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Ritos dos procedimentos administrativos definidos pela CVM: ordinário e

2. OS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS SANCIONADORES JULGADOS PELA

2.3 Ritos dos procedimentos administrativos definidos pela CVM: ordinário e

Existem dois tipos de rito, sendo o ordinário e o sumário. O rito ordinário é disposto na deliberação da CVM 538/08 (Figura 1), e o rito sumário é regulamentado pela Instrução CVM 545/14.

34 A deliberação 538/08 da CVM regulamenta as fases do processo administrativo sancionador ordinário instaurado pela CVM (ressalvado o art. 6º e 40 º que também valem para o rito sumário); a Lei nº 6.385/76 dispõe no art. 9º, incisos V, VI e § 2º, respectivamente, que compete a CVM apurar, mediante processo administrativo, atos ilegais e práticas não equitativas de administradores, membros do conselho fiscal e acionistas de companhias abertas, dos intermediários e dos demais participantes do mercado; tal como no inciso VI, aplicar penalidades aos autores das infrações sem prejuízo da responsabilidade civil ou penal. Portanto, a Lei 6.385/76 dispõe de forma geral sobre a competência da CVM de apurar os processos administrativos sancionadores, e a deliberação 538/08 detalha como são as fases do processo administrativo sancionador ordinário.

Adentrando na deliberação 538/08, o rito ordinário é composto de duas fases, sendo a primeira do inquérito administrativo, e a segunda do processo administrativo.

A primeira fase, do inquérito administrativo, é uma etapa investigativa, em que será assegurado o sigilo necessário à elucidação dos fatos. Nela, a Superintendência de Processos Sancionadores (SPS) e a Procuradoria Federal Especializada (PFE) têm 90 dias para elaborar o relatório com os fatos investigativos, materialidade das infrações e levantar a autoria (art. 6º), podendo esta fase ser prorrogada para um período adequado para conclusão das investigações. Poderá nesta fase o acusado ser intimado para prestar esclarecimentos. É importante dizer que a fase do inquérito pode ser dispensada se houver os elementos concretos da ilicitude e conclusivos, neste caso já se iniciará a fase do processo administrativo.

Após os 90 dias, o inquérito poderá ser arquivado, caso haja provas iniciar- se-á a fase do processo administrativo, em que a Coordenação de Controle de Processos Administrativos (CCP) intimará o acusado para apresentar sua defesa. A defesa deve ser apresentada no prazo de 30 dias.

Realizada a defesa por escrito, será sorteado um diretor do Colegiado, que decidirá sobre a produção de provas. O Colegiado é formado por no mínimo 3 (três) membros, incluindo o presidente da CVM; na ausência do presidente qualquer diretor poderá substituí-lo em caráter definitivo. Dispõe o art. 6º da Lei 6.385/76, que a CVM será administrada por um presidente e quatro diretores, nomeados pelo

35 Presidente da República, depois de aprovados pelo Senado Federal, dentre pessoas de ilibada reputação e reconhecida competência em matéria de mercado de capitais. Encerrada a produção de provas, o processo é levado a julgamento em sessão pública. Nessa fase, o acusado terá 15 minutos para realizar a defesa oral. Cabe ao presidente da sessão o voto de desempate. Da decisão do Colegiado cabe recurso com efeito suspensivo ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), no prazo de 30 dias da publicação da decisão. O CRSFN é composto por por 8 (oito) conselheiros, com mandato de dois anos (Decreto Presidencial n. 1.935/96). Não haverá recursos da decisão do CRSFN, exceto sanar contradição ou erro material.

A Figura 1 apresenta o fluxograma sobre o rito ordinário, com base na Instrução CVM 538/08.

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FIGURA 1 – Fluxograma do Procedimento Ordinário, com base na deliberação

538/08 da CVM. PROCESSO ORDINÁRIO

(538/08 CVM)

INQUÉRITO ADMINISTRATIVO ELABORAÇÃO DO TERMO DE INSTAURADO PELA SUP. GERAL ACUSAÇÃO POR QUALQUER SUP.

