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A determinação da produção de forragem de cada planta forrageira em cada período do ciclo é importante, para que se possa orientar o planejamento forrageiro. O objetivo desse trabalho foi avaliar a taxa de acúmulo de matéria seca em diferentes forrageiras de inverno em épocas de semeadura distintas. O trabalho foi realizado no período de março a novembro de 2009, avaliando 16 forrageiras anuais de inverno (aveia, centeio, trigo e triticale) em quatro épocas de semeadura (11/3, 8/4, 6/5 e 3/6). As variáveis avaliadas foram produção de forragem por corte e taxa de acúmulo entre os cortes, sendo posteriormente realizada a ponderação das taxas de acúmulo diária de matéria seca dos meses de março a outubro. Verificou- se interação significativa entre forrageiras e épocas de semeadura para todas as variáveis avaliadas, indicando flexibilidade no planejamento de implantação das forrageiras. As culturas que tiveram destaque foram às aveias brancas UTF Iguaçú e IPR 126, aveia preta IAPAR 61, os azevéns, e centeio, que apresentaram em média produção diária de forragem de 51,4 kg ha-1 após a primeira utilização, demonstrando possuírem elevada capacidade de produção e manutenção da produção, especialmente se semeadas até início de maio.

Palavras-chave: Avena sativa, Avena strigosa, Lolium multiflorum,

Secale cereale, X Triticosecale Wittmack, vazio forrageiro

4.2 ABSTRACT

Forage production dynamic of cool-season annual grasses sowed at different times

Forage production evaluation according to forage species and period within growing cycle is important to adjust forage budget. The aim of this trail was to evaluate forage accumulation rate of cool-season annual grasses on four sowing dates. This study was carried out from March 2009 to November 2009 to evaluate

fcoll-season forage grasses (Black oat, rye, wheat, and triticale) on four sowing dates: March 11th, April 8th, May 6th, and June 3rd. It was evaluated herbage production for each cut and accumulation rate between cuts and later held the balance of the daily accumulation rate of dry matter of months from March to October. Significant forage species vs sowing date interaction was verified for all variables analyzed, indicating several possible combinations between forage species and sowing date. Pronounced grasses were White oats UTF Iguaçú and IPR 126, black oat IAPAR 61, annual ryegrass cultivars and rye, which presented average of 51.4 kg DM ha-1 after first cut, showing a great performance in terms of forage production and maintenance of their forage production, especially when sowed up to beginning May.

Key words: Avena sativa, Avena strigosa, Lolium multiflorum, Secale

cereale, X Triticosecale Wittmack, forage shortness

4.3 INTRODUÇÃO

A utilização de forrageiras anuais de inverno, constitui uma alternativa de produção de forragem em sistemas de integração lavoura-pecuária, visando suprir o déficit forrageiro que ocorre no outono e inverno na Região Sul do Brasil (Balbinot Junior et al., 2009). Esses períodos, em que as forrageiras de uma estação estão em final de ciclo e as próximas ainda não se encontram aptas para o pastejo, consistem em períodos críticos para a alimentação animal. Como alternativa, pode- se indicar a suplementação alimentar, uso de feno, silagem ou concentrados, acarretando aumento nos custos de produção (Rocha et al., 2003).

Na Região Sul do Brasil, as espécies mais utilizadas como forrageiras de inverno em sistemas de produção animal são a aveia-preta e o azevém anual (Balbinot Junior et al., 2009), contudo, outras espécies como aveia-branca, centeio, triticale e trigo duplo-propósito apresentam resultados interessantes (Bortolini et al. 2004).

A distribuição da produção de forragem no tempo, entendida como dinâmica de produção, é que define a magnitude dos vazios forrageiros, os custos da produção e a facilidade de manejar a pastagem pela maior ou menor

necessidade de colocar e tirar animais para manter a condição da pastagem, e auxilia na tomada de decisão acerca do planejamento forrageiro. A maioria das informações apresentadas pelas pesquisa a respeito da produção de forrageiras hibernais são relativas a produção total deixando uma lacuna no que diz respeito à dinâmica de produção. Os resultados de produção total não demonstram o comportamento da produção de forragem durante o período de estação fria e, isoladamente, não fornece as informações necessárias para os técnicos de campo e produtores rurais tomarem as decisões de planejamento forrageiro ou de elaboração de misturas forrageiras. Desse modo, a avaliação da dinâmica de produção por meio da determinação da taxa de acúmulo diário mensal da forragem é uma alternativa para a comparação entre tratamentos dentro de um determinado mês, para planejar o orçamento forrageiro.

