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5.2 Influência dos mecanismos de aprendizagem na acumulação de capacidades tecnológicas

5.2.4 Síntese da influência dos mecanismos de aprendizagem sobre os padrões de acumulação

Uma síntese dos resultados encontrados da relação entre mecanismos de aprendizagem e os padrões de acumulação de capacidade tecnológica da indústria siderúrgica entre 2003 e 2014 é apresentada para a área de processo e organização da produção e para a área de atividades cen- tradas em produto a seguir. Primeiramente, para área de processo e organização da produção, ve- rificou-se que o Padrão 3 usou os mecanismos de aprendizagem intraorganizacionais com maior intensidade que os demais padrões, enquanto para os Padrões 1 e 2 não foi possível diferenciar os padrões da área de processo e organização da produção por meio dos mecanismos internos à em-

Resultados da Pesquisa presa. Em relação aos resultados obtidos com esses mecanismos, percebe-se novamente maior frequência para as empresas de Padrão 3, mas também algumas categorias cujos resultados para o Padrão 2 são maiores que o Padrão 1. Tendo em vista que para a área de processo e organização da produção o Padrão 1 apresenta aumento do nível de capacidade tecnológico no período ana- lisado, pode-se dizer que os mecanismos intraorganizacionais não são os responsáveis por esse acúmulo de nível de capacidade.

O panorama para os mecanismos interorganizacionais na área de processo e organização da produção é distinto. Inicialmente, percebe-se que as médias do Padrão 3 para todas as cate- gorias (mecanismos, parceiros e resultados da parceria) são sempre maiores ou iguais aos demais padrões, o que demonstra como as parcerias são importantes para as empresas nesse padrão. Ademais, outra evidência deve ser observada: nos mecanismos interorganizacionais, o uso de me- canismos para o Padrão 1 é equivalente ao Padrão 3 em vários casos; para os parceiros, somente o Padrão 3 possui médias maiores que os demais padrões; e, para os resultados obtidos com parce- rias, foi o Padrão 2 que se equiparou ao Padrão 3 em muitos casos. Em outras palavras, isso eviden- cia que embora o uso de mecanismos explique parte da elevação de nível de capacidade para o Padrão 1, os resultados obtidos e o número de parcerias ainda são inferiores aos demais padrões.

Usando exemplos encontrados na pesquisa de campo, pode-se dizer que as empresas no Padrão 3 estão, de maneira geral, sempre preocupadas em estabelecer parcerias com todo tipo de organização – o que é evidenciado pelas suas médias por vezes dez vezes superior. Na área de processo e organização da produção, essas parcerias ocorrem principalmente para processos oti- mizadores da produção e redutores de consumo energético. As empresas no Padrão 1 e 2, por sua vez, apresentam iniciativas mais tímidas em relação a parcerias, no entanto, percebe-se que essas parcerias foram valiosas para o aumento de capacidade tecnológica das empresas do Padrão 1, ainda que os resultados obtidos para o Padrão 2 sejam maiores. Isso se deve principalmente por- que as parcerias estabelecidas pelas empresas do Padrão 2 são mais antigas, o que favorece a periodicidade dos resultados. Para as empresas do Padrão 1, as parcerias, embora recentes e com resultados ainda pouco expressivos, se mostraram fundamentais, principalmente para redução de seu custo produtivo e consequente redução do valor dos produtos.

Assim como na área de processo e organização da produção, as diferenças entre os padrões da área de atividades centradas foram nítidas, mas de maneira distinta. Inicialmente, evidencia-se que para as atividades centradas em produto os mecanismos intraorganizacionais são muito uti- lizados pelas empresas de todos os padrões, mas com maior intensidade de uso e resultados para as empresas de Padrão 3. Como evidenciado pela pesquisa de campo, para a área de atividades centradas em produto, os esforços individuais das empresas são importantes em todos os níveis de complexidade tecnológica, seja para desenvolvimento de novos aços (para o Brasil) ou para pequenas melhorias e adaptações em produtos que foram criados por outras empresas.

De maneira distinta ao que foi encontrado para a área de processo e organização da produ- ção, percebeu-se que, para a área de atividades centradas em produto, os esforços em parcerias são significativamente menores para todos os padrões e com pouca diferenciação entre eles. Isso

Acumulação de Capacidades Tecnológicas e Fortalecimento da Competitividade Industrial no Brasil é evidenciado não só pela não significância estatística das variáveis analisadas, como também pela presença de médias parecidas até nos casos em que há significância. Os únicos resultados destacados ficam por conta dos resultados gerados pelas parcerias, o qual se percebe que o Pa- drão 3 obtém resultados mais frequentes que as empresas dos outros padrões. Embora existam relatos na pesquisa de campo de parcerias, principalmente com clientes, fornecedores e universi- dades, para desenvolvimento de novos (ou melhores) produtos, essa tendência é inferior ao que é visto para a área de processo e organização da produção. As evidências apontam que, para as atividades centradas em produto, os esforços são de fato mais voltados para desenvolvimento interno por questões de confidencialidade e porque as competências para esses avanços tecnoló- gicos estão muito restritas às empresas siderúrgicas.

É importante ressaltar que, além dos testes ANOVA, foram realizadas diferentes estimações econométricas com os dados obtidos pela pesquisa. Essas estimações foram omitidas deste traba- lho apenas porque seus resultados apontavam para as mesmas conclusões obtidas com os testes ANOVA. Como trata-se de uma amostra pequena, no entanto, os resultados com os testes ANOVA foram mais robustos.

5.3 Impactos da acumulação de capacidades tecnológicas no desempenho da