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6.17.1 Período de Revoada

Geralmente, no inverno da cidade de Rio Claro, no interior do estado de São Paulo, nos meses de julho a agosto, existe uma produção anual bem definida de alados de C. gestroi, mas é possível começar um pouco antes, no final de outono, e se estender até a primavera (COSTA-LEONARDO & BARSOTTI, 1998).

Acontecem voos dispersos em várias regiões da cidade, durante essa época. No entanto, somente dois ou três deles são sincronizados sobre toda a área urbana infestada, e isso acontece, na maioria das vezes, no mês de agosto. Apesar de, em certos anos, alguns voos com grande número de cupins terem acontecido também no mês de setembro, a maioria dos alados de C. havilandi voa em agosto (COSTA-LEONARDO & BARSOTTI, 1998).

Existem grandes revoadas na cidade de São Paulo, ou seja, voos de grande massa, também na primavera (FERRAZ & CANCELLO, 2001).

No caso de Rio Claro, no interior de São Paulo, talvez pelo fato das espécies nativas de cupins voarem no período da primavera, parece conter uma preferência pela ocorrência de vôos de grande massa no período anterior a estação (COSTA-LEONARDO, 2000).

Todos os alados originados de uma mesma colônia não são liberados no mesmo dia. A ocorrência de revoada de uma única colônia também é comum e isto parece ajudar a auto fecundação (FERRAZ & CANCELLO, 2001).

São observados, vôos esporádicos, fora do período de revoada, como por exemplo, no mês de fevereiro, o número de alados nesse período é sempre menor ao de uma revoada que ocorre no mês de agosto. De acordo com ROBINSON (1996), o ambiente urbano não é sempre igual, já que ele é continuamente modificado pelos seres humanos e as condições requeridas para a revoada podem existir somente em uma pequena área, principalmente em relação aos cupins

subterrâneos que vivem em locais com grande quantidade de concreto e asfalto (ROBINSON 1996).

6.17.2 Liberação dos Alados

Os alados C. gestroi, nas cidades infestadas, geralmente saem de árvores vivas bastante infestadas, tocos de árvores, de buracos ou aberturas nas paredes e edificações. O número de aberturas externas na parede excedeu a 40, na cidade de Rio Claro, sendo que essas mediam de 3 a 5 mm de largura e de 1 a 7 cm de comprimento (CAMPOS, 2002).

A forma dessas aberturas era diversificada, mas seguia em geral o caminho do reboco por entre dois tijolos. Na hora de liberação dos alados, os soldados de C. havilandi continuavam em posições estratégicas ao redor dessas aberturas, sendo que aos poucos operários são vistos entre eles (CAMPOS, 2002). Se os soldados de alguma forma forem tocados, ou pelo dedo ou por algum tipo de objeto, imediatamente avançam e expelem uma gota de secreção leitosa. Os soldados conseguem manter esse comportamento de guarda por duas noites consecutivas ao redor das aberturas, mas costumam concluir essas aberturas durante o dia, quando a temperatura é alta (COSTA-LEONARDO & BARSOTTI, 1998).

6.17.3 Horário e Comportamento de Revoada

Geralmente, a revoada C. gestroi parece estar relacionada com a baixa intensidade de luz porque ela acontece de preferência no crepúsculo. As revoadas geralmente acontecem entre as 18 e 19 horas (MARICONI, 1999).

Na cidade de Rio Claro a temperatura média constatada nos dias de revoada variou de 16 a 22ºC, e a média da umidade do ar variou de 59 a 76%. Como já foi citado, em geral, o pico da revoada de C. havilandi, em Rio Claro ocorre no inverno. No sudeste do Estado de São Paulo o inverno é uma estação seca e excepcionalmente ocorrem precipitações pluviométricas, como ocorreu no ano de 1995, em que fortes chuvas que precipitaram as revoadas desse cupim na cidade do Rio de Janeiro (MARICONI, 1999).

As revoadas de C. havilandi são breves, duram cerca de 30 minutos ou menos, e um grande número de alados é liberado pelas aberturas de lançamento.

Esses reprodutores são atraídos para um foco de luz, depois de um curto voo de 5 minutos. Em seguida, eles perdem suas asas e começam o comportamento de “tandem” ou dança nupcial. O comportamento de “calling” não ocorre em C. havilandi. Após os alados voarem, os operários fecham rapidamente as aberturas de lançamento (MARICONI, 1999).

6.17.4 Predadores dos Alados na Revoada

Durante a revoada grande proporções de alados de C. gestroi são mortos por formigas predadoras. Já foram observados alados sendo predados em paredes de residências por largatixa (Gekkonidae) e no solo por formigas Pheidole (Myymicinae). (COSTA-LEONARDO & BARSOTTI, 1998).

