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Síntese das estruturas dos programas trainee selecionados para o estudo

4 ANÁLISE DOS DADOS E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 PROGRAMAS TRAINEE NAS EMPRESAS PESQUISADAS

4.1.5 Síntese das estruturas dos programas trainee selecionados para o estudo

Observa-se que as Empresas A, B e D, utilizam meios de divulgação semelhantes, como o site da empresa, redes sociais e jornais. A Empresa B utiliza também a assessoria de imprensa nacional e o portal trainee e a Empresa A, participa de feiras de carreira para acompanhar tendências na área de RH onde também divulgar seu programa. Contudo, a empresa C, utiliza meios internos como divulgação em filiais e comunicação interna. Nas estruturas dos PGT também há semelhanças que podem ser observadas: formar profissionais para atuar em posições estratégicas nas empresas, sejam elas em funções técnicas ou gerenciais; a preocupação das empresas em inserir no seu quadro funcional indivíduos que podem provocar o aprimoramento da aprendizagem organizacional e, consequentemente, de seus produtos e serviços.

Outro aspecto relevante apontado pelos entrevistados nas Empresas A, B, C e D é a relação entre a formação acadêmica e a realidade prática: suprir de forma planejada a carência de profissionais com qualificação no segmento que atuam. Também apresentam semelhanças em relação ao job rotation, que é o rodízio dos trainees nos diferentes setores da empresa oportunizando a eles, aprender as rotinas de trabalho, conhecer todas as fases do processo de fabricação, assim como estreitar relações com os gestores das áreas, o que pode proporcionar ao futuro profissional conhecimento para tomar decisões assertivas. As empresas, representadas pelos gestores responsáveis pelo programa, têm consciência de que estão lidando com público formador de opinião e, a cada ano, exige mais preparação profissional para mantê-los na organização.

As empresas A, B e D selecionam profissionais jovens, com idade entre 22 e 28 anos, exigem disponibilidade de mobilização, ou seja, transferência para qualquer parte do Brasil, de acordo com a área de atuação da empresa, o que é visto como positivo e desafiador para o trainee. Diferentemente, a Empresa C, seleciona seu trainee internamente, e as Empresas A, B e D realizam palestras em universidades do Brasil, distribuído folders com o objetivo de atrair "bons trainees", procurando antecipar-se às concorrentes.

Os processos de seleção normalmente ocorrem em períodos longos, chegando a três meses, tendo em vista as diversas etapas de seleção definidas pela empresa, com o intuito de certificar a qualidade da mão de obra, utilizando diversas técnicas para a seleção. Dentre as técnicas, estão as dinâmicas de grupo, as entrevistas em grupo com participação de quadro gerencial no processo, com vistas ao comprometimento quanto aos resultados da seleção e desenvolvimento do trainee.

A seguir apresenta-se o Quadro 12 com o resumo das análises sobre o objetivo específico do estudo que foi descrever os programas de trainee nas organizações pesquisadas.

Quadro 12 - Resumo das estruturas dos programas trainee

Aspectos Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D

Divulgação

Site da empresa

 Site da empresa

 Redes sociais

 Jornais

Redes sociais Universidade

do Brasil Jornais Externa  Universidades do Brasil  Feiras de carreiras  Assessoria de imprensa nacional  Portal trainee  Comunicação interna  Divulgação interna nas filiais

Universidade do Brasil

Seleção Externa Interna Externa

Objetivo principal  Funções técnicas estratégicas  Supervisor

Comercial  Gestor para filiais

 Especialistas para as unidades Duração em meses  10  03  De 05 a 18  De 12 a 24 Desenvolvimento Acompanhamento  RH  Padrinho  RH  Gestor com experiência  RH  Mentor  Sponsor do programa (RH)  Sponsor dos Setores (gestores) Visitas

 Plantas  Lojistas  Clientes e

fornecedores Unidades Job rotation  Todas as áreas da empresa  Comercial, financeiro, contabilidade

 Produção  Todas as áreas da empresa e unidades Outras formas  Cronograma de cursos  A3 (projeto de melhoria)  Curso de Técnica de vendas  Alguma experiência no Comercial  Universidade Coorporativa  Experiência em alguma área da empresa  Cronograma de cursos  Domínio em um idioma do país que irá  Cursos de desenvolvimento de liderança

Fonte: Elaborado pela autora.