Historicamente na avaliação de forrageiras em parcelas, ou sob cortes ou sob pastejo, o momento da desfolha era o mesmo para todas as parcelas, mesmo elas tendo taxas de crescimento e renovação de tecidos (filocronos) completamente distintas. Atualmente há um entendimento no meio científico e acadêmico que as plantas sejam cortadas baseado numa característica da planta, dependente das características morfofisiológicas, como por exemplo, interceptação de radiação, massa de lâminas foliares, senescência de folhas e altura da planta .

No entanto, essa nova metodologia, respeitando a ecofisiologia das plantas, trouxe um novo problema, que é a dificuldade de comparação das espécies ou dos tratamentos numa mesma base de tempo. Ou seja, o corte/pastejo do tratamento “A” pode acontecer muito antes ou depois do corte/pastejo do tratamento “B”. Provavelmente devido a isso os pesquisadores tenham preferido reportar e discutir dados apenas sobre a produção total de forragem. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a dinâmica de produção de forrageiras anuais de inverno em quatro épocas de semeadura através de uma nova metodologia, a de avaliação da taxa de acúmulo diária mensal de matéria seca como indicador da dinâmica de produção de forragem, baseando-se na hipótese de que há significativo efeito da forrageira, da época de semeadura e principalmente de sua interação.

4.4 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no período de março a novembro de 2009, na área experimental do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Pato Branco, situado na região fisiográfica denominada Terceiro Planalto Paranaense, com coordenadas 26º07'S e 52º41'W, altitude de 700 m. O clima da região é o subtropical úmido do tipo (Cfa), conforme classificação de Köppen (Maack, 1968). A caracterização meteorológica do período de estudo está apresentada na Figura 1 e 2. O solo predominante na área pertence a unidade de mapeamento LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, álico, fase floresta subtropical perenifólia, relevo ondulado (Bhering et al., 2008). A caracterização química do solo está apresentada na Tabela 1.

A área experimental era conduzida no sistema plantio direto, com rotação de soja e milho no verão e no inverno aveia como cobertura ou trigo para produção agrícola. Após a colheita da soja, realizou-se a adubação de acordo com as recomendações técnicas da CQFS (2004). A adubação foi realizada concomitante à abertura dos sulcos por meio de uma semeadura com espaçamento entre fileiras de 17 cm, consistindo a adubação de base com 45 kg ha-1 de P2O5 . As sementes foram distribuídas manual e uniformemente em sulcos e incorporadas ao solo a 2 cm de profundidade. Aplicou-se 100 kg de N ha-1 em cobertura na forma de uréia, parcelada em duas vezes, distribuídas aos 30 e 60 dias após a semeadura.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições em parcelas subdivididas, sendo os tratamentos distribuídos em um fatorial (4 x 16), utilizando-se épocas de semeadura (parcelas) e forrageiras (subparcelas). As semeaduras foram realizadas com intervalo de vinte e oito dias, correspondendo às seguintes datas: 11/03, 08/04, 06/05 e 03/06 de 2009. As subparcelas foram compostas por 11 fileiras com três metros de comprimento, com área útil de seis metros quadrados, totalizando 1600 m2.

As forrageiras e a quantidade de sementes utilizadas foram as seguintes, respectivamente: aveia branca (Avena sativa L.): FAPA 2 (350 sementes m-2), FUNDACEP FAPA 43 (350 sementes m-2), IPR 126 (250 sementes m-2) e UTF Iguaçú (350 sementes m-2); aveia preta (Avena strigosa Schreb): Aveia Preta Comum (350 sementes m-2), UPF 21-Moreninha (400 sementes m-2), Agro Planalto

(300 sementes m-2), Agro Coxilha (300 sementes m-2), Agro Zebu (300 sementes m-2) e IAPAR 61 (300 sementes m-2); azevém (Lolium multiflorum Lam.) Azevém Comum (350 sementes m-2) e São Gabriel (350 sementes m-2); centeio (Secale cereale L.): Serrano (350 sementes m-2); triticale (X Triticosecale Wittmack): TCL 399 (450 sementes m-2), POLO 981 (450 sementes m-2) e trigo duplo-propósito BRS tarumã (Triticum aestivum L.) (350 sementes m-2).

