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Aspectos Iniciais (empreendedorismo governamental)

Paludo (2017) considera que “do ponto de vista econômico-privado, os empreendedores são fundamentais, visto que as “oportunidades” que identificam são, em regra, vinculadas a investimentos que proporcionam algum tipo de retorno econômico-financeiro mais rentável do que os investimentos ou ganhos atuais”.

Osborne e Gaebler (1994) apresentam alguns princípios a serem seguidos para governos e governantes que pretendam ter uma atitude empreendedora:

Governo catalisador: navegando em vez de remar – promove a atuação conjunta: pública, privada e voluntária (o governo coordena, regula e fomenta – deixa a maior parte da execução aos demais atores);

O governo pertence à comunidade: dando responsabilidade ao cidadão, em vez de servi-lo – os cidadãos são chamados a participar das decisões que afetam sua comunidade e a colaborar com a fiscalização/controle dos serviços públicos;

Governo competitivo: introduzindo a competição na prestação de serviços – com a finalidade de aumentar a eficiência (melhorar a qualidade dos serviços, reduzir gastos e minimizar esforços);

Governo orientado por missões: transformando órgãos burocratizados – as antigas regras cedem lugar à missão e aos objetivos organizacionais – relacionados à eficiente prestação dos serviços públicos e ao fortalecimento da instituição perante a sociedade;

Governo de resultados: financiando resultados e não recursos – não se financia a estrutura administrativa, mas a eficiente prestação dos serviços públicos de qualidade (indicadores devem ser utilizados para avaliar os resultados);

Governo e seus clientes: atendendo às necessidades do cliente e não da burocracia – identificar e ouvir os clientes-cidadãos e direcionar os serviços prestados para o atendimento de suas necessidades;

Governo empreendedor: gerando receitas ao invés de despesas – governos empreendedores criam novas fontes de recursos (taxas por serviços específicos, multas a infratores etc.) e economizam recursos orçamentários para utilizá-los de maneira mais eficiente no ano seguinte;

Governo preventivo: a prevenção em lugar da cura – atuar preventivamente de acordo com um planejamento pode evitar/minimizar problemas, proporcionar melhores resultados e permitir a economia de recursos;

ATENÇÃO!

O empreendedorismo governamental se apresenta como uma forma de melhorar os governos. Não se governa uma nação como quem administra uma organização privada, mas isso não impede que os governos e gestores públicos se tornem empreendedores.

Governo descentralizado: da hierarquia à participação e ao trabalho de equipe – dar mais autonomia a servidores e equipes, como forma de democratizar a gestão e agilizar a prestação de serviços;

Governo orientado para o mercado: introduzindo mudanças através do mercado – ora fomentando a atuação dos mercados, ora implantando no meio público mecanismos/soluções utilizados pelo mercado.

➔ O Estado empreendedor se assemelha, desse modo, à figura de um pai ou de uma mãe. “Poxa vida, Marcel! Você com essas histórias e analogias esquisitas novamente .” Calma, papirões! Eu explico: se você já é papai ou mamãe (como eu, que sou papai de duas princesas) tenho certeza de que você já percebeu a maneira como seus filhos(as) olham para você, como se fossemos verdadeiros heróis/heroínas, fortes, inabaláveis, orientadores do caminho a ser seguido, líderes, que ensinam a forma como as coisas devem ser realizadas e, no momento da execução, estão ao lado, verificando se tudo está correndo bem (caramba! Quase chorei aqui ). “Ah, Marcel! Sei o que é isso não, eu ainda não sou pai/mãe.” Claro que sabe! Não tenho dúvida de que essa é a maneira como você vê os seus pais até hoje, não é mesmo? Ainda que eles já não estejam mais aí, fisicamente ao seu lado. Então é isso, chega de filosofia/psicologia (ou onde quer que se enquadre toda essa história) o importante é que você associe todo esse enredo do pai/mãe ao ESTADO EMPREENDEDOR.

Processos Participativos em Gestão Pública

O ambiente para a participação

No contexto das políticas há mudanças na concepção sobre a natureza dos serviços prestados e novas propostas são aplicadas para fazer frente a novos desafios, como a ampliação de espaços de cidadania, com atenção a minorias excluídas, aliadas à ampliação e reconstrução da esfera de atuação dos governos locais dentro de um processo de reconstrução da esfera pública, orientado para a democratização da gestão das políticas públicas (Farah, 2001).

