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Capítulo III Interpretações

3.1.1. Resumo História de Vida

Alberto Eduardo Silva e Melo nasceu a 30 de janeiro de 1941 em Lisboa na maternidade Alfredo da Costa. Viveu em casa dos pais no bairro social do Arco do Cego, até terminar a universidade e se exilar do país.

Da sua infância guarda várias memórias, desde as férias de Verão estupendas passadas no campo perto de Torres Vedras, até às suas brincadeiras passadas entre a rua e a sua casa, e as aventuras entre os livros que tanto adorava ler.

Entrou na escola primária aos oito anos pois já estava muito avançado a nível de aprendizagens. Ao continuar mais avançado que os colegas, era ele que muitas vezes dava as aulas, fazia ditados, etc., pois o seu professor não tinha muita vocação. Na quarta classe, durante o exame tem a sua primeira experiência de ditadura, pois não responde à última questão como todos esperariam - “o menino gosta de Salazar?” (E1).

No liceu continuo a ser um excelente aluno, o melhor, mas também revelava a sua personalidade rebelde. Aos 15 anos teve o seu primeiro negócio, pelo qual se apaixonou e dedicou imenso tempo, foi vendedor de selos à consignação. Além dos selos, os livros eram outras das suas paixões, lia muito desde cedo, começou a ir à biblioteca e até os vizinhos lhe emprestavam livros.

Ao entrar na Universidade, foi para Direito onde se tornou “sebenteiro” e foi convidado, por Jorge Sampaio, então presidente da direção, a dirigir a seção de relações internacionais da associação académica. Teve a oportunidade de viajar durante as férias e conhecer outras realidades, através dos contactos que ia criando na associação.

Quando terminou o curso vai para França. No início, como ainda não sabia falar francês muito bem procurou emprego fora da sua área. O seu primeiro emprego foi de datilógrafo, mais tarde foi para o consulado português com a esperança de conseguir um passaporte, visto que o seu tinha caducado, mas sem sucesso. Quando começou a falar melhor foi para uma empresa de trabalho temporário onde tinha um contrato fixo e fazia vários

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trabalhos em várias empresas. Mais tarde, através de um amigo, soube que estavam a precisar de pessoas para um projeto na OCDE.

Em Maio de 1965 integrou uma equipa que investigava sobre as necessidades da força de trabalho e previa quais as qualificações necessárias daí a 5 ou 10 anos. Ficou na OCDE até ao verão de 1969 e decidiu ir para Inglaterra e voltar a ser estudante a tempo inteiro numa pós-graduação de dois anos, em educação de adultos. A sua dissertação intitulou-se “Educação de Adultos como meio de controlo social das ciências e tecnologia”.

Quando acabou a pós graduação em Manchester, mudou-se para Londres onde primeiro trabalhou como contabilista e uns meses depois foi para a Open University integrar a Faculdade de Ciências da Educação, até 1974. Com o fim da ditadura em Portugal voltou para o seu país onde teve uma entrevista com o Secretário de Estado (Rui Grácio) e começou a trabalhar no Ministério da Educação para o Instituto de Tecnologia Educativa, organizando formações à distância para professores. Mais tarde um colega seu convidou-o dirigir a da Direção Geral de Educação Permanente (DGEP), o que aceitou. Isto aconteceu em Setembro de 1975 e fez essa função durante nove meses.

Foi convidado em Junho de 1976 por Maria de Lurdes Pintassilgo a ser um dos seus conselheiros em Paris. Nesta altura Portugal voltara a pertencer à UNESCO e necessitava mostrar que estava à altura. Foram três anos de experiência diplomática e, ao contrário do que estava à espera, não gostou. Mais tarde por mudanças no país demite-se e volta a trabalhar na universidade, em Inglaterra, por pouco meses. Ao ficar desempregado agarrou uma profissão diferente, foi pai a tempo inteiro.

Em Janeiro de 1981, foi dar aulas para o departamento de educação permanente na universidade em Paris, fazendo parte de uma equipa que coordenava um curso de especialização de formação contínua. Não foi uma experiência especialmente marcante, mas ficou lá até 1983.

Nesse mesmo ano foi convidado para integrar a comissão instaladora da Escola Superior de Educação em Faro, como vogal. Ficou assim ligado à Universidade do Algarve durante alguns anos. Enquanto fazia parte da comissão instaladora começou o Projeto RADIAL com outros colegas. Este foi um projeto de desenvolvimento local no interior rural algarvio, que arrancou em Outubro de 1985 e tinha essencialmente três eixos de intervenção:

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a animação infantil, a dinamização económica e a organização associativa. Em 1988 criou a Associação In Loco que incluiu o projeto RADIAL. O RADIAL ficou assim especializado na intervenção socioeducativa com crianças e a In Loco tinha uma vertente mais de intervenção comunitário de educação de adultos (desenvolvimento local e formação). Esteve na presidência da In Loco durante 10 anos, mas mesmo até hoje não se desligou da associação. Este projeto de vida transformou-o, através dele transformou as ideias que tinha numa realidade concreta.

Em 1998, a convite de Ana Benavente (Secretária de Estado) foi para Lisboa, onde coordenou uma comissão encarregada de produzir um documento que contivesse as propostas para o desenvolvimento da EA em Portugal. Este foi finalizado e a proposta foi aceite. Depois de dois anos de trabalho a dirigir um grupo de missão, é com orgulho que diz ter conseguido muitas vitórias, entre elas a criação da ANEFA. Voltou para Faro em 2000, pois considerou que o seu trabalho estava feito, foi o “arquiteto” do documento. Regressou à universidade e passou 7 anos ligado ao programa europeu Sócrates, chegando também a dar aulas no mestrado de educação de adultos.

Em 2007 recebeu um convite para ser delegado regional do IEFP, o que rejeitou de início, até o conseguirem convencer do mesmo. Este foi um trabalho meramente administrativo, tal como na universidade. Ao terminar o seu mandato voltou, antes de se reformar, os últimos meses para a Universidade e desta vez trabalhou num pequeno relatório sobre o problema do emprego dos jovens licenciados. Não conseguiu deixar a sua marca em nenhuma dessas passagens (IEFP e Universidade). Reformou-se a 30 de janeiro de 2011, dia em que completou 70 anos.

Mesmo depois de se reformar ainda não parou, participa em várias conferências e encontros, já publicou um livro que contém a coletânea dos textos por si escritos durante os últimos 40 anos, entre outros.

A figura seguinte pretende ser uma representação do resumo que foi feito da biografia do Alberto Melo. Na figura estão representados os momentos marcantes da vida do entrevistado ao longo de uma espiral. As fases da vida onde a educação de adultos foi mais evidente estão marcadas a vermelho.

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Figura 3.1 – Resumo visual da História de Vida Alberto Melo Legenda:

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