• Nenhum resultado encontrado

3.1 Levantamento florístico

Foi encontrado nos fragmentos de FES e FP no município de Botucatu, SP, 87 espécies de epífitas vasculares pertencentes a 51 gêneros e 13 famílias (Tabela 3 e 4). A FP apresentou a maior riqueza de espécies (73 espécies ou 83,9%) enquanto a FES apresentou um número menor (56 espécies ou 64,4%) (Tabela 3 e 4). Destas, 31 espécies foram exclusivas da FP (35,6% do total), 14 espécies exclusivas da FES (16,1% do total) e 42 espécies (48,3% do total) compartilharam as fisionomias, sendo

encontradas em ambas (Figura 9, Tabela 3 e 4). Monocotiledônea foi o grupo que apresentou o maior número de espécies nas duas fitofisionomias, seguido das monilófitas, magnolídeas e eudicotiledônias (Tabela 3).

Figura 9. Diagrama de Venn apresentando o número de espécies exclusivas e comuns nas duas

fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP.

As famílias mais representativas são Orchidaceae (35 espécies, 40,2%), Polypodiaceae (15 espécies, 12,2%), Bromeliaceae (12 espécies, 13,8%) e Piperaceae (10 espécies, 11,5%), correspondendo a 77,7% do total (Figura 10). Os gêneros mais representativos foram Peperomia (10 espécies), Tillandsia (6 espécies) e

Campyloneurum e Pleopeltis (4 espécies cada).

A anemocoria é a síndrome da maioria das espécies epifíticas (63 espécies, 72,4%), as demais espécies são zoocóricas (24 espécies, 27,6%) (Tabela 3) e a categoria ecológica mais numerosa nas espécies encontrada foi a das holoepífitas obrigatórias (HLO) (76 espécies, 87,4%), principalmente entre as monocotiledôneas, (com exceção de Araceae que apresentou somente espécies hemiepífitas e Commelinaceae e Burmanniaceae que apresentaram uma holoepífita acidental cada), as pteridófitas e as magnoliídeas. Entre as eudicotilêdoneas quatro foram classificadas como HLO (Cactaceae), uma como hemiepífita (Moraceae) e uma como HLA (Melastomataceae) (Figura 11, Tabela 3).

Tabela 2. Composição taxonômica das epífitas vasculares amostradas nas duas fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP.

Fitofisionomias Grupos

taxonômicos Nº espécies % Famílias Nº gêneros

espécies % espécies

Floresta paludosa Monilófitas 18 24,7 Aspleniaceae 1 2 2,7

Hymenophyllaceae 1 2 2,7 Polypodiaceae 6 13 17,8 Pteridaceae 1 1 1,4 Magnolídeas 10 13,7 Piperaceae 1 10 13,7 Monocotiledônias 39 53,4 Araceae 1 2 2,7 Bromeliaceae 5 11 15,1 Burmaniaceae 1 1 1,4 Commelinaceae 1 1 1,4 Orchidaceae 19 24 32,9 Eudicotiledônias 6 8,2 Cactaceae 3 4 5,5 Melastomataceae 1 1 1,4 Moraceae 1 1 1,4 Total 42 73

Floresta estacional semidecidual Monilófitas 13 23,2 Hymenophyllaceae 1 1 1,8

Polypodiaceae 5 11 19,6 Pteridaceae 1 1 1,8 Magnolídeas 6 10,7 Piperaceae 1 6 10,7 Monocotiledônias 33 58,9 Araceae 1 2 3,6 Bromeliaceae 5 11 19,6 Orchidaceae 17 20 35,7 Eudicotiledônias 4 7,2 Cactaceae 3 3 5,4 Moraceae 1 1 1,8 Total 35 56

Tabela 3. Lista das espécies de epífitas vasculares, suas síndromes de dispersão, categoria ecológica, fisionomias e número de coletor, amostrados nas duas fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP (ANE: anemocóricas, ZOO: zoocócoricas, HEP: hemiepífita primária, HES: hemiepífita secundária, HLA: holoepífita acidental, HLO: holoepífita obrigatória, HLF: holoepífita facultativa, FES: floresta estacional semidecidual, FP: floresta paludosa, GMM: Gabriel Mendes Marcusso, *espécies endêmicas do Domínio Atlântico, # espécies não citadas para a FES, §espécies endêmicas do Brasil).

