• Nenhum resultado encontrado

Este documento apresenta uma síntese do projeto de pesquisa para a elaboração da tese de doutorado ―Alcances e Limites da Administração do Estado da Bahia para o

Desenvolvimento”, que pretende identificar as condições do Governo da Bahia para a

promoção do desenvolvimento no campo social, considerando o planejamento como instrumento norteador das ações públicas, ao longo do período 2000 / 2012.

A pesquisa será conduzida sob a ótica da Administração Política, que analisa a forma pela qual o Estado se organiza e se estrutura para gerir o processo de relações sociais (produção, circulação e distribuição). A Administração Política reconhece o Estado como ator relevante na cena social e econômica, que acolhe demandas de partidos políticos e grupos de pressão e que deve resolver questões cruciais. Compreende o Estado como gestor, dada sua incumbência de conceber e escolher os padrões de administração mais adequados ao processo de desenvolvimento social. O Estado é, também, executor, pois é um empreendedor relevante nos marcos do processo de reprodução capitalista, gerenciando os dois componentes da demanda: o consumo e o investimento.

Nesta perspectiva, serão abordadas as intervenções do Governo do Estado da Bahia no período 2000 / 2012 para analisar sua capacidade de promover o desenvolvimento social. Serão consideradas, de um lado, as amarras e limitações determinadas pela integração da Bahia de forma subordinada e dependente ao mercado internacional e à matriz produtiva brasileira. Por outro, admite-se que o planejamento estadual seja capaz de orientar as intervenções públicas relativas tanto ao dinamismo econômico da Bahia como à melhoria das condições sociais do Estado.

2 Tema e Contextualização

2.1 Sobre a intervenção pública

Consideramos que as intervenções públicas na Bahia (assim como a falta de ações governamentais) têm por base articulações políticas, alianças e acordos. Sob a perspectiva de cada membro, ou segmento organizado da sociedade, as políticas, programas e projetos do governo são cruciais, pois, ao sinalizar áreas prioritárias para a

alocação dos recursos públicos e realizar ações, consubstanciam tanto a lógica da reprodução do capital como, no contexto da democracia burguesa, atendem pleitos e interesses de grupos sociais.

Assim, a realidade do cotidiano das relações público/privadas revela a existência de uma ampla e variada gama de interesses defendidos por grupos diversos, localizados (ou não) na própria máquina institucional – tanto no que concerne ao vigor de sua temática, ao número de pessoas que mobilizam, quanto à força e perfil do capital que representam. Inclusive, parte das demandas é externa ao território baiano, visto que os países e unidades federadas não constituem ilhas.

Cabe destacar que existem vários condicionantes que restringem a autonomia relativa do Estado para implementar programas e projetos articulados e negociados com os vários grupos sociais. No caso brasileiro, o mecanismo de funcionamento do regime político-institucional vigente, denominado ―presidencialismo de coalizão‖, torna ainda mais complexa a questão da autonomia do Estado.

Nesta pesquisa, considera-se como padrão de intervenção da administração pública

estadual a síntese das articulações políticas do Governo que determina áreas prioritárias

para a alocação dos recursos públicos, materializadas em planos, programas, projetos e disposições institucionais.

2.2 Sobre o perfil das ações do Governo da Bahia

A literatura disponível relata que o planejamento estadual tem orientado as intervenções públicas relativas ao dinamismo econômico da Bahia e às condições sociais, regionais e ambientais integradas a esse movimento modernizante, tendo o Governo assumido um significativo protagonismo na dinâmica sócio-econômica da Bahia.

Nos últimos cinqüenta anos, os sucessivos planos de Governo buscam operacionalizar a crescente inserção do estado na dinâmica nacional e mundial, através da formulação, captação e internalização de programas, projetos estruturantes e recursos financeiros. Assim, a própria máquina estadual tem assumido e promovido ações que reforçam a importância no território baiano de uma lógica externa - com seus inerentes impactos locais - que conformam a subordinação e dependência do Estado ao mercado

internacional e à matriz produtiva brasileira, através de um modelo econômico exógeno e concentrador.

São vários os exemplos de que as ações do Governo estadual, como indutor e fomentador do processo de crescimento econômico (através do financiamento de projetos corporativos e viabilização de infraestrutura e programas de apoio), ampliam a concentração do poder econômico e as disparidades sociais e regionais. Além disso, a implantação de grandes projetos – especialmente em regiões relativamente mais carentes – deflagra um ciclo vicioso de degradação social, urbana e ambiental.

