Nessa sec¸˜ao, examinaremos conjecturas que estudam a relac¸˜ao da in´ercia da matriz D com outros invariantes de um grafo.
Definic¸˜ao 5.3.1. Seja M∈ Mn diagonaliz´avel. Definimos por p0(M) a multiplicade de 0
como autovalor de M , p−(M) denota o n´umero de autovalores negativos (n˜ao necessaria-
mente distintos) de M e p+(M) denota o n´umero de autovalores positivos (n˜ao necessaria-
mente distintos) de M.
Definic¸˜ao 5.3.2. Seja M∈ Mndiagonaliz´avel. Chama-se de in´ercia de M ao terno
inercia(M) = (p+(M), p−(M), p0(M))
Vamos agora ver os resultados.
CONJECTURA 5.3.1. [10] Seja G= G(V, E) um grafo conexo com n ≥ 2 v´ertices. Ent˜ao
p+(D(G)) ≤ ∑v∈VT p(v), onde p+(D(G)) denota a quantidade de autovalores positivos da
Essa conjectura ´e falsa em geral. Na classe das aranhas o resultado ´e verdadeiro, con- forme a proposic¸˜ao abaixo.
Proposic¸˜ao 5.3.1. Para qualquer aranha S= S[k, j, G] temos que p+(D(S)) ≤ ∑v∈VT p(v).
Demonstrac¸˜ao. Pelo corol´ario 4.2.1 tempos que p+(D(S)) ≤ j + 2.
Agora, seja S= Smuma aranha magra qualquer.
Dado um v´ertice v no corpo de Sm, temos que
T p(v) = d(v)
2k+ j − d(v) =
k+ j
k
Como existem k v´ertices no corpo de Smtemos que:
k. k + j k = k + j ≤
∑
v∈V T p(v) Donde pelo corol´ario 4.2.1p+(D) ≤ j + 2 ≤ k + j ≤
∑
v∈V
T p(v)
Agora seja S= Sguma aranha gorda e seja v um v´ertice no seu corpo. Como
T p(v) = d(v) n− d(v) = 2k+ j − 2 2 ≥ k+ j k , ent˜ao p+(D) ≤ j + 2 ≤ k + j = k k + j k ≤ k 2k + j − 22 ≤
∑
v∈V T p(v)CONJECTURA 5.3.2. [10] Seja G um grafo conexo com n≥ 2 v´ertices e m arestas. Ent˜ao
√
m≤ p−(D) + p0(D).
Essa conjectura ´e falsa em geral. No caso das aranhas temos a seguinte proposic¸˜ao: Proposic¸˜ao 5.3.2. Consideremos as aranhas S[k, j, G] onde G = Kjou G=Kj. Ent˜ao√m≤
p−(D) + p0(D).
Demonstrac¸˜ao.
• Consideremos S = Sm[k, j, Kj]
Temos pela proposic¸˜ao 4.1.3 que p−(D) + p0(D) = 2k + j − 1.
m= ∑v∈Vd(v) 2 = k( k+ j 2 ) + k( 1 2) + j( k+ j−1 2 ) = k2+2k j+k+ j2− j 2 Logo√m≤ p−(D) + p0(D) ⇔ k2+ 2k j + k + j2− j ≤ 2(2k + j − 1)2 ⇔ k2+ 2k j + k + j2− j ≤ 8k2+ 8k j − 8k + 2 j2− 4 j + 2 ⇔ 0 ≤ 7k2+ 6k j − 9k + j2− 3 j + 2 ⇔ 0≤ k(7k − 9) + j(6k + j − 3) + 2 O que ´e verdade para todo k≥ 2 e j ≥ 1.
• Consideremos S = Sm[k, j, Kj]
Temos pela proposic¸˜ao 4.1.2 que p−(D) + p0(D) ≥ 2k + j − 2.
m= ∑v∈Vd(v) 2 = k( k+ j 2 ) + k(12) + j(k2) = k2+2k j+k 2 Logo√m≤ 2k + j − 2 ⇔ k2+ 2k j + k ≤ 2(2k + j − 2)2= 8k2+ 8k j − 16k + 2 j2− 8 j + 8 ⇔ 0 ≤ 7k2+ 6k j − 17k + 2 j2− 8 j + 8 ⇔ 0≤ k(7k − 17) + j(6k + 2 j − 8) + 8 O que ´e verdade para todo k≥ 2 e j ≥ 1.
Logo√m≤ 2k + j − 2 ≤ p−(D) + p0(D)
• Consideremos S = Sg[k, j, Kj]
Temos pela proposic¸˜ao 4.1.6 que p−(D) + p0(D) ≥ 2k + j − 2.
m= ∑v∈Vd(v) 2 = k( 2k+ j−2 2 ) + k(k−12 ) + j( k+ j−1 2 ) = 3k2+2k j−3k+ j2− j 2 Logo√m≤ 2k + j − 2 ⇔ 3k2+ 2k j − 3k + j2− j ≤ 2(2k + j − 2)2= 8k2+ 8k j − 16k + 2 j2− 8 j + 8 ⇔ 0 ≤ 5k2+ 6k j − 13k + j2− 7 j + 8 ⇔ 0≤ k(5k − 13) + j(6k + j − 7) + 8 O que ´e verdade para todo k≥ 2 e j ≥ 1.
