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Fonte: Elaborado pela autora.

No Mapa 12, observa-se vulnerabilidade muito alta e alta, quanto aos ricos geomorfológicos, localizados nas áreas que contornam a Serra Azul e o morro de maior porte (Morro 01). Verificam-se também áreas de vulnerabilidade alta que se situam sobre morros de menor porte.

Importante ressaltar ainda que os tipos solos encontrados na área urbana de Barra do Garças - MT são, em sua maioria, vermelho-amarelo podzolico e, em menores proporções, o latossolo vermelho-escuro, o cambissolo, o litólico e areias quartzosas (SILVA et al, 2014). E, segundo Florenzano (2008), os três primeiros solos citados são classificados respectivamente como de fragilidade média, muito fraca, forte; já os dois últimos possuiriam fragilidade muito forte.

167 Esses solos de fragilidade muito forte se localizam justamente na Serra Azul (solo litólico) e na extensão da BR-158, que ladeia o Morro 01 (areias quartzosas). Tal fragilidade se torna um elemento potencializador para o aumento da vulnerabilidade ambiental desses locais.

Relatam-se, abaixo, registros mais relevantes sobre as áreas que apresentam vulnerabilidade muito alta e alta quanto aos riscos geomorfológicos.

Na área 9, pertencente ao bairro Jardim Pitaluga, constatam-se diversas interferências antrópicas na região como: desmatamento, queimadas, enrocamentos para conter movimentos de terras na base de taludes (Figura 43), muro de arrimos improvisados em encostas de morros, corte em encostas de morros com alta declividade dos taludes, bem como a presença de instabilidade de taludes. De acordo com Colturato (2013), na porção norte do bairro, próxima à Serra Azul, moradores relatam ter presenciado mais de uma vez eventos relacionados à movimentação de massa, como queda de blocos, sendo um desses fatos ocorrido no final de 2012. Nesse fenômeno, um bloco de grande proporção atingiu a parede de uma casa (Figura 44).

Já na porção sul do bairro, próximo ao Morro 01, há riscos de deslizamento de terra, devido à grande declividade do terreno e dos ângulos de cortes das encostas serem muito íngremes. As Figuras 45 e 46 demonstram, respectivamente, o fundo de uma edificação comercial que, por diversas vezes, foi atingida por deslizamento de terra e ângulo agudo em corte de encosta ao fundo de uma edificação.

Figura 43 – Enrocamento de terreno na encosta Figura 44 – Bloco de rocha invade residência

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Figura 45 – Movimento de terra ao Figura 46 – Encosta com alto declive

fundo de uma edificação comercial Fonte: Foto da autora (2015). Fonte: Colturato (2013).

Assim como no bairro Jardim Pitaluga, as edificações que estão na encosta da Serra Azul dos bairros Jardim Araguaia, Jardim Amazônia, Vila Serrinha e Santa Rosa também são assoladas por riscos advindos de queda de blocos que se desprendem das escarpas de formação arenítica da Serra Azul (Figuras 47 e 48). De acordo com Colturato e Penteado (2013), no bairro Jardim Amazônia há o relato de queda de blocos ocorrida no início dos anos 90. Essa queda destruiu a cozinha de uma residência, mas não vitimou pessoas pelo fato de os moradores não estarem presentes no cômodo afetado no momento da queda. Outros relatos semelhantes são comuns nesses bairros.

Figura 47– Blocos rochosos desprendidos no Figura 48 – Blocos rochosos desprendidos no bairro

Jardim Amazônia. Fonte: Foto da autora (2015). no bairro Santa Rosa. Fonte: Foto da autora (2015).

A área 08, pertencente ao Jardim Rodrigues e Loteamento Lacerda, é um lugar com sérios riscos de deslizamentos, uma vez que possui muitas feições indicativas de processos de movimentação de massa (Figura 49 e 50). Na ocupação do bairro, os

169 moradores foram realizando cortes, sem as devidas orientações técnicas. Há a presença de feições de instabilidade, cicatrizes de movimentos, rachaduras nas edificações e sinais de desgaste. Os excedentes dos cortes são utilizados no aterro, juntamente com materiais impróprios para essa finalidade, sendo que a inclinação dos lotes em sua maioria é superior a 40o (Figura 51).

Figura 49 – Lote com alto declive propenso a deslizamentos Figura 50 – Terreno com feições

indicativas de movimentação de massa Figura 51 – Residência em terreno bastante inclinado Fonte: Fotos da autora (2015).

A maioria das edificações foi construída em alvenaria, porém, existem algumas casas construídas com material de madeira, metálica e outros, e isso potencializa a vulnerabilidade das pessoas que ali se encontram (Figura 52). Muitos moradores não têm condições ou informações suficientes para realização de métodos de contenção, e improvisam com seus próprios métodos. (Figura 53)

Figura 52 – Edificação com materiais Figura 53 – Método de contenção improvisado improvisados Fonte: Foto da autora (2015). Fonte: Colturato (2013).

A presença de terrenos com declividade acima de 10%, áreas de instabilidade e sem cobertura vegetal e ocorrências de movimentação de massa também são

170 características presentes nos demais bairros como Alto da Boa Vista (Figura 54), Vila Serrinha – área central (Figura 55), e Bairro União (56 e 57).

Figura 54 – Alto da Boa Vista Figura 55 – Edificações naVila Serrinha

Fonte: Foto da autora (2015). Fonte: Foto da autora (2015).

Figura 56 – Bairro União Figura 57 – Bairro União

Fonte: Foto da autora (2015). Fonte: Foto da autora (2015).

A falta de planejamento urbano, aliada à exclusão social, induz um grande contingente populacional a implantar suas moradias em locais que não reúnem as mínimas condições de segurança. Os aspectos relacionados à ação antrópica aliado aos fenômenos naturais resultam em uma série de riscos geomorfológicos. Esse é o contexto das áreas demarcadas nesses onze bairros de Barra do Garças – MT.

4.2.2 Riscos à Inundação

A vulnerabilidade ambiental, quanto às inundações, foi analisada a partir de um mapa que representasse a extensão espacial dos eventos de inundação, considerando a frequência dos mesmos.

171 A partir de imagens do radar SRTM com resolução de 90 m, foi feita a extração das curvas de nível a cada 2,5m e da rede de drenagem, bem como geração de grade triangular para identificar as cotas de altitude. Posteriormente, foi feita a reclassificação das manchas de inundação de acordo com as cotas preestabelecidas. Essas cotas foram delineadas a partir de análise da série histórica de cotas máximas atingidas pelo rio, considerando a frequência que as mesmas ocorriam. (Mapa 13)

As cotas máximas analisadas se referem à estação fluviométrica 27400, localizada logo após o encontro do Rio das Garças e Araguaia. É importante ressaltar que, na área de estudo, somente essa estação coleta dados referentes às cotas máximas. Dessa forma, para elaboração do Mapa 13, foi necessário fazer uma extrapolação das manchas de inundação à montante da estação 27400.

Salienta-se que, para obtenção de manchas de inundação mais precisas acima do encontro das águas, seria necessária a existência de dados de cotas máximas, o que não foi possível tendo em vista que as estações existentes nesses locais não coletam esses dados.