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2. Revisão da literatura

2.4. Risco de queda: fatores de risco, consequências e prevenção

A queda pode ser definida como “um evento não intencional que tem como resultado a mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo em relação à sua posição inicial” (Ferretti et al., 2013). Também Neto et al. (2017) concordam com a definição anterior, acrescentando que é um deslocamento não intencional, "sem correção em tempo hábil, sendo determinada por circunstâncias multifatoriais que compromentem a estabilidade."

Logicamente, um episódio de queda não ocorre só na terceira idade. Em todas as fases da vida caímos, ou por perda de equilíbrio, ou por distração, ou por sermos forçados a fazê-lo. No entanto, com os idosos uma queda pode trazer consequências graves que nos jovens são atenuadas pelo seu vigor. O mesmo acontece com a frequência com que as mesmas ocorrem. É notório o aumento de quedas em paralelo com o aumento da idade (Park, 2017).

Neste contexto, é importante apontar que, a cada ano, aproximadamente 28 a 35% dos idosos com idade igual ou superior a 65 anos caem, subindo para 32 a 42% os idosos com mais de 70 anos, progredindo para 51% das pessoas idosas com mais de 85 anos (Smith et al., 2017; World Health Organization, 2007). Dando relevância a estas percentagens, um idoso que tenha duas ou mais quedas num ano predispõe-se mais facilmente a sofrer

doenças, ao declínio de capacidades e à perda de independência (Beorlegui et al., 2017).

De acordo com Park (2017), as alterações "físicas, percetivas e cognitivas" decorrentes do envelhecimento e agregadas aos ambientes inadequados de segurança dos idosos constituem uma causa visível das quedas.

Como resultado desta situação, a literatura refere que, adotando medidas de prevenção, a incidência de quedas pode diminuir consideravelmente, repercutindo-se em menos gastos com a saúde pública. Consequentemente, é necessário conhecer e avaliar os fatores de risco (intrínsecos e extrínsecos) para assim intervir adequadamente na prevenção das quedas e nos impactos que daí advêm tanto emocionais como físicos (Beorlegui et al., 2017).

2.4.1. Fatores de risco de queda

As causas das quedas podem ser categorizadas como intrínsecas devido às alterações que advêm do envelhecimento ou aos efeitos colaterais de fármacos, bem como extrínsecas devido a condicionantes sociais e ambientais (Lopes et al., 2007; Novaes et al., 2009).

Na perspetiva da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2008) existem outros fatores de risco, para além dos instrínsecos e extrínsecos, sendo eles fatores comportamentais ou de exposição ao risco. Assim, Almeida et al. (2012) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2008) reconhecem como:

Fatores de risco intrínsecos

 Historial prévio de quedas;

 Aumento da idade;

 Género feminino;

 Condição clínica / doenças;

 Distúrbios da marcha e equilíbrio;

 Diminuição de força e resistência muscular;

 Sedentarismo;

 Alterações músculo-esqueléticas;

 Estado psicológico / depressão;

 Má nutrição;  Declínio cognitivo;  Insuficiência visual;  Deficiência auditiva;  Doenças ortopédicas;  Declínio funcional;  Falta de autonomia. Fatores de risco extrínsecos

Os riscos ambientais são a causa de aproximadamente 50% das quedas nos idosos, tais como:

 Via pública em mau estado de conservação;

 Declives acentuados em ruas e passeios;

 Iluminação precária;

 Degradação estrutural das habitações;

 Espaços exíguos;

 Pavimentos irregulares e escorregadios ou tapetes soltos;

 Ausência de corrimãos com degraus estreitos ou altos;

 Posição de prateleiras muito altas ou muito baixas;

 Vestuário e sapatos inadequados;

 Obstáculos nos percursos;

Fatores de risco comportamentais: exposição ao risco

Os comportamentos dos idosos estão interligados ao risco de queda. Assim sendo, os idosos inativos estão mais propensos à queda devido ao sedentarismo que os torna frágeis e dependentes. Já os idosos fisicamente mais ativos, também se encontram com a mesma propensão devido à sua exposição ao risco.

2.4.2. Consequências da queda

Farinatti e Monteiro (2008, p. 110) afirmam que "cair faz parte da vida", a grande questão que se impõe são as consequências que esta situação representa para a população idosa, podendo o idoso ficar afetado tanto física como psicologicamente, facto que, por sua vez, influencia negativamente a autonomia e a qualidade de vida.

As consequências das quedas são diversas, assim como a perceção desta situação nos diferentes géneros (Gasparotto et al., 2014). Gasparotto e Santos (2012) referem que as mulheres se preocupam mais quando a queda afeta a realização de tarefas domésticas, ao invés, os homens focam-se mais na incapacidade de se deslocarem em meios externos.

Constata-se que não é só a queda que causa dano no idoso, as pessoas envolventes mais próximas, como os familiares facilitam e aumentam a dependência e a perda de funcionalidade, impedindo os idosos de realizarem as AVD's através de atos cautelosos, com o intuito de que a queda não se repita (Gasparotto et al., 2014).

As quedas em idades avançadas são prejudiciais, elas acarretam algumas consequências por vezes devastadoras que podem mesmo provocar a morte. Novaes et al. (2009) indicam que com uma queda podem ocorrer fraturas, cortes, traumatismos cranianos, depressão e medo de cair (ptofobia).

2.4.3. Prevenção do risco de queda

Como diz o povo, "prevenir é o melhor remédio", "mais vale prevenir que remediar". Atendendo a estas expressões, o número de quedas entre os idosos poderia ser reduzido com medidas preventivas, das quais se destacam mais e melhores informações à população geriátrica sobre os fatores de risco, envolvimento em programas de atividade física que proporcionem a manutenção da capacidade funcional, física e o bem-estar do idoso, assim como a melhoria de infraestruturas privadas e públicas (Farinatti et al., 2013).

Na atualidade, apercebemo-nos de que a faixa etária da terceira idade, em detrimento das demais, ocupa um espaço distinto e nos traz um sentimento de maior preocupação em criar novas tecnologias e inovações disponíveis aos profissionais para, assim, estes poderem intervir corretamente com o idoso neste processo de envelhecimento, prevenindo males maiores, ou seja, torna- se imperativo encontrar potenciais estratégias preventivas afim de diminuir a incidência da queda (Cunha, 2011; Faria Junior & Ribeiro, 1995).

A capacidade de identificar idosos com maior risco de queda e aparentemente assintomáticos antes de experimentem uma queda, seria essencial para uma prevenção mais eficaz (Bhatt et al., 2011; Voermans et al., 2007).

Muitos são os diagnósticos de queda, no entanto, alguns são subestimados, sendo analisados como ocorrências referentes ao processo natural de envelhecimento. Outros nem relatados são, não dando importância à causa do acidente (Farinatti & Monteiro, 2008). Devemos, portanto, ter em atenção estes diagnósticos e a realidade dos acontecimentos, incentivando o idoso a relatá-los no intuito de haver uma melhor prevenção.

Farinatti e Monteiro (2008, p. 113) consideram que as quedas são um problema colossal de saúde pública, propondo intervenções de "abordagem multiprofissional" com o propósito de diminuir consideravelmente o número de incidências de queda através de programas de AF/EF.

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