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6 – PROPOSTA DO TRABALHO

6.2 – RETOMANDO O PROBLEMA DE PESQUISA

Os sistemas de CFTV têm sido largamente utilizados em ambientes corporativos e órgãos de governo, como parte das soluções dos sistemas de segurança que integram estes ambientes, monitorando espaços físicos onde há acesso de pessoas. A proliferação do uso desses sistemas, em qualquer que seja o ambiente instalado, tem contribuído relativamente com o combate à criminalidade, no sentido que as imagens captadas por esses sistemas podem fornecer evidências importantes de materialidade e autoria de crimes, permitindo aos órgãos integrantes da persecução penal, maior efetividade na condenação de criminosos.

Apesar da disponibilidade cada vez mais frequente de sistemas de CFTV ser positiva como ferramenta de combate ao crime, a eficiência do uso desses sistemas neste aspecto ainda tem muito que evoluir. Não é difícil encontrar problemas associados à instalação de câmeras de segurança de sistemas de CFTV, seja ao adentrar órgãos públicos, seja em estabelecimentos comerciais. Esses sistemas são mal dimensionados e falham em fornecer imagens com qualidade suficiente, para que seja possível a realização do reconhecimento facial de suspeitos. A realidade brasileira é crítica neste ponto. Laudos periciais emitidos pela Polícia Federal já constataram o posicionamento inadequado de câmeras estratégicas para a segurança de órgãos públicos, no qual o campo de visão da câmera era obstruído por pilastras do interior do ambiente. A título de exemplo, para aqueles que já assistiram ao filme brasileiro “Assalto ao Banco Central”, obra fictícia que procurou retratar furto milionário ocorrido no país ao Banco Central do Brasil, na cidade de Fortaleza, Estado do Ceará, no ano de 2005 e investigado pela Polícia Federal; no filme é retratado esse problema dos projetos de CFTV. Independentemente de ser verídico ou não, os fatos mostrados no filme em relação ao sistema de CFTV do Banco, servem de ilustração ressaltar o erro grave de posicionamento das câmeras de segurança dentro do cofre principal do estabelecimento, no qual uma empilhadeira cobria parte do campo de visão das câmeras, permitindo que pessoas pudessem ali passar, sem serem vistas nas telas dos monitores da central de controle (vide Figura 6.1).

Figura 6.1 – Quadro extraído do filme “Assalto ao Banco Central”. Na figura é mostrado um ambiente fictício da central de controle do sistema de CFTV do Banco Central. No monitor do centro mostrado na figura, uma empilhadeira e outros objetos obstruem boa

parte do campo de visão de uma das câmeras que monitoram o cofre do Banco.

No capítulo introdutório deste trabalho já foram apresentados alguns dos fatores que contribuem para agravar o problema do dimensionamento inadequado dos projetos de CFTV. Em tempo, podem ser listados os baixos investimentos na aquisição de soluções de CFTV, utilização de equipamentos de baixa qualidade, ausência de amparo profissional especializado na especificação da melhor solução a ser adquirida, posicionamento inadequado das câmeras de segurança, condições de iluminação ambiente não controladas e geração de imagens com baixa resolução espacial (WILLIANS, 2012) (COSTA, 2010). Park (2009) aborda alguns desses fatores, destacando algumas características normalmente encontradas em sistemas de CFTV:

 Posicionamento da face: a posição de instalação das câmeras normalmente não facilita a captura de posicionamento frontal da face das pessoas sendo monitoradas. Não é esperada também a cooperação das pessoas sendo monitoradas, em virtude das aplicações desses sistemas, normalmente associadas à segurança de ambientes. Por outro lado, a captura da face é passiva e não depende da vontade de quem está sendo monitorado.

 Condições de iluminação do ambiente: câmeras de vigilância instaladas em ambientes externos estão condicionadas às variações de iluminação natural (dias ensolarados e dias nublados). Essas variações nas condições de iluminação impactam negativamente no desempenho de sistemas de reconhecimento facial.  Baixa resolução espacial: os sistemas de segurança geralmente utilizam um campo

de visão amplo para cobrir a maior área possível do perímetro de segurança. Entretanto, o tamanho das faces gravadas nos quadros de vídeo é pequeno, com distância entre os olhos em torno de 10 pixels (IPD ≈ 10), encontradas em imagens com baixa resolução. As imagens apresentadas na seção 2.1.1 são uma amostra da qualidade das imagens encontradas em casos reais abordados pela Polícia Federal. É importante frisar outro fator importante que contribui para agravar o problema aqui discutido. Não há na esfera legislativa brasileira, normativos técnicos, seja especificado pela ABNT, pelo CREA ou por lei federal, que possam ser utilizados para subsidiar o projeto de sistemas de CFTV em ambiente orgânicos. Os profissionais que lidam com projetos e serviços de instalação de CFTV dimensionam esses sistemas sem esse amparo técnico normativo, deixando uma grande margem para projetos mal dimensionados, que não suprem a necessidade do cliente, nem a demanda forense de reconhecimento facial de suspeitos e posterior uso deste material como evidência de um crime. Cabe ressaltar que, em muitas ocasiões, o amparo de profissionais técnicos da área nem é utilizado, podendo tornar ainda mais deficiente o sistema de CFTV.

Apesar da ausência da lacuna normativa específica para sistemas de CFTV, há outras normas que que influenciam, mesmo que de forma acessória, em projetos de CFTV. Dentre estes normativos, podem ser citados:

 NBR 5410 - Execução de instalações elétricas de baixa tensão;  NBR 5419 - Proteção Contra Descargas Atmosféricas;

 NBR 5474 - Eletrotécnica e Eletrônica - conectores elétricos;  NBR 5471 - Condutores elétricos;

 NBR-5382 Verificação de Iluminação de Interiores;  NBR 5413 - lluminância de interiores;

 NBR 6533 - Estabelecimentos dos Efeitos da Corrente Elétrica do Corpo Humano;  EIA/TIA 606 - Administration Standard for de Telecommunications Infrastructure

of Commercial Buildings;

 EIA/TIA 607 - Grounding and Bonding Requirements for Telecommunications In Commercial Building;

 EIA/TIA TSB-67 - Transmission Performance Specification for Field Tests;  EIA/TIA 568 - Commercial Building Telecommunications Cabling Standard;  NBR 14565 - Procedimentos básicos para elaboração de projetos de cabeamento de

telecomunicações para rede interna estruturada;

 NBR 13531 - Elaboração de projetos de edificações - atividades técnicas;  NBR 10582 - Apresentação da folha para desenho técnico – procedimentos;  NBR 10068 - Folha de desenho - leiaute e dimensões – padronização;

 NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - Apresentação do novo texto;

 Práticas SEAP - Governo Federal.

Apresentado o problema de pesquisa, resta dizer que a intenção deste trabalho é minimizar os problemas de instalação de câmeras de segurança encontrados em muitos sistemas de CFTV instalados no país, fornecendo alguns critérios que vão subsidiar a instalação desse equipamento. Ainda, este trabalho tem também o foco forense. Busca-se como resultado da parametrização destes critérios, que muitas imagens ou vídeos coletados ou enviados para a Polícia ou órgãos periciais, derivadas de sistemas de CFTV, tenham condições mínimas para a realização do reconhecimento facial de suspeitos, pois muitos dos casos reais analisados não auxiliam nos processos investigativos, tampouco na realização de exames probatórios que possam ser utilizados como provas no Judiciário.