FAMÍLIA (gêneros,espécies) Síndromes

de dispersão Categoria ecológica Fitofisionomia Número de coletor Espécie ARACEAE (1,2)

Philodendron appendiculatum Nadruz & Mayo*§ ZOO HEP-HES FES-FP GMM 120 Philodendron bipinnatifidum Schott ZOO HEP FES-FP GMM 283 ASPLENIACEAE (1,2)

Asplenium auriculatum Sw. ANE HLO FP GMM 151

Asplenium auritum Sw. ANE HLO FP GMM 471

BROMELIACEAE (6,12)

Acanthostachys strobilacea (Schult. & Schult.f.) Klotzsch ZOO HLO FES-FP GMM 472 Aechmea bromeliifolia (Rudge) Baker§ ZOO HLO FES-FP GMM 126 Billbergia distachia (Vell.) Mez§ ZOO HLO FES-FP GMM 119 Billbergia zebrina (Herb.) Lindl.§ ZOO HLO FES-FP GMM 475

Bromelia antiacantha Bertol. ZOO HLA FP Sem voucher

Tillandsia loliacea Mart. ex Schult. & Schult.f. ANE HLO FES-FP GMM 122

Tillandsia polystachia (L.) L. ANE HLO FES-FP GMM 285

Tillandsia recurvata (L.) L. ANE HLO FES-FP GMM 314

Tillandsia stricta Sol. ANE HLO FES-FP GMM 324

Tillandsia tenuifolia L. ANE HLO FES-FP GMM 320

Tillandsia tricholepis Baker ANE HLO FES-FP GMM 316

FAMÍLIA (gêneros,espécies) Síndromes de dispersão Categoria ecológica Fitofisionomia Número de coletor Espécie BURMANNIACEAE (1,1)

Apteria aphylla (Nutt.) Barnhart ex Small ANE HLA FP GMM 192 CACTACEAE (3,4)

Epiphyllum phyllanthus (L.) Haw. ZOO HLO FES-FP GMM 293 Lepismium lineare (K.Schum.) Barthlott§ ZOO HLO FES-FP GMM 249 Rhipsalis floccosa Salm-Dyck ex Pfeiff. ZOO HLO FES-FP GMM 602

Rhipsalis cereuscula Haw. ZOO HLO FP GMM 339

COMMELINACEAE (1,1)

Commelina erecta L. ZOO HLA FP GMM 432

HYMENOPHYLLACEAE (1,2)

Trichomanes pyxidiferum L.# ANE HLO FES-FP GMM 250

Trichomanes polypodioides L. ANE HLO FP GMM 251

MELASTOMATACEAE (1,1)

Ossaea amygdaloides (DC.) Triana.§ ZOO HLA FP GMM 282

MORACEAE (1,1)

Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. ZOO HEP FES-FP GMM 366 ORCHIDACEAE (27,35)

Acianthera guimaraensii (Brade) F. Barros*# § ANE HLO FP GMM 10 Acianthera leptotifolia (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase#§ ANE HLO FES-FP GMM 11 Acianthera macuconensis (Barb.Rodr.) F.Barros*# ANE HLO FP GMM 35 Anathallis obovata (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase# ANE HLO FP GMM 61 Baptistonia lietzei (Regel) Chiron & V.P.Castro*# ANE HLO FES-FP GMM 25 Baptistonia sarcodes (Lindl.) Chiron & V.P.Castro*#§ ANE HLO FES GMM 26

FAMÍLIA (gêneros,espécies) Síndromes de dispersão Categoria ecológica Fitofisionomia Número de coletor Espécie

Bulbophyllum cantagallense (Barb. Rodr.) Cogn.# ANE HLO FP GMM 437 Campylocentrum brachycarpum Cogn. ANE HLO FES GMM 52 Campylocentrum crassirhizum Hoehne*#§ ANE HLO FES-FP GMM 332