Não é exigida compatibilização do curso de formação com a atividade que o trainee exercerá na Empresa B, que considera a experiência na área comercial mais importante do que as de formação, pois seu profissional será desenvolvido por meio da aprendizagem formal estruturada pela Universidade Corporativa, onde a empresa oferece todas as condições

necessárias para tornar-se um Supervisor Comercial, conforme os padrões de cada uma das marcas dos produtos.

Em síntese, para as empresas, as expectativas ao adotar o programa de trainees são: desenvolver mão de obra qualificada; garantia de continuidade de sua cultura; profissionais disponíveis para suas necessidades de expansão; independência do mercado na escolha de sucessores para seus principais cargos; colaboradores habituados desde a época do treinamento, à troca de experiência; profissionais polivalentes, em condições de assumir funções em diversas áreas. Pressupõe-se que tais fatores se constituem em vantagem competitiva para as empresas nos próximos anos.

Para os trainees, outras características são importantes no contexto organizacional: capacidade para desenvolver trabalhos em equipes; sensibilidade para lidar com pessoas de diferentes áreas na busca pela aprendizagem; desafio ao assumir responsabilidade, capacidade de negociação e sensibilidade quanto às demandas mercadológicas.

Ainda, com as entrevistas, observação e pesquisa documental, pode-se construir um esquema do processo que envolve essa prática de gestão de pessoas nas empresas pesquisadas.

O setor de Recursos Humanos é o responsável por toda a preparação para a implantação do programa trainee, que se inicia quando juntamente com a alta direção, decidem adotar essa prática de gestão de pessoas, quando é definido os responsáveis pela execução do programa, essa é a fase “antes” (i), que pode ser observada na Figura 7. Na sequência, ocorre a fase de “início” (ii), que é realizado a análise situacional, ou seja, quando são (re) definidos os processos de divulgação e desenvolvimento.

Na fase “durante” (iii) que é a execução e controle, acontece a definição de prazos, seleção (triagem, etapas eliminatórias), acompanhamento das atividades do trainee. Ainda, como controle, possui a fase “final” (iv) quando os trainees são avaliados pelo seu desempenho, trabalhos de conclusão e direcionados para as vagas que foram selecionados para assumir após o período de aprendizagem. Na última fase, “após” (v) avalia-se os resultados do programa em relação ao objetivo do planejamento estratégico; direciona-se alterações para as próximas edições, nesse momento também o ex-trainee passa a fazer parte do plano de carreira da empresa.

Nas empresas selecionadas para a realização do estudo, evidenciam essas fases e a aprendizagem pode ocorrer durante esse processo, tanto na fase preparatória como na fase

conclusiva. Para demonstrar essa dinâmica que envolve o programa trainee, a Figura 7 retrata esse contexto, e que pode contribuir para desenvolver aprendizagem tanto para o indivíduo quanto para a organização. Verificando a situação como um todo e não apenas focado no programa, apresentam um ambiente propício para aprendizagem, com o envolvimento de todos os níveis hierárquicos.

Figura 7 - Processo de desenvolvimento dos programas trainee

Fonte: Elaborado pela autora.

Observa-se que após o trainee ir para a função que estava sendo desenvolvido, inicia-se uma nova fase, com a possibilidade de reformulação das práticas conforme as diretrizes da organização.

O estudo da estruturação dos programas trainee faz-se importante para entender melhor o contexto de interação dos participantes e a construção da Figura 7, que envolve os processos em comum, identificados nas empresas. Os diferentes tipos de interações trouxeram elementos que se estudados isoladamente não poderiam representar ou expor questões formais ou informais, como o cronograma de aprendizagem do trainee, com toda a formalidade apresentada, mas por outro lado, uma informalidade na maneira de interagir com as pessoas, que começam a apresentar elementos formais e informais de aprendizagem que serão apresentados na próxima seção.