Nesse cenário, a tendencia é que a democracia “elitizada” se torne uma democracia participativa, por meio da qual a opinião pública ganha espaço, de maneira que, segundo (Bresser Pereira, 2004), “já podem ser percebidas características da democracia participativa ou republicana, na medida em que se multiplicam os processos participativos oriundos de organizações da sociedade civil, sejam elas públicas não estatais, de controle e advocacia social, ou corporativas, como associações representativas de interesses e sindicatos.

ATENÇÃO!

O Governo Empreendedor deixa a maior parcela da execução a cargo da iniciativa privada.

A participação popular e os recursos públicos

A Controladoria-Geral da União (CGU) entende que, para o cumprimento dos fins do Estado e para que o direito a uma vida justa alcance a totalidade, sem distinção, é necessário que todos trabalhem com zelo e honestidade. Por essa razão, o Estado deve estimular ou mesmo exercer a atividade econômica e, a partir dela, prover o funcionamento de seus órgãos para que realizem bem suas funções.

Dessarte, depreende-se que a partir das atividades econômicas é que as atividades do Estado são desenvolvidas, alocando recursos para as mais diversas políticas sociais, de maneira a alcançar os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, dentre os quais:

 construir uma sociedade livre, justa e solidária;

 garantir o desenvolvimento nacional;

 erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

 promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Os Conselhos de Gestão

Sei que já falamos acerca dos conselhos participativos na aula passada, mas são necessários alguns comentários adicionais acerca dos conselhos gestores, associando ao tema da presente aula.

No Brasil, segundo Gohn (2002), nas últimas décadas, devemos relembrar as seguintes experiências colegiadas "conselheiristas":

 os conselhos comunitários criados para atuar junto à administração municipal ao final dos anos 1970 (Gohn, 1990);

 os conselhos populares ao final dos anos 1970 e parte dos anos 1980 (Urplan, 1984); e

 os conselhos gestores institucionalizados, principal objeto da aula de hoje.

•Década de 1970

Conselhos Comunitários

•Entre o final da década de 1970 e no decorrer da década de 1980 Conselhos Populares

•Consequência da CF/88. Muito verificados a partir da década de 1990.

Conselhos de Gestão

Forma de atuação dos conselhos

Os conselhos, no exercício das suas finalidades e no fomento à participação popular na gestão pública, podem atuar em diversas funções, como fiscalização, mobilização, deliberação, consultoria.

A função de fiscalização dos conselhos, como o próprio nome sugere, acompanha e controla os atos praticados pelos governos e governantes.

A função mobilizadora busca incentivar a participação popular no exercício da gestão pública, além de estimular a formulação e disseminação de estratégias de informações, para a sociedade, acerca das políticas públicas.

A função deliberativa refere-se às discussões sobre estratégias mais adequadas para as políticas públicas dentro das suas respectivas áreas de competência.

A função consultiva, por sua vez, diz respeito à emissão de opiniões sobre assuntos correlatos às atividades nas quais os conselhos estão enquadrados.

Orçamento Participativo

Aspectos gerais sobre Orçamento

O orçamento público brasileiro, composto basicamente pelo Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) -além dos créditos adicionais - é, segundo a Constituição Federal de 1988, um instrumento cuja iniciativa recai sobre o Poder Executivo. Veja:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - O plano plurianual;

II - As diretrizes orçamentárias;

III - Os orçamentos anuais.

O que é o Orçamento Participativo?

O orçamento participativo incorpora a população ao processo decisório da elaboração orçamentária, seja por meio de lideranças da sociedade civil, audiências públicas ou por outras formas de consulta direta à sociedade.

ATENÇÃO!

A efetiva instituição dos conselhos gestores são uma condição para que estados e municípios recebam recursos federais.

Trata-se de ouvir de forma direta as comunidades para a definição das ações do governo, para resolução dos problemas por elas considerados prioritários.

O Orçamento Participativo e a Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), prevê, em seu art. nº 48, parágrafo único, busca assegurar a participação popular no processo orçamentário, da seguinte forma:

Art. 48, parágrafo único: a transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, Lei de Diretrizes Orçamentárias e orçamentos.

