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10. F ATORES QUE INFLUENCIARAM A METODOLOGIA DE TREINO

10.2 C RIATIVIDADE NO F UTEBOL

“No ensino elementar, Einstein foi mandado ao quadro para responder quanto é a metade de 13. Einstein disse: “Claro que a metade de 13 é 6,5. De qualquer modo existem diferentes formas de dividir algo”. Depois falou: “Por exemplo, você pode apresentar em numeração Romana e depois dividi-lo. Metade de 13 (XIII) torna-se 11 (XI) e 2 (II) ”. Einstein fez isso de 18 maneiras diferentes e o professor levou-o a casa naquela tarde e disse aos pais que ele era atrasado mental”. (Machado, 2010)

Uma palavra muito usada nos dias de hoje é criatividade. Esta temática ganha hoje especial interesse por diversas razões. A sociedade actual, exige de todos um constante papel de auto-aperfeiçoamento e de resolução criativa de problemas. Vive-se, nos tempos presentes, "a sociedade da criação" (Portnoff, 1992). Os conhecimentos renovam-se rapidamente, em consequência dos progressos científicos e tecnológicos. Já não basta trabalhar bem, é preciso fazê-lo cada vez melhor. Há que desenvolver (as) capacidades que ajudem os indivíduos a mais facilmente se adaptarem a novas circunstâncias e situações. Há que apelar à nossa inteligência, mas também à nossa criatividade. (Martins, 2004)

Atualmente, a maioria dos jovens cresce num ambiente marcadamente hostil para o desenvolvimento da sua criatividade. Não raramente, o contexto familiar e escolar caracterizam-se por um clima de exagerada orientação, com normas restritas, inibindo a iniciativa individual, a independência, a originalidade, ou seja, coibindo o “fazer diferente”(Wein, 2005).

Quando dizemos que alguém é criativo, queremos dizer que possui ou desperta a capacidade de criação, superação e de invenção. A criatividade, pode também ser entendida como a capacidade de estabelecer, construir pela primeira vez algo de novo, algo diferente. Assim, podemos concluir que o criativo é aquele que cria algo de novo.

Se aplicarmos esta ideia ao mundo do desporto e em particular ao futebol, podemos afirmar que, um criativo é um jogador que encontra (e concretiza eficazmente) soluções para os problemas contextuais do jogo que poucos (ou nenhum) companheiros de equipa conseguem discernir e executar. São estes jogadores (os criativos) que jogam e fazem jogar uma equipa, que contagiam um jogador menos evoluído, técnica ou táticamente, a praticar um futebol vistoso e, simultaneamente, objetivo. São estes

jogadores que melhor entendem os ritmos de jogo, isto é, quando é preciso circular mais a bola para recuperar ou pacientemente conduzir a equipa adversária a entrar em desequilíbrios defensivos, ou quando é necessário acelerar processos para aproveitar desequilíbrios já presentes na estrutura defensiva oponente (ataque rápido ou contra- ataque) (Almeida, 2012). Desta forma, podemos constatar que no futebol actual é necessário que o jogador seja capaz de solucionar problemas no decorrer do jogo, e é nas respectivas estratégias e formas de resolução que reside a essência da criatividade do jogador de Futebol.

No entanto, cabe ao treinador criar condições para que a criatividade possa ser estimulada e exercitada, ajudando desta forma os jogadores a desenvolver capacidades que os ajudem, com maior facilidade a adaptarem-se a novas circunstâncias e situações (Martins, 2000).

“O treinador pode “barrar” a criatividade, ou pelo contrário, pode favorecê-la. No entanto, a verdadeira criatividade pertence ao jogador, pois o treinador apenas pode impelir o jogador a descobrir soluções criativas” (Arsène Wenger, 2006)

CONCLUSÃO E PERSPETIVAS PARA O FUTURO

Depois de uma época intensamente vivida, com aprendizagens importantes pelo caminho, a todos os níveis, procuramos partilhar a nossa experiencia, sustentando a ideia do que a partilha de experiencias e conhecimentos é o melhor veículo para a evolução.

O principal objectivo deste estágio (aquisição de competências básicas para o exercício da função de treinador desportivo em contexto real de treino e de competição), foi amplamente alcançado através da vivência de todo o processo, que tentamos revelar de forma sucinta com este relatório de estágio.

