPV implante (%) t1 0 0 – 75 0 – 25

ISG implante (%) t1 0 0 – 75 0 – 0

IPV implante (%) t3 0 0 – 100 0 – 25

ISG implante (%) t3 0 0 - 100 0 – 12,50

Mucosa ceratinizada implante (%) t3 0 0 - 7,5 0 - 2

IPV implante (%) t6 0 0 – 100 0 – 25

ISG implante (%) t6 5,35 0 - 50 2,67 – 12,50

Mediana profundidade de sondagem implante (mm) t0 2,83 1,7 – 4,7 2,41 - 3,20

Mediana do sangramento à sondagem implante (mm) t0

100 0 - 100 50 - 100 Mediana profundidade de sondagem implante (mm) t3 2,33 1,3 – 3,7 2 - 2,72

Mediana do sangramento à sondagem implante (mm) t3

50 0 - 100 0 - 75

Mediana profundidade de sondagem implante (mm) t6 2,41 1,3 - 4 2,04 – 2,79

Mediana do sangramento à sondagem implante (mm) t6 50 0 - 100 25 – 75 Grupo Controle IPV geral (%) t0 43,22 12,19 - 75 27,77 – 56,36 ISG geral (%) t0 17,30 0 - 91 2 – 52,88 IPV geral (%) t1 10,67 0 – 37,60 5,08 – 21,08 ISG geral (%) t1 12,05 0 – 41,60 4,34 – 19,23 IPV geral (%) t3 14,81 0 - 50 8,88 – 19,48 ISG geral (%) t3 8,50 0 – 17,80 4,80 – 12,50 IPV geral (%) t6 12,06 0 – 65,21 4,42 – 18,75 ISG geral (%) t6 4,62 0 - 51 2,08 – 8,03 IPV implante (%) t0 50 0 - 100 25 - 75 ISG implante (%) t0 25 0 - 100 0 - 50

Mucosa ceratinizada implante (mm) t0 2 0 - 6 0 - 3

IPV implante (%) t1 0 0 - 75 0 - 25

ISG implante (%) t1 0 0 - 75 0 - 25

IPV implante (%) t3 0 0 - 100 0 - 25

ISG implante (%) t3 0 0 - 50 0 - 25

Mucosa ceratinizada implante (mm) t3 2 0 - 6 0 - 3

IPV implante (%) t6 0 0 - 100 0 - 25

ISG implante (%) t6 0 0 - 75 0 - 25

Mucosa ceratinizada implante (mm) t6 0 0 - 7 0 - 3

Mediana profundidade de sondagem implante (mm) t0 2,66 1,3 – 5,3 2,20 – 3,16

Mediana do sangramento à sondagem implante (mm) t0

75 0 - 100 37,50 - 100 Mediana profundidade de sondagem implante (mm) t3 2,33 1,1 - 4 2 – 2,75

Mediana do sangramento à sondagem implante (mm) t3

25 0 - 100 25 - 75

Mediana profundidade de sondagem implante (mm) t6 2,33 1,3 - 4 2 - 3

Mediana do sangramento à sondagem implante (mm) t6

25 0 - 100 0 – 81,25

O teste de Friedman foi aplicado para analisar se houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos de tratamento para as variáveis média do IPV e ISG do implante e para as médias das profundidades e sangramento à sondagem, dentro de um mesmo grupo, nos diferentes tempos de avaliação. Os resultados mostraram diferenças estatísticas significativas, demonstrando que ambos os tratamentos promoveram uma diminuição das médias desses parâmetros clínicos ao longo do período de acompanhamento (p<0,001) (tabelas 05 e 06).

Tabela 05 - Análise dos índices de placa visível e sangramento gengival relacionados aos implantes intragrupo - teste de Friedman. Natal/RN. 2014.

Baseline 1 mês 3 meses 6 meses p

Grupo teste

Mediana do IPV implante 25 0 0 0 < 0,001

Mediana do ISG implante 25 0 0 5,35 < 0,001

Grupo controle

Mediana do IPV implante 50 0 0 0 < 0,001

Mediana do ISG implante 25 0 0 0 < 0,001

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

Tabela 06 - Análise das medianas da profundidade e sangramento à sondagem relacionadas aos implantes intragrupo - teste de Friedman. Natal/RN. 2014.