Logo√m≤ 2k + j − 2 ≤ p−(D) + p0(D)
• Consideremos S = Sg[k, j, Kj]
Temos pela proposic¸˜ao 4.1.5 que p−(D) + p0(D) ≥ 2k + j − 2.
Logo esse caso ´e direto por q
m(Sg[k, j, Kj]) ≤
q
m(Sg[k, j, Kj]) ≤ 2k + j − 2 ≤ p−(D) + p0(D)
CONJECTURA 5.3.3. [10] Seja G um grafo conexo com n≥ 3 v´ertices e m ≥ n arestas e com cintura≥ 5. Ent˜ao α ≤ p−(D) + p0(D).
Essa conjectura ´e falsa em geral. Apesar das aranhas n˜ao satisfazerem a hip´otese cintura≥ 5, para as aranhas temos a seguinte proposic¸˜ao:
Proposic¸˜ao 5.3.3. Consideremos as aranhas S[k, j, G] onde G = Kj ou G=Kj. Ent˜ao
α ≤ p−(D) + p0(D).
Demonstrac¸˜ao. Usando o Lema 5.1.4, temos que
CONJECTURA5.3.4. [10] Seja G um grafo conexo com n≥3 vertices. Ent˜ao m´axnu(G), nu(G) ≤ p−(D).
Essa conjectura ´e falsa em geral. No caso das aranhas temos a seguinte proposic¸˜ao: Proposic¸˜ao 5.3.4. Consideremos as aranhas S[k, j, G] onde G = Kj ou G=Kj. Ent˜ao vale
que m´axnu(S), nu(S) ≤ p−(D).
Demonstrac¸˜ao. Para todas as quatro aranhas do enunciado temos que p−(D) ≥ 2n − 2 =
2k+ j − 2.
Tamb´em para qualquer das quatro aranhas, temos que m´axnu(S), nu(S) ≤ ⌊2k+ j2 ⌋ ≤
2k+ j
2 , pelo Lema 5.1.5. Ent˜ao
m´axnu(S), nu(S) ≤2k+ j2 ≤ 2k + j − 2 ≤ p−(D).
OBSERVAC¸ ˜AO 5.3.1. Tamb´em n˜ao foi poss´ıvel generalizar essa conjectura e tamb´em n˜ao
foram encontrados contra exemplos.
CONJECTURA 5.3.5. [10] Seja G um grafo conexo com n≥ 2 v´ertices e seja Ra(G) =
∑u,v∈E d(u)d(v)1 seu´ındice de Randic. Ent˜ao Ra(G) ≤ p−(D).
Essa conjectura ´e falsa em geral e no caso das aranhas temos o seguinte resultado: Proposic¸˜ao 5.3.5. Seja S= S[k, j, G] uma aranha. Ent˜ao temos que Ra(S) ≤ p−(D).
Demonstrac¸˜ao. Note que quanto menor o grau dos v´ertices, maior ser´a o ´ındice de Randic.
Isto ´e, quanto menos arestas um grafo tiver maior ser´a seu ´ındice, portanto temos que para qualquer grafo G vale
Ra(S[k, j, G]) ≤ Ra(Sm[k, j, Kj])
Vamos ent˜ao achar Ra(Sm[k, j, Kj]). Sejam:
h1, ...., hjos v´ertices da cabec¸a
c1, ..., ckos v´ertices do corpo
l1, ..., lkos v´ertices da perna de Sm[k, j, Kj]. Ent˜ao:
Ra(Sm[k, j, Kj]) ≤ j(d(h 1 1)d(c1)+...+ 1 d(h1)d(ck))+k( 1 d(c1)d(c2)+....+ 1 d(c1)d(ck)+ 1 d(c1)d(l1)) = j(k(k+ j)k ) + k((k+ j)k−12+k+ j1 ) = 1 + k(k−1) (k+ j)2 ≤ 2 Portanto Ra(S[k, j, G]) ≤ Ra(Sm[k, j, Kj]) ≤ 2 ≤ 2k − 2 ≤ p−(D(S[k, j, G]))
Cap´ıtulo 6
Conclus˜ao
Nesta dissertac¸˜ao estudamos o espectro da matriz laplaciana sem sinal e da matriz distˆancia dos grafos aranha.
Em relac¸˜ao `a matriz laplaciana sem sinal, exibimos duas fam´ılias especiais de grafos nesta classe com exatamente quatro Q-autovalores distintos e quatro fam´ılias especiais de aranhas com seis Q-autovalores distintos. Provamos ainda uma propriedade do tipo Nordhaus-Gaddum para aranhas sobre o segundo maior Q-autovalor. Este resultado foi estendido para a classe dos grafos P4-esparsos. Em relac¸˜ao a este t´opico, pretendemos se-
guir na investigac¸˜ao de outras propriedades do tipo Nordhaus-Gaddum, referente a outros Q-autovalores.