Campylocentrum grisebachi Cogn. ANE HLO FES GMM 551

Capanemia micromera Barb.Rodr.# ANE HLO FP GMM 05 Catasetum fimbriatum (C.Morren) Lindl. ANE HLO FES Sem voucher Cattleya loddigesii Lindl.#§ ANE HLO FES-FP GMM 194 Coppensia varicosa (Lindl.) Campacci#§ ANE HLO FES GMM 506 Cyrtopodium gigas (Vell.) Hoehne*#§ ANE HLO FES Sem voucher

Dryadella aviceps (Rchb.f.) Luer*# ANE HLO FP GMM 29

Encyclia patens Hook.#§ ANE HLO FES GMM 505

Epidendrum henschenii Barb.Rodr.#§ ANE HLO FP GMM 58

Epidendrum latilabre Lindl.#§ ANE HLO FP GMM 42

Epidendrum rigidum Jacq.# ANE HLO FP GMM 03 Eurystyles actinosophila (Barb.Rodr.) Schltr.# ANE HLO FES GMM 128 Heterotaxis valenzuelana (A.Rich.) Ojeda & Carnevali*# ANE HLO FP GMM 62

Isabelia virginalis Barb.Rodr.# ANE HLO FES GMM 520

Isochilus linearis (Jacq.) R.Br. ANE HLO FES-FP GMM 01

Leptotes unicolor Barb.Rodr.*# ANE HLO FP GMM 06

Lophiaris pumila (Lindl.) Braem# ANE HLO FES-FP GMM 36

Miltonia regnellii Rchb.f.*#§ ANE HLO FES GMM 441

Myoxanthus lonchophyllus (Barb.Rodr.) Luer#§ ANE HLO FP GMM 04

FAMÍLIA (gêneros,espécies) Síndromes de dispersão Categoria ecológica Fitofisionomia Número de coletor Espécie

Ornithocephalus myrticola Lindl.# ANE HLO FP GMM 317

Pabstiella pristeoglossa (Rchb.f. & Warm.) Luer§ ANE HLO FP GMM 14 Pabstiella tripterantha (Rchb.f.) F.Barros# ANE HLO FP GMM 21 Polystachya estrellensis Rchb.f.#§ ANE HLO FES-FP GMM 43 Rodriguezia decora (Lem.) Rchb.f.# ANE HLO FES-FP GMM 473

Vanilla edwallii Hoehne*#§ ANE HES FES Sem voucher

PIPERACEAE (1,10)

Peperomia blanda (Jacq.) Kunth# ZOO HLO FP GMM 160

Peperomia catharinae Miq. ZOO HLO FP GMM 161

Peperomia circinnata Link# ZOO HLO FES-FP GMM 124

Peperomia loxensis Kunth ZOO HLO FES-FP GMM 149

Peperomia martiana Miq.# ZOO HLO FP GMM 252

Peperomia quadrifolia (L.) Kunth# ZOO HLO FES-FP GMM 162 Peperomia rhombea Ruiz & Pav.# ZOO HLO FES-FP GMM 117 Peperomia rotundifolia (L.) Kunth# ZOO HLO FES-FP GMM 284 Peperomia tetraphylla (G.Forst.) Hook. & Arn.# ZOO HLO FES-FP GMM 116 Peperomia urocarpa Fisch. & C.A.Mey.§ ZOO HLO FP GMM 115 POLYPODIACEAE (6,15)

Campyloneurum angustifolium (Sw.) Fée ANE HLO FP GMM 158 Campyloneurum lapathifolium (Poir.) Ching§ ANE HLO FP GMM 323 Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C. Presl ANE HLA FP GMM 291

Campyloneurum rigidum J. Sm.* ANE HLO FES-FP GMM 127

FAMÍLIA (gêneros,espécies) Síndromes de dispersão Categoria ecológica Fitofisionomia Número de coletor Espécie

Microgramma lindbergii (Kuhn) de la Sota ANE HLO FES-FP GMM 200 Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota ANE HLO FES-FP GMM 193 Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. ANE HLO FES-FP GMM 469 Pecluma filicula (Kaulf.) M.G. Prince ANE HLO FP GMM 253 Pecluma robusta (Fée) M.Kessler & A.R.Sm. ANE HLF FES-FP GMM 205 Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.Fourn. ANE HLO FES-FP GMM 148 Pleopeltis hirsutissima (Raddi) de la Sota ANE HLO FES GMM 365 Pleopeltis minima (Bory) J. Prado & R.Y. Hirai ANE HLO FES-FP GMM 159 Pleopeltis pleopeltifolia (Raddi) Alston§ ANE HLO FES-FP GMM 157 Serpocaulon catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm.§ ANE HLF FES-FP GMM 429 PTERIDACEAE (1,1)

Figura 10. Número de espécies das famílias de epífitas vasculares ordenadas no sentido das famílias mais

ricas para as mais pobres nas duas fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP (FES: floresta estacional semidecidual, FP: floresta paludosa).