Baseline 3 meses 6 meses P

Grupo teste

Mediana da profundidade de sondagem 2,83 2,33 2,41 < 0,001 Mediana de sangramento à sondagem 100 50 50 < 0,001 Grupo controle

Mediana da profundidade de sondagem 2,66 2,33 2,33 < 0,001 Mediana de sangramento à sondagem 75 25 25 < 0,001

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

No entanto, para observar em qual tempo de acompanhamento houve exatamente a diferença estatisticamente significativa encontrada no teste anterior, dentro de cada grupo, o teste de Wilcoxon foi aplicado (tabelas 07 a 15). Mesmo após as penalizações inerentes ao teste em que o valor de p foi multiplicado pelo número de combinações entre os tempos correspondentes, o valor de p continuou estatisticamente significativo entre o baseline e três meses (tabela 08) e baseline e seis meses (tabela 09), em ambos os grupos de tratamento, para as variáveis profundidade de sondagem e sangramento à sondagem. No entanto, não houve diferença estatística entre três e seis meses (tabela 10).

Tabela 07 - Análise das medianas da profundidade e sangramento à sondagem com o tempo de acompanhamento baseline e 3 meses - teste de Wilcoxon. Natal/RN. 2014.

Baseline 3 meses P

Grupo teste

Mediana da profundidade de sondagem 2,83 2,33 0,003 Mediana de sangramento à sondagem 100 50 < 0,001 Grupo controle

Mediana da profundidade de sondagem 2,66 2,33 0,003

Mediana de sangramento à sondagem 75 25 < 0,001

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

Tabela 08 - Análise das medianas da profundidade e sangramento à sondagem com o tempo de acompanhamento baseline e 6 meses - teste de Wilcoxon. Natal/RN. 2014.

Baseline 6 meses P

Grupo teste

Mediana da profundidade de sondagem 2,83 2,41 < 0,001 Mediana de sangramento à sondagem 100 50 < 0,001 Grupo controle

Mediana da profundidade de sondagem 2,66 2,33 0,015

Mediana de sangramento à sondagem 75 25 < 0,001

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

Tabela 09 - Análise das medianas da profundidade e sangramento à sondagem com o tempo de acompanhamento 3 e 6 meses - teste de Wilcoxon. Natal/RN. 2014.

3 meses 6 meses P

Grupo teste

Mediana da profundidade de sondagem 2,33 2,41 0,324

Mediana de sangramento à sondagem 50 50 0,909

Grupo controle

Mediana da profundidade de sondagem 2,33 2,33 2,508

Mediana de sangramento à sondagem 25 25 1,341

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

Com relação às medianas dos índices de placa visível e sangramento gengival dos implantes em comparação com os diferentes tempos de acompanhamento nas análises do

baseline com um mês (tabela 10), baseline com três meses (tabela 11) e baseline e seis meses

(tabela 12), observou-se diferenças significativas tanto no grupo teste como no grupo controle (p<0,05). Porém, não houve significância nos outros tempos de acompanhamento (tabelas 13, 14 e 15).

Tabela 10 - Análise das medianas dos índices de placa visível e sangramento gengival com o tempo de acompanhamento baseline e 1 mês - teste de Wilcoxon. Natal/RN. 2014.

Baseline 1 mês P

Grupo teste

Mediana do IPV implante 25 0 < 0,001

Mediana do ISG implante 25 0 < 0,001

Grupo controle

Mediana do IPV implante 50 0 < 0,001

Mediana do ISG implante 25 0 0,024

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

Tabela 11 - Análise das medianas dos índices de placa visível e sangramento gengival com o tempo de acompanhamento baseline e 3 meses - teste de Wilcoxon. Natal/RN. 2014.

Baseline 3 meses P

Grupo experimental

Mediana do IPV implante 25 0 < 0,001

Mediana do ISG implante 25 0 < 0,001

Grupo controle

Mediana do IPV implante 50 0 < 0,001

Mediana do ISG implante 25 0 < 0,001

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

Tabela 12 - Análise das medianas dos índices de placa visível e sangramento gengival com o tempo de acompanhamento baseline e 6 meses - teste de Wilcoxon. Natal/RN. 2014.