Em relac¸˜ao `a matriz distˆancia, tamb´em encontramos fam´ılias de aranhas com poucos autovalores distintos. Embora n˜ao fosse poss´ıvel determinar todo o D-espectro, foram de- terminados os D-autovalores n˜ao simples (multiplicidade diferente de um) e a localizac¸˜ao dos demais D-autovalores. Desta forma, em muitos casos, ´e poss´ıvel extrair resultados sobre a in´ercia da matriz D para estes grafos.
Finalmente, as conjecturas apresentadas em [10] foram examinadas com grafos restri- tos `a classe das aranhas. Aqui foram obtidos resultados relacionando parˆametros espec- trais e invariantes de grafos, tais como n´umero clique, n´umero de independˆencia, n´umero crom´atico, dentre outros. Em especial foram obtidos resultados relativos `a in´ercia da matriz
D, tamb´em refletindo propriedades estruturais do grafo.
Pretendemos continuar a pesquisa nesta linha, buscando resultados entre a in´ercia de D e invariantes de grafos, em outras classes.
Referˆencias Bibliogr´aficas
[1] ABREU, N. , DEL-VECCHIO, R. , VINAGRE, C e STEVANOVIC, D. Introduc¸ ˜ao `a teoria espectral de grafos com aplicac¸˜oes. Notas em Matem´atica Aplicada CN- MAC/SBMAC, UFSC, S˜ao Carlos, 2007.
[2] N. ABREU, R. DEL-VECCHIO, V. TREVISAN, C. VINAGRE, Teoria Espectral de Grafos - Uma Introduc¸ ˜ao. IIIo Col´oquio de Matem´atica da Regi˜ao Sul, Florian´opolis, 2014.
[3] D. CVETKOVIC, Spectral Graph Theory: Some Elementary But Important Re- sults Phlogiston 22, 9-33, 2014. Dragos Cvetkovic
[4] HO `ANG,C.T. Doctoral Dissertation McGill University, Montreal,1985.
[5] JAMISON B. e OLARIU S. A tree representation for P4-sparse graphs. Discrete Applied Mathematics 35, 115-129, 1992.
[6] J. GADDUM and E.A. NORDHAUS, On complementary graphs Amer. Math. Monthly 63, 175-177, 1956.
[7] JOHNSON,C. and HORN, R. Matrix analysis Cambridge University Press, 1990. [8] KINKAR CH. DAS, On conjectures involving second largest signless Laplacian
eigenvalue of graphs Linear Algebra and its Applications, 432, 3018-3029, 2010. [9] L. LIMA, Problema de Nordhauss-Gaddum para autovalores de Grafos:
experimentos computacionais Semin´arios TEG/COPPE/UFRJ, http://depro.cefet- rj.br/∼leolima/NG Slides LeonardoLima.pdf , 2016.
[10] MUSTAPHA AOUCHICHE, PIERRE HANSEN, Distance spectra of graphs: A survey Linear Algebra and its Applications, 458, 301-386, 2014.
[11] D. CVETKOVIC, P. ROWLINSON e S. SIMIC, Signless Laplacian of finite graphs, Linear Algebra Appl., 423, 155-171, 2007.
[12] M. DE FREITAS, N. ABREU, R. DEL-VECCHIO, S. JURKIEWICZ, Infinite fami- lies of Q-integral graphs, Linear Algebra Appl., 432, 2352-2360, 2010.
[13] HONG, W., YOU, L. Some sharp bounds on the distance signless Laplacian spec- tral radius of graphs http://arxiv.org/pdf/1308.3427v1.pdf , 2013.
[14] A.E. BROUWER and W.H. HAEMERS, Spectra of graphs Universitext, Springer, New York, 2012.
[15] R.O. BRAGA, R. R. DEL-VECCHIO, V. M. RODRIGUES, V. TREVISAN, Trees with 4 or 5 distinct normalized Laplacian eigenvalues. Linear Algebra and its Appli- cations, 471, 615-635, 2015.
[16] E.R. VAN DAM, Regular graphs with four eigenvalues, Linear Algebra Appl. 226- 228, 139-162, 1995.
[17] H. CHUANG, G.R. OMIDI, Graphs with three distinct eigenvalues and largest eigenvalue less than 8, Linear Algebra and its Applications, 430, 2053-2062, 2009. [18] R.MERRIS Degree maximal graphs are Laplacian integral Linear Algebra Appl.,
199, pp. 381-38, 1994.
[19] P.L. HAMMER, A.K. KELMANS, Laplacian spectra and spanning trees of th- reshold graphs Discrete Appl. Math., 65, pp. 255-273, 1996.
[20] D. JACBOS, V. TREVISAN, F. TURA. Eigenvalues and energy in threshold graphs Linear Algebra and its Applications, v. 465, p. 412-425, 2015.
[21] A. MOHAMMADIAN, V. TREVISAN, Some spectral properties of cographs Dis- crete Mathematics, v. 339, p. 1261-1264, 2016.
[22] V. NIKIFOROV Eigenvalues and forbidden subgraphs I Linear Algebra and its Applications, v. 422, p. 284-290, 2017.