RELATÓRIO INVESTIGATIVO INSTAURAÇÃO DO PROCESSO CONDUZIDO PELA SPS / PFE ADMINISTRATIVO

RELATÓRIO ENVIADO PARA PFE EMITE PARECER NO SG PRAZO DE 30 DIAS

ACUSADO INTIMADO PARA APRESENTAR DEFESA EM 30 DIAS

TERMO DE COMPROMISSO PROC SUSPENSO

SORTEIO DO DIRETOR RELATOR SPG JULGA EM 90 DIAS

PRODUÇÃO DE PROVAS

SEM PROVAS ARQUIVA (AMBAS AS PARTES)

37 JULGAMENTO EM SESSÃO PÚBLICA

DEFESA ORAL 15 MINUTOS

DECISÃO DO COLEGIADO

RECURSO COM EFEITO SUSPENSIVO

CONSELHO DE RECURSOS

Fonte: Elaboração própria

O rito sumário é regulamentado pela Instrução CVM 545/14, uma instrução com publicação recente, que se caracteriza especificamente quando se tratar de infrações de natureza objetiva, ou seja, principalmente aquelas relacionadas à apresentação de informações periódicas dentro do prazo para os órgãos reguladores.

Ressalta-se que este trabalho não abrangerá os processos sancionadores do rito sumário, pois são situações extremamente objetivas, um ato formal e cotidiano da competência de cada área da empresa em apresentar relatórios dentro do prazo legal. No entanto, quando estão relacionados a fatos pontuais e excepcionais, como a necessidade de publicação de um fato relevante ou apresentação de documentos necessários ao exercício de direito de voto nas assembleias gerais, serão apurados no processo administrativo sancionador ordinário na forma estabelecida em lei ou norma específica.

Abaixo constam as hipóteses classificadas de natureza objetiva, nesta instrução CVM 545/14, do processo administrativo sancionador sumário:

I – os administradores de carteiras de valores mobiliários deixarem de observar os prazos de apresentação de informações periódicas previstos na norma que dispõe sobre a administração de carteiras de valores mobiliários;

38 II – Os administradores deixarem de observar os prazos de apresentação de informações periódicas sobre o registro de sociedades beneficiárias de recursos oriundos de incentivos fiscais, ressalvada a hipótese de comunicação sobre ato ou fato relevante, na forma estabelecida em norma específica; e

III – os administradores de emissores de valores mobiliários, o representante legal do emissor estrangeiro e, quando for o caso, o liquidante, o administrador judicial, o gestor judicial, o interventor ou figura semelhante, deixarem de observar os prazos de apresentação de informações periódicas e eventuais previstos na norma que dispõe sobre o registro de emissores de valores mobiliários admitidos à negociação em mercados regulamentados de valores mobiliários. IV – o agente fiduciário deixar de elaborar relatório destinado aos debenturistas;

V – o auditor independente deixar de observar os prazos, previstos na norma que dispõe sobre o registro e o exercício da atividade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores mobiliários, de:

a) apresentação de informações periódicas e eventuais; e b) comunicação à CVM de irregularidade relevante.

Estes são alguns incisos dentre outros na instrução. É importante lembrar que a deliberação 538/08 da CVM regulamenta as fases do processo administrativo sancionador ordinário instaurado pela CVM, porém o art. 6º e 40º também é aplicado para o rito sumário. O art. 6º fala sobre a elaboração do relatório pela SPS e pela PFE, devendo constar nele I – nome e qualificação dos acusados; II – narrativa dos fatos investigados que demonstre a materialidade das infrações apuradas; III – análise de autoria das infrações apuradas, contendo a individualização da conduta dos acusados, fazendo-se remissão expressa às provas que demonstrem sua participação nas infrações apuradas; IV – os dispositivos legais ou regulamentares infringidos; e V – proposta de comunicação a ao Ministério Público. O art. 40º, por sua vez, dispõe que a comunicação dos atos e termos processuais far-se-á mediante publicação no Diário Oficial da União. Lembrando que não será adotado o rito sumário em caso de reincidência específica.

39 A Figura 2 apresenta o fluxograma sobre o rito sumário, com base na Instrução CVM 545/14.

FIGURA 2 – Fluxograma do Procedimento Sumário, com base na Instrução CVM

545/14. PROCESSO SUMÁRIO (545/14 CVM)

INSTAURADO PELA SUPERINDENTEDÊNCIA DO MÉRITO DO PROCESSO

INTIMAÇÃO DO ACUSADO

15 DIAS PARA DEFESA

SUPERINTENDÊNCIA TEM 30 DIAS PARA JULGAR

ARQUIVAR ADVERTÊNCIA MULTA DE ATÉ R$100.000,00

PRAZO 15 DIAS PARA ENTRAR COM RECURSO COM EFEITO SUSPENSIVO AO COLEGIADO

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