O Orçamento Participativo e a sua obrigatoriedade para os Municípios – Lei nº 10.257/2001

O orçamento participativo tem a sua maior verificação de incidência nas esferas municipais. Nesse sentido, veja o que diz o art. nº 44 da lei nº 10.257/2001 ao Regulamentar os arts. 182 e 183 da Constituição Federal e estabelecer diretrizes gerais da política urbana, quanto à sua obrigatoriedade nos municípios:

No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea f do inciso III do art.

4o desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.

Parceria entre o Governo e a Sociedade

Lei de parcerias

A Lei de Parcerias também é chamada Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (OSC). É uma norma editada com a finalidade de trazer regras para a celebração e o monitoramento das parcerias do terceiro setor com a Administração Pública.

Maximiano (2007) acredita que “é muito provável que a escolha pela expressão Organização da Sociedade Civil, em 2014, tenha sido estimulada pelo desgaste da expressão ONG no Brasil, na época, por conta

ATENÇÃO!

O orçamento participativo tem entre os seus principais benefícios a democratização da relação Estado-sociedade, com o fortalecimento da democracia.

de três anos de trâmite da CPI das ONGs no Senado (2007 a 2010), que resultou em um relatório de 1.478 páginas, mas que acabou não sendo votado, por conta do embate político na ocasião.”

Fases

Primeira fase: nessa fase, o Poder Público se preocupava mais com certificação, como se funcionasse como um cartório, que daria lastro às ONGs para receber financiamentos, não devidamente controlados.

Não havia tanta preocupação com a isonomia e os critérios na distribuição do fomento;

 Segunda fase: cuja ocorrência se deu após o movimento da Reforma Administrativa da década de 1990, quando houve preocupação com a “parceirização” entre o Poder Público e a sociedade civil, com enfoque no conceito de publicização (esse conceito você já conhece, né?), feito pelo fomento ao setor público não estatal, em que se pensou também em instrumentos jurídicos para o estímulo de atividades e serviços não privativos do Estado, que estava desafiado pelas metas de ajuste fiscal. Nessa segunda etapa, houve a criação da Lei das Organizações Sociais (Lei 9.637/98) e das Oscips (Lei 9.790/99), sendo os instrumentos de parceria, respectivamente, o contrato de gestão e o termo de parceria;

Terceira fase: é a mais recente, por meio da qual há o marco das Organizações da Sociedade Civil (Lei 13.019/2014). A parceria não é mais vista do prisma de concessão de vantagens, depois de uma qualificação. Segundo palavras de Paulo Modesto, “não há mais a preocupação em se criar algum título jurídico novo, mas o foco das parcerias sociais se desloca para o estabelecimento de critérios de chamamento público, a criação de regras de monitoramento e fiscalização das parcerias, sendo estas vistas sob a ótica de um ajuste que, não obstante ter também a natureza jurídica de convênio, ainda assim implica, por parte dos celebrantes, direitos, obrigações e responsabilidades”.

Instrumentos de Celebração da Parceria

•Quem propõe: a Administração Pública;

•Envolve transferência de recursos financeiros: SIM!

Termo de Colaboração

•Quem propõe: a Organização da Sociedade Civil

•Envolve transferência de recursos financeiros: SIM!

Termo de Fomento

•Envolve transferência de recursos financeiros: NÃO!

Acordo de Cooperação

Principais objetivos das Parcerias

 Priorizar do controle dos resultados;

 Intensificação do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s);

 Desestimular práticas direcionadas à obtenção de benefícios ou de vantagens indevidas;]

 Ampliar os conhecimentos nas áreas de ciência, tecnologia e informação, a fim de promover a melhoria da qualidade de vida das populações em situação de desfavorecimento social.

Exigências para a celebração de Parcerias

 Três anos de existência, no mínimo, para parceria celebrada com a União;

 Dois anos de existência, no mínimo, para parcerias com os Estados;

 Um ano de existência para os Municípios, após a alteração implementada pela Lei 13.204/15;

 Experiência prévia na realização, com efetividade, do objeto da parceria ou de natureza semelhante; e

 Instalações, condições materiais e capacidade técnica e operacional para o desenvolvimento das atividades ou projetos previstos na parceria e o cumprimento das metas estabelecidas.

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