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século xvii i século xix século xx total

foto 4 Rua Paraíso, atual Cipriano Barata

Data: século xix Fonte: amsb

crescimento urbano. A Foto 4 moIra a rua Paraíso, hoje Cipriano Barata, traçada nos terrenos que ficavam dentro da antiga cerca do MoIeiro.

Nos finais do século xix, as informações dão conta de que as terras de Francisco Afonso possuíam 367 terrenos foreiros. Entre os imóveis exiIentes neles, 27 casas pertenciam ao MoIeiro. Nas terras chamadas da Piedade, os terrenos foreiros eram 277 e os compreendidos na área de doação de Gabriel Soares, 473. Esses terrenos ocupavam em torno de vinte e nove ruas, compreendendo sítios e edificações importantes da Cidade, como: a praça da Piedade, o largo dos Aflitos, incluindo a Igreja, o largo do Accioli, ou 2 de Julho, incluindo, também, o Forte de São Pedro, espaço onde se localizavam o Passeio Público, a Casa de Residência do Governador e a fortaleza da Gambôa.

Outros dados interessantes foram conIatados pelas consultas aos livros de regiIro dos aluguéis do MoIeiro, especialmente o Códice 71 (amsb, 1866, 200fl.) e Códice 77 (amsb, 1898, 257fl.), que permitiram conhecer o número de imóveis com rendimento, por freguesia, e as mudanças dos locatários num período de três décadas.

Pôde ser verificada por outro lado que a proporção de homens e mu- lheres responsáveis pelos pagamentos dos aluguéis, sofreu uma mudança

áreas terrenos const.* ruas praças

São Bento** 1479 1435 69 08

Graça/ Barra 557 521 24 03

Rio Vermelho 125 80 06 02

Total 2161 2036 99 13

* Terrenos com construção existente.

** A área compreende os terrenos ainda existentes nas áreas de Francisco Afonso, Piedade, Gabriel Soares, Preguiça e Monserrate.

quadro 3 Terrenos, ruas e praças em áreas foreiras ao Mosteiro de São Bento considerável no período analisado. Em 1866, de um total de 83 locatários, 59 eram homens e 24 mulheres, já em 1896, de 88 locatários, 44 eram

homens e 44 mulheres. Nas áreas de maior ocupação, nas freguesias de São Pedro e Sé, observou-se que os imóveis contendo lojas eIabelecidas na área de São Pedro tinham como inquilinos os homens32. Já no caso

da Sé, a responsabilidade eIava dividida eqüitativamente entre homens e mulheres – na locação dos espaços deIinados aos negócios.

Nos regiIros, também se pode verificar que a maioria dos imóveis, sobretudo os sobrados, eram alugados integralmente, iIo é, a um único locatário. Em finais do século xix, entretanto, esses sobrados passaram a ser locados por partes. Como exemplo, cita-se um sobrado localizado

Defronte da Sé nº 22, no Terreiro de Jesus, alugado por Luis Nunes no

período de 1866–1869. Em 1898, esse mesmo imóvel era descrito como um sobrado com duas lojas, alugado a três pessoas, simultaneamente, com valores de aluguéis diferenciados entre os andares.

O patrimônio do MoIeiro chegou ao século xx em condições difíceis de serem mantidos. Assim, as primeiras décadas assinalaram perdas. O número de casas foi reduzido de 87, em 1898, para 34, em 1925. IIo se deveu, principalmente, às vendas de imóveis, praticadas pelo moIeiro, cujo período mais significativo foi entre os anos de 1909 a 1912, quando foram vendidas 45 casas. Dessas, 18 localizadas em São Pedro, 14 na Sé, uma no Passo, 7 em Santana e 5 na Preguiça. Já, a partir de 1928, foram comprados quatorze imóveis, todos praticamente ao redor do MoIeiro33. Entre os anos

de 1980 e 1996, o MoIeiro começou a inveIir no mercado imobiliário. Foram compradas cinco casas, todas localizadas ao lado de propriedades preexiIentes, pertencentes ao MoIeiro, para ampliar a área, como inveIi- mento em processo ou para possibilitar algum outro inveIimento.

Os Quadros 3 e 4 moIram o número de terrenos foreiros, nos anos de 1930, as conIruções neles exiIentes, tipos de edificação e sua localização, de acordo com os dados extraídos, principalmente, do Códice 347 (amsb, 1931, 423f.):

áreas const.* térreas sobrados

São Bento ** 1435 923 456

Graça/ Barra 521 327 169

Rio Vermelho 80 72 08

Total 2036 1322 633

* Terrenos com construção existente.

** A área compreende os terrenos ainda existentes nas áreas de Francisco Afonso, Piedade, Gabriel Soares, Preguiça e Monte Serrat.

quadro 4 Tipos de construções térreas e sobrados

em áreas foreiras ao Mosteiro de São Bento

O número de terrenos foreiros, na área de São Bento, dos meados para os finais do século XIX, girava em torno de 1.200. No século XX, como pode ser verificado nos Quadros 3 e 4, esse número passou para 1.479, ou seja, um aumento de 24%, aproximadamente. Isso se deveu, principal- mente, às consolidações do patrimônio, promovidas pelo MoIeiro, e ao reconhecimento da sua condição de senhorio, por parte dos ocupantes das propriedades.

Além do MoIeiro de São Bento, outras ordens religiosas possuíam grandes parcelas do território na Cidade, conIituídas, tanto pela su- perfície reservada para as suas próprias sedes, comportando os edifícios conventuais e outras áreas, geralmente arborizadas, quanto os terrenos foreiros e/ou imóveis de seu patrimônio. A Planta 3, permite a visualização da ocupação atual da área da cerca original do MoIeiro beneditino, da qual só reIaram aproximadamente 20% da dimensão inicial.

A situação do patrimônio de outros InIitutos Religiosos em meados do século XX foi apontada por Milton Santos (1959, p.117), que ressaltou a exiIência de uma grande extensão de terrenos, utilizados para uso próprio, bem como a posse de terrenos e imóveis.

O processo de formação do patrimônio de outras inIituições religiosas, ainda exiIentes, foi semelhante ao dos beneditinos. Acumularam proprie- dades, ao longo do tempo, fosse em terrenos, em bens móveis e imóveis, em maior ou menor quantidade. O eIudo desses patrimônios e suas transformações seria de grande importância para ajudar na compreensão das mudanças do território da cidade de Salvador.

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