Os cortes foram realizados quando a média de altura das plantas atingia 30 cm para as aveias e triticales e 25 cm para os azevéns, centeio e trigo, correspondente a 95% de interceptação luminosa para essas espécies (Da Silva & Nascimento Jr, 2006). Todos as forrageiras foram cortadas a sete cm do nível do solo.

Com o auxílio de um quadro de 0,4 m2 e de uma tesoura de esquila, as amostras foram coletadas, identificadas, pesadas e colocadas em sacos de papel, secas em estufa de ventilação forçada a 60°C até massa constante, posteriormente pesadas para a obtenção da matéria seca (MS) de cada amostra. Subsequente aos cortes das amostras, por meio de uma roçadeira costal as parcelas foram uniformizadas na altura residual padronizada.

As variáveis avaliadas foram: produção de forragem por corte e taxa de acúmulo (TA) de forragem entre os cortes, estimando-se assim: taxa de acúmulo diária de forragem nos meses de março (TAmar, kg ha-1 dia-1 de MS), abril (TAabr, kg ha-1 dia-1 de MS), maio (TAmai, kg ha-1 dia-1 de MS) e junho (TAjun, kg ha-1 dia-1 de MS), julho (TAjul, kg ha-1 dia-1 de MS), agosto (TAago, kg ha-1 dia-1 de MS), setembro (TAset, kg ha-1 dia-1 de MS) e outubro (TAout, kg ha-1 dia-1 de MS). As TA foram calculadas primeiramente entre a semeadura e o primeiro corte, e posteriormente entre os cortes. Após fez-se a ponderação das TA referente a cada mês utilizando a seguinte equação:

TA do mês i= [(TA entre os cortes x e x-1 * n. dias do mês i entre os cortes x e x-1)+(TA entre os cortes x e x+1 * n. dias do mês i entre os cortes x e x+1)+...]/n. dias do mês i.

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as análises complementares foram realizadas por meio do teste de Scott-Knott, ambos a 5% de probabilidade de erro, utilizando-se o software Genes (Cruz, 2001).

4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos resultados obtidos verificou-se que houve interação significativa (p<0,05) entre as forrageiras e as épocas de semeadura para todas as variáveis avaliadas: TAmar, TAabr, TAmai, TAjun, TAjul, TAago, TAset e TAout (Tabela 7), confirmando a hipótese do trabalho.

Para a variável TAmar (Tabela 8) obteve-se rendimentos de forragem somente para a primeira época de semeadura, pois somente havia sido realizada a primeira semeadura até o mês de março. Com relação às forrageiras, observou-se que a maior TA foi obtida pelo triticale POLO 981, que não diferiu estatisticamente

Tabela 7 - Análise de variância bifatorial (forrageiras de inverno x época de semeadura), com as respectivas fontes de variação (FV), graus de liberdade (GL),quadrados médios (QM), estatística F calculada (F) e probabilidade α = P(F≥Fc), para as variáveis Taxa de acúmulo diária de matéria seca nos meses em MSha-1dia-1: março (TAmar), abril (TAabr),

maio (TAmai), junho (TAjun), julho (TAjul), agosto (TAago), setembro (TAset) e outubro (TAout). Pato Branco, 2010.

TAmar TAabr TAmai

FV GL QM F F≥Fc QM F F≥Fc QM F F≥Fc Bloco 2 0,71 0,28 0,76 13,29 1,79 0,17 3,42 0,21 0,81 Época(a) 3 3279,55 1271,10 0,00 5937,62 802,64 0,00 13716,81 856,16 0,00 Forrageiras (d) 15 12,79 4,96 0,00 29,95 4,05 0,00 341,86 21,34 0,00 a x d 45 12,79 4,96 0,00 16,36 2,21 0,00 237,46 14,82 0,00 Erro 126 2,58 7,39 16,02 Média 4,13 9,47 21,40 CV 38,86 28,69 18,70