Durante operacionalização do processo de treino, concluímos que existem pontos vitais para a construção de uma forma de jogar específica. O primeiro ponto prende-se com a criação de um Modelo de Jogo, onde o treinador operacionaliza a sua ideia de jogo tendo em conta o contexto onde está inserido. No fundo o Modelo de Jogo é o que identifica uma equipa e as distingue, por evidenciarem regularmente um conjunto de princípios e comportamentos em várias situações e momentos do jogo.

Aliado a construção do modelo de jogo está a maneira como transmitimos esses princípios/comportamentos, isto é, o treinador tem de actuar no momento certo e corrigir e promover os comportamentos desejados. Com as ideias bem definidas de como queremos jogar e sabendo como as transmitir, á medida que fomos decompondo os diferentes momentos de jogo em princípio, sub princípios e sub dos sub princípios, surgiram pontos que para nós assumiram uma importância fulcral. Salientamos a Tomada de Decisão da equipa em competição que nos permitiu ao longo da época ajustar o treino as necessidades da equipa. Todo o processo de treino deve ter em conta o treino como condicionador do imediatismo decisional que caracteriza o jogo, constituindo-se as imagens e os padrões neurais como os princípios que queremos estabelecer na equipa e que emergem na espontaneidade dos jogadores, pois o jogador de futebol atua, mais ou menos naturalmente, de acordo com aquilo que treinou, usando, para tal, as armas de atividade intrínseca e espontânea que o seu sistema nervoso permite, utilizando o comportamento adequado em determinado momento do jogo, guardado em memórias aprendidas durante o treino. Desta forma quando surgem situações e contextos semelhantes aos treinados, permite qua a tomada de decisão seja mais célere por quantidade de informação a descodificar, permitindo deste modo antecipar, ou pelo menos viver o jogo de forma antecipada relativamente aos

adversários. (Maciel J. , 2008)

Contudo é importante realçar a importância da tomada de decisão em equipa, isto é todos os elementos da equipa devem ter noção do que se passa com a equipa a cada momento e nos mais variados contextos, quais são os problemas com que se deparam e como os solucionar, quais os limites da equipa e quais os seus pontos fortes. Em suma, a equipa deve perceber o que o treinador quer, isto é, todos os jogadores devem ter a mesma imagem do que é pretendido num determinado momento do jogo.

Por último, mas muito importante para o sucesso desportivo, é a necessidade de trabalharmos em “especificidade”, pois esta vai direccionar todo o processo de treino em função daquilo que desejamos. Desta forma, a “especificidade” colocada no treino vai permitir que o jogador se adapte à forma de jogar pretendida, originando, em competição, que essa forma saia com naturalidade, permitindo ao jogador reduzir a incerteza inicial nas diferentes situações de jogo e, consequentemente, contribuir para que o jogador possa organizar as suas decisões de forma mais lógica permitindo-lhe, inclusive, em circunstâncias óptimas poder antecipar mais vezes e de forma mais acertada acções concretas de jogo.

Em síntese podemos concluir que: a equipa evoluiu num sentido positivo através de um desenvolvimento individual e coletivo. As vivências proporcionadas pela competição e os diálogos constantes (corrigindo e incentivando comportamentos pretendidos) com os jogadores influenciaram em grande parte os seus desempenhos durante o processo de treino. Podemos afirmar também que existiram melhorias significativas da Avaliação inicial para a avaliação final que nos indica que ouve uma evolução da aprendizagem do jogo.

No que diz respeito às perspectivas de futuro, é nossa intenção que as aprendizagens e a oportunidade que me foi dada possam ter continuidade no desempenho futuro profissional.

Consideramos ter sido uma experiência extremamente proveitosa na qual, após o seu término, o sentimento descritível que nos invade é o de dever cumprido e de satisfação, acompanhado por alguma frustração pelo objectivo não ter sido alcançado. Contudo, e conscientes de termos feito tudo o que estava ao nosso alcance, sempre com espírito pró-activo, tentámos não defraudar expectativas e caminhámos no sentido de esclarecer dúvidas e conhecer novas experiências. No final deste Estágio consideramo- nos melhor preparados para o desempenho deste tipo de funções.

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