Sob esta perspectiva, a Bahia apresenta dois traços marcantes.

De um lado, uma participação estável na economia brasileira. A mobilização dos órgãos estaduais buscando a modernização e a integração de suas atividades econômicas às oportunidades de mercado, ao longo dos últimos trinta anos, tem proporcionado à Bahia uma participação no contexto nacional de 4% a 4,5% do PIB e da corrente de comercio internacional (exportações mais importações). Não há dúvidas que tal desempenho resultou das estratégias econômicas das grandes empresas aqui instaladas, bem como do aporte de recursos federais e estaduais.

Por outro, diferentemente da esfera econômica, as ações de Política Social na Bahia, apesar de sua urgência e relevância, têm resultado no lento processo de melhoria de seus indicadores sociais. Além disso, os fatos institucionais marcantes neste campo são estanques e espasmódicos, como demonstram a criação, há décadas, de órgãos e fundos específicos, como por exemplo, a Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social – SETRABES, em 1966; e, posteriormente, a Secretaria de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais - SECOMP e a institucionalização do Fundo Estadual de Combate à Pobreza – FUNCEP, em 2001.

3 Temática do Estudo

O tema a ser trabalhado é relativo à capacidade da gestão estadual em superar os obstáculos estruturais determinados pelo modelo econômico exógeno e concentrador vigente e que resulta na concentração econômica, nas desigualdades sociais e nas disparidades regionais conhecidas,

Considerando as competências institucionais do Estado, o Projeto de Pesquisa pretende contribuir para a melhor compreensão das ações governamentais no campo social a partir da análise da evolução de indicadores selecionados relativos à:

 oferta de infraestrutura social (saneamento, energia, moradia, mobilidade, comunicações);

 ações de proteção e promoção social;

 projetos estruturantes sócio-econômicos que, simultaneamente, sejam viáveis e possuam potencial de caráter emancipatório.

4 Pressupostos (suposições prévias)

 A maior e melhor oferta de bens e serviços sociais públicos representam o efetivo alcance da intervenção pública estadual, dentro de suas esferas de autonomia. Tais ações concretizam a ruptura (ou a redução) do círculo vicioso do atraso, da pobreza e do aumento das disparidades sociais, bem como a possibilitam a alteração do quadro social existente.

 Os campos institucional, político e econômico determinam limites para a ação pública estadual. A lógica dos programas federais e dos projetos corporativos e a força dos interesses privados (locais, nacionais e estrangeiros) que atuam em seu território reduzem a possibilidade de um padrão autônomo de desenvolvimento social.

 O planejamento estadual é capaz de orientar as intervenções públicas relativas tanto ao dinamismo econômico da Bahia como à melhoria das condições sociais do Estado.

 As Políticas Sociais podem ser prioritárias, com o Governo da Bahia protagonizando ações com o apoio de programas e recursos financeiros de órgãos federais e entidades internacionais.

5 Propósitos da pesquisa

Questão da pesquisa:

Considerando as conseqüências da integração subordinada ao mercado, será a gestão estadual capaz de conceber um novo padrão de intervenção que estabeleça a Política

Social como centro das ações públicas estaduais de forma a proporcionar melhorias efetivas no campo social?

Objetivo Geral

Identificar e compreender os elementos que conformam o padrão de intervenção do Governo da Bahia, implementado no período 2000 / 2012, no campo social (ações de proteção e promoção social da população baiana) e na esfera econômica (condições propícias à expansão da acumulação capitalista em seu território).

Objetivos Específicos

Identificar os traços marcantes do contexto institucional, político e econômico relativos à intervenção (ou da falta de ações) do Governo da Bahia no campo social;

Verificar o alcance efetivo das ações públicas relativas ao desenvolvimento social, retratado pela evolução de indicadores selecionados;

Observar as possibilidades de o Governo avançar naquelas áreas do campo social em que o Estado tem competências institucionais;

Identificar, com base na literatura existente, as conseqüências econômicas e sociais da integração subordinada da Bahia ao mercado internacional e à matriz produtiva brasileira.

6 Questões para os entrevistados:

1 Qual a sua concepção de desenvolvimento?

De acordo com esta concepção, como você percebe a situação atual da Bahia? 2 Na sua visão, o Governo da Bahia tem um modelo/padrão de atuação claro?

3 Comente sobre o protagonismo do Governo da Bahia no campo social e o alcance de suas ações no sentido de promover o desenvolvimento estadual.

4 Discuta os entraves enfrentados pelo Governo estadual para promover o desenvolvimento social.