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SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO PARA A AMÉRICA LATINA

No documento Revista Completa (páginas 119-122)

Sob o patrocínio da UNESCO e da União Pan-Americana. reuniu- se em Caracas, de 5 de agosto a 8 de setembro do ano passado, o Seminário de Educação para a América Latina. Durante cinco semanas, 52 professores e educadores de 18 paises da América, assessorados por representantes da UNESCO e da União Pan-Americana, estudaram os problemas da educação fundamental na América Latina, tendo por base os seguintes temas:

1.°) Campanhas de alfabetização e educação de adultos; 2.°) Educação rural;

3.°) Educação vocacional; 4.°) Formação de professores; e 5.°) Educação para a paz.

O Seminário sugeriu à UNESCO e à União Pan-Americana que suas conclusões sejam examinadas por Seminários nacionais com o fim de estudar a adaptabilidade das conclusões de Caracas a cada um dos países participantes.

As conclusões e recomendações do Seminário à UNESCO,

à União Pan-Americana e aos governos americanos são múltiplas, sendo muitas delas fundamentalmente primordiais, como as que citamos a seguir:

1) Que na escola americana não haja discriminações de raça, credo, classe ou partido.

2) Que os professores americanos cuidem mais da formação da personalidade no sentido de orientá-la para um serviço social por meio de uma filosofia em prol da fraternidade humana.

3) Que em todos os países se trate de solucionar o mais rapidamente possível o problema da falta de professores para satisfazer as exigências da alfabetização e da cultura popular.

4) Que seja criada a Oficina Interamericana de Formação Profissional com o objetivo de coordenar os esforços dos paises para eliminar os obstáculos que se apresentam devido à falta de recursos econômicos, carência de experiência técnica e falia de pessoal especializado.

5) Declarou-se que a complexidade dos fatores que intervém no problema da educação vocacional faz com que este não possa resolver- se senão tendo por base a coordenação funcional dos educadores e das forças de produção.

tf) Sem o planejamento e a devida solução da educação vocacional fracassarão todos os planos de desenvolvimento econômico e social na América Latina, já que ela é a encarregada de fornecer os técnicos necessários.

7) Que o melhoramento social das massas campesmas e trabalhadoras não poderá ser realizado se não se levantar, por meio da educação vocacional, sua dignidade de cidadãos produtores, oferecendo-se-lhes assim toda classe de oportunidades na vida.

8) Toda gestão educativa no meio analfabeto deve ser acompanhada de ajuda econômica e sanitária.

9) Recomendação aos governos da América Latina de pôr em prática, em benefício da escola primária, o acordo firmado em Virgínia durante a reunião da Conferência de Agricultura e Alimentos das Nações Unidas, pelo qual 45 nações se comprometeram a assumir imediatamente a tarefa de aumen-tar as fontes de alimentos e melhorar a dieta de seus povos, de acordo com as conclusões, objetivos e princípios assinalados pela conferência.

10) Que a atividade principal dos governos para corroborar o alcance da escola primária deve orientar-se para a formação de grandes centros de produção, permitindo que as massas se concentrem nos melhores meios geográficos, pois a dispersão do analfabeto em grandes extensões territoriais impede todo movimento para melhorar as condições atuais do meio analfabeto.

11) Que a escola primária, sem meios de realização, pobre, com professores mal remunerados e freqüentada por

crianças famintas e semi-nuas, não é presentemente, salvo exceções, senão uma instituição sem objetivos precisos, pois ela não pode escapar à influência dos fatores que nos cercam.

12) Declarou-se que a escola primária devia ser a animadora e condutora do movimento contra o analfabetismo.

13) Que se deve pôr em vigor o alfabeto internacional para a elaboração das cartilhas e literatura.

14) Proporcionar abundantemente, e de acordo com as técnicas estabelecidas em outras seções, literatura bilíngüe para os núcleos que foram alfabetizados em suas línguas autóctones .

15) Foi proposta a cooperação internacional, tendo em vista que organismos internacionais como a UNESCO e a União

REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS

Pan-Americana facilitem a aquisição de material de divulgação que não pode ser adquirido pelos paises da América Latina devido a múltiplas razões.

16) Estipulou-se que a UNESCO e a União Pan-Ameri-cana patrocinarão um curso para diretores e funcionários administrativos de uma futura campanha de alfabetização.

17) Que a UNESCO e a União Pan-Americana estudem a integração e coordenação das atividades de todas as instituições internacionais que, como a Organização Mundial da Saúde, a Organização de Alimentação e Agricultura e a Oficina Internacional do Trabalho, se interessam pelos problemas referentes à educação fundamental, dentro de um plano de educação de adultos.

18) A UNESCO e a União Pan-Americana devem organizar uma conferência especial sôbre educação de adultos, em cuja agenda se considerem as conclusões do Seminário de Caracas sôbre o assunto.

19) Iniciar um inquérito entre os intelectuais e universidades da América sôbre as bases mínimas para uma biblioteca de cultura popular para adultos da América Latina.

20) Fomentar a publicação da biblioteca de cultura popular para que seja vendida periodicamente e a preços reduzidos aos governos, instituições e pessoas interessadas.

21) Preparar museus fotográficos de cultura popular sôbre os seguintes temas: a) saúde; 6) conhecimentos básicos; c) civismo, formação moral e compreensão internacional; d) orientação e melhoramento profissional; divulgação agrícola e industrial; e) aproveitamento das horas livres: arte, música, literatura, etc.; f) defesa dos recursos naturais.

22) A UNESCO e a União Pan-Americana poderiam preparar uma exposição circulante sôbre educação de adultos, a qual compreenderia: livros de divulgação cultural; auxiliares auditivo- visuais; material geográfico; teatro popular; periódicos c revistas; material para campanha de alfabetização; museu fotográfico de cultura popular; material informativo de atualidade, etc.

23) Recomendar aos governos das nações da América-. Latina que estudem a possibilidade de que nas leis de educação se estabeleça a obrigação de serviço social não inferior a um ano, para os egressos das universidades e institutos politécnicos nos lugares determinados pelo Estado, de preferência nos meios campesinos.

24) Que a Carta de Direitos e Obrigações do Professor americano, preparada no Seminário de Caracas, seja estudada e discutida na Convenção Interamericana de Professores. a celebrar-se em Caracas no próximo ano.

No documento Revista Completa (páginas 119-122)