Figura 11. Distribuição das categorias ecológicas das famílias de epífitas vasculares encontradas nas duas

fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP (HLO = Holoepífita obrigatória, HLA = Holoepífita acidental, HLF: Holoepífita facultativa, HEP = Hemiepífita primária, HES = Hemiepífita secundária).

As holoepífitas acidentais constituíram o segundo contingente, com cinco espécies (5,7%), seguidas das hemiepífitas primárias (três espécies, 3,4%), hemiepífitas secundárias (uma espécie, 1,1%) e uma espécie de Araceae (Philodendron

appendiculatum Nadruz & Mayo) sendo encontrada como hemiepífita primária e

secundária (1,1%) e duas holoepífitas facultativas (2,3%) (Figura 11, Tabela 3).

Das espécies registradas nesse estudo, conforme a listagem de Stehman et al. (2009), 17 (19,5%) são classificadas como endêmicas do Domínio Atlântico e três não estão citadas para o Domínio (Campyloneurum angustifolium (Sw.) Fée,

Campyloneurum lapathifolium (Poir.) Ching e Commelina erecta L.) (Figura 12, Tabela

3). As famílias com representantes endêmicos do Domínio Atlântico são Orchidaceae (13 espécies), Araceae, Bromeliaceae, Melastomataceae e Polypodiaceae (uma espécie cada), (Figura 12, Tabela 3). E 44 (50,6%) espécies registradas nesse estudo, não estão citadas como ocorrentes na Floresta Estacional Semidecidual por Stehman et al. (2009) (Figura 12, Tabela 3).

Conforme a Lista de espécies da Flora do Brasil (2015) 29 espécies (33,3%) são endêmicas do Brasil, pertencendo às famílias Orchidaceae (18 espécies), Bromeliaceae (quatro espécies), Polypodiaceae (três espécies) e Araceae, Cactaceae, Melastomataceae e Piperaceae com uma espécie cada. Uma espécie não está citada para o Domínio Atlântico (Campyloneurum angustifolium (Poir.) Ching, Polypodiaceae) (Figura 12, Tabela 3).

Quanto à ocorrência nos Domínios fitogeográficos do Brasil, 43 espécies registradas também ocorrem no Cerrado, 16 na Amazônia, 14 na Caatinga e no Pampa, e no Pantanal três espécies (LISTA DE ESPÉCIES DA FLORA DO BRASIL 2014).

De acordo com o Livro das Espécies Vegetais Ameaçadas do Estado de São Paulo (MAMEDE et al. 2006), sete espécies de epífitas vasculares registradas no presente estudo, encontram-se ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção, e duas são ameaçadas a nível nacional, de acordo com o Livro Vermelho do Brasil (MARTINELLI; MORAES, 2013) (Tabela 4).

Figura 12. Número de espécies de epífitas vasculares endêmicas do Domínio Atlântico, não citadas para

a floresta estacional semidecidual (segundo STEHMANN et al., 2009) e endêmicas do Brasil registradas nas duas fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP

Tabela 4. Espécies de epífitas vasculares registradas nas duas fisionomias vegetais estudadas, floresta

estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP, ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção pela lista apresentada no Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do Estado de São Paulo (MAMEDE et al., 2007) e Livro Vermelho do Brasil (MARTINELLI; MORAES, 2013).

Família Espécie Mamede et al. (2007) Martinelli e

Moraes (2013)

Bromeliaceae Vriesea flava Vulnerável -

Cactaceae Lepismium lineare Quase ameaçada -

Orchidaceae Epidendrum henschenii Vulnerável Em perigo

Orchidaceae Heterotaxis valenzuelana Em perigo -

Orchidaceae Isabelia virginalis Vulnerável Vulnerável

Piperaceae Peperomia loxensis Presumivelmente extinta -

3.2 Similaridade florística

A matriz de similaridade compilou 374 espécies nos 20 trabalhos utilizados para análise (Tabela 1). Depois de retirada as espécies com ocorrência em apenas uma localidade, a lista resultou em 141 espécies.

