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O RUÍDO NA CIDADE DO P ORTO

5.2.1. INTRODUÇÃO

A gestão dos fatores ambientais, em contexto citadino, apresenta-se como um importante indicador de qualidade de vida urbana. A monitorização do ruído corresponde a uma responsabilidade do poder municipal, no cumprimento da regulamentação já existente nesse sentido, como já descrito no capítulo 2.4.

Antes da abordagem do trabalho de campo e dos procedimentos adotados, salienta-se a informação reportada pelo município em matéria de gestão de ruído, por forma a analisar o estado do ruído dentro

5.2.2. INFORMAÇÃO REPORTADA PELO MUNICÍPIO

Os mapas de ruído, elaborados e disponibilizados para consulta pública pelo poder local, apresentam- se como importantes ferramentas em matéria de planeamento e ordenamento do território bem como de gestão de ruído. Os mapas disponíveis atualmente para a cidade do Porto foram desenvolvidos em 2014 e têm como base os parâmetros e períodos do RGR2007, sendo que a versão anterior do mesmo

mapa remonta a 2009. Os mapas da Figura 41 reportam o ruído para o indicador diurno-entardecer- noturno (Lden), em 2009 e em 2014, que inclui os horários com níveis de ruído mais elevados.

2009

2014

Figura 41 - Mapas de ruído do concelho do Porto para o período diurno (7h-23h), de acordo com o RGR2007, em

2009 [114] e 2014 [115] 2.

No ano de 2009, a população residente em zonas de sobre-exposição (superior ou igual a 65 dB(A) correspondia a cerca de 62 000 indivíduos, o que equivalia a 23,7% da população [114]. A observação do mapa de ruído, elaborado 5 anos depois, permite constatar que existe um aumento geral do nível de ruído identificado durante este período, tendo-se extinguido as zonas cujo o valor é inferior a 45 dB(A), equivalentes a zonas não urbanas (zonas a verde). Este facto afetou principalmente as zonas do centro histórico e tradicional.

Os mapas da Figura 42 são referentes ao período noturno, que compreende o horário entre as 23 horas e as 7 horas, para os mesmos anos.

2009

2014

Figura 42 - Mapas de ruído do concelho do Porto para o período noturno (23h-7h), de acordo com o RGR 2007, em 2009 [114] e 2014 [115]. 3

Em relação ao período noturno, em 2009, cerca de 25,6% da população residente no concelho encontrava-se exposta a níveis de ruído que ultrapassavam o limiar estabelecido por lei durante este horário (igual ou superior a 55 dB(A)). No entanto, a observação do mapa de ruído, desenvolvido em 2014, permite identificar áreas em que os níveis de exposição ao ruído diminuíram, passando para níveis equivalentes a zonas rurais. Esta alteração verificou-se principalmente na zona ocidental e parte da zona oriental da cidade.

De modo geral, verifica-se a ultrapassagem dos valores-limite de exposição indicados no RGR2007, ao

nível das principais vias de circulação, comum aos dois per íodos horários, tanto em 2009 como em 2014. Em alguns pontos, estes valores chegam acima dos 70 dB(A), destacando-se pela negativa a VCI, via ao longo da qual existe um conjunto de equipamentos, como escolas, hospitais e áreas habitacionais.

5.2.3. CARACTERIZAÇÃO SONORA ATUAL

A caraterização sonora atual da cidade do Porto foi realizada, no contexto desta investigação, através da análise objetiva do ambiente de um conjunto de oito espaços públicos da cidade, descritos no subcapítulo que se segue (5.3).

O estudo foi realizado in situ através de medições de ruído segundo a NP ISO 1996:2011 “Descrição, medição e avaliação do ruído ambiente”. Esta Norma encontra-se dividida em duas partes: a primeira aborda as “Grandezas fundamentais e métodos de avaliação” [116] e a segunda a “Determinação dos níveis de pressão sonora” [117].

