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A UFGD e a UFMS se constituem como instituições federais de educação superior, sendo as únicas a serem contempladas com o REUNI no estado de Mato Grosso do Sul. Assim, ao analisarem-se os Planos Institucionais dessas universidades explicita-se a concep- ção do REUNI construída a partir desse contexto.

Os planos de reestruturação e expansão das universidades federais: por que e para quê?

Toma-se o histórico e o diagnóstico que cada instituição fez para possibilitar a compreensão das metas e estratégias apresen- tadas em cada Plano Institucional analisado, buscando explicitar as razões das diferenças e das semelhanças entre esses Planos. O histórico institucional e o diagnóstico que subsidiam os Planos Ins- titucionais possibilitam compreender o “porquê” e o “para quê” de cada Plano.

Cumpre esclarecer que o processo histórico e de construção da identidade de cada instituição é fator que inluencia na constru- ção de suas metas, que nesse contexto representam a construção da política institucional, conforme aponta Azevedo (1997):

[...] as políticas públicas são deinidas, implementadas, refor- muladas ou desativadas com base na memória da sociedade ou do Estado em que têm lugar e que por isso guardam es- treita relação com as representações sociais que cada socie-

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dade desenvolve sobre si própria. Nesse sentido, são cons- truções informadas pelos valores, símbolos, normas, enim, pelas representações sociais que integram o universo cultu- ral e simbólico de uma determinada sociedade (p. 5-6).

A UFMS apresenta seu histórico no Plano Institucional, em que mostra a amplitude de sua criação no contexto estadual, vincu- lando seu processo de fundação à criação do estado, o que a tornou a primeira e, até 2005, a única instituição federal de Mato Grosso do Sul. Ressalta sua característica multicampi, desde o início, apre- sentando seus dez campi existentes no momento anterior à implan- tação do REUNI. Ao justiicar a sua adesão ao programa, aponta a necessidade de sua expansão para o interior do estado, com vistas a fortalecer a sua atuação no contexto estadual e da região Centro -Oeste brasileira. Na súmula que faz para o seu Plano Institucional, aponta a intenção de criar mais três campi como sua principal jus- tiicativa para a adesão ao REUNI nacional.

No diagnóstico apresentado para a construção das metas e estratégias, a UFMS manifesta necessidade de melhor aprovei- tamento de sua estrutura física, quando apresenta dados sobre a oferta de cursos, na capital, focada no período diurno e em regime integral, com possibilidades para a ampliação de cursos no perío- do noturno. Por outro lado, aponta que no interior a oferta de cur- sos está concentrada no período noturno, possibilitando condições para a expansão de cursos no período diurno e/ou integral.

De forma geral, o Plano Institucional da UFMS apresenta como diagnóstico as condições para a expansão institucional com foco no interior, e no período noturno, considerando as condições da capital. Também trata do melhor aproveitamento das vagas ociosas existentes. A principal justiicativa para a adesão do Pla- no centra-se na expansão, considerando as condições existentes de aproveitamento da estrutura física existente.

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A UFGD, em seu histórico, apresenta como característica o recente processo de criação, a partir do desmembramento da UFMS, instituído por meio da Lei nº 11.153, de 29 de julho de 2005. Embora seja uma instituição nova, com pouco mais de dois anos de criação, quando ocorreu o processo de elaboração do REUNI, a UFGD busca esclarecer por meio de seu histórico, o seu peril de instituição consolidada na região geográica da Grande Dourados, uma vez que, por ser um campus avançado da UFMS, estava inseri- da na região desde 1970, ofertando até o ano de sua criação, 2005, 12 cursos de graduação, três mestrados acadêmicos e um doutora- do. Com a sua criação houve processo de expansão que permitiu a criação, em 2006, de mais sete cursos de graduação e mais dois de mestrado, perfazendo, à época de elaboração do Plano Institucio- nal, um total de dezenove cursos de graduação, cinco mestrados e um doutorado.

Outro fator destacado em seu delineamento histórico é a apresentação das condições sociais e econômicas da região da Grande Dourados, a partir de dados consolidados em indicadores sociais, geográicos e econômicos que apresentam uma região pro- missora para o desenvolvimento do país, no qual se destaca o papel da universidade na qualiicação de recursos humanos, para poten- cializar os avanços dessa região.

Em seu diagnóstico, a UFGD reforça o fato de se constituir como uma universidade nova e em expansão, propondo-se, a partir do REUNI, a crescer mais, contribuindo com o desenvolvimento da região em que está inserida.