O dendrograma de análise de similaridade agrupou a área estudada com localidades situadas no Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina (Figura 13). As duas áreas situadas no município de São Paulo formaram outro grupo, assim como localidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Outro grupo foi formado exclusivamente por áreas do estado de São Paulo, enquanto as áreas analisadas de Minas Gerais formaram dois grupos distintos (Figura 13).

A análise de agrupamento apresentou correlação cofenética de 0,80, demonstrando um baixo nível de distorção entre a matriz e o dendrograma, e de maneira geral apresentou baixa similaridade entre os grupos.

O teste de Mantel demonstrou uma correlação baixa (R: 0,21, P=0,02), demonstrando que a distância geográfica não é o principal fator relacionado com os padrões florísticos observados.

Das 87 espécies identificadas no presente estudo, 23 espécies não foram registradas em nenhum dos 20 trabalhos analisados nas comparações de similaridades.

Figura 13. Dendrograma de similaridade (índice de Jaccard modificado) de epífitas vasculares das 20

áreas analisadas (detalhes na tabela 1). 3.3 Relação epífita – forófitos

Das 316 árvores amostradas na FES, 227 (71,8%) não se apresentaram como suporte para a flora epifítica e 89 (28,2%) como forófitos. Na FP, das 316 árvores amostradas, 138 (43,7%) não se apresentaram como suporte para a flora epifítica e 178 (56,3%) como forófitos. No total, 267 árvores foram classificadas como forófitos e 365 não se apresentaram como suporte para as epífitas (Tabela 5).

Na FES, foram amostradas 72 espécies arbóreas, pertencentes a 29 famílias, destas, 40 espécies apresentaram indivíduos como forófitos, distribuídas em 21 famílias. Na FP, foram amostradas 41 espécies arbóreas, pertencentes a 27 famílias, destas, 29 espécies e 21 famílias apresentaram indivíduos como forófitos (Anexo).

Tabela 5. Números de indivíduos, forófitos, espécies e famílias da comunidade arbórea amostrados nesse

estudo, nas duas fisionomias vegetais, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP.

Números por fitofisionomia

Fitofisionomias Total Floresta estacional semidecidual Floresta paludosa Total 316 316 632

Árvores sem epífitas 227 138 365

Forófitos 89 178 267

Espécies 70 41 95

Espécies com epífitas 40 29 69

Famílias 29 27 39

Famílias com epífitas 21 21 32

As espécies que apresentaram maior número de indivíduos na FES foram

Cordiera sessilis (Vell.) Kuntze, Metrodorea nigra A. St.-Hil., Croton floribundus

Spreng., Actinostemon concepcionis (Chodat & Hassl.) Hochr., e Casearia sylvestris , enquanto na FP foram Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand, Magnolia ovata (A.St.- Hil.) Spreng., Tapirira guianensis Aubl., Myrsine gardneriana A. DC., Hedyosmum

brasiliense Mart. (Anexo).

A comunidade arbórea amostrada nas duas fisionomias estudadas apresentou similaridade de 0,08 (Coeficiente de Bray-Curtis), demonstrando baixa similaridade entre elas. Contudo, aspectos estruturais das fisionomias apresentaram padrões aproximados, com a maioria dos indivíduos apresentando baixos valores de perímetro (PAP) e valores intermediários de altura (Figuras 14 e 15).

As regressões lineares demonstraram que as espécies de árvores que apresentaram maior número de indivíduos foram as que apresentaram maiores números de forófitos nas duas fitofisionomias estudadas (FES: R²=0,39, P>0,0001/ FP: R²=0,96,

Figura 14. Classes de perímetro a altura do peito das árvores amostradas neste estudo nas duas

fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP.

Figura 15. Classes de altura das árvores amostradas neste estudo nas duas fisionomias vegetais

estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP.

