• Nenhum resultado encontrado

Capítulo III. Desporto Escolar

3.1. Revisão Bibliográfica

O Desporto Escolar (DE) é há bastante tempo um tema debatido entre várias entidades, com variados significados entre as escolas do país. Na minha consideração, o DE deve ter como principal preocupação a promoção da prática desportiva da modalidade que os alunos pretendem realizar, no sentido em que os alunos não o vejam como obrigação, mas sim com gosto de participar e de melhorarem competências.

Contexto defendido também por Guimarães (2009), quando refere que se pretende que o aluno evolua de forma a mudar o ponto de vista da sociedade, na medida em que a escola utiliza o desporto como forma de interesse no processo educativo.

Mário Guimarães (2005; 2009), distingue 3 tipos de modelos de intervenção dos Sistemas Educativo e Desportivo no DE: o modelo exclusivamente escolar, que coloca as principais opções do Estado no apoio à atividade realizada nas escolas e refere um exemplo na Suécia, onde a EF é integrada noutras áreas disciplinares, uma vez que o hábito de Atividade Física (AF) está de tal modo já enraizada na sociedade que a EF pode assumir um carácter menos relevante e associado a outras prioridades educativas; o modelo exclusivamente desportivo que contempla modelos de organização desportiva federada na escola onde existe um financiamento às escolas, no sentido de poderem integrar as organizações desportivas regionais e nacionais. A Escola toma posteriormente a decisão, do tipo de participação e das modalidades que irão inserir nos seus quadros; e por fim, o modelo estatal, com responsabilidade organizativa no Estado e uma estrutura semelhante à organização federada, mas adaptada às características do meio escolar.

Em Portugal, o estado garante apoios às escolas, ao movimento associativo e às autarquias para a prática desportiva dos jovens. O aluno tem à sua escolha, um conjunto de ofertas, que dificultam a sua decisão e por esta razão, se explica a fraca adesão (Guimarães, 2005).

Manuel Brito reforça que “Não poderemos ter grandes avanços quantitativos e qualitativos no Desporto Escolar se, questões como, por exemplo, a rede escolar, a carga horária letiva semanal dos alunos e a sua distribuição, as instalações desportivas, os transportes escolares, a formação dos professores e a própria qualidade no ensino da Educação Física, não

contribuírem para promover ou facilitar o desenvolvimento harmónico de todo o sistema.” (Guimarães, 2005, p.8)

Muitas destas problemáticas ainda se verificam nos dias de hoje e pouco se faz para a sua resolução.

Em relação ao financiamento muitas escolas recebem verbas insuficientes para a sua participação nos eventos, que na maioria das vezes apenas garantem os custos relativos ao transporte, sendo assim difícil garantir aos alunos o apoio necessário para uma participação de qualidade, tornando-se complicado organizar iniciativas ou participar sem um orçamento suficiente (Guimarães, 2009). Quando tal acontece, a escola procura em conformidade com os pais procurar soluções, nomeadamente através de veículos pessoais, mesmo não sendo coberto pelo seguro escolar (Guimarães, 2005).

Tendo em conta a situação, é necessário construir um modelo organizacional que permita uma solução de continuidade, com o objetivo de permitir o desenvolvimento da prática desportiva na escola.

Assiste-se também a uma falta de formação dos professores em relação às modalidades, o que limita a oferta aos alunos, pelo que parte da responsabilidade do professor quando lhe é atribuído o cargo, a necessidade de procurar soluções para se enquadrar no meio, nomeadamente, atualizar-se, através de seminários ou formações, ou eventualmente, através de pesquisa bibliográfica sobre o desporto.

Alguns fatores condicionantes comuns da prática desportiva dos alunos no DE são salientados (Guimarães, 2005):

- Horários destinados ao DE nas escolas; - Horário disponível dos alunos para a prática; - Instalações disponíveis;

- Horário disponível do professor para os treinos.

A localização das instalações desportivas influencia a participação, sendo que a proximidade da residência, revela ser um fator que afeta decisivamente na escolha (Guimarães, 2009). A falta de tempo é também, uma das principais razões para a não participação nas atividades, assim como a organização dos horários, pouco flexíveis.

Tendo em conta o número de alunos e as limitações acima referidas, a solução entre a maioria das escolas é realizar após o término das aulas ou na hora de almoço.

Uma sugestão de Guimarães (2005), é a utilização de recintos e instalações próximos que se encontrem disponíveis, mas para que tal aconteça é necessária uma capacidade para conseguir e rentabilizar estes espaços.

Gustavo Emanuel M C P Marques. Relatório de Estágio. Mestrado em Ensino da Educação Física, 2º ano

Nos momentos competitivos em que participam, não existe uma organização da competição sendo que os alunos estão muito tempo em espera como deslocações ou intervalos de transição para voltarem a competir (Guimarães,2005).

Mário Guimarães (2005), sugere então algumas estratégias de resolução, tendo em conta o atual panorama do DE:

- As práticas de DE serem garantidas pela escola através dos seus agentes educativos, podendo contar com o apoio técnico, pedagógico e logístico das autarquias; - Criação de Associações Desportivas de Desporto Escolar, como existe já, por exemplo, a Associação Desportiva Escolar de Sintra (ADE);

- A criação de redes de participação de proximidade que permita garantir a desejada frequência competitiva sem grandes custos e que permita, por outro lado, organizar os quadros competitivos em grupos de nível que equilibre o nível competitivo. “… o Sistema Escolar está no seu limite máximo de capacidade de oferta, verificamos que se a adesão à prática desportiva dos jovens estivesse dependente do Desporto Escolar, então ficaríamos pelos 10 a 15% de abrangência.” (Guimarães, 2009, p.13).

Nos tempos atuais, e perante o cenário que se comprova diariamente nas escolas, através da análise da realidade, é necessário que entidades responsáveis, através dessa mesma pesquisa, a utilizem como base para a definição de políticas, de programas e de medidas de concretização (Guimarães, 2009).

Mário Guimarães (2009), face às tendências atuais, definiu estratégias:

- Ações dirigidas aos próprios jovens - Procurar integrar atividades que se ajustem às características próprias de cada meio e ao tipo de população juvenil alvo;

- Ações dirigidas ao ambiente familiar - Promover iniciativas que incentivem a substituição da inatividade pela prática de atividades físicas e desportivas;

- Ações a realizar na Escola – Espaços desportivos disponibilizados aos alunos; reforçar a importância da condição física nas aulas de EF. (Sessões de maior impacto aeróbio, boa qualidade das aulas); criar condições para envolver todos os alunos em algum tipo de prática desportiva regular; capacidade de oferta do DE, através de planos de atividades participados pelos alunos e EE que tenham continuidade;

- Ações a realizar na comunidade - Reorganizar espaços para possibilitar a prática informal de atividades desportivas e promover iniciativas de intercâmbio entre jovens de bairros vizinhos como forma de estabelecer laços de amizade local, facilitar a aproximação e o aparecimento de estruturas associativas.

Concluindo, o DE tem um carácter pedagógico e inclusivo, cujo objetivo é possibilitar a todos os jovens que o desejam, usufruir do treino de uma modalidade desportiva e ter experiências competitivas. Devem ser disponibilizados momentos para

a prática do DE através da disponibilização de todas as instalações desportivas próximas das escolas, tendo em conta a indisponibilidade das instalações escolares por sobrelotação ou por falta de condições (Guimarães, 2005).

Documentos relacionados