Baseline 6 meses P

Grupo experimental

Mediana do IPV implante 25 0 < 0,001

Mediana do ISG implante 25 5,35 < 0,001

Grupo controle

Mediana do IPV implante 50 0 < 0,001

Mediana do ISG implante 25 0 0,006

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

Tabela 13 - Análise das medianas dos índices de placa visível e sangramento gengival com o tempo de acompanhamento 1 e 3 meses - teste de Wilcoxon. Natal/RN. 2014.

1 mês 3 meses P

Grupo experimental

Mediana do IPV implante 0 0 4,470

Mediana do ISG implante 0 0 2,904

Grupo controle

Mediana do IPV implante 0 0 2,244

Mediana do ISG implante 0 0 1,440

Tabela 14 - Análise das medianas dos índices de placa visível e sangramento gengival com o tempo de acompanhamento 1 e 6 meses - teste de Wilcoxon. Natal/RN. 2014.

1 mês 6 meses P

Grupo experimental

Mediana do IPV implante 0 0 4,038

Mediana do ISG implante 0 5,35 1,272

Grupo controle

Mediana do IPV implante 0 0 2,664

Mediana do ISG implante 0 0 2,772

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

Tabela 15 - Análise das medianas dos índices de placa visível e sangramento gengival com o tempo de acompanhamento 3 e 6 meses - teste de Wilcoxon. Natal/RN. 2014.

3 meses 6 meses P

Grupo experimental

Mediana do IPV implante 0 0 3,168

Mediana do ISG implante 0 5,35 5,388

Grupo controle

Mediana do IPV implante 0 0 4,002

Mediana do ISG implante 0 0 3,540

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

O teste de Mann-Whitney (Tabela 16) foi aplicado em relação às variáveis quantitativas entre os grupos teste e controle em cada período de observação. Nos dados pode- se observar que o valor de p no ISG geral no baseline mostrou significância estatística (p = 0,042). Esse dado nos permite inferir que os grupos teste e controle iniciaram diferentes no estudo, no que se refere a esta variável. O mesmo ocorreu para a variável IPV no implante isolado, em que o grupo controle apresentou-se mais elevado (p = 0,023).

No momento da reavaliação de um mês, após o tratamento, o ISG também apresentou diferença significativa (p = 0,032). Da mesma forma, o ISG do implante no tempo de um mês mostra que houve redução do sangramento marginal entre os grupos, nesse tempo de acompanhamento (p = 0,018). Os demais parâmetros não apresentaram diferenças estatísticas significativas entre os grupos, nos demais períodos de observação.

Tabela 16 - Análise do grupo teste frente às variáveis quantitativas do estudo - teste de Mann-Whitney. Natal/RN. 2014. Grupo de Tratamento Teste Controle p IPV geral (%) t0 38,88 43,22 0,714 ISG geral (%) t0 27,77 17,30 0,042 IPV geral (%) t1 8,99 10,67 0,520 ISG geral (%) t1 6,48 12,05 0,032 IPV geral (%) t3 17,69 14,81 0,807 ISG geral (%) t3 6,48 8,50 0,144 IPV geral (%) t6 15,62 12,06 0,215 ISG geral (%) t6 5,35 4,62 0,517 IPV implante (%) t0 25 50 0,023 ISG implante (%) t0 25 25 0,092

Mucosa ceratinizada implante (mm) t0 1 2 0,607

IPV implante (%) t1 0 0 0,981

ISG implante (%) t1 0 0 0,018

IPV implante (%) t3 0 0 0,610

ISG implante (%) t3 0 0 0,445

Mucosa ceratinizada implante (mm) t3 0 2 0,063

IPV implante (%) t6 0 0 0,633

ISG implante (%) t6 5,35 0 0,215

Mucosa ceratinizada implante (mm) t6 0 0 0,265

Mediana profundidade de sondagem implante (mm) t0

2,83 2,66 0,265

Mediana do sangramento à sondagem implante (mm) t0

100 75 0,128

Mediana profundidade de sondagem implante (mm) t3

2,33 2,33 0,761

Mediana do sangramento à sondagem implante (mm) t3

50 25 0,523

Mediana profundidade de sondagem implante (mm) t6

2,41 2,33 0,996

Mediana do sangramento à sondagem implante (mm) t6

50 25 0,298

Fonte: Dados da Pesquisa (NATAL/RN, 2014).

