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6 ESTUDO DE CASO

10. Ajuda: usuários iniciantes podem se sentir confusos ou inseguros Sugestões de interação são importantes não somente para usuários neófitos, mas para as

7.1 Resultados da Pesquisa

Partindo da hipótese de que os assistentes virtuais podem ser extremamente úteis para pessoas com deficiência visual, pode-se concluir, com esta pesquisa que, sim, eles são úteis no cotidiano dessas pessoas. Muitos usuários ainda agem com desconfiança a respeito de uma nova tecnologia e têm medo de fazer algo errado com ela. Por isso, é importante que os assistentes virtuais melhorem em diversos aspectos já citados nos resultados da avaliação heurística e dos testes com usuários com intuito de gerar uma confiança maior no uso dessas interfaces. De maneira geral, os pontos de melhoria são:

 Feedback audível de tudo que acontece na tela do assistente, sejam resultados de uma solicitação do usuário, seja de algo que o assistente não consegue encontrar na sua busca;

 Mais autonomia para os usuários. Isso se dá com a proatividade em resolver problemas, desde que haja feedback claro para o usuário antes de executar qualquer ação. Ações simples, como mudar as configurações do aparelho, instalar aplicações ou mesmo a interação com aplicações existentes são atividades que os usuários querem que o assistente faça por eles;

 Melhorar a inteligência por trás do assistente, para que ele consiga manter uma conversa fluida com o usuário. Ao invés de fazer uma nova pesquisa, o assistente deve entender o contexto da pesquisa anterior e complementá-la. Algumas recomendações podem ser decorrentes do próprio experimento, realizado a partir da própria observação da pesquisadora, dos especialistas e dos usuários cegos que realizaram os testes:

1. Melhorar o entendimento do que está sendo dito pelo usuário;

2. Não depender de internet para a sua utilização, especialmente para interagir com funções básicas do smartphone, como controle de volume, pesquisar contatos, acessar a calculadora, etc;

3. O leitor de telas entra em conflito com o assistente quando está acionado. Para que não haja conflito no entendimento, o leitor de delas poderia ficar em silêncio ou desabilitado durante o uso do assistente virtual;

4. Pessoas com deficiências auditivas não são atendidas pelos assistentes de voz;

5. O assistente poderia interagir com o usuário de acordo com o contexto do uso. De acordo com o tipo de aplicação, com que o usuário deseje interagir ou o tipo de solicitação que irá fazer, o assistente virtual poderia sugerir ações relacionadas àquele contexto;

6. Ao perceber que o usuário está repetindo uma mesma solicitação, o assistente virtual deve reconhecer esta repetição e oferecer ajuda;

7. Quando a solicitação do usuário envolver palavras homófonas, o contexto da solicitação deve ser analisado para oferecer ao usuário opções de escolha; 8. Ao ser acionado o gatilho do assistente, mesmo que ele esteja realizando a

busca de uma solicitação anterior, ele deve parar e escutar a nova solicitação do usuário;

9. Sempre ler para o usuário os resultados de uma busca, mesmo que esses apareçam visualmente na tela;

10. Identificar quando uma busca é contextual, com várias solicitações seguidas com base no mesmo assunto ou tema, e atender de acordo com o contexto. 11. Sempre fornecer feedback audível claro e conciso de tudo que está ocorrendo

no sistema. Isso inclui não somente resultados de uma pesquisa, mas, também, falhas do assistente;

12. Sempre confirmar uma ação que inclua um texto ditado pelo usuário (envio de mensagens ou envio de e-mail, por exemplo) antes de concluir a solicitação. Assim, voltamos às perguntas de pesquisa.

Chatbots são acessíveis para os usuários cegos? Sim, os chatbots ou assistentes virtuais cuja interação se dá por comandos de voz (VUI) são acessíveis para usuários cegos. Alguns pontos de melhoria precisam ser implementados e acredita-se que, em muito breve, eles poderão substituir várias ações corriqueiras dos usuários de forma autônoma e inteligente. No experimento, observou-se que os assistentes virtuais são mais fáceis de interagir do que a forma tradicional de navegação por interfaces gráficas às quais os usuários cegos estão habituados, por meio de gestos, mapeando a tela ou utilizando a navegação por foco (gesto tab). Está claro que as VUI não substituirão essa forma de interação, mas, para algumas ações e atividades mais simples, elas são capazes de auxiliar muito pessoas com deficiência visual utilizando apenas comandos de voz.

Como os usuários cegos interagem com essas interfaces? Observou-se no experimento que os usuários interagem com essas interfaces de forma muito fluida, pois já têm familiaridade com interação por voz. Toda interação dos usuários cegos com smartphones com usuários cegos se dá por leitores de tela. Eles já têm o hábito de fazer algumas solicitações por meio de voz, como enviar mensagens ou fazer buscas na internet. Os assistentes por voz têm a vantagem de precisar de pouca ou quase nenhuma interação por gestos, podendo ser capazes de realizar diversas tarefas de maneira autônoma.

Desta forma, pode-se concluir que, com melhorias nas atualizações desses sistemas, em um futuro muito próximo, eles poderão se tornar o braço de direito, não somente de pessoas com deficiência visual, mas também pessoas com deficiência física e idosos.

Outro ponto que deve ser abordado nesta pesquisa é a necessidade de gerar um novo conjunto de heurísticas para realizar a avaliação com especialistas. Já foi dito no capítulo 5 que essa necessidade se deu pela natureza das questões de pesquisa, o tipo de objeto estudado e o enfoque em determinado recorte de usuários. As heurísticas utilizadas amplamente em inspeções cobrem praticamente a totalidade de

problemas de usabilidade já conhecidos, sendo possível realizar avaliações heurísticas com este fim. Porém, como o foco desta pesquisa é em acessibilidade de pessoas cegas, sentiu-se a necessidade de incluir problemas específicos deste grupo de usuários, problemas não cobertos pelas heurísticas tradicionais.

O que se pode concluir é que a avaliação heurística e os testes com usuários tiveram resultados convergentes, conforme já discutido. E isso corrobora com a necessidade primária desta pesquisa em gerar um novo conjunto de heurísticas tendo como base a natureza dos problemas enfrentados por pessoas cegas na interação com smartphones, não somente de usabilidade, mas também de acessibilidade.