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172 As áreas expostas ao risco de inundações variam de acordo com a frequência de ocorrência de um evento em determinada área de extensão. Demonstram-se, no mapa, as áreas de vulnerabilidade muito alta, as quais possuem frequência de inundação anual e correspondem a pequenas extensões: aproximadamente 1,58km², o que equivale a 0,5% da área total estudada. Essas áreas se localizam, em sua maioria, às margens do Rio Araguaia, principalmente após o encontro de suas águas com o rio das Garças.

Quanto às áreas de vulnerabilidade alta, observa-se que possuem frequência de 1 a 2 anos e não correspondem a áreas de grande extensão. Possuem apenas 3,19 km², o que corresponde a 1% da área estudada.

Situam-se, nessas duas manchas de inundação, as áreas à beira-rio, após o encontro das águas dos rios Garças e Araguaia. As Figuras 58, 59 e 60 mostram a evolução da cheia do rio. A Figura 58 mostra o rio Araguaia em seu leito menor; a Figura 59 apresenta o rio com cota caracterizada como de vulnerabilidade muito alta (cheia de março de 2015) e a Figura 60 demonstra o rio com cota em faixa de vulnerabilidade alta. Constata-se que, apesar da alta frequência em que ocorrem essas inundações, os danos à população não são tão significativos, tendo em vista que elas atingem áreas pouco ocupadas.

Figura 58 – Rio Araguaia em seu leito menor – julho de 2014

Fonte: Foto da autora

Figura 59 - Cheia do Araguaia – mar 2015 Figura 60 – Cheia do Araguaia – mar 2011

173 Em relação à categoria anterior, as áreas incluídas na classe de vulnerabilidade média possuem extensão de 7,66 km², o que corresponde a 2,41% da área estudada; e possuem frequência de inundação de 2 a 10 anos. Essas áreas se encontram mais ocupadas por edificações e, portanto, os prejuízos à população geralmente são mais significativos quando ocorrem eventos de grande pluviosidade. As Figuras 61 e 62 exemplificam a cheia do rio nessa mancha de inundação, ocorrida em 1997.

Figura 61 – Cheia do Rio Araguaia em 1997 Fonte: Foto da autora

Figura 62 – Cheia do rio Araguaia em 1997

Fonte: Foto da autora

Já a área de vulnerabilidade baixa, com frequência de 24 anos, possui 11,18 km² de extensão relativos a 3,52% da área.

Ressalta-se que o restante da área da área, em estudo, foi caracterizado como de vulnerabilidade muito baixa.

Concluindo sobre a temática de vulnerabilidade ambiental – quanto aos riscos geomorfológicos e de inundação – como se sabe, fenômenos climáticos podem causar muitos desastres quando ocorrem em áreas de risco. Isso porque é comum constatar a presença de ocupações indevidas por habitações e outros usos antrópicos,

174 principalmente em superfícies com grande declividade, locais relativamente propensos a movimentações de massa, ou próximas a canais fluviais.

É certo que a legislação vigente busca proteger as áreas de preservação permanente a fim de impedir a degradação dessas áreas de grande relevância ambiental, mas, ao mesmo tempo, coíbe a ocupação dessas áreas para que também sejam minimizados os riscos de prejuízos socioambientais decorrentes de inundações, deslizamentos ou outros tipos de movimentações de massa, que quase sempre importam em fatalidades.

Dessa forma, é muito importante que o Poder Público fiscalize o cumprimento das restrições estabelecidas no Código Florestal, sob pena de ser considerado conivente com as ocupações irregulares em áreas de preservação permanente e, consequentemente, corresponsável por eventuais tragédias, envolvendo fenômenos climáticos.

Para tanto, ações de conscientização, além de políticas ambientais e parcerias com o setor privado, devem ser implementadas juntamente outras políticas públicas, principalmente em âmbito municipal com objetivo de proteger os locais fragilizados e impedindo que sejam apropriados indevidamente.

Embora os fenômenos climáticos sejam praticamente inevitáveis, é de fundamental importância que medidas preventivas de proteção e controle de áreas propensas a inundações e movimentações de massa sejam efetuadas. Nesse sentido, não basta apenas cumprir o Código Florestal ou, o que é pior, não cumpri-lo e sequer adotar essas políticas públicas necessárias à preservação de áreas de preservação permanente.

O que se deve priorizar, nos dias de hoje, é a conscientização da população para o cumprimento da legislação, bem como para que ajam em conjunto com o setor público para a proteção do meio ambiente que, sem dúvidas, é o maior bem comum.

175 4.3 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

A sobreposição dos mapas, produzidos com apoio no Índice de Vulnerabilidade Social e os mapas de riscos geomorfológicos e de vulnerabilidade à inundação, possibilitou a identificação e localização dos espaços onde ocorrem coincidências de riscos e vulnerabilidades – sociais e ambientais – representados graficamente pelo Mapa de Vulnerabilidade Socioambiental.

Com base no Mapa 14, a ser apresentado posteriormente, é possível visualizar os níveis muito baixo, baixo, médio e alto da vulnerabilidade socioambiental na área de estudo e como ela se distribui.

A população exposta ao nível alto se encontra às margens dos rios Araguaia e Garças e próximo à Serra Azul. Nesses locais, mesmo havendo vulnerabilidade social baixa, os moradores estão submetidos à exposição física e a fenômenos naturais potencializados pela ação humana, como é o caso das inundações e dos riscos geomorfológicos.

Como pode ser observado, no Gráfico 07, 29 setores censitários estão expostos à vulnerabilidade socioambiental alta, o que corresponde a 26,13% de todos os setores, o que é uma porcentagem relativamente baixa.

Quando se analisa cada cidade separadamente, Aragarças - GO possui 7 setores censitários com nível alto, o que corresponde a 25,93% de todos seus setores censitários analisados na área urbana; Barra do Garças – MT possui 17 setores censitários com nível alto, relativos a 21,79% dos seus setores. Já Pontal do Araguaia possui a maior porcentagem – 83,33%, relativos a 5 dos 6 setores censitários analisados.

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Gráfico 7 – Porcentagem de setores censitários com vulnerabilidade socioambiental alta

Fonte: Elaborado pela autora.

Salienta-se que foram contabilizados, nesse gráfico, os setores censitários que apresentaram, em algum ponto, locais com índice de vulnerabilidade socioambiental alto. Isso significa que tais locais não ocupam todo o setor censitário, mas sim áreas pontuais, expostas a algum risco ambiental (cf Mapa 14). Portanto, na cidade de Pontal do Araguaia - MT, mesmo apresentando uma alta porcentagem de setores censitários com índice de vulnerabilidade socioambiental alto, essas áreas correspondem a locais específicos às margens do Rio Garças ou Araguaia.

Importante ressaltar que a escala dos setores censitários não apresenta maior detalhamento, pois abrange áreas heterogêneas. Contudo, o intento, neste trabalho, é fazer a associação entre elementos naturais e sociais, verificando quais setores censitários possuem menor capacidade de resposta diante de eventos extremos, ou seja, configuram contextos socioambientais mais vulneráveis.

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