Para avaliar a distribuição da quantidade de implantes estudados em relação aos principais parâmetros clínicos, profundidade de sondagem e sangramento à sondagem, visto que estes são os parâmetros que determinam o diagnóstico da mucosite peri-implantar, o teste Qui-quadrado foi aplicado no intuito de verificar uma possível associação entre as principais variáveis independentes de interesse (tabela 17). Para esta análise, as variáveis idade, mucosa ceratinizada nos diferentes tempos, mediana do IPV e ISG do implante foram categorizadas para facilitar a análise estatística.

Foi considerado como melhora destes principais parâmetros clínicos quando houvesse diminuição das medianas da profundidade e sangramento à sondagem. Os casos em que houve estabilidade da situação clínica inicial foram agrupados nos casos em que houve piora

do parâmetro, uma vez que não seria possível realizar o teste estatístico por haver contagens esperadas menores que cinco. A piora dos resultados foi considerada quando ocorresse aumento das medianas da profundidade da sondagem e sangramento à sondagem. Os resultados deste teste mostraram que independente da idade e do sexo, tanto a profundidade de sondagem como o sangramento à sondagem melhoraram após o tratamento. Além disso, os resultados dos implantes inseridos em indivíduos não fumantes ou ex-fumantes também apresentaram maior percentual de melhora. Independente do grupo de tratamento, o maior percentual se concentrou nos casos em que houve melhora dos parâmetros. Porém, não houve diferença estatisticamente significativa em nenhuma comparação utilizando esse teste.

Tabela 17 - Distribuição dos implantes em relação aos parâmetros clínicos Profundidade de Sondagem e Sangramento à Sondagem de acordo com as variáveis independentes de interesse - teste Qui-quadrado. Natal/RN. 2014. PS p SS p Houve piora (%) Houve

melhora (%) Houve piora (%)

Houve melhora (%) Idade 33 a 51 anos 14 (36,8) 24 (63,2) 0,579 17 (44,7) 21 (55,3) 0,711 52 a 61 anos 13 (33,3) 26 (66,7) 14 (35,9) 25 (64,1) 62 a 75 anos 11(26,2) 31 (73,8) 16 (38,1) 26 (61,9) Sexo Masculino 7 (38,9) 11 (61,1) 0,680 5 (27,8) 13 (72,2) 0,400 Feminino 31 (30,70) 70 (69,3) 42 (41,6) 59 (58,4) Fumante Sim 8 (25,0) 24 (75,0) 0,446 13 (40,6) 19 (59,4) 1,000 Não 30 (34,5) 57 (65,5) 34 (39,1) 53 (60,9) Grupo de tratamento Clorexidina 16 (26,2) 45 (73,8) 0,241 21 (34,4) 40 (65,6) 0,331 Placebo 22 (37,9) 36 (62,1) 26 (44,8) 32 (55,2) Mucosa ceratinizada t0 Até 2 mm 25 (31,6) 54 (68,4) 1,000 33 (41,8) 46 (58,2) 0,758 Acima de 2 mm 12 (31,6) 26 (68,4) 14 (36,8) 24 (63,2) Mucosa ceratinizada t3 Até 2 mm 26 (32,5) 54 (67,5) 1,000 32 (40,0) 48 (60,0) 0,710 Acima de 2 mm 11 (31,4) 24 (68,6) 12 (34,3) 23 (65,7) Mucosa ceratinizada t6 Até 2 mm 25 (30,9) 56 (69,1) 1,000 29 (35,8) 52 (64,2) 0,134 Acima de 2 mm 10 (29,4) 24 (70,6) 18 (52,9) 16 (47,1) Biótipo peri-implantar Fino 2 (11,1) 16 (88,9) 0,064 11 (61,1) 7 (38,9) 0,309 Espesso 21 (38,2) 34 (61,8) 24 (43,6) 31 (56,4)

