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NA SUA VISÃO, O GOVERNO DA BAHIA TEM UM MODELO/PADRÃO DE ATUAÇÃO CLARO?

III. SIGNO Fonte: Sistema semiológico segundo BARTHES, 2001, p

5- BAHIA ECONOMIA, PLANEJAMENTO, INTERVENÇÕES E INDICADORES SOCIAIS

5.2 COMENTÁRIOS DOS ESPECIALISTAS ENTREVISTADOS Procedimentos adotados:

5.2.2 NA SUA VISÃO, O GOVERNO DA BAHIA TEM UM MODELO/PADRÃO DE ATUAÇÃO CLARO?

Não tem. A Bahia carece de uma estratégia de desenvolvimento bem definida. Não basta a prestação dos denominados ―projetos prioritários‖, desarticulados de uma verdadeira estratégia. Não se pode promover o desenvolvimento de um estado de grande extensão territorial, que abriga três grandes biomas (mata atlântica, caatinga e cerrado) e apresenta um cenário socioeconômico e cultural tão diverso, através do emprego de um modelo já esgotado que permitiu a implantação do CIA e do COPEC. Entretanto, não se pode negar a importância e o mérito individual de projetos como o Porto Sul, a FIOL, a ponte Salvador-Itaparica e o Metrô. Mas fica evidente a falta articulação entre eles.

Não. O que se verifica é uma falta completa de estratégia e de um plano de governo. Infelizmente, no governo Wagner as ações são tomadas de forma isolada e casuística como se pode ver neste momento em relação às ações pontuais de combate a seca. Mesmo as obras de infraestrutura como a Ferrovia Oeste-Leste, o Porto Sul tem sua concepção em base aos interesses de curto prazo, sem qualquer estratégia de longo prazo.

A máquina pública baiana é ineficiente; mantém relações promíscuas com o setor privado e com ONG´s em busca de resultados. Vivencia sempre uma crise de execução e não consegue gastar corretamente (seja pelos objetivos definidos ou pelos trâmites legais). Observa-se, também no ambiente das relações público/privadas a forte influência das amizades, do paternalismo e do corporativismo, além da questão da corrupção.

A distribuição das diversas Secretarias de Estado pelos partidos políticos da base aliada, considerada importante para o exercício e manutenção do poder, cria um ambiente de conflito de interesses entre o que cada grupo político deseja e o que poderia advir de um planejamento que objetivasse a otimização dos benefícios sociais, por exemplo. Tudo isso faz com que o modelo de atuação, se existe, não se configure como claro.

O padrão é a contratação e a subcontratação dos serviços, buscando obter resultados. A possibilidade de um maior protagonismo social só será possível com mudanças nas relações de poder; sendo a estrutura agrária parte relevante da estrutura social baiana e das relações de força entre os diversos grupos. Considerando o perfil concentrado das várias frações do capital aqui existente, as ações do Estado ―batem e voltam‖ nas estruturas, sem alterá-las. Por isso, a educação é fundamental para o processo de desenvolvimento.

A atuação do Governo da Bahia é guiada pela demanda política gerada pelas necessidades individuais dos governantes. Prevalece, de um lado, o desejo dos políticos na preservação e do exercício do poder, e do outro, as limitações orçamentárias para realização de investimentos em obras de infraestrutura, vez que parcelas substanciais dos recursos disponíveis têm sua alocação determinada pela Constituição Federal ou têm finalidade relacionada a programas federais (são ―carimbados‖). O que sobra dos tributos arrecadados, depois das parcelas compulsórias aplicadas em educação e saúde e o pagamento da previdência e dos salários dos servidores ativos e dos profissionais terceirizados, é insuficiente perante as necessidades de

novos investimentos públicos. Predomina a falta de motivação política, escassez de recursos ou a inexistência de projetos.

O padrão de atuação é casuístico, corresponde à ausência de uma política nacional que explicite com clareza os objetivos de um projeto nacional e ao notório esvaziamento dos órgãos de planejamento nacional e regional. O resultado é a visível atuação dos governos como pertencentes a Estados unitários, deixando a ―federação ao largo‖. Tal padrão implica em formas particulares de negociação e regulação – caso a caso, em uma atuação de varejo e a perda da noção do todo. Os Estados acabam acolhendo projetos privados internacionais, sempre não previstos.

Observa-se uma grande desarticulação decorrente do fato de que os dirigentes e técnicos da máquina estadual pensam e atuam considerando apenas seu próprio campo, apesar de se confrontarem com uma realidade complexa. Falta uma estrutura de governança para que as questões sociais e econômicas sejam pensadas e as ações realizadas de forma integrada. É fundamental que os diferentes temas sejam entendidos por todos, tenham significado comum, para que as ações sejam concebidas em conjunto, de maneira a permitir a inter-setorialidade e inter-disciplinariedade requeridas. A questão que se coloca é como as demandas setoriais dialogam com os planos de operação dos diversos órgãos públicos.

5.2.2.1 SOBRE A ATUAÇÃO DO GOVERNO DO ESTADO:

A gestão pública absorve os efeitos da questão política (número de Ministérios e de Secretarias) decorrente do ―presidencialismo de coalizão‖ que procura equacionar problemas não resolvidos no campo político.

Há ainda, a questão da privatização da máquina pública – o patrimonialismo, o sindicalismo – onde se ―esquecem as demandas sociais e a efetividade das políticas‖.

A necessidade de melhor controle para o acompanhamento/avaliação das políticas públicas – a herança da associação entre informações para o monitoramento das ações com controle, uma questão maldita; a maturidade da sociedade agora permite a discussão da transparência, do controle e da efetividade.

5.2.2.2 SOBRE O PLANEJAMENTO NA BAHIA

O planejamento deveria ter maior densidade isto é, deve ser maior do que a questão orçamentária, envolvendo gestão, regulamentação e controle para permitir que a máquina governamental perceba qual o tipo – e resultados – de política que se está praticando.

As dificuldades do planejamento impostas pela guerra fiscal, que reforça a importância dos impactos da globalização sobre a Bahia.

Os grandes empreendimentos do Estado surgiram à revelia do planejamento local – Pólo Petroquímico; Arena Fonte Nova; as modernas monoculturas (grãos; eucalipto) em oposição ao que era proposto, em sua época, pela CPE/FUNDAGRO.

5.2.3 COMENTE SOBRE O PROTAGONISMO DO GOVERNO DA BAHIA NO CAMPO