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EA na zona rural no município de Patos

FIGURA Nº 2 DISTRIBUIÇÃO DOS REPRESENTANTES PELOS SETORES

4.2 EA na zona rural no município de Patos

As professoras e Osman Batista subsecretário de Educação do município de Patos, ao qual as professoras pertencem, solicitaram uma oficina ou curso com informações sobre EA. Em resposta, agendei uma pequena contribuição para ministrar uma oficina de teatro de bonecos e EA, que já venho trabalhando em outros espaços, porque senti que deveria dar essa contribuição nesse momento, pois estava morando naquele município e poderia contribuir para uma prática criativa e dinâmica, trabalhando também com um pouco de teoria e prática na formação dos/as professores/as.

6 - Figura do arquivo pessoal - No centro, o prefeito de Patos; do lado direito, uma coordenadora e a pesquisadora; a esquerda do prefeito o secretário de educação e uma representante dos/das 30 educadores/ras da zona rural de Patos -PB

Para Sato uma pesquisa em EA pode ter tradição, mas também pode revirar pelo avesso toda a estrutura íntima de seus planos, pois pode gerar possibilidades infinitas de versatilidade, dentro e fora de uma conjuntura analógica da vida. Senão vira modismo, explica-se como ultima fase da intelectualidade "fashion" morre ali, como um herói de puro sangue bem sucedido. Torna-se estática em assuntos dinâmicos.

Não consegui ficar estática diante das solicitações das interessadas e pela necessidade devido à carência das professoras e dos professores. Já no momento inicial das visitas, esse desejo foi verbalizado e resolvi aceitar porque, depois, ficaria mais difícil para articular esses (as) professores/as nos assentamentos do MST, inclusive de outros dois municípios vizinhos, e outros da zona rural de Patos, no total de 30 pessoas presentes, já no primeiro encontro, no dia trinta e um de março de 2005.

Nosso objetivo, com a oficina de teatro de bonecos, que teve como título: A arte de educar com bonecos na EA, era chamar a atenção para esse trabalho nas escolas, discutindo o significado de ambiente, a partir do que os/as professores/as entendem, contando um pouco da história da EA no Brasil.

Na confecção de bonecos para o teatro, discutimos o que significa tirar alguns materiais da área rural e dar-lhes uma nova utilização, como foi feito com as garrafinhas plásticas. As cenas se desenrolaram a partir dos temas: água, ar, queimadas, plantio, veneno, reflorestamento, fome, carvoeira, lixo e outros citados nas falas dos/as professores/as.

Esse trabalho utiliza material de fácil acesso, quase todos reutilizados, tais como a garrafa pet, o jornal usado, papelão, cordão, roupas usadas, bucha vegetal, cola feita de goma (grude) ou outra qualquer, tinta guache e tinta lavável.

Os problemas ambientais eram discutidos, partindo-se da sala de aula e de sua comunidade, mostrando quais são os motivos que os fizeram existir e as possíveis saídas para os problemas. O trabalho foi encerrado com ensaios e as apresentações de cenas no final da oficina, com os temas geradores extraídos dos exemplos do próprio grupo ou sugeridos por mim, se houvesse necessidade, dentro da realidade dos alunos. É solicitado então que os professores repassem tudo para os colegas, inclusive para os da zona urbana que não participaram daquele momento.

Iniciei o encontro com os/as primeiros/as professores/as que estavam já esperando e depois continuei com a oficina, porque o tempo era pouco. Só pela manhã, expliquei os motivos do meu trabalho nas áreas de assentamento. Estavam presentes duas professoras dessas áreas, e pedi que elas se apresentassem e falassem o que era, na sua concepção, EA e ambiente. Pedimos para gravar suas falas, que são as duas primeiras das professoras dos assentamentos, com nomes de plantas da região, e o restante, de algumas

das professoras e dos professores rurais do município de Patos, para quem também uso o nome de plantas e analiso as falas das professoras:Para uma professora EA é cuidar do meio ambiente, é dar solução, não destruir as árvores, limpar os rios, os açudes, demonstrando adotar comportamento de conservação. (Sauvé 2003).