Mediana IPV implante

Baixo IPV (até 10%) 10 (28,6) 25 (71,4)

0,770 9 (25,7) 26 (74,3) 0,075 Alto IPV (< 10%) 28 (33,3) 56 (66,7) 38 (45,2) 46 (54,8)

Mediana ISG implante

Baixo ISG (até 10%) 19 (39,6) 29 (60,4)

0,204 15 (31,2) 33 (68,8) 0,186 Alto ISG (< 10%) 19 (26,8) 52 (73,2) 32 (35,1) 39 (54,4)

Para observar se existiu correlação entre as principais variáveis dependentes deste estudo, foi feita uma correlação entre a média da profundidade de sondagem e a média do sangramento à sondagem encontrada nos seis meses de acompanhamento. Contudo, pode-se afirmar que houve uma correlação positiva fraca, embora tenha apresentado significância estatística, pois, para as duas variáveis testadas, houve redução do parâmetro e estas são diretamente proporcionais.

Tabela 18 - Correlação da média do sangramento à sondagem com a média da profundidade de sondagem, ambos no seguimento de 6 meses - Correlação de Spearman. Natal/RN. 2014.

Média do sangramento a sondagem t6

rho P

Média da profundidade de sondagem t6 0,321 < 0,001

6 DISCUSSÃO

A remoção mecânica do biofilme dentário tem demonstrado ser um tratamento efetivo para a mucosite peri-implantar, porém, nem todas as situações de inflamação são solucionadas (RENVERT, ROOS-JANSAKER, CLAFFEY, 2008). Diante disso, o presente estudo se propôs a avaliar um protocolo de tratamento que consistia na utilização da clorexidina a 0,12% como coadjuvante à terapia básica não-cirúrgica comparando com um grupo que utilizou solução placebo. Os resultados mostraram que ambos os tratamentos foram efetivos e capazes de diminuir significativamente o percentual da inflamação dos implantes com mucosite peri-implantar em até 6 meses de acompanhamento, porém, sem diferenças estatísticas entre os grupos teste e controle.

Os resultados do presente estudo concordam com outros que utilizaram uma metodologia semelhante, os quais também se propuseram avaliar a eficácia da clorexidina no tratamento da mucosite peri-implantar (PORRAS et al., 2002; THÖNE-MÜHLING et al., 2010; HEITZ-MAYFIELD et al., 2011).

Heitz-Mayfield et al. (2011) através de um estudo duplo cego, randomizado e controlado com um grupo placebo, semelhante a este ensaio clínico, utilizaram a terapia mecânica com e sem a utilização de gel à base de clorexidina a 0,5%. Verificaram que houve redução da profundidade de sondagem e sangramento à sondagem, por até três meses. Porém, apenas 38% dos implantes diagnosticados com mucosite peri-implantar não apresentaram sangramento à sondagem ao final do estudo. Mesmo não demonstrando nenhum efeito benéfico do gel de clorexidina a 0,5%, os autores recomendaram seu uso nos casos de mucosite peri-implantar, visto que não houve efeitos adversos relatados no estudo.

Os resultados desta pesquisa concordam com aqueles encontrados em uma revisão sistemática, visto que Zeza et al. (2012) mostraram que nenhum estudo encontrou a resolução completa da inflamação peri-implantar. Desta forma, diversas abordagens de tratamento para a mucosite peri-implantar têm sido propostas utilizando coadjuvantes que variam desde a utilização de jato de ar abrasivo (DUARTE et al., 2009) ou a utilização de clorexidina para bochecho a 0,2% e gel a 1% (THÖNE-MÜHLING et al., 2010) e até o uso de antibióticos sistêmicos (HALLSTRÖM et al., 2012). No entanto, estes trabalhos, com metodologias diferentes, também não mostraram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de tratamento, mostrando que a adição destes métodos não foi superior ao tratamento mecânico.