TAjun TAjul TAago

Bloco 2 56,33 1,83 0,16 1,45 0,05 0,95 11,38 0,26 0,77 Época(a) 3 9905,77 321,30 0,00 10569,91 382,22 0,00 3309,87 74,74 0,00 Forrageiras(d) 15 705,61 22,88 0,00 813,60 29,42 0,00 1175,71 26,55 0,00 a x d 45 403,61 13,09 0,00 205,65 7,45 0,00 201,43 4,55 0,00 Erro 126 30,83 27,65 44,28 Média 35,49 43,06 46,91 CV 15,64 12,21 14,18 TAsetembro TAoutubro Bloco 2 39,06 1,67 0,19 3,63 0,17 0,84 Época(a) 3 4474,78 191,01 0,00 980,41 46,83 0,00 Forrageiras(d) 15 3469,41 148,09 0,00 6261,91 299.15 0,00 a x d 45 544,61 23,25 0,00 337,65 16,13 0,00 Erro 126 23,43 20,93 Média 34,27 18,44 CV 14,12 24,81

Tabela 8 - Taxa de acúmulo diária de forragem no mês de março (TAmar, kg ha-1dia-1de MS), abril

(TAabr, kg ha-1 dia-1de MS), maio (TAmai, kg ha-1 dia-1de MS) e junho (TAjun, kg ha-1 dia- 1de MS) conforme as forrageiras e as épocas de semeadura. Pato Branco, 2010.

Forrageira* TAmar TAabr

/Época* 1 2 3 4 1 2 3 4 AZC 6,05 c - - - 6,05 cB 17,54 bA - - AZS 11,19 c - - - 11,19 cA 14,59 bA - - AB2 15,03 b - - - 15,03 bB 23,32 aA - - AB43 20,34 a - - - 20,34 aA 21,89 aA - - ABI 19,48 a - - - 19,48 aA 20,32 bA - - ABU 17,78 a - - - 17,78 aB 25,44 aA - - APC 16,00 b - - - 16,00 bB 24,10 aA - - APM 16,28 b - - - 16,28 bA 20,44 bA - - APP 14,18 b - - - 14,18 bB 22,25 aA - - APAC 15,30 b - - - 15,30 bA 17,62 bA - - APZ 18,99 a - - - 18,99 aA 19,60 bA - - AP61 14,39 b - - - 14,39 bB 22,85 aA - - CES 20,52 a - - - 20,52 aA 19,96 bA - - TBT 19,73 a - - - 19,73 aA 24,05 bA - - T399 15,93 b - - - 15,93 bB 22,53 aA - - TPO 23,31 a - - - 23,31 aA 25,59 aA - - TAmai TAjun AZC 6,05 eB 17,54 aA 17,88 bA - 19,78 eB 31,37 dA 17,88 bB 27,35 aA AZS 11,19 eA 14,59 aA 19,95 bA - 24,42 eA 27,67 dA 19,95 bA 17,53 aA AB2 48,76 cA 23,32 aC 32,30 aB - 46,92 dA 47,64 bA 32,30 aB 22,79 aC AB43 63,18 bA 21,89 aB 27,15 aB - 62,45 cA 51,04 bB 27,15 aC 19,65 aC ABI 79,55 aA 20,32 aB 18,43 bB - 88,95 aA 75,20 aB 18,43 bC 19,74 aC ABU 53,38 cA 25,44 aB 31,86 aB - 55,19 cA 54,18 bA 31,86 aB 20,18 aC APC 46,37 cA 24,10 aB 20,52 bB - 28,42 eB 41,01 cA 31,24 aB 19,33 aC APM 43,19 cA 20,44 aB 20,34 bB - 28,53 eA 35,45 cA 33,86 aA 20,74 aB APP 37,52 dA 22,25 aB 21, 24 bB - 25,47 eB 48,41 bA 29,93 aB 21,76 aB APAC 44,80 cA 17,62 aB 19,96 bB - 34,59 eB 48,49 bA 29,80 aB 21,88 aC APZ 48,51 cA 19,60 aB 17,75 bB - 30,22 eB 43,02 cA 28,01 aB 22,56 aB AP61 46,79 cA 22,85 aB 28,19 aB - 44,75 dA 38,79 cA 28,19 aB 19,20 aB CES 32,79 dA 19,96 aB 26,43 aA - 62,23 cA 52,90 bB 26,43 aC 15,47 aD TBT 33,05 dA 24,05 aB 16,27 bC - 57,81 cA 54,56 bA 16,27 bB 16,62 aB T399 28,27 dA 22,53 aA 23,38 bA - 70,85 bA 51,78 bB 23,38 bC 21,25 aC TPO 37,83 dA 25, 59 aB 24,89 aB - 74,25 bA 71,61 aA 24,89 aB 18,06 aB * Época 1 = 11/03/2009; Época 2 = 08/04/2009; Época 3 = 06/05/2009; Época 4 = 03/06/2009; Az. = azevém; AB = aveia branca; AP = aveia preta. Médias seguidas por letras distintas maiúsculas na horizontal e letras minúsculas na vertical constituem grupo estatisticamente homogêneo, dentro de cada mês. AZC (Azevém Comum), AZS (Azevém São Gabriel), AB2 (Aveia Branca FAPA 2). AB43 (Aveia Branca FAPA 43), ABI (Aveia Branca IPR126), ABU (Aveia Branca UTF Iguacú), APC (Aveia Preta Comumj), APM (Aveia Preta Moreninha), APP (Aveia Preta Agro-Planalto), APAC (Aveia Preta Agro-Coxilha), APZ (Aveia Preta Agro-Zebu), AP61 (Aveia Preta IAPAR 61), CES (Centeio Serrano), TBT (Trigo BRS Tarumã), T399 (Triticale TCL 399), TPO (Triticale POLO 981).

