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REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS PEDAGOGICOS

No documento Revista Completa (páginas 175-179)

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO MÊS DE JANEIRO DE

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Outro ponto merecedor de reparo é o da execução apenas parcial dos programas de ensino, prática que nada pode justificar, tanto mais quanto são esses roteiros, tão necessários ao trabalho escolar, organizados, cada ano, pelos próprios catedrá-ticos. Em relação às escolas ou faculdades isoladas, já o Conselho Nacional de Educação, por várias vezes, tem chamado a atenção para o assunto, havendo firmado decisão, ho- mologada por este Ministério, no sentido de que não se aprovem os trabalhos escolares nos estabelecimentos onde não haja execução cabal dos programas. Com relação às Universidades, muito seria de louvar que igual deliberação fosse firmada pelos respectivos Conselhos Universitários.

Inteirados dessa justa compreensão dos trabalhos docentes, claro está que a freqüência e o cumprimento das demais obrigações escolares, por parte dos alunos, passariam a ter, por estes, outro zelo, com sensíveis vantagens para a cultura e o aperfeiçoamento individual de cada um, e benefícios gerais na elevação da men-talidade dos futuros dirigentes do país.

Como Vossa Excelência poderá ve- rificar, no projeto de lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, já enviado a exame do Poder Legislativo, pelo Exmo. Sr. presidente da República, e em cuja feitura colaboraram os mais autorizados educadores nacionais, a questão da exe- cução dos programas e da freqüência de professores e alunos é salientada como da maior importância, muito embora possa parecer elementar.

É no sentido geral dessa providência, se acaso necessária, como no

de todas as outras que Vossa Excelência julgue convenientes para o aprimoramento dos trabalhos nessa instituição, que aqui dirijo a Vossa Excelência, como também ao ilustre Conselho Universitário, que tão dig- namente Vossa Excelência representa, o meu sincero apelo.

Ao mesmo tempo, informo a Vossa Excelência que já recomendei à Diretoria do Ensino Superior, nos casos de alçada desse órgão, que preste a mais solícita cooperação em todos os casos em que a sua atuação se faça necessária. Em relação às Universidade, terei sempre o maior prazer em receber notícias diretas, bem como sugestões de seus altos órgãos administrativos, que apreciarei, pes- soalmente, com a mais desvelada atenção. Sirvo-me do ensejo para apresentar a Vossa Excelência os protestos da mais elevada estima e apreço".

MINAS GERAIS

Instalou-se, no salão nobre do Instituto de Educação, o Curso de Férias para Professores promovido pela Secretaria de Educação, com a colaboração da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais, do Instituto de Educação e do Conservatório Mineiro de Música. Durante a solenidade, ao declarar inaugurado o curso, o Dr. Abgar Renault, Secretário de Educação, proferiu o seguinte discurso:

"Ao trazer-vos as saudações efusi-sivas do eminente Sr. Governador Milton Campos, que só não preside a esta solenidade por estar ausente da Capital, quero memorar a nossa

primeira reunião em julho de 1947, convocada pelo meu preclaro antecessor .

A ela estavam presentes apenas os professores dos cursos secundários oficiais. Era uma experiência mo- destíssima, cujo intuito principal ou mesmo único se cifrava, da parte do Governo, em examinar a possibilidade de tentar em Minas Gerais o que a rica experiência pedagógica e cultural de civilizações adultas vem realizando frutuosamente, há longos anos.

A segunda, levada a efeito em janeiro e fevereiro de 1948, já abrangeu não só os professores dos ginásios e colégios do Estado, mas também, os dos cursos normais oficiais, teve a freqüência de muitos professores particulares, alguns dos prelecio--nadores, vindos de fora, eram muito mais experientes, as disciplinas muito mais numerosas, o total de mestres-alunos raiou em muito mais de uma centena, e, contadas as horas de au- las, de seminários, de trabalhos de laboratório e freqüência à biblioteca. muitos chegaram a passar oito horas por dia neste Instituto de Educação.

Hoje, com o auxílio precioso do Ministério da Educação, através do Professor Murilo Braga e da Faculdade de Filosofia, por intermédio de seu diretor, Antônio Camilo de Faria Alvim, aqui se congregam, além dos professores presentes em 1948, os inspetores técnicos regionais do Estado e numerosos professores primários. Os cursos multiplicam-se, alargam o seu círculo de influência, aumentam o número de suas disciplinas (merecendo ênfase: orientação educacional, a cargo da prof.a Marta Mac Fadin, diplomada pela Columbia University; metodologia do ensino da língua in-

glesa e traços diferenciais entre o King's English e o American English, a cargo da Professora Mary Helen Clark, diplomada pela Northwestern University; didática geral, pelo professor Lourenço Filho, da Faculdade Nacional de Filosofia e atual diretor do Departamento Nacional de Educação; fonética inglesa, pelo professor Osvaldo Serpa, do Instituto de Educação do Distrito Federal e do Colégio Pedro II, um dos pioneiros do método direto no Brasil), e, se considerarmos os destinados a professoras rurais, inaugurados ontem nas sedes de mais de cem comunas, num regime de inédita colaboração entre os governos municipais e o estadual, poderemos dizer que cinco cursos intensivos de aperfeiçoamento estão instalados em Minas Gerais.