6.17.5 Ninhos

São conhecidos como cartonados os ninhos de C. havilandi porque são feitos com um material friável denominado cartão, que consiste geralmente de uma mistura de solo ou partículas de madeira, saliva e excremento (MARICONI, 1999).

É possível classificá-los em aéreos ou subterrâneos de acordo com a sua localização. Os mais difíceis de serem detectados são os ninhos subterrâneos, que ficam localizados no solo. Em cidades como Rio Claro, geralmente, os ninhos estão sob o solo e dessa parte uma rede de galerias até árvores urbanas e edificações acima do solo. Galerias, na maioria das vezes, são constituídas com uma grande quantidade de solo (MARICONI, 1999).

Os ninhos aéreos estão localizados dentro de estruturas e não têm contato com o solo. Esses ninhos são comuns no sudeste brasileiro, como São Paulo e no Rio de Janeiro e são encontrados em porões e caixões perdidos em prédios de apartamentos. Grandes colônias de C. havilandi têm ninhos policálicos, ou seja, a colônia é formada por vários ninhos ligada uns aos outros, sendo um deles o ninho principal ou central, onde ficam os reprodutores primários (rei e rainha) e os demais, ninhos satélites ou subsidiários (COSTA-LEONARDO, 2000).

É comum na cidade de Rio Claro encontrar casas infestadas com um ninho principal de difícil localização, na maioria das vezes é encontrado dentro de maleiro de guarda-roupa ou de armário embutido. Esses ninhos subsidiários também são cartonados e geralmente têm apenas operários e soldados, mas, além da casa

neutra, podem apresentar ninfas e até mesmo alados (COSTA-LEONARDO et al. 1999).

As lâminas cartonadas estão muitas bem posicionadas para formar uma rede de buracos estreitos e irregulares, e as cores dessas lâminas dependem do solo que o cupim tem à disposição para suas construções. Às vezes, os cupins adicionam em suas construções, talvez para substituir o solo, o material disponível que encontram nas edificações, como por exemplo, o isopor (COSTA-LEONARDO et al. 1999).

Algumas descrições de ninhos mostram que em barcos, nas construções de C. havilandisão usados partículas de madeira, saliva e fezes, quando não existe solo disponível (MARICONI, 1999).

Diferenciada no centro do ninho, o ninho principal de C. havilandi, pode ou não apresentar uma câmara real para abrigar o rei e a rainha. Mesmo quando não há a câmara real diferenciada, o par real é encontrado na região central do ninho (MARICONI, 1999).

6.17.6 Ciclo de Vida e Opções de Reprodução em Colônias de

Coptotermes gestroi

As colônias maduras dessa espécie de cupim podem conter milhares de indivíduos, organizados nas castas de operários, soldados e reprodutores. Além disso, essas colônias possuem ovos e indivíduos jovens, como “larvas” e ninfas. Quando são encontrados soldados e ninfas nessas colônias, esses participam juntamente com os operários, das expedições de forrageamento (CANCELLO, 1991).

Os caminhos do desenvolvimento dos cupins subterrâneos são flexíveis. As ninfas, que estão se desenvolvendo para se tornarem reprodutores alados, podem se diferenciar em reprodutores pré-neotênicos ou neotênicos imaturos, também conhecidos como neotênicos não funcionais (CAMPOS, 2002).

Em C. havilandi, reprodutores neotênicos não funcionais aparecem no ninho, mesmo na presença do par real primário e algumas questões ainda continuam sem resposta no contexto do entendimento da dinâmica reprodutiva de uma colônia desse cupim (CAMPOS, 2002).

Porque certas ninfas estão predestinadas a se tornarem alados e outras se transformarem em reprodutores neotênicos não funcionais? Está claro que esses insetos aparecem mesmo na presença do par real, e que ambos devem impedir, de alguma forma, o amadurecimento desses reprodutores no ninho (MARICONI, 1999).

A influência da rainha desaparece quando a mesma morre, e uma fêmea neotênica pode tomar o seu lugar, se tornando uma rainha neotênica funcional, isso acontece devido ao desenvolvimento rápido dos ovários. Apesar de sua substituição ser mais demorada, o mesmo acontece com o rei (CANCELLO, 1991). O que ainda não se tem conhecimento é a dinâmica detalhada dessa substituição, uma vez que no início surge um grande número de substitutos e depois permanece apenas um. No entanto, se por algum motivo, houver algum obstáculo entre o ninho satélite e o ninho principal, tornando-os fisicamente isolados, tudo indica que os reprodutores imaturos podem escapar da inibição do par real e continuar uma produção independente de cria. Colônias maduras revoam e os alados iniciam novas colônias, fechando o ciclo (MARICONI, 1999).

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