do Centeio Serrano, das aveias branca FAPA 43, IPR 126 e UTF Iguaçú, do trigo BRS Tarumã, e da aveia preta Agro Zebu, demonstrando uma precocidade de produção dessas forrageiras. Ressalta-se aqui, que esse acúmulo de forragem é antes da realização do primeiro corte, não correspondendo a porção de forragem ainda colhível pelo animal. As menores TA obtidas pelos azevéns se deve à espécie necessitar de temperaturas mais baixas para um bom desenvolvimento inicial, fato não observado durante mês de março, o que levou a ocorrência do primeiro corte somente no mês de junho.

Para TAabril (Tabela 8) observam-se os mesmos valores da primeira época de semeadura, devido ao primeiro corte ter ocorrido somente nos meses de maio e junho. Ao contrário do mês de março, obteve-se acúmulo de forragem para a segunda época de semeadura, a qual foi realizada no dia oito de abril. Observou-se que a segunda época proporcionou maiores TA de forragem para todas as forrageiras, indicando a mesma como a ideal para desenvolvimento mais acelerado da pastagem, mesmo que essa produção de forragem não pôde ser utilizada pelos animais nesse mês, pois as plantas ainda não estavam aptas ao corte. Na segunda época a maior TA também foi obtida pelo triticale POLO 981, não diferindo estatisticamente das aveias brancas FAPA 2, FAPA 43 e UTF Iguaçú, das aveias pretas Comum, Agro Planalto e IAPAR 61, e do triticale TCL 399. Semeando aveia+azevém, triticale+azevém e centeio+azevém em abril, Roso et al. (2000) obtiveram respectivamente durante o mês de abril TA de 26,2, 25,5 e 36,2 kg ha-1dia- 1 de MS, valores superiores aos obtidos neste trabalho, o que provavelmente ocorreu devido a densidade de semeadura utilizada por eles ter sido muito superior a utilizada neste trabalho, acarretando em maiores produções.

Durante o mês de maio observa-se que a primeira época de semeadura proporcionou maiores TA para todas as forrageiras, ao contrário da segunda e terceira época de semeadura, nas quais as plantas estavam no início de desenvolvimento e ainda não havia ocorrido o primeiro corte como na primeira época de semeadura. Sabe-se que no mês de maio ocorre o grande déficit forrageiro no sul do País, pois as forrageiras de verão estão encerrando seu desenvolvimento e as de inverno ainda não estão aptas para pastejo (Rocha et al. 2007). Os resultados deste trabalho indicam que é possível obter com a aveia

branca IPR 126, quando semeada no mês de março, produção de forragem diária de até 79,55 kg de MS ha-1, podendo suprir desta forma, o déficit forrageiro. Observou- se que os azevéns apresentaram menores TA diário de forragem no mês de maio quando semeadas em março, do que quando semeados em abril e maio, indicando que semeaduras mais precoces para este espécie não favorecem seu desenvolvimento. De acordo com Nelson et al. (1995), isso ocorre provavelmente por serem gramíneas que se desenvolvem favoravelmente em clima subtropical temperado.