Vários estudos clínicos realizados em humanos, referentes ao tratamento da mucosite peri-implantar, utilizaram agentes coadjuvantes antimicrobianos (PORRAS et al., 2002; HEITZ-MAYFIELD et al., 2011; DE SIENA et al., 2013). No entanto, Máximo et al. (2009), mesmo não utilizando agentes químicos, observaram que o tratamento mecânico proposto reduziu efetivamente a inflamação nos casos de mucosite peri-implantar e promoveu uma redução dos níveis de periodontopatógenos, inclusive nos casos de peri-implantite. Esses autores ainda afirmaram que os protocolos utilizados nos estudos que comparam a associação da terapia mecânica com meios químicos são importantes para determinar o resultado da terapia mecânica isolada.

No trabalho de Thöne-Mühling et al. (2010) todos os implantes, de ambos os grupos, apresentaram redução estatisticamente significativa da profundidade de sondagem após oito meses. Além disso, o grupo controle, que utilizou apenas a terapia mecânica, revelou um ganho significativo de inserção clínica, no entanto, não houve diferença entre os grupos, durante o período avaliado. Apesar dos implantes do grupo teste (clorexidina) terem mostrado redução significativa para o sangramento à sondagem após um, dois e quatro meses, os autores não citam o motivo desta diferença. A análise da quantidade de bactérias patogênicas no sulco peri-implantar mostrou que houve um decréscimo não significativo na contagem bacteriana após 24 horas, para todas as bactérias testadas, em ambos os grupos. Embora esta redução bacteriana tenha sido mantida pelos oito meses de acompanhamento, apenas concluíram que não existem diferenças significativas dos parâmetros clínicos avaliados, entre os grupos teste e controle, sugerindo que o tratamento subgengival em uma sessão, assim como o protocolo aplicado nesta pesquisa, com e sem a clorexidina, são efetivos em reduzir temporariamente a carga microbiana, porém, o valor adicional da clorexidina ainda não foi esclarecido.

Adicionalmente, Trejo et al. (2006) realizaram um estudo em nove macacos com o objetivo de avaliar o efeito clínico e histológico do tratamento, com e sem a clorexidina, comparada a um grupo controle em que não foi realizado nenhum tratamento, após induzir mucosite peri-implantar em 35 implantes. Os autores mostraram que, depois de dois meses, os valores dos percentuais dos sítios sem sangramento gengival foram semelhantes, 73,6% e 76,4%, para os grupos com e sem a clorexidina, respectivamente. Além disso, os valores para média da profundidade de sondagem nos grupos que receberam tratamento (1,68 mm no grupo da terapia mecânica isolada e 2,1 mm no grupo da clorexidina) foi significativamente menor do que aquele grupo que não recebeu nenhuma intervenção (2,57 mm). Desta forma, concluíram que o efeito mecânico do tratamento foi suficiente para atingir resolução clínica

da mucosite peri-implantar e apesar de ter sido observado histologicamente inflamação mínima em alguns sítios, essa situação é compatível com a saúde.

Como justificativa da ausência de efeito adicional da clorexidina nesses estudos, tem sido sugerido que seu impacto é considerado insignificante pelo fato de que infecções nas bolsas peri-implantares, que podem chegar a 4 mm nos casos de mucosite, são mecanicamente descontaminadas e que a microbiota dessa região peri-implantar é compatível com a saúde. Outra explicação para esses resultados, que se repetem ao longo dos estudos, seria que a descontaminação mecânica é tão eficaz na remoção das bactérias patogênicas que o efeito anti-bacteriano da clorexidina é perdido. Talvez em bolsas mais profundas (> 4 mm), onde a superfície dos implantes é rugosa e inacessível para a descontaminação mecânica, o uso de coadjuvantes químicos seja indispensável (TREJO et al., 2006).

Contudo, é perceptível a variedade existente entre as metodologias utilizadas nos estudos citados. Além da heterogeneidade encontrada nos protocolos clínicos que são utilizados nas pesquisas que abordam o tratamento da mucosite peri-implantar, os estudos disponíveis que utilizaram a clorexidina, revelam tempos de acompanhamento variados: oito semanas (LAVIGNE et al., 1994), três meses (PORRAS et al., 2002; HEITZ-MAYFIELD et al., 2011; DE SIENA et al., 2013) e oito meses (THÖNE-MÜHLING et al., 2010). Os

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