Esse delineamento permite compreender os motivos por que o Plano Institucional da UFGD procura contemplar a todas as di- mensões presentes nas diretrizes nacionais do REUNI, uma vez que se encontra como universidade nova e com perspectiva de cresci-

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mento, justiicando o seu forte interesse em se vincular ao progra- ma que pretende contribuir com o processo de expansão das IFES. Os planos de reestruturação e expansão das universidades federais: seus críticos

Nessa seção retrata-se o processo de construção dos planos institucionais das universidades de Mato Grosso do Sul, com vistas a destacar os embates e entraves desencadeados no processo. No entanto, a análise documental e as entrevistas realizadas permitem veriicar a ausência de críticas explícitas ao processo de formulação do Plano, especialmente considerando o processo desencadeado para sua elaboração e aprovação. Detalhamentos desse processo são delineados a seguir:

A UFMS

Para a elaboração de seu Plano Institucional, a UFMS adotou a metodologia que envolveu a participação de suas unidades, sendo que a adesão ao REUNI pela universidade foi aprovada em reunião extraordinária de seu Conselho Universitário no dia 24 de outubro de 2007.

Conforme mencionado anteriormente, o grupo de trabalho indicado para elaboração do plano institucional da UFMS era com- posto essencialmente por membros da administração central da instituição. A partir das propostas elaboradas por esse grupo reali- zou-se reunião junto ao Conselho Universitário para deliberar sobre a adesão ao REUNI pela UFMS.

Na reunião do Conselho Universitário da UFMS, cuja pauta era “Apreciação do Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, que institui o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expan- são das Universidades Federais – REUNI”, as palavras do pró-reitor

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de ensino de graduação, Cezar Augusto Carneiro Benevides, cons- tantes na ata de sua aprovação, explicitam o foco dado à expansão da instituição no Plano Institucional.

As decisões referentes à adesão ao Programa REUNI pela UFMS a serem tomadas pelos membros, durante a reunião do Con- selho Universitário, apoiaram-se nas falas do pró-reitor de ensino de graduação, que se constituiu como presidente do Grupo de Tra- balho de elaboração do Plano, cujo teor é explicitado na ata da reu- nião:

Continuando discorreu sobre a importância da UFMS aderir ao REUNI, em razão das possibilidades de contribuir com a inserção do Governo Federal no ensino superior em Mato Grosso do Sul, ampliando as oportunidades para os jovens da faixa etária de 18 a 24 anos. Ao mesmo tempo, informou que a UFMS ampliará a sua interiorização no Estado, incluin- do mais três cidades onde funcionarão as três novas Unida- des Setoriais Acadêmicas, que serão chamadas Faculdades, ocupando localizações estratégicas no cenário macroeconô- mico do Estado. Outro aspecto salientado pelo Conselheiro Cezar Benevides é a distribuição de cursos pelo Estado vol- tados para a formação de professores, contribuindo em gran- de parte para o referido crescimento do número de jovens que serão os futuros professores e proissionais da educação. Falou também que a UFMS pretende ampliar o número de cursos noturnos com vistas a oportunizar o acesso àqueles que ocupam atividades laborais no período diurno e possam paralelamente melhorar o seu nível de escolaridade e leva- rem o nível de qualidade de vida com relexos junto à socie- dade onde se encontram inseridos. Apresentou ainda através de uma projeção em data-show todas as mudanças que vão ocorrer no âmbito da UFMS, caso a IFE aprove a adesão ao REUNI [...] (COUNI/UFMS, 2007, p. 1-2).

Nota-se, a partir da fala do pró-reitor, que a concepção do Programa REUNI, para a comissão que elaborou o Plano Institucio-

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nal, estava baseada na expansão da instituição por meio da criação de novas faculdades no interior do estado e o incremento de cursos novos. Desse modo o foco das ações se concentrava no crescimen- to da instituição e de sua abrangência no estado por meio da am- pliação de suas unidades no interior.

Diante dessa representação, que expõe a concepção inicial dos formuladores para a expansão e reestruturação da IFES, a ex- pectativa de aprovação do Plano Institucional é acolhida por unani- midade pelo Conselho Universitário:

Após a apresentação do Projeto, e discussão da matéria a mesma foi colocada em votação pelo Senhor Presidente, sendo aprovada nos seguintes termos: “Resolução 60/2007 – COUNI – O CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA FUNDA- ÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL, no uso das suas atribuições legais, em reunião extraor- dinária realizada em 24 de outubro de 2007, considerando o contido no decreto 6.096 de 24 de abril de 2007, resolve, por unanimidade: Art. 1º Aderir ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI. Art. 2º Aprovar o Plano de Reestruturação da UFMS, anexo, conforme as diretrizes do Programa. Art. 3º Esta Re- solução entra em vigor na data de sua publicação (COUNI/ UFMS, 2007, p. 2).

Observa-se no texto da Ata que a aprovação da adesão