Observou-se que a primeira e a segunda épocas de semeadura proporcionaram TA diário de forragem, no mês de junho (Tabela 8), superiores em relação a terceira e quarta época de semeadura. Isso ocorre porque as plantas semeadas em março e abril, estavam no início da fase vegetativa, tendo desta forma maior taxa de acúmulo de matéria seca, ao contrário das da terceira e quarta época que ainda estavam em fase de estabelecimento. Deste modo, quando se deseja uma quantidade maior de forragem diária neste mês, preferencialmente a semeadura deve ser realizada em março ou abril. Porém, os azevéns mantiveram suas produções estáveis, independente da época de semeadura. A maior TA foi obtida pela aveia branca IPR 126 com 88,95 kg ha-1dia-1 de MS na primeira época de semeadura e a menor pelo centeio Serrano com 15,47 kg ha-1dia-1 de MS na quarta época, na qual não houve diferença significativa entre as forrageiras. Observa-se uma grande diferença de produtividade entre as aveias brancas e pretas. A baixa produtividade observada nas aveias pretas, exceto para a aveia IAPAR 61, é devido ao seu ciclo precoce e pelas características morfológicas, por possuir porte mais ereto e apresentarem um dossel forrageiro menos denso que as aveias brancas. Autores como Roso et al. (2000) obtiveram TA de 34,7, 40,8 e 28,63 kg ha-1dia-1 de MS, respectivamente para as misturas triticale+azevém, aveia+azevém e centeio+azevém, quando semeados em abril, valores inferiores aos obtidos neste trabalho.

Em relação à TAjul (Tabela 9) observou-se que a terceira época foi a que proporcionou maiores produções para todas as forrageiras. Observa-se que para os azevéns, trigo, triticale POLO 981 e aveia branca IPR 126 não houve diferença significativa entre as três primeiras épocas de semeadura, indicando que

Tabela 9 - Taxa de acúmulo diária de forragem no mês de julho (TAjul, kg ha-1dia-1de MS), agosto

(TAago, kg ha-1 dia-1de MS), setembro (TAset, kg ha-1 dia-1de MS) e outubro (TAout, kg

ha-1 dia-1de MS) conforme as forrageiras e as épocas de semeadura. Pato Branco, 2010.