Isto deve ter algum significado. Só duvidará da valia de tal experiência quem duvidar do valor do estudo Aliás, não é apenas a aquisição do conteúdo de cada disciplina que importa, senão também, e sobretudo, a aquisição de certos hábitos intelectuais .

O que falece a nós, brasileiros, é principalmente adestramento para a utilização adequada de utensílios in- dispensáveis, é método, é organização do trabalho intelectual, é planejamento, é exatidão, é sistema, é organicidade. Estamos perdidos na floresta de enganos dos hábitos intelectuais errados, entre os quais se ergue essa touceira imensa, que é a mania do "mais ou menos" em tudo, a começar pela administração pública.

Se não me engano, foi Augusto Comte quem escreveu: "Somente se destrói aquilo que se substitui". Os vossos esforços e os esforços do Go-

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vêrno, representados vivazmente na solenidade modesta, mas tão rica de conteúdos e significados, da noite de hoje, põem em evidência a determinação de abalar as forças passivas — pesadas e difíceis — da inércia que domina ainda certas áreas, que deveriam ser de inquietação, vivacidade e renovamento, dos serviços públicos de educação e ensino, isto é, o que todos pretendemos é destruir, pela substituição, os hábitos mornos e mortiços em que longa invernia forçou ao adormecimento os anseios de totalização espiritual que sempre constituíram os signos mais lúcidos do povo mineiro.

Nos combates da educação não pode haver períodos longos de en-sarilhamento das armas, que devem não só estar continuamente prontas, senão sempre aptas à renovação que lhes acresça o alcance, a precisão e o rendimento. Para tanto é, todavia, indispensável que aqueles que as manejam se encontrem sempre num estado de receptividade espiritual capaz de tornar possíveis, à semelhança do que ocorre nos fenômenos de ca-tabolismo e anabolismo, a excreção de resíduos e a incorporação de novos elementos e sua transformação em tecidos vivos e em energia.

O princípio, a que Schoenheimer chamou estado dinâmico dos consti- tuintes corpóreos, segundo o qual nada há de fixo ou imutável em nosso ser 'físico, é imagem singularmente exata da condição de fluidez a que devem estar adstritas a preparação técnica e a cultura de um pro- fessor .

Vivemos hora dificultosa e má. Novas

opções serão impostas, dentro em pouco, ao homem que habita este movediço mundo de hoje. A perda

de substância ou de essência em que se vaza o organismo social não po-derá prosseguir indefinidamente. Sentimos, na carne, que o que nos arrasa é a queda ou, mais própria e mais cruelmente, a falta de qualidade humana.

Que fabuloso Paracelso poderia extrair do seu receituário de prodígios os filtros ou os sortilégios curativos de que precisa o homem de hoje?

A educação, ora em crise desa- fortunada como tudo mais, somente a educação, por intermédio de servos fiéis — capazes de fazer do seu labor antes um

modo que um meio de vida — somente a

educação em sentido largo, inclusive no sentido religioso, poderá encarar-se com os problemas de hoje, desafiá-los e vencê- los. Ela é o núcleo das soluções fundamentais. Tudo mais é acessório e an-cilar.

E' razoável dizer, portanto, que nunca precisou a humanidade mais agudamente de professores tão numerosos e tão bem equipados para recriar o mundo, reordená-lo, repô-lo em si e restabelecê-lo em seu equilíbrio.

O ofício de professor, composto de suores, canseiras e penares, pressupõe poderes de criação e contém centelhas cósmicas, porque lida com os fundamentos da natureza humana, e só é possível vencer e disciplina' o caos através da natureza do homem.

Este é o pensamento com que o Governo do Estado vos acolhe e vos reverencia".

PARAÍBA

Foi noticiado que a comissão nomeada pelo Governo do Estado con-

cluiu a elaboração do regulamento da Faculdade de Filosofia, que será sub- metido à aprovação do Conselho Na- cional de Educação. Também já está organizado o corpo docente da Faculdade de Direito, criada sob os auspícios do Instituto das Advogados.

RIO GRANDE DO SUL

O Governador do Estado sancionou a lei, votada pela Assembléia Le-

gislativa, que institui bolsas de estudo destinadas aos alunos pobres que mais se distinguirem nos seus cursos. Segundo o referido ato legislativo, as bolsas "compreenderão ensino gratuito, livros e demais materiais escolares, pensão e vestuário e uma módica ajuda de custas em dinheiro, condizente com as necessidades mínimas do meio escolar em que deva o aluno conviver".

INFORMAÇÃO DO ESTRANGEIRO

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