7- Figura do arquivo pessoal - segundo encontro com as professoras de Patos e do assentamento Patativa do Assaré- 2005.

No grupo de professores/as, a grande maioria nunca tinha participado de cursos que tratassem da EA, mas alguns já haviam feito oficina de teatro de bonecos. Uma professora, na avaliação final, afirmou que já havia feito um curso de EA em 1996, e sua expectativa era dar continuidade às informações com a produção da oficina. No grupo, percebi que era necessário trabalhar mais com aquele/as educadores/as, além do pedido do subsecretário, que estava articulando um grupo de profissionais das áreas de: Engenharia Florestal, e Agronomia e, com eles, reativou recentemente a Secretária do Meio

Ambiente, já depois de nossa pesquisa, e disse que, a partir daquele dia, iria dar destaque a essa problemática.

O grupo da Secretaria do Meio Ambiente do município de Patos também solicitou uma oficina de teatro de bonecos e EA, pois essas pessoas do grupo também são professoras e disseram precisar desse recurso para formar outros educadores e educadoras, lideranças comunitárias, ONG,s que já trabalham na área urbana. Continuamos o trabalho interligado com as duas secretarias, o que não deixava de ser um desafio.

8 - Figura do arquivo pessoal- professores da zona rural de Patos -PB no final da oficina de Teatro de bonecos e EA

Uma professora da zona rural de Patos que, segundo um depoimento já havia feito um curso de EA há três anos atrás, foi convidada por mim para juntas, continuarmos o trabalho com as/os educadoras/os do assentamento e de outras localidades rurais que demonstrassem interesse em aprender mais, expressando interesse por livros de literatura infantil que tratassem do tema. Levei alguns livros e organizei uma rotatividade dos que tinha emprestado, procurando ajuda da secretaria para comprar outros.

Continuamos o curso com leituras de textos situando o histórico, os conceitos e os objetivos da EA, procurando sempre envolver uma professora que disse ter curso na área na coordenação dos trabalhos, até terminar o acompanhamento; depois o grupo deveria continuar estudando sozinho e desenvolvendo atividades que trabalhassem os conhecimentos, o comportamento, as competências e a conscientização, colocando as questões sociais, culturais e éticas nos problemas ambientais.

Nosso trabalho continuou a partir de um planejamento no dia onze de abril 2005, porque percebi que seria importante para aqueles educadores a valorização do seu saber, envolvedo-se nesse trabalho. Esse seria o momento da nossa contribuição, atuando com uma metodologia participante

Ruscheinsky defende a construção social e ambiental da realidade mostrando que a conscientização é um elemento integrador, que incorpora elementos da sustentabilidade:

é a sua própria conscientização, que acreditamos ser possível a essa categoria ser um elemento integrador na rede da vida, de forma a qualificar a sua atividade com significado do embate das questões ambientais. Para uns, isso significa usufruir de uma ação histórica harmônica e equilibrada ambientalmente, para outros uma perspectiva que contemple uma dinâmica no relacionamento homem/natureza, que incorpore a idéia de sustentabilidade, reversibilidade (Ruscheinsky,2002, p. 76).

Em algumas respostas há indicação que as pessoas deveriam ter consciência para cuidar da natureza através da EA. Essa percepção tem que ser apresentada com cuidado pois segundo Freire ninguém conscientiza ninguém, as pessoas se conscientizam em comunhão umas com as outras.

No movimento os hábitos e valores culturais devem ser trabalhados e revistos no individual e no coletivo, junto com os valores e a nova ética ambiental defendida por Pelizzoli:

... na busca do pensamento para a nova Ética e Educação (Ambiental), a importância é também dialógico-crítica, postura de Paulo Freire, sempre fundamental para nosso contexto latino -americano: uma educação libertadora com uma pedagogia em que o oprimido tenha condições de descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua destinação histórica, para superar a pedagogia da dominação ( 2002, p.179).

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Figura do arquivo pessoal - oficina de Teatro de bonecos com as professoras da zona rural de Patos- PB.