Forrageira* TAjul TAago

/Época 1 2 3 4 1 2 3 4 AZC 67,02 aA 73,76 aA 69,79 aA 27,35 aB 56,93 aB 70,01 aA 65,87 aA 49,79 bB AZS 59,47 aA 67,79 aA 67,21 aA 17,53 bB 65,06 aA 62,96 aA 60,26 aA 59,43 bA AB2 53,59 bA 58,30 bA 58,30 bA 22,79 aB 40,46 bB 41,23 bB 50,14 bB 62,47 bA AB43 56,07 bB 54,13 bB 71,90 aA 19,65 bC 60,93 aB 58,22 aB 60,58 aB 75,06 aA ABI 61,03 aA 64,68 aA 61,04 aA 19,74 bB 38,20 bA 45,36 bA 46,17 bA 46,65 bA ABU 52,59 bB 54,19 bB 68,38 aA 20,18 bC 50,63 aB 53,09 bB 59,97 aB 70,89 aA APC 36,58 dB 31,47 cC 45,79 cA 25,21 aC 36,42 bB 24,33 cB 32,75 cB 57,82 bA APM 42,04 cB 32,47 cC 53,03 bA 25,63 aC 39,25 bB 28,01 cB 37,62 cB 59,34 bA APP 34,17 dA 25,99 dB 42,63 cA 26,69 aB 35,48 bB 14,58 cC 30,42 cB 59,88 bA APAC 28,62 dB 23,94 dB 43,82 cA 27,62 aB 26,33 bB 23,57 cB 26,90 cB 56,68 bA APZ 34,99 dB 24,78 dB 50,59 bA 28,50 aB 35,65 bB 19,42 cC 38,13 cB 54,99 bA AP61 41,31 cB 32,86 cC 56,81 bA 19,29 bD 34,46 bB 27,39 cB 40,46 cB 54,91 bA CES 47,95 cB 44,26 bB 57,61 bA 15,47 bC 41,16 bB 42,03 bB 48,74 bB 74,21 aA TBT 45,10 cA 51,49 bA 51,40 bA 16,62 bB 38,88 bB 38,84 bB 47,34 bA 51,02 bA T399 44,42 cB 54,28 bA 56,89 bA 21,25 bC 29,72 bB 47,42 bA 56,73 aA 51,57 bA TPO 45,52 cA 50,55 bA 53,58 bA 18,06 bB 41,65 bA 45,10 bA 50,12 bA 52,34 bA TAset TAout AZC 43,52 bC 59,84 aB 60,85 aB 69,01 bA 47,88 bC 64,63 aB 76,53 aA 60,72 aB AZS 69,19 aA 55,63 aB 52,55 bB 50,83 dB 66,62 aA 60,82 aA 67,94 bA 66,40 aA AB2 29,94 dA 33,85 cA 33,89 dA 40,72 eA 0,00 dB 30,94 cA 0,00 eB 34,24 cA AB43 48,60 bB 45,46 bB 40,34 cB 76,87 aA 0,00 dA 0,00 dA 0,00 eA 0,00 eA ABI 28,33 dB 25,88 dB 31,96 dB 38,83 eA 29,24 cB 27,14 cB 44,43 cA 25,69 dB ABU 36,40 cB 44,96 bA 44,71 bA 44,70 eA 33,29 cA 27,35 cB 39,52 cA 34,58 cA APC 0,00 eB 0,00 fB 0,00 fB 24,04 fA 0,00 dA 0,00 dA 0,00 eA 0,00 eA APM 0,00 eB 26,40 dB 29,79 dB 43,40 eA 0,00 dC 0,00 dC 27,91 dB 45,01 bA APP 0,00 eB 0,00 fB 0,00 fB 20,87 fA 0,00 dA 0,00 dA 0,00 eA 0,00 eA APAC 0,00 eB 29,74 dA 0,00 fB 25,12 fA 0,00 dA 0,00 dA 0,00 eA 0,00 eA APZ 32,22 dA 23,73 dB 19,61 eB 35,51 eA 0,00 dB 0,00 dB 0,00 eB 39,05 bA AP61 41,97 bB 36,88 cB 38,76 cB 52,36 dA 51,13 bA 45,29 bA 46,19 cA 41,88 bA CES 75,13 aA 40,12 cB 32,60 dB 80,66 aA 0,00 dA 0,00 dA 0,00 eA 0,00 eA TBT 27,65 dB 19,23 eC 31,26 dB 56, 47 cA 0,00 dB 0,00 dB 0,00 eB 45,69 bA T399 22,58 dC 0,00 fD 57,02 aA 43,45 eB 0,00 dA 0,00 dA 0,00 eA 0,00 eA TPO 0,00 eC 0,00 fC 49,03 bB 71,19 bA 0,00 dA 0,00 dA 0,00 eA 0,00 eA * Época 1 = 11/03/2009; Época 2 = 08/04/2009; Época 3 = 06/05/2009; Época 4 = 03/06/2009*Az. = azevém; AB = aveia branca; AP = aveia preta. Médias seguidas por letras distintas maiúsculas na horizontal e letras minúsculas na vertical constituem grupo estatisticamente homogêneo, dentro de cada mês. AZC (Azevém Comum), AZS (Azevém São Gabriel), AB2 (Aveia Branca FAPA 2). AB43 (Aveia Branca FAPA 43), ABI (Aveia Branca IPR126), ABU (Aveia Branca UTF Iguacú), APC (Aveia Preta Comumj), APM (Aveia Preta Moreninha), APP (Aveia Preta Agro-Planalto), APAC (Aveia Preta Agro-Coxilha), APZ (Aveia Preta Agro-Zebu), AP61 (Aveia Preta IAPAR 61), CES (Centeio Serrano), TBT (Trigo BRS Tarumã), T399 (Triticale TCL 399), TPO (Triticale POLO 981).

semeando estas forrageiras em março, abril ou maio a TA diário de forragem no mêsde julho tende a ser a mesma. Mas se a falta de forragem para determinada situação é nos meses de junho e julho, a recomendação é utilizar as duas primeiras épocas de semeadura, porque deste modo o potencial genético destas forrageiras em condições climáticas favoráveis, exteriorizam maiores produções (Tabela 8 e Tabela 9). Em trabalho realizado por Aguinaga et al. (2008) com pastagens de aveia+azevém semeada em maio e manejada em diversas alturas, obtiveram em média, TA diária de forragem durante o período de 21 de julho a 22 de agosto de 89,14 kg, valores bastante superiores ao obtidos neste trabalho com culturas solteiras sobre regime de corte. Enquanto que Carvalho et al. (2010) em pastagem de aveia+azevém também implantada no mês de maio e manejada em quatro

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