Figura 16. Regressão linear entre abundância de espécies arbóreas e número de forófitos nas duas

fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP. A. Floresta estacional semidecidual R²: 0,39, p>0,0001 e B. Floresta paludosa (R²: 0,96, p >0,0001).

Já a análise dos componentes principais (PCA) possibilitou verificar que há diferentes grupos de espécies de forófitos em cada fitofisionomia (Figura 17). Demonstrando que Protium heptaphyllum, Magnolia ovata e Tapirira guianensis são os

A

principais forófitos na FP e Croton floribundus, Casearia sylvestris, Ocotea velutina,

Copaifera langsdorfii e Mollinedia elegans na FES. O primeiro eixo da PCA explicou

96,1% da variância total dos dados, enquanto o segundo eixo explicou 3,89% (Figura 17).

Figura 17. Análise dos componentes principais (PCA), covariância, entre as espécies de forófitos que

apresentaram ao menos 10 indivíduos nas duas fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP. Acrônimos formados pelas três primeiras letras do gênero e três primeiras do epíteto específico (nomes completos na tabela 5). Autovalor do primeiro eixo 96,1% e autovalor do segundo eixo 3,89%.

Quanto às notas de abundâncias nos forófitos, na FES 67 forófitos (75,3%) receberam nota um, 16 forófitos (18%) receberam notas três e seis forófitos (6,7%) receberam notas cinco, nenhum individuo apresentou notas 7 e 10. Na FP 125 forófitos (70,2%) receberam notas um, 24 forófitos (13,5%) receberam notas três, 19 forófitos (10,7%) receberam notas cinco, oito forófitos (4,5%) receberam notas sete e dois forófitos (1,1%) receberam notas 10.

A análise de correspondência (CA) possibilitou verificar que a maioria das espécies de forófitos agrupou-se com as notas um, o que significa que apresentaram menor quantidade de epífitas, enquanto um número menor de espécies agrupou-se com as notas três e cinco. Protium heptaphyllum destacou-se na análise, apresentando relação mais forte com as notas mais altas (sete e dez). O primeiro eixo da CA explicou 58,12% da variância total dos dados, enquanto o segundo eixo explicou 28,88% da variação dos dados (Figura 18).

Figura 18. Análise de correspondência (CA), entre as espécies de forófitos que apresentaram ao menos

10 indivíduos nas duas fisionomias estudadas e suas notas de abundância. Acrônimos formados pelas três primeiras letras do gênero e três primeiras do epíteto específico (nomes completos na tabela 5). Autovalor do primeiro eixo 58,12% e autovalor do segundo eixo 28,88%.

Quanto às formas de vida nas duas fisionomias, a FES apresentou um menor número de forófitos com hemiepífitas (três forófitos ou 3,4%), enquanto a maioria dos forófitos apresentou somente holoepífitas (86 forófitos ou 96,6%). Na FP, apesar da maioria dos forófitos apresentar somente holoepífitos (121 forófitos ou 68%), um número expressivo de forófitos apresentou também hemiepífitos junto com holoepífitos (40 ou 22,4%), e os restantes somente hemiepífitos (17 forófitos ou 9,6%), demonstrando que as fisionomias diferem também no que diz respeito às formas de vida das epífitas.

Contabilizando todas as presenças nos três estratos utilizados para se avaliar a distribuição vertical neste estudo (fuste alto, baixo e copa), observou-se na FES um maior número de forófitos com epífitas na copa (62 ou 69,7%), seguido do fuste alto (39 ou 43,8%) e baixo (21 ou 23,6%) (R²:0,99). E, na FP, observou-se um número maior de forófitos com epífitas vasculares no fuste baixo (111 ou 62,4%), seguido do fuste alto (106 ou 59,6%) e pela copa (93 ou 52,2%) (R²:0,93) (Figura 19).

Figura 19. Distribuição vertical das epífitas vasculares encontrada nos forófitos nas duas fisionomias

vegetais estudadas, floresta paludosa (R²: 0,93) e floresta estacional semidecidual (R²: 0,99), localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP.

A distribuição das notas de abundância de acordo com as categorias de ritidoma (liso, liso não descamante, rugoso e rugoso não descamante) das duas fisionomias estudadas encontra-se nas tabelas 6. Não houve diferenças significativas entre as notas de abundância em relação às categorias de ritidoma em ambas as fisionomias estudadas (FP: Hc = 2,32, P = 0,50/ FES: Hc = 1,24, P = 0,74) (Tabela 7).