O objetivo desta norma é harmonizar e universalizar, a nível internacional, os procedimentos de descrição, medição e avaliação do ruído ambiental proveniente de todas as fontes que contribuam para a exposição total num dado local. A avaliação de longa duração da incomodidade provocada pelo ruído é feita pela adoção do nível sonoro contínuo equivalente corrigido, ponderado A, LAeq [116].

Para o estudo in situ da análise objetiva do ruído nos espaços públicos definidos, recorreu-se à utilização do seguinte equipamento:

 Sonómetro da marca 3M™, modelo SoundPro SE/DL (número de série BIH040002), classe 1, com microfone condensador tipo BK4936 para campo livre de ½ polegada (Figura 43) com proteção para o vento. Certificado de calibração válido até ao final de 2017 (ANEXO III).

 Tripé de fixação portátil, Hama Star 63, com adaptador, para posicionamento estático do sonómetro a uma altura fixa entre 1,2 a 1,5 m de altura do solo (Figura 44).

 Calibrador da marca 3M, modelo QC-10 (número de série QIE040073), classe 1, também com certificado de calibração válido até ao final de 2017 (ANEXO III).

Figura 43 – Sonómetro 3M, modelo SoundPro SE/DL, classe 1, com microfone [118].

Figura 44 – Tripé de fixação portátil Hama Star 63 [119].

Na presente investigação foram medidos os seguintes parâmetros de análise no conjunto de locais selecionados para o estudo: LAmínimo, LAmáximo, LA50, , LA95, e LAeq, com a constante de tempo em modo fast.

As medições de ruído foram realizadas no período diurno, entre as 7 e as 20 horas, consoante o horário mais compatível com o preenchimento de inquéritos, para cada local. Consideraram-se intervalos de medição de 10 minutos, procurando obter valores representativos dos parâmetros analisados no decorrer da recolha de dados através de questionários [120].

A recolha de dados decorreu entre maio e julho, sempre que as condições meteorológicas o permitiram. Como recomendado na Norma, este foi um fator considerado, não tendo sido feitas medições em dias com condições desfavoráveis, nomeadamente com precipitação e intensidade do vento superior a 5 m/s [117], como comprova o ANEXO IV. Os valores registados foram recolhidos no sítio do Instituto de Meteorologia, para a estação meteorológica Porto (Aeroporto). Tendo em conta a variabilidade de fatores que interferem na propagação do som, não se garante a exatidão destes valores, sendo essa variação pouco significativa no contexto da presente investigação.

Em cada medição, o sonómetro foi estabilizado e posicionado, através do tripé, a 1,3 m de altura em relação solo, e, sempre que possível, a pelo menos 3,5 m de distância de potenciais superfícies refletora e estrategicamente posicionado para não interferir com a movimentação dos frequentadores dos espaços.

Durante a recolha de dados, foram registados eventos sonoros atípicos que potencialmente pudessem interferir com os valores dos parâmetros registados, como por exemplo o sino da igreja ou a passagem de ambulância em emergência.

As medições de ruído foram realizadas em simultâneo com o preenchimento dos inquéritos, com a colaboração de um ajudante para vigia do equipamento. A adoção deste procedimento, permitiu corresponder, tanto quanto possível, as respostas subjetivas à exposição ao ruído a que os frequentadores dos espaços estão sujeitos.

De acordo com a normalização existente, no início e no fim de cada sessão de medições acústicas, o aparelho foi devidamente calibrado. A calibração é um procedimento essencial na utilização de equipamentos medidores de níveis sonoros, permitindo um ajuste da sensibilidade do sonómetro à pressão sonora.

Em cada local de estudo efetuou-se um registo fotográfico para descrição e documentação do trabalho de campo.

Os dados recolhidos utilizando o sonómetro foram posteriormente tratados através do programa QuestSuite Professional II, versão 5.0.2317.