Tabela 6. Porcentagem de forófitos em relação às categorias de ritidoma nos forófitos das duas

fitofisionomias estudadas localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP (FES: Floresta estacional semidecidual; FP: Floresta paludosa).

Categorias de ritidoma

Porcentagem de forófitos

Floresta estacional

semidecidual Floresta paludosa

Liso não descamante 51,7% 65,7%

Rugoso descamante 25,3% 5,6%

Liso descamante 13,8% 11,2%

Tabela 7. Distribuição das notas de abundância em relação às categorias de ritidoma nos forófitos das

duas fitofisionomias estudadas localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP (FES: Floresta estacional semidecidual; FP: Floresta paludosa).

Categorias de ritidoma Forófitos na FES

Nota 1/% Nota 3/% Nota 5/% Nota 7/% Nota 10/%

Liso não descamante 36/40,4% 9/10,1% 2/2,2% 0 0

Rugoso descamante 16/18% 4/4,5% 2/2,2% 0 0

Liso descamante 10/11.2% 1/1,1% 1/1,1% 0 0

Rugoso não descamante 5/5,6% 2/2,2% 1/1,1% 0 0

Categorias de ritidoma Forófitos na FP

Nota 1/% Nota 3/% Nota 5/% Nota 7/% Nota 10/%

Liso não descamante 83/46,6% 14/7,9% 14/7,9% 4/2,2% 2/1,1%

Rugoso descamante 5/2,8% 2/1,1% 2/1,1% 1/0,6% 0

Liso descamante 15/8,4% 3/1,7% 1/0,6% 1/0,6% 0

Rugoso não descamante 22/12,4% 5/2,8% 2/1,1% 2/1,1% 0

A abundância de epífitas vasculares nas duas fisionomias correlacionou-se significativamente de acordo com as médias de altura dos forófitos (FP: Hc = 27,46; FES: Hc = 25,51; ambas P<0,001) e PAP (FP: Hc = 27,37/ FES: Hc = 24,18; ambas

P<0,001) dos forófitos nas duas fisionomias estudadas. A figura 20 mostra que em

ambas as fisionomias as maiores notas de abundância foram encontradas nos forófitos com maiores médias de altura e PAP.

Figura 20. Variação das médias de notas de abundância epifítica e alturas dos forófitos (em metros), A:

floresta paludosa; B: floresta estacional semidecidual. Variação das notas de abundância epifítica e perímetro a altura do peito (PAP) dos forófitos (em centímetros), C: floresta paludosa; D: floresta estacional semidecidual, localizados na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP.

A

B

4. DISCUSSÃO

4.1 Levantamento florístico

Entre os trabalhos utilizados para comparação realizados em florestas com clima sazonal, a riqueza encontrada no presente estudo pode ser considerada alta, figurando entre as maiores já registradas (Tabela 1). Apenas o levantamento feito por Bonnet et al. (2011), apresentou uma riqueza maior, porém, tal estudo foi realizado em área ecotonal entre FES e floresta ombrófila mista que, segundo Kersten (2010), são as zonas ecotonais que apresentam as maiores riquezas de epífitas vasculares no Domínio Atlântico, além do que este estudo abrangeu oito fragmentos ao longo das margens do médio rio Tibagi, no Paraná, em diferentes altitudes (720 m a 580 m), apresentando uma ampla heterogeneidade ambiental (BONNET et al., 2011). Porém, em comparação com outros levantamentos realizados em zonas ecotonais o presente estudo apresentou maior número de espécies (GERALDINO et al. 2010; KERSTEN; RIOS, 2013).

No trabalho de Menini Neto et al. (2009), foram consideradas somente angiospermas epífitas, contudo, o trabalho de Forzza et al. (2014) na mesma localidade, no município de Descoberto, MG, registrou também as espécies de licófitas e samambaias, sendo encontradas 23 espécies epífitas. No total, 82 espécies de epífitas vasculares são registradas para a localidade, ainda assim, número menor do que encontrado no presente estudo.

Quando analisadas separadas, a maior riqueza de espécies foi encontrada na FP

Documentos relacionados